segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: LICO


LICO: o Coringa Versátil

Carreira: 1970-1973 América de Joinville (SC); 1973 Grêmio; 1974-1975 Figueirense (SC); 1976 Marcílio Dias (SC); 1976-1979 Avaí (SC); 1979-1980 Joinville (SC); 1980 Flamengo; 1981 Joinville (SC); 1981-1984 Flamengo

Jogador versátil, insinuante, dinâmico e capaz de jogar em vários setores ofensivos, atuava pela ponta-esquerda, mas invertia posições durante o jogo, caindo também para a ponta-direita. Originalmente era camisas 10, e isso o permitia jogar na armação do meio de campo também. Sua versatilidade fez dele, com a camisa 11, um coringa e uma peça-chave para a movimentação tática do Flamengo Campeão da Libertadores e do Mundial de 1981.

Como jogador do Flamengo, ele fez 129 jogos, e marcou 15 gols.


Abaixo, dois textos combinados contando a carreira do jogador, publicados pelos sites "Redação Rubro-Negra" e "Mundo Rubro-Negro", este escrito por Luís Filipe Chateaubriand:

Antônio Nunes, o Lico, nasceu em 9 de agosto de 1951 em Imbituba, litoral sul do estado de Santa Catarina, cidade que foi sede da etapa brasileira do Mundial de Surf de 2003 a 2010. Mas para o garoto Lico o que chamou atenção não foram as pranchas, apesar de adorar o mar, e sim a bola de futebol.

Ele começou sua carreira no América de Joinville, em 1970, tendo atuado pela equipe durante dois anos. As atuações no Campeonato Catarinense chamaram a atenção do Grêmio, que o levou por empréstimo para jogar em Porto Alegre. Ele ficou na reserva do clube gaúcho por seis meses e retornou ao futebol catarinense em 1974, jogando em clubes como Figueirense, Marcílio Dias, Avaí e Joinville. Foi Campeão Catarinense em 1974 pelo Figueirense e Bi-Campeão Catarinense pelo Joinville em 1979 e 1980. Atuando com destaque com a camisa 10 do clube, foi eleito o melhor jogador de Estadual de 1979, sendo autor de 12 gols, tornando-se ídolo do Joinville.

No testemunho do próprio jogador: "no Brasileiro de 1979 eu tive a felicidade de fazer dois jogos pelo Joinville em São Paulo, contra o Santos e contra o Corinthians, e fui eleito o melhor em campo. Nessa época, acho que já tinha um observador do Flamengo ali".

Ele chamou a atenção do então técnico do Flamengo Cláudio Coutinho, que pediu sua contratação. Em 1980, ele chegou ao Rio de Janeiro para atuar no Flamengo, no entanto houve dificuldade em sua adaptação. Com poucas aparições no Campeonato Carioca de 80, ele acabou sendo emprestado ao antigo clube, voltando para a Gávea em maio de 1981.

Lico era o reserva imediato de Zico. Mas o time estava carente na ponta-esquerda. O técnico Paulo Cesar Carpegiani – primeiro auxiliar-técnico de Dino Sani e depois o próprio técnico da equipe – descobriu a solução no próprio elenco, improvisando Lico. Ele era um meia-atacante versátil, insinuante, dinâmico e capaz de jogar em vários setores ofensivos de uma equipe. Com sua versatilidade, ganhou a vaga na ponta-esquerda, entrando no lugar de Baroninho na reta final da Libertadores de 81.

Atuava muito bem por aquele setor, mas não somente por ali. Revezava com Tita, alterando as posições dos dois pontas em campo. Os dois - Tita e Lico - que eram originalmente camisas 10, mas que não encontravam espaço no time com o domínio absoluto de Zico naquela posição. Lico revezava também com Adílio - outro que originalmente era camisa 10 - indo para a meia, enquanto Adílio migrava para a esquerda. E revezava até com Zico, metendo bolas para este, e recebendo bolas deste, quando, nas palavras do cronista Armando Nogueira, o "arco e flecha" recuava. A movimentação deixava atordoadas as defesas adversárias, pois zagueiros, laterais e volantes oponentes ficavam sem saber quem acompanhar, quem marcar.

A partida na qual ele se firmou definitivamente como titular daquele time foi a histórica goleada sobre o Botafogo por 6 x 0. Neste jogo, Lico marcou um dos gols, e a partir dali virou titular do time, jogando duas das três partidas da Final da Libertadores e, posteriormente, a Final do Mundial Interclubes, entrando para a história do Flamengo. A verdade é uma só: a entrada de Lico na formação titular arrumou o time, seja taticamente, seja em talento, seja até em consistência defensiva, pois, ao contrário de Baroninho, ele também ajudava na marcação.

Na final da Libertadores de 81, no primeiro jogo realizado no Maracanã contra o Cobreloa, foi Lico quem sofreu o pênalti que resultou no primeiro gol rubro-negro. Entretanto, nesta mesma partida, foi o autor do pênalti a favor dos chilenos que selou o placar do jogo em 2 x 1 para o Flamengo. Na segunda partida, realizada no Chile, Lico foi caçado em campo, tendo inclusive levado um soco do zagueiro Mário Soto que o fez ficar de fora do terceiro e decisivo jogo da libertadores, em Montevidéu, por conta desta agressão sofrida.

Lico realizou com o manto sagrado 129 partidas, com retrospecto de 77 vitórias, 29 empates e 23 derrotas. Com o Flamengo, ainda veio a fazer parte dos times que foram Campeões Brasileiros de 1982 e de 1983, nesta última campanha já não mais entre os titulares do time.

Em 1984 Lico passou a conviver com muitas dores no joelho esquerdo, o que na época os médicos do clube acreditavam ser uma tendinite. Durante vários jogos ele atuou sob o efeito de infiltrações, mas já não suportava mais as dores. Foi então diagnosticado com uma lesão profunda na cartilagem do joelho, o que lhe causou dois desvios na coluna e uma hérnia de disco. Depois disso foi realizada nos Estados Unidos uma cirurgia, a qual resolveu parcialmente seu problema. No entanto, voltou a sentir dores e teve seu quadro clínico agravado quando o joelho direito também precisou de intervenção cirúrgica. Decidiu então abandonar a carreira em dezembro de 1984, aos 33 anos.

Marcou seu último gol com a camisa do Flamengo numa goleada de 4 x 1 no Maracanã contra o Santos pela Libertadores de 84. Após o fim da carreira, voltou para sua terra, Santa Catarina. Lá, dedicou-se a ensinar tudo aquilo que tinha aprendido dentro e fora do campo, trabalhando na formação de jogadores nas categorias de base de diversos clubes do estado. Foi Diretor de Futebol do Joinville. Depois criou uma escolinha de futebol para trabalhar com a formação de crianças e a revelação de novos talentos.


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