quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: MOZER


MOZER: o Marcador Implacável

Carreira: 1980-1987 Flamengo; 1987-1989 Benfica (Portugal); 1989-1992 Olimpique de Marselha (França); 1992-1995 Benfica (Portugal); 1995-1996 Kashima Antlers (Japão)

Certamente foi um dos melhores zagueiros da história do Flamengo. Alto, possante, atlético, vigoroso, duro, "mandão", intimidatório, Mozer dominava toda a área. Nunca se limitou a ser um zagueiro tradicional, dos que costumam dar bicões. Era muito habilidoso, e também sempre chegava à área adversária para fazer gols de cabeça.

Como jogador do Flamengo, ele fez 292 jogos e marcou 21 gols.


Abaixo, a combinação de alguns textos sobre a carreira do jogador publicados nos sites "Memórias do Esporte", escrito por José Carlos de Oliveira, e "Redação Rubro-Negra", e nos blogs "A Nação com Amor", escrito por James Thiele, e "A Alma Benfiquista":

José Carlos Nepomuceno Mozer nasceu dia 19 de setembro de 1960, no Rio de Janeiro. Dispensado das divisões de base do Botafogo por ter sido considerado muito magro para a função de zagueiro, Mozer chegou à base do Flamengo em 1975, com 15 anos. Campeão Carioca Sub-20 de 1980, logo subiu aos profissionais, e já no ano seguinte era titular absoluto da zaga rubro-negra nas conquistas do clube como Campeão Carioca, Campeão da Copa Libertadores da América (esteve em campo em 12 dos 13 jogos) e Campeão Mundial Interclubes em 1981.

E o garoto que em 1981 tinha 21 anos tinha uma baita personalidade! Em história contada pelo goleiro Raul em participação no programa televisivo "Resenha", da ESPN Brasil, um fato ocorrido em campo na Final Intercontinental contra o Liverpool em Tóquio: "veio uma bola na nossa área e o Mozer matou no peito, colocou no gramado e saiu jogando, espantado, eu gritei com ele, que com tranquilidade olhou para mim e disse: "Velho, 3 x 0, 40 minutos do segundo tempo, eu vou deitar e rolar nesses caras". Esse era o zagueiro e aquele era o espírito daquele Flamengo Multi-Campeão.

Logo no começo do ano seguinte, ele atuou em 17 das 23 partidas da campanha rubro-negra como Campeão Brasileiro de 1982. Mas se lesionou durante as quartas de final e não atuou nem nos dois jogos da semi-final nem nas três partidas da final contra o Grêmio, nas quais a dupla de zaga foi formada por Marinho e Figueiredo. E essa era também a dupla de zaga durante a campanha em que o Flamengo foi Campeão Brasileiro de 1983, tendo Mozer atuado em apenas 10 das 26 partidas daquela campanha. Mas teve a oportunidade de disputar a Copa América de 83 com a Seleção Brasileira.

Mozer reconquistou a posição, passando a formar a dupla de zaga ao lado de Figueiredo, e mantendo-se titular absoluto da zaga rubro-negra em 1984 e 1985. Uma de suas maiores atuações com a camisa rubro-negra se deu na goleada de 4 a 1 sobre o Santos no Maracanã na estreia da Libertadores de 84, em 11 de fevereiro, com o zagueiro marcando os dois primeiros gols rubro-negros. No segundo encontro contra o Santos naquela Libertadores, outra goleada implacável, desta vez atuando na capital paulista, e outra atuação excepcional do zagueiro. Aos 21 minutos do 1º tempo, João Paulo arrancou pela esquerda e sofreu falta perto da linha de fundo, Júnior levantou na área, a defesa afastou e a bola sobrou na direita com Leandro, que parou, olhou e cruzou para Mozer, de "peixinho", marcar o segundo gol rubro-negro daquele dia, no fim: Flamengo 5 x 0 Santos.

Em 1985, o Flamengo fez a melhor campanha da 1ª fase do Campeonato Brasileiro, mas não conseguiu manter o bom desempenho na fase decisiva. Mozer era a grande égide da defesa rubro-negra. Em 1986, na campanha em que o Flamengo foi Campeão Carioca, Mozer esteve a maior parte do tempo machucado, abrindo espaço para emergir outro monstro da história do futebol mundial, Aldair, que formou a dupla de zaga com Leandro.

Após o Campeonato Carioca de 1987, no fim do primeiro semestre daquele ano, Mozer foi vendido para o Benfica, de Portugal. O Flamengo recém havia contratado ao experiente zagueiro Edinho para formar a dupla de zaga com Leandro, e ainda tinha o jovem Aldair como reserva. O clube decidiu então vender o zagueiro. Dali em diante, toda sua carreira seria no exterior. Pelo Flamengo, foram 292 jogos com a camisa rubro-negra no período de 1980 até 1987, tendo retrospecto de 166 vitórias, 68 empates e 58 derrotas. Zagueiro de excelente técnica, não se limitava a fazer apenas o tradicional, destacava-se como um zagueiro seguro, com boa saída de bola.

"Tudo que eu tenho na vida, eu devo ao Flamengo. É lindo demais. Se hoje tenho uma casa com piscina e conforto, eu devo ao Flamengo e ao Zico. Obrigado, Flamengo. Obrigado, Zico", palavras de Mozer, às lágrimas, em depoimento dado em dezembro de 2008.

O zagueiro conquistou o coração dos portugueses. Quando chegou ao Benfica, os centrais eram Venâncio, Dito, José António, Lima Pereira e o brasileiro Geraldão. Assim que chegou, conquistou o título de campeão português na temporada 1988/89. Iniciava-se uma das mais fortes empatias entre um jogador (ainda por cima, estrangeiro) e o 3º Anel do Estádio da Luz.

Na temporada 1988/89, formou-se a melhor dupla de centrais do mundo, como foi escolhida pela Revista France Football, uma dupla brasileira: Carlos Mozer e Ricardo Gomes. A classe e a eficácia de Ricardo, aliadas à força e determinação de Mozer, eles fizeram jogos memoráveis juntos. Os dois que alguns anos antes eram adversários no Campeonato Carioca, Mozer com a camisa do Flamengo e Ricardo com a do Fluminense.

Após duas temporadas de sucesso com o Benfica, foi contratado pelo Olimpique, da França. No novo clube, sagrou-se Tri-campeão Francês e recebeu o sugestivo apelido de "A Muralha". Novamente recebeu prêmios e foi eleito para a "Melhor Dupla de Zaga do Futebol Europeu na Temporada".

Foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 1990 na Itália. Começou o Mundial como titular, mas acabou perdendo a posição. O técnico canarinho era Sebastião Lazaroni, que pela primeira vez na história tentava fazer o Brasil jogar num esquema tático usando três zagueiros. A Seleção Brasileira acabou sendo derrubada pela Argentina, de Maradona e Caniggia, nas oitavas de final, com Ricardo Rocha, Mauro Galvão e Ricardo Gomes formando o trio de zagueiros da seleção.

Mozer retornou ao Benfica em 1992 para a alegria dos torcedores do clube, que o viram conquistar mais dois títulos: Campeão Português de 1993/94 e Campeão da Taça de Portugal de 1995/96.

Estave entre os 22 convocados por Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo de 1994. Porém, ele apresentou sinais de alteração nas enzimas do fígado (transaminase), desconfiando-se de que o jogador estaria com um quadro de hepatite. Os médicos Lídio Toledo e Mauro Pompeu, fizeram novos exames que, segundo eles concluíram naquele momento, era uma hepatite não virótica, mas tóxica, causada pelo uso excessivo de anti-inflamatórios. Mozer alegou que o médico do Benfica lhe havia receitado uma vitamina - um medicamento chamado Sargenou - que causava as alterações no fígado e dizia que passados mais alguns dias sem o consumo delas poderia haver uma estabilização nas enzimas ("Pedi mais três dias para a regularização do sangue, mas não esperaram"). O jogador acabou sendo cortado por entenderem que ele não suportaria a carga de treinamentos com esses problemas. Para o seu lugar foi convocado Aldair. No total da carreira, Mozer participou de 36 jogos pela Seleção Brasileira entre 1983 e 1994.

Quando estava com 34 anos, o zagueiro decidiu encarar o desafio de jogar no então recém profissionalizado futebol japonês, assinando contrato com o Kashima Antlers, clube gerenciado por seu velho amigo Zico. Foram duas temporadas na J-League. Aos 36 anos, Mozer encerrou sua carreira com a conquista do Campeonato Japonês de 1996.

Após encerrar sua carreira de jogador, Mozer retornou a Lisboa e abriu um restaurante. Mas decidiu voltar ao futebol em 2000, quando foi auxiliar de José Mourinho na comissão técnica do Benfica. Quando o treinador deixa o clube, Mozer o acompanha para a União de Leiria para a temporada 2001/02, mantendo-se até janeiro deste último ano, quando Mourinho vai para o Porto, mas Mozer não o acompanha.

Sua primeira experiência como técnico vem a acontecer quando, mais precisamente em 24 de outubro de 2006, Mozer decidiu aceitar a proposta para treinar a equipe angolana do Interclube, de Luanda, tendo sido Campeão Angolano de 2007 (26 vitórias, 7 empates e 3 derrotas). Em julho de 2009, Mozer acertou a sua transferência para treinar o clube marroquino Raja Casablanca, porém durou pouco tempo na função. Após um ano de inatividade, assumiu o clube português Naval em janeiro de 2011, deixando o cargo após 14 partidas e não conseguindo evitar o rebaixamento do time. Em novembro de 2011, assumiu ao Portimonense, mas também não conseguiu impedir o rebaixamento do clube algarvio à Segunda Divisão. Posteriormente trabalhou como comentarista do jornal esportivo "A Bola", de Lisboa.

Mozer voltou ao Brasil, ao Rio de Janeiro, e ao Flamengo, quando aceitou o cargo de Gerente de Futebol do clube, onde ficou de julho de 2016 a março de 2018. Após sua saída, voltou a viver em Lisboa.



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