terça-feira, 30 de novembro de 2021

Flamengo na Libertadores de 2021


O Flamengo jogou pela 17ª vez a Copa Libertadores da América como o Campeão Brasileiro de 2020, sua 5ª participação consecutiva, um recorde em sua história, dado que a sua maior sequência até então eram as quatro participações entre 1981 e 1984. As participações entre 2017 e 2021 bateram a esta sequência.

A Campanha:
Fase de Grupos
20/04/21 - 3 x 2 Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, Argentina
27/04/21 - 4 x 1 Unión La Calera, no Maracanã
04/05/21 - 3 x 2 LDU, em Quito, Equador
11/05/21 - 2 x 2 Unión La Calera, em La Calera, Chile
19/05/21 - 2 x 2 LDU, no Maracanã
27/05/21 - 0 x 0 Vélez Sarsfield, no Maracanã
Oitavas
14/07/21 - 1 x 0 Defensa y Justicia, em Florencio Varela, Argentina
21/07/21 - 4 x 1 Defensa y Justicia, no Mané Garrincha, em Brasília
Quartas
11/08/21 - 4 x 1 Olimpia, em Assunção, Paraguai
18/08/21 - 5 x 1 Olimpia, no Mané Garrincha, em Brasília
Semi
22/09/21 - 2 x 0 Barcelona de Guaiaquil, no Maracanã
29/09/21 - 2 x 0 Barcelona de Guaiaquil, em Guaiaquil, Equador
Final
27/11/21 - 1 x 2 Palmeiras, no Estádio Centenário, em Montevidéu




1ª Fase

O grupo rubro-negro trazia desafios, pois pela frente havia confrontos contra os argentinos do Vélez Sarsfield, que regressavam à Libertadores após sete anos de ausência, e os equatorianos da LDU, subindo mais uma vez à altitude de Quito. O quarto participante do grupo era o modesto Unión La Calera, do Chile.

Apesar da dificuldade, o time começou bem a sua caminhada. Na estreia, a equipe viajou à Argentina para enfrentar ao Vélez, numa partida que, como não poderia ser diferente, foi dura e muito disputada. O time rubro-negro esteve duas vezes em desvantagem no placar, mas conseguiu a virada na segunda etapa, conquistando uma importante vitória. Era tão só a segunda vez na história que o Flamengo obtinha uma vitória como visitante na Argentina, a última havia sido em 1982 sobre o River Plate. No outro jogo do grupo pela 1ª Rodada, La Calera e LDU empataram por 2 x 2 no Chile, deixando o time rubro-negro na liderança da chave ao da primeira jornada.

O duelo seguinte foi contra o Unión La Calera no Maracanã. A vitória era muito importante, para dar tranquilidade matemática à equipe antes da 3ª rodada, na qual teria que viajar à altitude para enfrentar à LDU. O time se impôs em campo logo no 1º tempo, abrindo dois gols de vantagem depois de conseguir superar a forte retranca do adversário. No 2º tempo, acabou levando um gol no início, mas retomou o controle da partida, marcando mais duas vezes e concluindo a partida com uma goleada tranquilizadora. Na outra partida do grupo, em Quito, a LDU venceu ao Velez por 3 x 1, assumindo a vice-liderança do grupo, dois pontos atrás do líder Flamengo.

Na 3ª rodada, a equipe subiu a montanha e foi jogar nos 2.850 metros de altitude. Começou muito bem, abrindo o placar logo com dois minutos de bola rolando. Bem em campo, tinha o controle do jogo, e ainda no 1º tempo chegou ao segundo gol. A LDU fez três substituições no intervalo, colocou a equipe mais ofensiva e com gás novo, e a dinâmica da partida mudou completamente, acuando o Flamengo na defesa e gerando uma sequência de boas oportunidades e conseguindo marcar duas vezes e empatar a partida em 15 minutos. A virada parecia ser questão de tempo. Mas o Flamengo se equilibrou. Na reta final, Arrascaeta foi derrubado na área, pênalti que Gabigol converteu. Com a vitória por 3 x 2 e a liderança com 9 pontos, a classificação estava assegurada com bastante antecedência. A LDU ficava em 2º lugar cinco pontos atrás, com 4. Na outra partida, o Vélez Sarsfield venceu por 2 x 0 e saltou para 3º, com 3 pontos. Em último, com 1 ponto, ficou o Unión La Calera, adversário rubro-negro na rodada seguinte, no Chile.

Com três vitórias, o Flamengo fazia sua melhor campanha na história de suas 17 participações na Libertadores. Com uma goleada na sua única partida como mandante, e com duas imponentes vitórias por 3 x 2 como visitante, ambas emblemáticas, uma na Argentina e outra na altitude, duas circunstâncias nas quais sempre é muito difícil obter vitórias.

Na abertura dos jogos de volta, o Flamengo foi ao Chile para enfrentar à Unión La Calera num estádio de campo de grama sintética. Com duas falhas da defesa logo no início do jogo, a equipe tomou dois gols naqueles que foram praticamente os dois únicos ataques do adversário em toda a partida. Logo após levar o segundo, no entanto, o time conseguiu diminuir a vantagem. O resto do jogo foi pressão constante rubro-negro, com os chilenos totalmente retrancados na defesa. O time conseguiu empatar na segunda etapa, forçou, pressionou, mas não conseguiu a vitória. No outro jogo do grupo, o Vélez venceu à LDU por 3 x 1 na Argentina. Líder, o Flamengo terminou a rodada com 10 pontos, seguido pelo Vélez Sarsfield com 6, LDU com 4 e La Calera com 2. Matematicamente, bastava um ponto para a classificação rubro-negra, e pela frente restavam dois jogos no Maracanã.

Se depois das três primeiras vitórias, a classificação parecia bem encaminhada e fácil de ser obtida, o Flamengo tratou de complicar um pouco a coisa. Para o duelo contra a LDU no Maracanã, o treinador Rogério Ceni colocou um time cheio de reservas, poupando os titulares para a final do Campeonato Carioca num Fla-Flu a ser jogado três dias depois. Para dificultar ainda mais, Willian Arão foi expulso aos 14 minutos do 1º tempo. O time ainda conseguiu sair na frente, mas tomou o empate na bola seguinte. No 2º tempo, tomou a virada. Para evitar dramas, aos 43 minutos do 2º tempo, o zagueiro Gustavo Henrique marcou de cabeça o gol que garantiu o empate que matematicamente assegurou a classificação com uma rodada de antecipação. No outro jogo, o Vélez Sarsfield venceu ao Unión La Calera por 2 x 1 na Argentina. Líder, o Flamengo tinha 1 pontos, seguido pelo Vélez com 9. Os dois decidiriam quem terminaria em primeiro no confronto pela última rodada no Maracanã. Já eliminados, a LDU tinha 5 pontos, e La Calera tinha apenas 2.

Ao Flamengo bastava um empate na última rodada para garantir a primeira colocação de seu grupo. E assim foi, com o duelo contra o Vélez Sarsfield se arrastando num empate sem gols do início ao fim. Sem derrotas, mas com dois empates em casa, o time rubro-negro terminou em 1º lugar, com 12 pontos, seguido pelo também classificado Vélez, em 2º lugar, com 10 pontos. No outro jogo da última rodada, a LDU venceu por 5 x 2 à Unión La Calera no Equador, chegando a 8 pontos, e deixando os chilenos em último, sem nenhuma vitória, com 2 pontos.

MATA-MATA

O sorteio da CONMEBOL, em teoria, foi bom para o Flamengo. Definiu ao Defensa y Justicia, da Argentina, como adversário nas oitavas, para que aquele que avançasse, enfrentasse nas quartas de final ao vencedor entre Internacional e Olimpia. Chegando à semi-final, o adversário sairia de Fluminense, Cerro Porteño, Barcelona de Guaiaquil ou Vélez Sarsfield. O Flamengo não tinha do que reclamar, pois River Plate, Boca Juniors, São Paulo, Palmeiras e Atlético Mineiro só poderiam ser adversários numa eventual final.

O Flamengo chegou às oitavas de final num cenário completamente novo. O técnico Rogério Ceni foi demitido, em função do mal desempenho no Campeonato Brasileiro, e foi substituído por Renato Gaúcho. Sob nova direção, o time rubro-negro foi a Florencio Varela, na Grande Buenos Aires, para fazer o jogo de ida contra o Defensa y Justicia, e lá conseguiu uma importante e apertada vitória por 1 x 0. No jogo de volta, em Brasília, abriu o placar logo no início, mas quase se enrolou no fim do primeiro tempo quando o sistema defensivo saiu jogando com troca de passes dentro da área, que culminaram numa reposição do goleiro Diego Alves que acertou ao atacante adversário e entrou. O segundo tempo ficou então mais angustiante. Pelo menos por 20 minutos, quando então o time marcou seu segundo gol, que consumou a vitória, que ainda veio a se converter em goleada com dois gols mais nos minutos finais.

O time rubro-negro deu um baile nas quartas de final. Pela frente, o Olimpia, um adversário que nunca havia superado em sua história em jogos válidos pela Libertadores; nem em 1981, quando empatou duas vezes; em 2002, empatou uma e perdeu outra, e em 2012, novamente empatou uma e perdeu outra. Em 2021, não tomou conhecimento, goleando duas vezes à equipe que na fase anterior havia eliminado ao Internacional. Venceu por 4 x 1 no jogo de ida, no Estádio Manuel Ferreira, em Assunção, e por 5 x 1 no jogo de volta em Brasília. Em sua 17ª participação, o Flamengo chegava pela quinta vez à fase semi-final da Copa Libertadores (1981, 1982, 1984, 2019 e 2021). Entre os quatro semi-finalistas, estavam três equipes que estavam jogando inquestionavelmente o melhor futebol da América do Sul naquele momento: o próprio Flamengo, e Palmeiras e Atlético Mineiro, que se enfrentariam na outra semi-final. O adversário rubro-negro seria o Barcelona de Guaiaquil, que eliminou ao Fluminense nas quartas.

O primeiro jogo da semi-final foi no Maracanã, e marcou a estreia do zagueiro David Luiz usando a camisa rubro-negra. O time jogou desfalcado de Arrascaeta e Filipe Luís, lesionados. No 1º tempo, o Flamengo fez seus melhores 45 minutos em toda a semi-final. Fez 2 a 0, com dois gols de Bruno Henrique, mandou duas bolas na trave, e ainda ficou com um a mais, quando o Barcelona teve um jogador expulso no último lance antes da parada para o intervalo. Prenúncio de goleada? Não. No 2º tempo, a equipe seguiu com a partida sob controle, mas não conseguiu ampliar, com os equatorianos se fechando eficientemente na defesa. Apesar de ter desperdiçado a oportunidade de obter uma vitória mais ampla, o time jogava por um gol na volta, uma semana depois, pois como o gol como visitante era critério de desempate, se marcasse uma vez, forçaria o adversário a ter que fazer quatro gols para ir à final.

O segundo jogo, em Guaiaquil, o time rubro-negro se impôs e resolveu seu passe à final logo no começo da partida. O relógio marcava 17 minutos quando o meio de campo trocou passes, e Éverton Ribeiro colocou em profundidade para Brune Henrique penetrar no meio da dupla de zaga, driblar o goleiro e escorar para o fundo do gol, frustrando a torcida local, e deixando a missão dos equatorianos quase impossível. Relaxado, o time rubro-negro ofereceu diversas oportunidades de gol ao adversário, salvas por Diego Alves. No início da etapa final, mais uma troca rápida de passes, e Éverton Ribeiro penetrou livre pelo lado direito de ataque desde quase a linha do meio de campo, entrando na área e rolando para o meio, Bruno Henrique escorou e ampliou. Duas partidas semi-finais, quatro gols de Bruno Henrique sobre o Barcelona, o artilheiro que colocou o Flamengo em sua terceira final de Libertadores na história, para enfrentar ao Palmeiras, que eliminou ao Atlético Mineiro no outro confronto.

A final foi jogada em Montevidéu. A torcida rubro-negra se fez presente e tomou dois terços das arquibancadas do Estádio Centenário. Mas a euforia se converteu num balde de água fria logo aos cinco minutos de jogo: numa jogada ensaiada, a movimentação de ataque puxou Filipe Luís para a linha do meio de campo, e o zagueiro paraguaio Gustavo Gómez lançou em profundidade para o avanço do lateral-direito Mayke nas costas de Bruno Henrique. Ele penetrou até o fundo e cruzou, encontrando Raphael Veiga na entrada da área para um chute seco, que passou por baixo de Diego Alves. Gol do Palmeiras.

Sem conseguir se articular ofensivamente, o Flamengo teve duas grandes chances de perigo no 1º tempo, mas não conseguiu empatar. Primeiro aos dezesseis minutos, quando Andreas Pereira deixou Bruno Henrique frente a frente com o goleiro, mas ele se enrolou na conclusão. Depois, aos quarenta e dois, com um chute de Arrascaeta da entrada da pequena área, pegando de cima par baixo na bola, que Wéverton defendeu muito bem.

No 2º Tempo, o Flamengo quase empatou em cabeçada de Bruno Henrique aos quatorze, que passou tão rente à trave, que levou Wéverton a colocar as mãos na cabeça. O empate saiu aos vinte e seis, quando Arrascaeta tocou para Gabigol, que bateu cruzado no contra-pé do goleiro, empatando o jogo. Aos quarenta, quase saiu a virada: Michael entrou cara a cara pela direita de ataque, bateu cruzado, e chutou para fora. Empate no tempo normal, e o jogo foi para a prorrogação.

E a final acabou decidida num erro individual bizarro. Andreas Pereira era o último homem, enrolou-se para passar para trás, recuando para Diego Alves, caiu de bunda no chão e deixou a bola para Deyverson penetrar livre e tocar na saída do goleiro. Daí em diante, a puros nervos, desesperado por buscar o empate, o time se desorganizou e nada conseguiu. Certamente, o vice-campeonato mais dolorido de toda a história do Flamengo até ali. Um triste fim para uma campanha espetacular.






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