sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: PAULO HENRIQUE


PAULO HENRIQUE: um inesquecível lateral-esquerdo

Carreira: 1960-1971 Flamengo; 1971 Botafogo; 1971-1972 Flamengo; 1973 Avaí (SC); 1974 Bahia; 1974 Bonsucesso (RJ); 1975 Campos (RJ)

Foram mais de 400 vezes entrando em campo com a camisa 6 do Flamengo. Na sua posição, só Júnior e Jordan vestiram vermelho e preto mais vezes do que ele. Paulo Henrique foi o terceiro lateral-esquerdo que mais vezes vestiu a camisa rubro-negra em todo o Século XX. Lateral que aliava seriedade na marcação à qualidade técnica no apoio, além do ímpeto e da valentia durante os 90 minutos, Paulo Henrique marcou uma era no Flamengo.

Como jogador do Flamengo, ele fez 436 jogos e marcou 14 gols.


Abaixo, uma junção de textos sobre a carreira do jogador escritos por Gabriel Andrezo e publicado no site "FutRio", e por Emmanuel do Valle para o "Flamengo Alternativo":

Paulo Henrique de Souza Oliveira nasceu em Quissamã, à época distrito de Macaé, em 5 de janeiro de 1943. Seu pai jogou futebol amador pelo Quissamã, e entre seus 11 irmãos, Valmir, Roberto e Valcir, jogaram por Quissamã, Bonsucesso e Sampaio Corrêa, do Maranhão, respectivamente. Mais tarde, outros dois caçulas, João Batista e Marcos, também virariam profissionais. Mas Paulo deu seus primeiros passos como jogador no próprio Quissamã Futebol Clube, que na época era um clube amador. Na adolescência, dividiu-se entre a bola e a usina de cana de açúcar, onde foi aprendiz de torneiro-mecânico.

Aos 15 anos é que foi observado por um olheiro e acabou parando no Flamengo. Na base, faturou seis títulos e começou a se firmar como promessa. Na época, era chamado apenas de Paulinho. Chegou a tempo de levantar o título carioca da categoria infanto-juvenil, o qual voltou a ganhar no ano seguinte. Já em 1960, subindo aos juvenis, seguiu acumulando títulos estaduais, interestaduais e até nacionais pela Seleção Carioca. Nessa categoria, atuaria com muitos futuros companheiros também no profissional, como o zagueiro Jaime Valente, o atacante Aírton “Beleza” e o ponta-de-lança Jair Bala, que logo deixaria a Gávea.

Na Gávea, o garoto iniciou com a responsabilidade de substituir a um "monstro sagrado" da lateral-esquerda rubro-negra. Sua estreia pelo time principal do Flamengo foi bastante precoce, em 23 de outubro de 1960. A Rua Conselheiro Galvão receberia Madureira x Flamengo, pela terceira rodada do segundo turno do Campeonato Carioca. Jordan era o titular absoluto da lateral-esquerda e tri-campeão pelo Rubro-Negro. Já somava oito anos de clube e era exemplo máximo de dedicação e amor ao Flamengo, mas estava machucado. Chegou-se a especular que o reserva Ouraci é que começaria o jogo. Mas quando o experiente treinador paraguaio Fleitas Solich lançou um menino de apenas 17 anos, ainda do time juvenil, todos ficaram surpresos. Inclusive, o próprio agraciado que estava para receber a oportunidade. Pelas palavras do próprio Paulinho: "Fui campeão no infanto-juvenil e no juvenil, na época não tinham juniores. Tudo aconteceu muito rápido. O Jordan foi um monstro sagrado, ficou 11 anos como titular no Flamengo. Essa oportunidade chegou quando eu não esperava. Estava concentrado para jogar nos juvenis no dia seguinte. Aí o Fleitas mandou me chamar. Pensei até que tinha acontecido alguma coisa, porque ele era meio exigente. Me pediu para ir ao quarto dele, disse que eu jogaria, mas que eu podia ficar concentrado lá com os juvenis mesmo, que só no outro dia é que eu tomaria café com o time principal e iria para o jogo. Jogamos bem, ganhamos de 2 a 1. E me lembro bem: marquei naquele jogo o Nelsinho, que depois seria meu companheiro no Flamengo".

Depois disso, Paulo só voltou a atuar no elenco profissional em amistosos e excursões. Mas já era um nome com o qual se podia contar. Em 1963, o Flamengo faria um amistoso contra o Ferroviário, em Fortaleza. Jordan, já em fim de carreira, estava novamente fora de combate. O técnico Flávio Costa decidiu dar espaço a Paulo Henrique. O time venceu por 4 a 3 no Ceará e foi a partir dali que o novo lateral nunca mais deixou a titularidade. Destacava-se, sobretudo, pela antecipação aos atacantes adversários, pela força defensiva e a lealdade na marcação. Numa época em que laterais pouco iam ao ataque, ser uma rocha na defesa era fundamental. Mas o desafio de substituir um nome histórico como Jordan era um peso a se lidar. Conta Paulo Henrique: "A gente estava treinando em São Januário. Na época, a relação entre Flamengo e Vasco era muito boa. O Flamengo estava reformando a grama da Gávea e o Vasco ofereceu-se para fazer um coletivo. No último treinamento, o Jordan se machucou numa dividida lá. E eu estava de fora, esperando terminar o primeiro tempo para entrar. O "seu" Flávio Costa me chamou e disse: 'Paulo Henrique, entra ali no lugar do Jordan e faz o que você faz no juvenil, não queira inventar'. Foi o que eu fiz. Infelizmente, o Jordan nunca mais jogou. Mas eu tive o prazer de substituí-lo. Dei sorte e fui eleito depois o melhor lateral daquele campeonato".

O Flamengo não ganhava um Carioca desde 1955 e precisava dar a volta por cima com um time jovem. Se o Botafogo de Garrincha colocava medo, era o atual bicampeão e tinha acabado de tirar o "Canhotinha" Gérson do próprio Flamengo, no meio do campeonato, os comandados de Flávio tiveram raça ao arrancar para uma conquista que se tornaria memorável. Com Paulo Henrique em campo, o time rubro-negro não perderia mais até o fim da competição. Mesmo sem uma referência como Jordan, o Fla estava bem resguardado na defesa esquerda. E ainda tinha Carlinhos, Dida, Murilo, Airton, Espanhol, Luís Carlos... Em 1963, nem Garrincha foi páreo.

O Flamengo só reagiu já perto do final. Uma vitória sobre o Vasco, por 4 a 3, no aniversário do Flamengo, ficou marcada como o momento de virada. Foi quando o Mengão encostou no Fluminense, então líder na classificação. Mas um encontro com Mané Garrincha é que ficaria marcado como o grande cartão de visitas de Paulo Henrique perante imprensa e torcida. O jornalista Geraldo Romualdo da Silva disse, no "Jornal dos Sports", ter ouvido de um conselheiro do Flamengo que o clube tinha encontrado um novo Biguá, raçudo lateral que defendeu o clube por 12 anos e foi referência histórica. O empate sem gols com o Botafogo ficou em segundo plano: no dia seguinte, só se falava no menino que anulou o "anjo das pernas tortas": "Eu não dormi na noite anterior. Foi difícil fechar os olhos, eu só via Garrincha na minha frente. Mas o marquei com lealdade, jamais dei um pontapé. No ano anterior, ele tinha feito dois gols sobre o Flamengo na final do Carioca. O Jordan jogou, mas foi infeliz, o Garrincha não tinha marcação mesmo. Fui estudando seus movimentos, como devia marcá-lo. Não joguei, mas também não o deixei jogar. No outro dia, falaram nos jornais: 'garoto Paulinho pára Mané Garrincha'. Se eu fosse marcar um cabeça-de-bagre, talvez não seria hoje o Paulo Henrique. Foi ali que Flávio Costa me disse que eu devia encaminhar a carreira. E eu nem tinha contrato, ganhava uma mixaria".

O dia 15 de dezembro marcou a rodada final do campeonato carioca de 1963, colocando frente a frente Flamengo e Fluminense. O chamado "Fla-Flu do Século" foi o jogo de clubes com o maior público da história do Maracanã, com 194.603 presentes. O empate sem gols, com Marcial fechando o gol rubro-negro, deu ao Flamengo o sonhado título, por apenas um ponto. Paulo conquistava seu primeiro troféu na carreira após apenas 13 jogos oficiais. Saiu de campo exausto e machucado, mas também emocionado e com a faixa de campeão. Era o fim da dinastia de Jordan, aposentado ao fim daquela temporada. Era também o começo de uma nova era de sucesso com a camisa 6 rubro-negra, que duraria mais uma década.

Em 1964, a conquista do Troféu Naranja, sobre o Valencia, da Espanha, foi o primeiro título internacional de Paulo Henrique, que voltaria a ganhar um Carioca no ano seguinte. Com a chegada do técnico argentino Armando Renganeschi para o lugar de Flávio Costa, no meio de 1965, Paulo Henrique desenvolveria a parte ofensiva de seu jogo, tornando-se definitivamente um lateral completo. A Revista do Esporte já enfatizava sua qualidade na saída de bola, apontando que Paulo Henrique “não se preocupa apenas em defender, mas sim em iniciar um contra-ataque. Sabe tocar bem a bola, driblando com facilidade e inclusive tenta chutes a gol”, predicados que o jogador atribuía ao seu tempo de meia nos aspirantes.

Antes, na mesma matéria, a publicação já havia destacado sua garra e dinamismo: "A vitalidade de Paulo Henrique é qualquer coisa de notável. Os rubro-negros da velha guarda veem nele um novo Biguá, pelo sangue, pela decisão, pela vontade como que se emprega em campo, atirando-se em todos os lances com um ardor fora do comum, quase suicida". Duro, porém leal: ainda no texto, Paulo Henrique afirmava que não sabia apelar a pontapés. "Isso não está em mim. Jogo exclusivamente na bola e não sei machucar ninguém". A seriedade era uma das marcas de Paulo Henrique, assim como o bom diálogo. E durante a grande campanha do título carioca de 1965, estes atributos conduziriam o lateral-esquerdo de apenas 22 anos ao posto de capitão do time em algumas partidas – e, dentro de pouco tempo, em caráter definitivo. Eleito o melhor jogador da posição no futebol carioca naquela temporada.

Tantas boas atuações fizeram o técnico Vicente Feola, da Seleção Brasileira, observá-lo. Quando formava o plantel para a Copa do Mundo de 1966, ele o chamou para um período de testes que envolveu 45 jogadores, mais tarde reduzidos para 22. Ele estava na lista final e começaria o Mundial como titular, substituindo ao botafoguense Rildo, além de bater ao vascaíno Oldair e ao tricolor Altair na convocação definitiva. Para Paulo Henrique, aquela era a confirmação de sua fama de sucessor de estrelas, pois o Mundial da Inglaterra seria o primeiro sem Nilton Santos, veterano de quatro Copas anteriores e campeão em duas: "Você não imagina. O Nilton era muito meu amigo, a gente conversava bastante. E eu falava a ele, brincando: 'Seu Nilton, eu joguei mais que o senhor. Eu marquei o Garrincha, o senhor não precisou marcá-lo'. Na verdade, foi um orgulho ser o sucessor dele e formar aquela linha defensiva. Era Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando e Paulo Henrique. A defesa campeã mundial, oito anos antes, comigo jogando junto".

Com uma incomum camisa 8, Paulo Henrique chegou a Liverpool após nove partidas com a Seleção Brasileira. A estreia foi contra a Bulgária, batida por 2 a 0. Três dias depois, porém, o Brasil conheceu a primeira derrota: Hungria 3 a 1. Para a decisão, contra Portugal, Paulo Henrique ficou de fora e Rildo foi para o jogo. Até Garrincha ficou fora e quase o time todo foi mudado de uma partida para outra. O cúmulo da falta de organização culminou com a eliminação, com um novo 3 a 1, desta vez a favor dos "Magriços" de Eusébio e cia. O sonho do tri se desfez e o que sobrou foi uma grande frustração, como contado pelo lateral-esquerdo: "O Brasil tinha time para ser campeão, mas muita coisa interna desestabilizou. Tínhamos aquela Copa como certa, mas futebol é assim. Contra Portugal, o Feola e o Carlos Nascimento (supervisor) tiveram um problema sério e sacaram nove de uma vez, na hora do jogo. Inclusive eu, que não era para ter saído. Até o João Saldanha, botafoguense, foi contra a minha saída para que entrasse o Rildo. Eu não tinha problema nenhum em sair para ele jogar. O Rildo era meu amigo, jogou bem e ainda fez o gol. Mas o Saldanha reclamou. Perdemos a partida anterior, mas jogando bem. Antes mesmo do jogo com Portugal, a gente já sabia que ia perder".

Se, na Seleção, Paulo Henrique foi perdendo espaço para Sadi, Rildo e Everaldo, na Gávea ele seguia como titular inconteste. Sua liderança e força o tornaram um dos símbolos da equipe. O reconhecimento dos torcedores era notório e algumas histórias ficaram marcadas, como no dia em que o Flamengo levou 3 a 0 do América, em 1967, e todos os jogadores desceram o túnel do Maracanã sob fortes vaias. Até que Paulo Henrique passou: só aplausos. Quando Carlinhos, o Violino, se aposentou, foi Paulo Henrique quem herdou de vez a faixa de capitão, que já usava em outras ocasiões em que o meio-campista se ausentava. Com muita entrega em campo, ele se orgulhava: "Eu encarnei aquela camisa do Flamengo. Joguei 16 anos no Flamengo e, para mim, isso é tudo na vida. Fui capitão do Flamengo por 8 anos".

Títulos, Paulo Henrique teve muitos. Só nos profissionais do Flamengo, foram 18. Em algumas vezes, teve a honra de levantar as taças. Mesmo nas fases não tão bem sucedidas, como a segunda metade da década de 60, ele seguiu dominante na posição e se firmou como figura de destaque no clube. Naquela altura, aliás, viveu situações curiosas, como a de editar com o irmão mais novo, Marcos, a defesa rubro-negra: Paulo Henrique na esquerda e o caçula na direita. Teve ainda pela frente outro irmão, Batista, que jogava como meio-campista no Vasco, em 1970. No encontro entre ambos, empate sem gols.

Naquele fim da década, ele participaria de jogos marcantes do Fla: o empate em 1 a 1 com a Argentina em Avellaneda em 1966; a goleada de 5 a 1 sobre o Cruzeiro de Tostão na reabertura do Maracanã para a temporada 1968; o título do Troféu Mohamed V no Marrocos, com vitória sobre o Racing campeão mundial, no mesmo ano; e a vitória sobre o Botafogo em 1969 no jogo que encerrou um jejum de vitórias sobre o rival e foi precedido pelo voo de um urubu sobre o estádio, levando o clube a adotar de vez a ave como mascote.

Paulo Henrique também participaria das conquistas do intenso ano de 1970, quando o Fla foi dirigido pelo controvertido Yustrich: o Torneio Internacional de Verão (quando participou das goleadas sobre a seleção da Romênia por 4 a 1 e sobre o Independiente argentino por 6 a 1) e a Taça Guanabara, então um torneio à parte do Campeonato Carioca, levantada após o empate em 1 a 1 com o Fluminense no dia 31 de maio. Em fevereiro do ano seguinte, porém, uma briga feia com o técnico afastaria o lateral da Gávea pela primeira vez.

A valorização de Paulo Henrique era grande também perante os diretores. Pela sua grande identificação com o clube da Gávea, o Flamengo só aceitava vendê-lo por Cr$ 300 milhões, uma fortuna. A única vez em que deixou o rubro-negro foi durante o ano de 1971. Numa troca com o Botafogo, que envolvia o atacante Roberto Miranda, Paulo Henrique vestiu preto e branco no Carioca daquele ano, em que foi vice-campeão, voltando logo depois à Gávea. Deixou de vez ao Flamengo no começo de 1972. Depois de voltar do Botafogo, na reserva de Rodrigues Neto, sagrou-se Campeão Carioca de 1972, tendo atuado em apenas três partidas durante toda aquela campanha rubro-negra. Depois, passou ainda por Avaí, Bahia e Bonsucesso.

Paulo Henrique mesmo é quem explica porque virou ídolo rubro-negro: "Eu era muito querido pela torcida. Podia errar, mas não me vaiavam porque eu brigava e lutava o tempo todo. Cheguei a assinar contrato em branco com o Flamengo. Foram só nove que eu assinei na carreira. Eu digo o seguinte: antes do Zico, o Flamengo também teve seus ídolos. Éramos eu, o Silva, o Murilo... Ídolos de não poder andar na rua. Eu não conseguia chegar onde eu queria porque a torcida do Flamengo não deixava. E eu atendia a todos com carinho. Eu encarnei aquela camisa do Flamengo, podia beijar aquele escudo. Eu e meus companheiros, aquela turma toda. Minha única decepção é nunca ter treinado o Flamengo. E olha que não faltaram oportunidades, mas isso não muda nada o que sinto pelo clube".

Paulo Henrique se aposentou precocemente, aos 31 anos. Foi quando surgiu a chance de tornar-se treinador. Ele recebeu um convite do Campos Atlético, aceitou e treinou o Roxinho em 1975. Em princípio, a diretoria queria que ele também jogasse, o que o fez ter suas últimas partidas na carreira pelo clube da Baleeira. Atuou pouco, mas sagrou-se campeão da Taça Cidade de Campos, incluindo uma atuação memorável contra o Americano, quando deixou a prancheta de lado, entrou no segundo tempo e virou um jogo em que seu time perdia por 2 a 0.

Logo na sequência, Paulo Henrique foi contratado pelo Americano, então estreante no Campeonato Brasileiro. Conduziu o time a uma boa campanha, incluindo uma vitória sobre o Santos. Foi quando surgiu o Goytacaz, que estava prestes a ser convidado para seu primeiro Campeonato Carioca. Foi com Paulo Henrique que o Goyta jogou quatro Estaduais e três Brasileiros entre 1976 e 1979. No último Carioca, um honroso sexto lugar foi a melhor marca da história alvi-anil. Ele treinou o Goyta por quatro anos, tornou-se um ídolo e acredita que aquele foi o mais talentoso elenco já formado pelo clube campista: "Tinha Wilson Bispo, Piscina, Zé Neto. A gente tinha só uns dois ou três jogadores que vieram emprestados do Atlético Mineiro, que eram o Coca e o Marcos Vinícius. Aquele foi um dos melhores times da história do Goytacaz".

Quando a década virou, Paulo voltou ao Americano, onde comandou a equipe no Brasileirão de 1980 e logo depois se mudou para o América de Natal. Mas, depois de apenas quatro meses, voltou ao alvi-negro de Campos. Em seguida, rodou por Remo, do Pará, Anapolina, de Goiás, e voltou ao Rio para treinar à Portuguesa, em 1982. Teve sua passagem pelo Oriente Médio, onde treinou à Seleção de Omã e o Al-Shabab, dos Emirados Árabes. Depois de quase duas décadas no exterior, surgiu a oportunidade de voltar ao Brasil. Em 1999, Paulo Henrique foi convidado para regressar ao Goytacaz e aceitou o convite, treinando o time durante a Segunda Divisão do Campeonato Carioca, não conseguindo subir. Mas foi em sua terra natal que abriria-se a grande oportunidade da carreira. Em 2007, ele foi contratado pelo Quissamã, onde tinha começado a carreira de jogador, agora para o cargo de técnico. Na Terceira Divisão do Rio, iniciou um longo trabalho que culminou com os títulos da Terceirona e da Segundona num espaço de apenas quatro anos. Um conto de fadas que acabou logo após sua saída, com o clube amargando uma dura realidade a partir de então. Depois de um ano só na Primeira Divisão do Carioca, foi rebaixado e pouco depois faliu.

Paulo comandou ainda, nos anos 2010 a Sendas, Atlético Itapemirim, do Espírito Santo, e América de Três Rios. Neste último clube, também viveu uma questão familiar dentro de campo, ao enfrentar o Serra Macaense, que era treinado por seu filho, Paulo Henrique Filho, cujo primeiro trabalho como técnico de futebol foi com o time sub-20 do Flamengo que se sagrou Campeão da Copa São Paulo de 2011. Os dois, pai e filho, estavam planejando trabalhar juntos, mas Paulo Henrique Filho faleceu em fevereiro de 2017, aos 52 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico.

O luto deu lugar à motivação. Apenas algumas semanas depois da perda, Paulo Henrique foi chamado para treinar novamente o Goytacaz. Em sua terceira passagem pelo clube, montou o time que jogou a Série B1 do Estadual e a conquistou, reconduzindo o Goytacaz à primeira divisão do futebol carioca em uma emocionante classificação, tornando-se o técnico que mais comandou o alvi-anil em todos os tempos.


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