LEONARDO: prodígio e poliglota
Carreira: 1987-1989 Flamengo; 1990-1991 São Paulo; 1992-1993 Valência (Espanha); 1993-1994 São Paulo; 1994-1996 Kashima Antlers (Japão); 1996-1997 Paris St-Germain (França); 1997-2001 Milan (Itália); 2001 São Paulo; 2002 Flamengo; 2003 Milan (Itália)
Um talento desperdiçado pelos responsáveis pela gestão do futebol do Flamengo. Titular aos 17 anos do time Campeão Brasileiro de 1987, atuou com a camisa rubro-negra somente dos 17 aos 20 anos. Voltou para encerrar a carreira vestindo a camisa do clube de coração, mas chegou em meio à maior crise administrativo-financeira da história rubro-negra, e isto encurtou sua passagem nesta volta à Gávea, que durou apenas poucos meses.
Como jogador do Flamengo, ele fez 178 jogos, e marcou 7 gols.
Abaixo, a combinação dos textos sobre a carreira do jogador escritos por Rodrigo Ferreira e publicado no site "Coluna do Fla" e por Braitner Moreira para o site "Calciopedia":
Leonardo Nascimento de Araújo nasceu na cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, em 5 de setembro de 1969. De família com boas condições de poder aquisitivo, estudou em boas escolas, o que lhe deu excelente base para se tornar um poliglota quando o futebol lhe deu a oportunidade de viver em diversos diferentes países. Leonardo falava fluentemente seis idiomas: português, italiano, espanhol, francês, inglês e japonês.
Flamenguista de coração, ele fez teste na Gávea aos 16 anos e no ano seguinte já foi destaque no time que conquistou a Copa Belo Horizonte de Juniores (sub-20) de 1986. O lateral-esquerdo ascendeu do sub-20 para o profissional do Flamengo em 1987. Foi lançado no time profissional aos 17 anos de idade durante a Copa União, e logo no seu primeiro ano tendo sido titular absoluto do time que foi Campeão Brasileiro de 1987, no qual atuava ao lado de ídolo Zico, e de grandes craques já consagrados, como Leandro, Edinho, Andrade e Renato Gaúcho, e de futuros talentos que estavam juntos com ele no time da Seleção Brasileira que se consagraria Campeão Mundial em 1994, como Bebeto, Jorginho, Aldair e Zinho.
O talentoso lateral-esquerdo, porém, despediu-se muito cedo e prematuramente da camisa rubro-negra. Em 1990 o Flamengo fez um troca-troca por empréstimo com o São Paulo, no qual cedeu Leonardo e Alcindo e recebeu o veterano lateral-esquerdo Nelsinho e o meia Bobô, grande destaque do Bahia campeão brasileiro de 1988. Em 1991, ao fim do empréstimo, Bobô e Nelsinho foram devolvidos ao São Paulo (Nelsinho havia fraturado a perna e quase não jogado pelo Flamengo) e o atacante Alcindo também foi devolvido pelo clube paulista. Porém, os são-paulinos manifestaram interesse em continuar com Leonardo. O Flamengo então recebeu um pacote de três jogadores em troca do lateral-esquerdo, que migrou definitivamente para o São Paulo. Em troca dele, chegaram à Gávea o experiente goleiro Gilmar Rinaldi, o zagueiro Adílson e o jovem meia-atacante sub-20 Paulo César Cruvinel. Com a mudança do Rio para São Paulo, Leonardo trancou o curso universitário de Educação Física que estava fazendo.
Pelo São Paulo, sob o comando do técnico Telê Santana, ele foi Campeão Brasileiro de 1991, num time que contava ainda com Raí, Cafu e Muller. Leonardo foi então cedido por empréstimo ao Valência, da Espanha. No Valência esteve por duas temporadas, e em uma delas foi eleito pela Revista Don Balón como o melhor lateral-esquerdo do Campeonato Espanhol. Enquanto atuava na Europa, o time são-paulino foi bi-campeão da Copa Libertadores da América em 1992 e 1993 e campeão Intercontinental em 1992. Leonardo voltou do empréstimo a tempo de participar das conquistas da Supercopa Libertadores e do Mundial Interclubes em 1993, já atuando como meio-campista.
Em 1994 foi convocado para a Copa do Mundo como lateral-esquerdo, sendo titular até as oitavas de final, quando desferiu uma cotovelada no jogador Tab Ramos, dos Estados Unidos, sendo expulso e suspenso pelo restante da competição, dando lugar ao seu reserva, Branco. A Seleção Brasileira se consagraria Tetra-campeã Mundial. Ainda pela Seleção, foi Campeão da Copa América de 1997 e vice-campeão na Copa do Mundo de 1998, nestas duas conquistas já não mais atuando como lateral e sim como meia.
Após a Copa de 94, Leonardo se transferiu para o Kashima Antlers, tendo mais uma oportunidade de jogar ao lado de seu ídolo Zico. Em 1996 foi para o Paris St. Germain, da França, onde voltou a atuar ao lado de Raí. Um ano depois assinou com o Milan. Na equipe italiana permaneceu por 4 temporadas. Em 2001 acertou sua volta ao futebol brasileiro, regressando ao São Paulo, onde jogou por uma temporada. Em 2002, Leonardo deu um gosto a torcida do time que o revelou, retornando ao Flamengo, sendo apresentado ao lado de Juninho Paulista, e prometendo um meio-campo de altíssimo nível ao lado de Petkovic. Foram apenas 6 meses no clube. Então, quando surgiram rumores sobre sua possível aposentadoria, o jogador foi convidado a retornar para o Milan. Aceitou o convite e, após disputar apenas 5 partidas pela Serie A, anunciou oficialmente o fim de sua carreira, ao fim da temporada 2002/03.
Jogador sem fronteiras, Leonardo fincou raízes em Milão. Na carreira, foi lateral-esquerdo no Brasil e meio-campista (e até atacante) na Itália, onde, como jogador, não aportou cedo, sendo contratado só aos 27 anos; o que foi bom para sua carreira, dando-lhe possibilidade de chegar com maior maturidade. Era um grande desafio brilhar no futebol italiano, o mais competitivo do mundo durante a década de 1990.
Se as boas atuações já na primeira temporada serviram para garantir sua convocação para a Copa do Mundo de 1998 com o Seleção Brasileira, as suas atuações na segunda temporada ajudaram a conduzir o Milan ao título italiano no ano de centenário do clube milanês, um feito considerado improvável depois das campanhas ruins do clube nos anos anteriores e a má largada na própria campanha da temporada 1998/99. Foram sete vitórias nas sete últimas rodadas e o Milan ficou à frente da Lazio por só um ponto. Muito técnico e especialista em bolas paradas, Leonardo marcou 12 gols no campeonato, utilizado como uma espécie de ponta-esquerda no 3-4-3 do técnico Alberto Zaccheroni. Tornou-se um xodó da torcida do Milan. Simpático em suas entrevistas, elegante em campo, ainda marcou no último minuto o gol da vitória sobre a Lazio por 1 a 0 que praticamente decidiu o título, também marcou os dois tentos do empate em 2 a 2 no dérbi com a Internazionale. A despedida ao final da traumática temporada 2000-01, que fez do Deportivo La Coruña o algoz do Milan na Liga dos Campeões, provou o amor dos italianos pelo camisa 18 rossonero. Faixas como "Grazie di cuore, Leo!" foram banais no Estádio San Siro. Voltou ao Brasil para jogar seis meses no São Paulo e outros seis no Flamengo. Convencido por Ancellotti e Galliani, voltou ao Milan, marcou um belo gol logo na reestreia, mas optou pela aposentadoria pouco antes do fim da temporada, com apenas 32 anos. Saiu do campo direto para a direção técnica milanista, e foi peça-chave nas contratações e permanências dos brasileiros Kaká e Alexandre Pato, enquanto que em paralelo, cuidava da Fundação Gol de Letra, em São Paulo, e da Fundação Milan.
Leonardo fundou, junto ao ex-jogador Raí, a Fundação Gol de Letra, voltada a projetos de responsabilidade social. Foi este trabalho que o levou a trabalhar na Fundação Milan, da qual chegou a se tornar Presidente, e onde esteve vinculado até 2008. Durante a Copa do Mundo de 2006, trabalhou como comentarista da Rede BBC de Londres. Como treinador, comandou ao Milan na temporada 2009/10 (48 jogos, com 23 vitórias, 13 empates e 12 derrotas) e à Internazionale de Milão na temporada 2010/11 (32 jogos, com 21 vitórias, 4 empates e 7 derrotas), onde sagrou-se Campeão da Copa Itália. Sua decisão de aceitar o convite para assumir a rival Inter gerou muitas críticas e desgastes junto aos torcedores do Milan, que nunca o perdoaram por esta escolha. Em 2011, Leonardo passou a ser Diretor Executivo do Paris St-Germain, cargo que ocupou de maio de 2011 a julho de 2013. Após um tempo afastado do futebol, em 2017 voltou a trabalhar como treinador assumindo ao Antalyaspor, da Turquia. Mas seu destino estava mesmo traçado como executivo. Na temporada 2018/19 voltou ao Milan, desta vez como Diretor de Futebol, e após uma temporada na Itália, voltou à função de Diretor de Futebol do PSG, em Paris, em junho de 2019.
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