JORGINHO: o Atleta de Cristo
Carreira: 1983-1984 América (RJ); 1984-1989 Flamengo;
1989-1992 Bayer Leverkusen (Alemanha); 1992-1995 Bayern Munique (Alemanha);
1995-1998 Kashima Antlers (Japão); 1999 São Paulo; 2000-2001 Vasco; 2001-2002
Fluminense
Rápido e com uma excelente visão de jogo, tinha passes
precisos e avançava em direção à área adversária com destreza, tornando-se um
dos melhores laterais-direitos do mundo em sua época. Com o Flamengo, foi
Campeão da Taça Guanabara em 1984, 1988 e 1989, da Taça Rio em 1985 e 1986,
Campeão Carioca em 1986 e Campeão Brasileiro em 1987.
Como jogador do Flamengo, ele fez 246 jogos, e marcou 8
gols.
Abaixo, a combinação de alguns textos que contam a história do jogador, os três principais extraídos dos sites "Flamengo
Eternamente", "Acervo da Bola" e "Museu da Pelada":
Jorge de Amorim Campos, o Jorginho, nasceu em 17 de agosto
de 1964 no Rio de Janeiro. Nasceu e cresceu no bairro de Guadalupe, um dos
últimos cruzados pela Avenida Brasil, vizinho aos de Anchieta e da Pavuna, já
próximo aos limites da cidade do Rio com os municípios de Nilópolis e São João de
Meriti.
O garoto teve uma infância bastante difícil, durante a qual
a violência doméstica foi uma rotina em sua vida. Seu pai, Jayme, um português
machista e tradicionalista, trabalhador autônomo com a especialização técnica
em fazer consertos de televisões, não lhe deixou boas recordações. Pelas
palavras do próprio Jorginho: "meu pai era muito violento, batia demais na
minha mãe, que inclusive é surda de tanto tomar soco dele. Já em mim, meu pai
me agredia como se eu fosse um homem, apesar dos meus 8, 9, 10 anos, eu recebia
socos". O pai faleceu quando ele tinha 10 anos. Pouco depois, também
faleceu sua única irmã. Os dois irmãos mais velhos se entregaram ao alcoolismo
e terminaram viciados em drogas. Estes dias difíceis tiveram profundo impacto
sobre as escolhas na sua vida adulta, pois foi na igreja que ele encontrou o
consolo perante tanto sofrimento.
A escolha religiosa foi influência de seu irmão mais velho,
seis anos maior do que ele, o padre Jayme de Amorim Campos, pastor evangélico
da Igreja Internacional da Graça de Deus. E Jorginho conta como se deu esta
transformação: "o meu irmão mais velho era um cara muito louco, viciado em
drogas, alcóolatra e quebrava tudo dentro de casa. Eu cansei de ver ele
endemoniado, com espírito maligno, completamente transformado, e isso me
assustava. Eu ainda era criança e ele queria me agredir. De repente esse cara
chega em casa e diz: 'Eu nunca mais vou beber na minha vida, porque Jesus
transformou o meu coração'. E ele nunca mais bebeu. Ele é um exemplo de vida
para mim, um homem de Deus, de simplicidade, que vive realmente para o
Evangelho". No dia 1° de junho de 1986, quando já era jogador profissional
e defendia ao Flamengo, ele se converteu e também ingressou na igreja
evangélica.
O futebol entrou tarde em sua vida, mas quando entrou foi
num ritmo meteórico. Conta seu irmão, o pastor Jayme, que na casa deles eram
todos vascaínos, por causa da ascendência portuguesa do pai, mas falou ele que
"Jorginho nunca foi muito de torcer, eu fui mais". O garoto Jorge não
dava muita bola para futebol. Só com 19 anos começou a jogar futebol pelo
América. E durante a disputa do Campeonato Carioca sub-20 de 1983 com a camisa
rubra, já ganhou a oportunidade de jogar no time profissional, era
lateral-esquerdo. E foi tão bem, que foi chamado para a Seleção Brasileira de
Base, sagrando-se Campeão Sul-Americano Sub-20 em 1983, conquistando a Medalha
de Prata nos Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano, e sendo Campeão da Copa do
Mundo Sub-20 de 1983. Tudo muito rápido, em menos de 1 ano ele deu um salto do
futebol amador direto para conquistas com a camisa canarinho pelos juniores. Na
Seleção Brasileira Olímpica, ele atuou em 25 jogos entre 1983 e 1988, sendo
Medalha de Prata nas Olimpíadas de Seul em 1988, perdendo a final para a União
Soviética por 2 a 1, num time brasileiro que também tinha Taffarel, Bebeto e
Romário. Uma geração que faria história com a camisa da Seleção Brasileira.
No início do Campeonato Carioca de 1984, no segundo semestre
daquele ano, o lateral foi contratado pelo Flamengo. Rápido e com uma excelente
visão de jogo, ficou marcado pelos passes precisos e por avançar em direção à
grande área com destreza, logo se tornando um dos melhores na posição na época.
Na Gávea, Jorginho logo ganhou uma chance entre os
titulares, porque Leandro mudou de posição por conta das dores no joelho,
passando a jogar como zagueiro. Mas embora fosse lateral-esquerdo inicialmente,
no time rubro-negro estava um outro jovem promissor, Adalberto, jogando por
esse lado do campo. A oportunidade que apareceu então foi para jogar pela
lateral-direita. Ele a agarrou e não largou mais. Tornou-se titular absoluto
durante 1985, e venceu seu primeiro título expressivo pelo clube como Campeão
Carioca de 1986.
Em 1987 vieram as primeiras convocações para a Seleção
Brasileira adulta. Foi o ano de seu maior título com a camisa rubro-negra
também: Campeão Brasileiro de 1987. Jorginho vivia um momento de afirmação. Foi
titular com a camisa do Brasil quando o país voltou a levantar uma taça
sul-americana após 40 anos: Campeão da Copa América de 1989. No ano seguinte,
era o titular da camisa 2 da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1990 na
Itália. Em meio a esta fase maravilhosa de sua carreira, chegou uma proposta
excelente para o jogador migrar para o futebol europeu, ele fez suas malas e
foi para a Alemanha.
Em 1989, o Flamengo estava voando no Campeonato Carioca. O
técnico do time era Telê Santana, e em campo estavam além de Jorginho, nomes como Zé Carlos, Aldair, Leonardo, Renato Carioca, Alcindo e Bebeto. Uma safra jovem, comandada
por um Zico já no apagar das luzes, sem saber quando o joelho lhe deixava estar
presente ou não. Aquele time atropelou os adversários, aplicando várias
goleadas e sendo campeão do primeiro turno. Poderia ter assumido a liderança do
returno, mas cedeu o empate ao líder Botafogo nos minutos finais de uma partida
que vencia por 3 x 1 até poucos minutos antes do apito final. Se vencesse o
returno, teria sido campeão carioca automaticamente. Houve final, e o Botafogo
sagrou-se campeão com um gol de Maurício. A perda do título levou a diretoria a
concluir que o time era muito jovem e precisava de mais experiência. No meio do
ano, o lateral-direito teve excelente desempenho na Copa América, chegou à
Gávea uma boa oferta financeira vinda do futebol alemão, e o Flamengo decidiu
vendê-lo.
Foi para o Bayern Leverkusen, onde atuou por três temporadas
- da 1989/90 à 1991/92 - passando a atuar como meio-campista. Adaptado e tendo
boas atuações, foi contratado pelo Bayern de Munique para a temporada 1992/93.
Com a mais tradicional camisa da Alemanha, Jorginho sagrou-se Campeão Alemão da
temporada 1993/94.
No seu auge físico e técnico, foi o titular da Seleção
Brasileira que acabou com o jejum de 24 anos do Brasil sem um título mundial no
futebol. Mas diferentemente de como estava jogando na Europa, na seleção jogava
como lateral-direito. Campeão da Copa do Mundo de 1994 numa seleção em que
jogou ao lado de Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto, seus ex-companheiros do
tempo que vestiu a camisa do Flamengo, todos cinco titulares naquele time que
conquistou o Mundial nos Estados Unidos.
Após duas temporadas no Bayern, e cinco temporadas no
futebol alemão, Jorginho foi em 1995 para o Kashima Antlers para voltar a
trabalhar com Zico. No Japão, Jorginho foi Bi-campeão da J-League em 1996 e em
1998, foi Campeão da Copa da Liga Japonesa em 1997, e foi Campeão da Copa do Imperador
em 1998.
Após uma década longe do Brasil, o lateral-direito decidiu
retornar ao Brasil para atuar no São Paulo em 1999, jogando como volante. Em
2000 foi contratado pelo Vasco, o clube de coração do seu pai e para o qual
também torcia na infância. No Vasco, ele foi Campeão Brasileiro e Campeão da
Copa Mercosul de 2000. Em 2001, estava em campo com a camisa cruzmaltina (era
reserva, mas entrou no 2º tempo) quando Petkovic marcou o gol aos 43 minutos do
2º tempo que deu o título do "Quarto Tri" para o Flamengo.
Depois daquele jogo, trocou o Vasco pelo Fluminense, seu
último clube antes de se aposentar dos gramados. Decidiu então se preparar para
a carreira de técnico de futebol. Seu primeiro trabalho foi comandando ao
América no Campeonato Carioca de 2005. Entre 2006 e 2010, foi auxiliar-técnico
de Dunga na Seleção Brasileira que foi Campeã da Copa América de 2007 e Campeã
da Copa das Confederações de 2009, e participou da Copa do Mundo de 2010 na
África do Sul, na qual o Brasil foi eliminado pela Holanda nas quartas de
final.
Depois que saiu da Comissão Técnica da Seleção Brasileira,
arrancou com a carreira solo de treinador, passando em 2010 pelo Goiás, fazendo
um elogiado trabalho em 2011 no Figueirense, e sendo Campeão Japonês em 2012
com o Kashima Antlers.
No dia 17 de março de 2013, Jorginho foi anunciado como
técnico do Flamengo, tendo sido a primeira escolha feita pelo então recém
empossado presidente Eduardo Bandeira de Melo, mas fracassou no clube, tendo
treinado o time só por três meses. Jorginho foi demitido no dia 6 de junho. No
mesmo ano ainda treinou à Ponte Preta. Em 2014, treinou ao Al Wasl, dos
Emirados Árabes.
No dia 16 de agosto de 2015 foi anunciado como novo
treinador do Vasco, tendo pela frente a dura missão de evitar o terceiro
rebaixamento da história do clube. Jorginho não conseguiu evitar a queda para a
Série B. Porém, foi mantido pela diretoria e na temporada 2016 garantiu a volta
do Vasco à Série A. Como técnico cruzmaltino, foi Campeão Carioca de 2016, sua principal conquista como treinador. Em
2017 treinaria ao Bahia, e em 2018 ao Ceará, tendo durante o ano voltado a ser
convidado para treinar ao Vasco e aceitado o convite. A passagem pelo
clube de São Januário desta vez foi de poucos meses. Em 2019 teve mais uma passagem pela Ponte
Preta, depois viveu a vida itinerante dos técnicos brasileiros, assumindo Coritiba, Atlético Goianiense e Cuiabá.
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