GERALDO: promessa na eternidade
Carreira: 1973-1976 Flamengo
Vida e carreira no futebol interrompidas precocemente de um dos maiores talenos que se projetavam com o futuro da camisa rubro-negra. Da mesma geração e posição de Zico, basta saber que foi lembrado para a Seleção Brasileira antes do "Galinho de Quintino". Impossível não projetar o que teria sido de Geraldo no inesquecível time que conquistou a América e o Mundo em 1981. Fatalmente seria titular no meio, ao lado de Andrade e Zico, e empurrando Adílio para a ponta-esquerda, onde este atuou muitas vezes. Em 1974, apostava-se mais no talentoso Geraldo do que em Zico, sobretudo pela elegância com que conduzia a bola, a facilidade para distribuir o jogo, a cabeça sempre erguida. Numa época em que o ícone do futebol mundial passou a ser Johann Cruyff, da Holanda, esperava-se em Geraldo um "Cruyff brasileiro".
Como jogador do Flamengo, ele fez 169 jogos e marcou 13 gols.
Abaixo, a combinação de vários diferentes textos na internet falando sobre a carreira do jogador:
Geraldo Cleofas Dias Alves, o "Geraldo Assoviador", nasceu na cidade de Barão de Cocais, no estado de Minas Gerais, em 16 de abril de 1954, e faleceu no Rio de Janeiro em 26 de agosto de 1976.
O futebol estava no DNA da família do meia, de nove filhos de Dona Nilza, sua mãe, cinco se tornaram jogadores, mas Geraldo era o mais talentoso deles. Antes dele, pelo time do Flamengo, entre 1969 e 1971, havia passado o seu irmão Washington, depois emigrado para o futebol português. Uma família cujas gerações seguiram servindo ao futebol: o zagueiro Bruno Alves - do Porto de 2006 a 2009, do Zenit, da Rússia, de 2010 a 2013, do Fenerbahce, da Turquia, de 2013 a 2016, do Cagliari, da Itália, em 2016-17, e da Seleção de Portugal entre 2007 e 2018 - é filho do ex-zagueiro Washington, e, portanto, sobrinho de Geraldo.
No Flamengo, dono da camisa 8, Geraldo dividia as responsabilidades com Zico. Os dois tinham uma grande amizade ao ponto do pai do Galinho chamar a Geraldo de filho. A dupla cresceu junta nas divisões de base rubro-negras e formavam o meio-campo mais promissor da época. Em 1974, o Flamengo entrou no Campeonato Carioca recheado de jovens, por isso não era apontado como um dos favoritos ao título. Sobretudo foi graças ao futebol da dupla Geraldo e Zico que o time rubro-negro, que era comandado pelo técnico Joubert, e tinha como principal nome a Paulo César Caju, foi campeão diante do Vasco sob os olhares de 165 mil pessoas no Maracanã.
As grandes exibições no Maracanã lhe renderam uma vaga na Seleção Brasileira. Em um time que tinha Zico, Júnior, Jayme de Almeida, Rondinelli; Geraldo foi o único jogador do Flamengo convocado para a Copa do América de 1975. Fez sete jogos com a camisa amarelinha entre os anos de 1975 e 1976. Além da Copa América, disputou a Copa Roca e a Taça do Atlântico, tendo se sagrado campeão destas duas competições.
O Brasil sempre foi um berço de craques, a todo tempo nasce um menino com talento indiscutível para o futebol em solo brasileiro. Alguns chegam a se profissionalizar, outros trilham caminhos diferentes do mundo da bola. Mas nenhum dos dois casos foi o caso de Geraldo, apontado por muitos como a maior revelação do Flamengo nos Anos 1970. É isso mesmo, quando Zico e a geração que viria a conquistar tudo na década de 80 apareceu no cenário do futebol.
Certas vezes, sua habilidade explícita se confundia com displicência. Quando o adversário tinha a bola, voltava lentamente e assobiando para compor a marcação. Treinadores de formação militar, como Carlos Froner, acostumado a acordar de madrugada com toques de clarins, perfilarem em silêncio e prestar continência diante de uma rígida disciplina, não aceitavam tal "irresponsabilidade".
Carlos Froner perdeu a paciência e não o relacionou para um excursão ao Nordeste. Recuperando-se de uma torção no tornozelo, Geraldo ficou na Gávea correndo em volta do campo para manter a forma. E o Dr. Célio Cotecchia, que há tempos procurava uma oportunidade de operar suas amígdalas, levou-o para a cirurgia. O que aconteceu lá todos sabem. O futebol se despediu de uma das suas maiores promessas. Tamanha foi a comoção, que sua família - repleta de irmão altos e inconformados - não permitiu a entrada do treinador no velório; achavam que se Froner não o tivesse punido e levado Geraldo junto com o time, ele não iria operar, e não operando, não morreria. A sociedade e o futebol sempre foram assim no Brasil, todos saem à procura de culpados diante de uma derrota. E que derrota foi essa para o futebol brasileiro!
Geraldo morreu em agosto de 1976 aos 22 anos, após uma cirurgia para retirar as amígdalas, numa intervenção aparentemente trivial. Como disse à reportagem de jornais da época Lincoln, um dos irmãos do jogador, Geraldo morreu sentado numa cadeira de dentista, vestindo calça jeans e calçando apenas chinelo, sem camisa: "como se estivesse extraindo um dente". Detalhe para a insistência do menino em não realizar a cirurgia, pois Geraldo demorou mais de um ano para poder aceitar a realização do procedimento cirúrgico. Ele chegou a fugir do hospital em duas oportunidades. Acabou morto por um choque anafilático. Clinicamente: a reação anafilática é uma reação alérgica grave que surge pouco após se entrar em contato com uma substância a que se tenha alergia, que no caso de Geraldo foi a anestesia.
A tragédia comoveu ao Rio de Janeiro e a todo o Brasil. Até Pelé foi recrutado para o jogo beneficente em prol da família do jogador, semanas depois do incidente. Campeão Carioca em 1974 e convocado para a Seleção Brasileira, Geraldo era uma das promessas do Brasil para a Copa do Mundo de 1978. Um aspirante a craque, comparado a Didi e Beckenbauer, que deixou a vida antes de atingir o auge em campo. Ele foi homenageado no Maracanã num amistoso entre Flamengo e Seleção Brasileira, duelo que ficou marcado pelo encontro entre Zico e Pelé em lados opostos. Outros jogadores como Rivellino, Adílio, Paulo Cesar Caju, Carlos Alberto Torres, entre outros grandes nomes, disputaram aquela partida que o time rubro-negro venceu por 2 a 0. O Maracanã recebeu 142 mil pessoas. Toda a renda foi doada à família de Geraldo.
Nas palavras do Mastro Júnior: "Geraldo foi pra nós um cara que fazia as coisas mais difíceis com a maior simplicidade. Ele jogava futebol brincando. E a figura do Geraldo era uma figura alegre, uma figura doce, era uma figura humana... Geraldo ajudava todo mundo".
Nas palavras de Zico: "ele vivia assoviando e não era só no campo, vivia assoviando o dia inteiro. Geraldo era um jogador que não olhava para a bola. Jogava empezinho, olhando tudo, e era um jogador que tinha uma elegância danada pra jogar".
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