domingo, 2 de janeiro de 2022

Hall da Fama do C.R. Flamengo: JORGINHO


JORGINHO: o Atleta de Cristo

Carreira: 1983-1984 América (RJ); 1984-1989 Flamengo; 1989-1992 Bayer Leverkusen (Alemanha); 1992-1995 Bayern Munique (Alemanha); 1995-1998 Kashima Antlers (Japão); 1999 São Paulo; 2000-2001 Vasco; 2001-2002 Fluminense

Rápido e com uma excelente visão de jogo, tinha passes precisos e avançava em direção à área adversária com destreza, tornando-se um dos melhores laterais-direitos do mundo em sua época. Com o Flamengo, foi Campeão da Taça Guanabara em 1984, 1988 e 1989, da Taça Rio em 1985 e 1986, Campeão Carioca em 1986 e Campeão Brasileiro em 1987.

Como jogador do Flamengo, ele fez 246 jogos, e marcou 8 gols.


Abaixo, a combinação de alguns textos que contam a história do jogador, os três principais extraídos dos sites "Flamengo Eternamente", "Acervo da Bola" e "Museu da Pelada":

Jorge de Amorim Campos, o Jorginho, nasceu em 17 de agosto de 1964 no Rio de Janeiro. Nasceu e cresceu no bairro de Guadalupe, um dos últimos cruzados pela Avenida Brasil, vizinho aos de Anchieta e da Pavuna, já próximo aos limites da cidade do Rio com os municípios de Nilópolis e São João de Meriti.

O garoto teve uma infância bastante difícil, durante a qual a violência doméstica foi uma rotina em sua vida. Seu pai, Jayme, um português machista e tradicionalista, trabalhador autônomo com a especialização técnica em fazer consertos de televisões, não lhe deixou boas recordações. Pelas palavras do próprio Jorginho: "meu pai era muito violento, batia demais na minha mãe, que inclusive é surda de tanto tomar soco dele. Já em mim, meu pai me agredia como se eu fosse um homem, apesar dos meus 8, 9, 10 anos, eu recebia socos". O pai faleceu quando ele tinha 10 anos. Pouco depois, também faleceu sua única irmã. Os dois irmãos mais velhos se entregaram ao alcoolismo e terminaram viciados em drogas. Estes dias difíceis tiveram profundo impacto sobre as escolhas na sua vida adulta, pois foi na igreja que ele encontrou o consolo perante tanto sofrimento.

A escolha religiosa foi influência de seu irmão mais velho, seis anos maior do que ele, o padre Jayme de Amorim Campos, pastor evangélico da Igreja Internacional da Graça de Deus. E Jorginho conta como se deu esta transformação: "o meu irmão mais velho era um cara muito louco, viciado em drogas, alcóolatra e quebrava tudo dentro de casa. Eu cansei de ver ele endemoniado, com espírito maligno, completamente transformado, e isso me assustava. Eu ainda era criança e ele queria me agredir. De repente esse cara chega em casa e diz: 'Eu nunca mais vou beber na minha vida, porque Jesus transformou o meu coração'. E ele nunca mais bebeu. Ele é um exemplo de vida para mim, um homem de Deus, de simplicidade, que vive realmente para o Evangelho". No dia 1° de junho de 1986, quando já era jogador profissional e defendia ao Flamengo, ele se converteu e também ingressou na igreja evangélica.

O futebol entrou tarde em sua vida, mas quando entrou foi num ritmo meteórico. Conta seu irmão, o pastor Jayme, que na casa deles eram todos vascaínos, por causa da ascendência portuguesa do pai, mas falou ele que "Jorginho nunca foi muito de torcer, eu fui mais". O garoto Jorge não dava muita bola para futebol. Só com 19 anos começou a jogar futebol pelo América. E durante a disputa do Campeonato Carioca sub-20 de 1983 com a camisa rubra, já ganhou a oportunidade de jogar no time profissional, era lateral-esquerdo. E foi tão bem, que foi chamado para a Seleção Brasileira de Base, sagrando-se Campeão Sul-Americano Sub-20 em 1983, conquistando a Medalha de Prata nos Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano, e sendo Campeão da Copa do Mundo Sub-20 de 1983. Tudo muito rápido, em menos de 1 ano ele deu um salto do futebol amador direto para conquistas com a camisa canarinho pelos juniores. Na Seleção Brasileira Olímpica, ele atuou em 25 jogos entre 1983 e 1988, sendo Medalha de Prata nas Olimpíadas de Seul em 1988, perdendo a final para a União Soviética por 2 a 1, num time brasileiro que também tinha Taffarel, Bebeto e Romário. Uma geração que faria história com a camisa da Seleção Brasileira.

No início do Campeonato Carioca de 1984, no segundo semestre daquele ano, o lateral foi contratado pelo Flamengo. Rápido e com uma excelente visão de jogo, ficou marcado pelos passes precisos e por avançar em direção à grande área com destreza, logo se tornando um dos melhores na posição na época.

Na Gávea, Jorginho logo ganhou uma chance entre os titulares, porque Leandro mudou de posição por conta das dores no joelho, passando a jogar como zagueiro. Mas embora fosse lateral-esquerdo inicialmente, no time rubro-negro estava um outro jovem promissor, Adalberto, jogando por esse lado do campo. A oportunidade que apareceu então foi para jogar pela lateral-direita. Ele a agarrou e não largou mais. Tornou-se titular absoluto durante 1985, e venceu seu primeiro título expressivo pelo clube como Campeão Carioca de 1986.

Em 1987 vieram as primeiras convocações para a Seleção Brasileira adulta. Foi o ano de seu maior título com a camisa rubro-negra também: Campeão Brasileiro de 1987. Jorginho vivia um momento de afirmação. Foi titular com a camisa do Brasil quando o país voltou a levantar uma taça sul-americana após 40 anos: Campeão da Copa América de 1989. No ano seguinte, era o titular da camisa 2 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1990 na Itália. Em meio a esta fase maravilhosa de sua carreira, chegou uma proposta excelente para o jogador migrar para o futebol europeu, ele fez suas malas e foi para a Alemanha.

Em 1989, o Flamengo estava voando no Campeonato Carioca. O técnico do time era Telê Santana, e em campo estavam além de Jorginho, nomes como Zé Carlos, Aldair, Leonardo, Renato Carioca, Alcindo e Bebeto. Uma safra jovem, comandada por um Zico já no apagar das luzes, sem saber quando o joelho lhe deixava estar presente ou não. Aquele time atropelou os adversários, aplicando várias goleadas e sendo campeão do primeiro turno. Poderia ter assumido a liderança do returno, mas cedeu o empate ao líder Botafogo nos minutos finais de uma partida que vencia por 3 x 1 até poucos minutos antes do apito final. Se vencesse o returno, teria sido campeão carioca automaticamente. Houve final, e o Botafogo sagrou-se campeão com um gol de Maurício. A perda do título levou a diretoria a concluir que o time era muito jovem e precisava de mais experiência. No meio do ano, o lateral-direito teve excelente desempenho na Copa América, chegou à Gávea uma boa oferta financeira vinda do futebol alemão, e o Flamengo decidiu vendê-lo.

Foi para o Bayern Leverkusen, onde atuou por três temporadas - da 1989/90 à 1991/92 - passando a atuar como meio-campista. Adaptado e tendo boas atuações, foi contratado pelo Bayern de Munique para a temporada 1992/93. Com a mais tradicional camisa da Alemanha, Jorginho sagrou-se Campeão Alemão da temporada 1993/94.

No seu auge físico e técnico, foi o titular da Seleção Brasileira que acabou com o jejum de 24 anos do Brasil sem um título mundial no futebol. Mas diferentemente de como estava jogando na Europa, na seleção jogava como lateral-direito. Campeão da Copa do Mundo de 1994 numa seleção em que jogou ao lado de Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto, seus ex-companheiros do tempo que vestiu a camisa do Flamengo, todos cinco titulares naquele time que conquistou o Mundial nos Estados Unidos.

Após duas temporadas no Bayern, e cinco temporadas no futebol alemão, Jorginho foi em 1995 para o Kashima Antlers para voltar a trabalhar com Zico. No Japão, Jorginho foi Bi-campeão da J-League em 1996 e em 1998, foi Campeão da Copa da Liga Japonesa em 1997, e foi Campeão da Copa do Imperador em 1998.

Após uma década longe do Brasil, o lateral-direito decidiu retornar ao Brasil para atuar no São Paulo em 1999, jogando como volante. Em 2000 foi contratado pelo Vasco, o clube de coração do seu pai e para o qual também torcia na infância. No Vasco, ele foi Campeão Brasileiro e Campeão da Copa Mercosul de 2000. Em 2001, estava em campo com a camisa cruzmaltina (era reserva, mas entrou no 2º tempo) quando Petkovic marcou o gol aos 43 minutos do 2º tempo que deu o título do "Quarto Tri" para o Flamengo.

Depois daquele jogo, trocou o Vasco pelo Fluminense, seu último clube antes de se aposentar dos gramados. Decidiu então se preparar para a carreira de técnico de futebol. Seu primeiro trabalho foi comandando ao América no Campeonato Carioca de 2005. Entre 2006 e 2010, foi auxiliar-técnico de Dunga na Seleção Brasileira que foi Campeã da Copa América de 2007 e Campeã da Copa das Confederações de 2009, e participou da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, na qual o Brasil foi eliminado pela Holanda nas quartas de final.

Depois que saiu da Comissão Técnica da Seleção Brasileira, arrancou com a carreira solo de treinador, passando em 2010 pelo Goiás, fazendo um elogiado trabalho em 2011 no Figueirense, e sendo Campeão Japonês em 2012 com o Kashima Antlers.

No dia 17 de março de 2013, Jorginho foi anunciado como técnico do Flamengo, tendo sido a primeira escolha feita pelo então recém empossado presidente Eduardo Bandeira de Melo, mas fracassou no clube, tendo treinado o time só por três meses. Jorginho foi demitido no dia 6 de junho. No mesmo ano ainda treinou à Ponte Preta. Em 2014, treinou ao Al Wasl, dos Emirados Árabes.

No dia 16 de agosto de 2015 foi anunciado como novo treinador do Vasco, tendo pela frente a dura missão de evitar o terceiro rebaixamento da história do clube. Jorginho não conseguiu evitar a queda para a Série B. Porém, foi mantido pela diretoria e na temporada 2016 garantiu a volta do Vasco à Série A. Como técnico cruzmaltino, foi Campeão Carioca de 2016, sua principal conquista como treinador. Em 2017 treinaria ao Bahia, e em 2018 ao Ceará, tendo durante o ano voltado a ser convidado para treinar ao Vasco e aceitado o convite. A passagem pelo clube de São Januário desta vez foi de poucos meses. Em 2019 teve mais uma passagem pela Ponte Preta, depois viveu a vida itinerante dos técnicos brasileiros, assumindo Coritiba, Atlético Goianiense e Cuiabá.



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