terça-feira, 8 de junho de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: LEÔNIDAS DA SILVA


LEÔNIDAS: o Diamante Negro

Carreira: 1929-1930 São Cristóvão; 1931-1932 Bonsucesso; 1933 Peñarol (Uruguai); 1934 Vasco; 1935-1936 Botafogo; 1936-1940 Flamengo; 1942-1950 São Paulo

Com o Manto Sagrado, Leônidas foi o goleador do time por 4 temporadas seguidas (de 1937 a 1940) e conquistou a artilharia de três competições: Campeonato Carioca de 1938 (16 gols) e de 1940 (30 gols), e do Torneio Rio-São Paulo de 1940 (13 gols). Ele foi o quarto jogador rubro-negro na história a superar a marca de 100 gols com a camisa do Flamengo, depois de Nonô, Alfredinho e Jarbas.

Pelo Flamengo fez 151 jogos e marcou 148 gols.


Abaixo, a mescla de diversos textos sobre o "Diamente Negro" publicados em vários diferentes sites:

Leônidas da Silva. Somente isso bastaria exprimir com denodo e convicção para enfatizar a importância dele na história do futebol. Bastaria apenas o seu nome e o sobrenome. Nada mais. E temos aí Leônidas, o gênio, o "Diamante Negro", que nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de setembro de 1913. Filho de  Maria e Manoel Nunes da Silva, começou  a carreira em 1923, no infantil do São Cristóvão e logo depois em 1929 passou a jogar pelo Sírio Libanês Futebol Clube.

Lêonidas defendeu o Bonsucesso por apenas duas temporadas. O suficiente para o traço de genialidade do craque se eternizar na história de futebol. Foi no gramado do Estádio Teixeira de Castro (hoje leva o nome de Leônidas da Silva), casa do Leão da Leopoldina, que Leônidas executou com maestria o gesto técnico que seria associado a seu nome pelo resto da carreira: a bicicleta. A plasticidade artística do lance elevou o autor da obra prima à fama de maneira explosiva. Por longo período, se atribuiu a autoria do movimento a Leônidas.

Aos 19 anos, o atacante saiu do país para buscar o profissionalismo – quando estava no Bonsucesso, chegou a leiloar gols entre os torcedores presentes no estádio para arrecadar dinheiro. Então desconhecido, estreou na seleção com uma atuação estrondosa contra o Uruguai e foi imediatamente levado pelo Peñarol. Depois de uma temporada com os carboneros, foi contratado pelo Vasco e ajudou não apenas a inaugurar a era profissional no país, mas também protagonizou a abertura crescente do esporte aos negros.

Retomou o habitual destaque jogando pelo cruzmaltino, onde foi Campeão Carioca, e foi chamado para defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1934, na Itália. Anotou o único gol da camisa Canarinho no Mundial, um prenúncio do que Leônidas preparava para a história do futebol. Leônidas regressou da competição e assinou com o Botafogo. As atuações memoráveis pelo Glorioso o tornaram um ídolo do alvi-negro, onde se sagrou mais uma vez Campeão Carioca.

A saída do Botafogo para o Flamengo foi conturbada. A transferência seria lembrada pelo dirigente botafoguense Carlito Rocha, mais de 30 anos depois: "O Leônidas deu uma entrevista no Rio Grande do Sul afirmando que era Flamengo de coração. Quando voltou, confirmou-me as declarações. Mandei-o embora imediatamente e fixei o preço do passe em cinco contos [de réis], que era o quanto ele devia à tesouraria do clube. No dia seguinte, o Flávio Costa foi lá no clube e levou o Leônidas para o Flamengo. Eu não podia admitir no Botafogo um atleta que dizia, publicamente, que por baixo da camisa alvi-negra, pulsava um coração rubro-negro. Não podia".


A contratação de Leônidas, juntamente com as de outros dois craques negros, Domingos da Guia, o Divino Mestre, e Fausto dos Santos, o Maravilha Negra, elevou o Flamengo a um patamar que o tornou definitivamente um clube de massa. Foi um salto gigantesco de popularidade do clube. Em 1936, Leônidas chegou a um Flamengo que amargava um jejum para lá de desconfortável. Afinal, eram 9 anos sem um título sequer. Antes de levantar a taça pelo Rubro-Negro, no entanto, o jogador sentiu o gosto amargo de ser derrotado em Estaduais pelo maior rival da época, o Fluminense, da dupla Romeu e Tim. O título que deu fim à sequência negativa do clube surgiu apenas em 1939. Em seis anos de Flamengo, o atacante marcou incríveis 148 gols.

A evolução do futebol do jogador ao vestir a camisa rubro-negra foi contada por suas próprias palavras em entrevista dada à Revista Mancheste Esportiva na edição número 28, de abril de 1978: "Em 1937,o Flamengo contratou ao húngaro Dori Kurschner, o primeiro técnico que eu realmente respeitei no sentido de que pudesse realmente me ensinar algo. Ele nos ensinou que a bola é que tinha que correr, não os jogadores".

Leônidas da Silva foi um pioneiro no futebol brasileiro. Mais que um craque, o atacante foi um ícone, mesclando seus feitos nos gramados com episódios representativos fora deles. Artilheiro da Copa de 1938, foi o primeiro jogador brasileiro a ser reconhecido mundialmente. Como "Homem Borracha", inventou o gol de bicicleta. Como "Diamante Negro", teve seu nome usado em um dos chocolates mais populares do Brasil até hoje. Também foi garoto-propaganda de geladeiras a cigarros, precursor ao contratar um assessor de imprensa e a se transformar em comentarista de rádio após a aposentadoria. Ao lado de Zizinho e de Friedenreich, Leônidas foi um dos grandes nomes da Seleção que ainda não tinha sido campeã do mundo. Em 38 jogos pelo Brasil, o atacante anotou exatos 38 tentos, naquela que ainda é a melhor média de gols da equipe nacional – em recorde dividido com Quarentinha. Sua popularidade era tamanha que, em campanha feita pela Companhia de Cigarros Magnólia em 1939, foi eleito o jogador mais popular do Brasil. Recebeu 300 mil votos, o triplo do segundo colocado. Com a Seleção Brasileira, conquistou a Copa Rio Branco (1932) e a Copa Rocca (1945).

Leônidas foi o primeiro atleta da história do futebol brasileiro a usar o marketing e a imprensa para se popularizar. Melhor exemplo disso foi sua atuação como garoto-propaganda do chocolate Diamante Negro, nos últimos anos da década de 1930. A Lacta criou esse produto para homenagear o craque, que já tinha o apelido que deu nome ao chocolate, e usar sua fama como meio de alavancar as vendas.


O craque foi o primeiro também a aproveitar a condição de famoso jogador (negro) de futebol para conquistar as "moças de boa família". Desde a chegada do esporte bretão ao Brasil, na primeira década do século XX, até os Anos 30, os negros eram proibidos de jogar nos grandes clubes e era inadmissível que namorassem as mulheres das famílias mais tradicionais e importantes, mas sendo o Leônidas...os pais até que gostavam, dizia Mário Filho, ícone do jornalismo esportivo. Em terras tupiniquins, foi o primeiro jogador a romper essa barreira.

Leônidas deixou o Flamengo em 1942, tendo como maior glória o título carioca de 1939. Embora tivesse conquistado as multidões, foi na Gávea também que viveu seus piores dias. O artilheiro entrou em litígio com o presidente Gustavo de Carvalho por se recusar a viajar em uma excursão ao exterior. O jogador convivia com uma séria lesão no joelho e, forçado a entrar em campo pelo clube, se prejudicava cada vez mais. Enquanto isso, os rubro-negros o acusavam de fazer corpo mole, insatisfeitos com os amistosos menos lucrativos sem Leônidas, e de ser mercenário, pela quantidade de peças publicitárias que participava. O presidente rubro-negro, Gustavo Adolpho de Carvalho, então, declarou guerra contra Leônidas. Descobriu que o jogador, ainda jovem, havia falsificado seu certificado de alistamento militar. O atacante foi denunciado e preso por cerca de oito meses.

O Diamante Negro tentou ficar livre do Flamengo, mas a justiça manteve seu passe preso ao clube carioca. A resolução para o imbróglio só aconteceu quando o São Paulo manifestou seu interesse pelo craque. Por 200 contos, valor recorde envolvendo um jogador brasileiro na época, os tricolores contratavam Leônidas. O atacante trocou o Rio de Janeiro por São Paulo, deixando milhares de fãs – muitos mais do que tinha quando chegara à Gávea. As desconfianças sobre Leônidas eram grandes em São Paulo. Afinal, o jogador vinha sofrendo com os problemas no joelho e acabara de passar oito meses na prisão.

Mas a recepção na chegada em São Paulo foi marcante. Leônidas desembarcou na Estação do Brás e foi recebido por quase 10 mil pessoas. Já a estreia, contra o Corinthians, ainda hoje é o recorde de público do Pacaembu: 72.108 pagantes.

O grande time montado pelo São Paulo rendeu não só um, mas 5 conquistas do Campeonato Paulista na década mais vitoriosa do clube até os anos 1980. O time cresceu graças ao talento de Leônidas.

Leônidas da Silva encerrou a carreira em 1950. Presente em duas Copas do Mundo, não teve a chance de participar da terceira, tendo atuado a última vez com a camisa amarela em 1946. Mesmo sem entrar em campo, permaneceu ligado ao futebol como dirigente e como comentarista. Já em 1974, teve que se afastar dos trabalhos ao ser diagnosticado com Mal de Alzheimer. O craque viveu até os 90 anos, falecendo em 2004. Deixou como legado uma história riquíssima, a lembrança por ter sido um dos melhores jogadores da história e a transformação de dois dos clubes mais vitoriosos do Brasil. Embora tenha passado rapidamente por Vasco e Botafogo, foi vestindo as camisas de Flamengo e São Paulo que o atacante provocou as transformações mais profundas.

Leônidas recebeu o crédito por ter inventado a "bicicleta". Ele mesmo se auto-proclamava o inventor da plástica jogada. Alguns afirmam ter sido criada por um outro jogador brasileiro, Petronilho de Brito, e que Leônidas apenas a teria aperfeiçoado. A primeira vez que Leônidas executou essa jogada foi em 24 de abril de 1932, em uma partida entre Bonsucesso e Carioca, com vitória do Bonsucesso por 5 a 2. Já pelo Flamengo, realizou a jogada somente uma vez, em 1939 contra o Independiente, da Argentina, que ficou muito famosa na época. Pelo São Paulo ele realizou a jogada em duas oportunidades, a primeira em 14 de junho de 1942, contra o Palestra Itália, na derrota por 2 a 1. E a mais famosa de todas, em 13 de novembro de 1948, contra o Juventus, na goleada por 8 a 0. A jogada ficou imortalizada pela mais famosa foto do jogador. Na Copa do Mundo de 1938 ele também realizou a jogada, para espanto dos torcedores, e o gol foi anulado pelo juiz que desconhecia a técnica.



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