ZINHO: o Vitorioso
Carreira: 1986-1992 Flamengo; 1993-1994 Palmeiras; 1995-1997 Yokohama Flugels (Japão); 1997-2000 Palmeiras; 2000-2002 Grêmio; 2002 Palmeiras; 2003 Cruzeiro; 2004-2005 Flamengo; 2005 Nova Iguaçu (RJ); 2006 Miami (EUA)
Foram 470 jogos com a camisa do Flamengo. Um jogador de extrema regularidade, que nunca foi o mais brilhante dos times, mas que pela regularidade e a eficiência sempre se manteve entre os titulares nos 7 primeiros anos de carreira defendendo a camisa rubro-negra. Quando saiu do clube, mantendo as mesmas características, mas melhorando cada vez mais à medida que a experiência e a maturidade aumentavam, construiu uma carreira extremamente vitoriosa, tendo sido campeão por onde passou, inclusive quando já veterano regressou ao clube, encontrando-o em meio à maior crise administrativo-financeira de sua história, o que não foi um impeditivo para que ele voltasse a levantar taça.
Como jogador do Flamengo, ele fez 470 jogos, e marcou 65 gols.
Abaixo, o texto sobre a carreira do jogador escrito por José Carlos de Oliveira para o site "Memórias do Esporte", complementado com alguns pequenos trechos extraídos de outros sites:
Crizam César de Oliveira Filho, o "Crizamzinho", que depois virou apenas "Zinho", nasceu em 17 de junho de 1967 na cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Jogou nas categorias de base do Flamengo até 1986, quando teve sua primeira chance no time profissional e não a esperdiçou, assumindo a titularidade da camisa 11 e mantendo-a por sete temporadas consecutivas. O futebol brasileiro vivia uma transição tática do 4-3-3 para o 4-4-2, então Zinho ora tinha um papel mais ofensivo, como um ponta-esquerda, e ora um papel mais defensivo, recuando para "fechar" o meio de campo.
Se todo cidadão para ter sucesso na vida precisa de uns bons ensinamentos, Zinho foi um privilegiado. Promovido aos profissionais do Flamengo em 1986, encontrou um time bem montado, vencedor, com um amontoado de craques da época como Leandro, Andrade e um tal de Zico. Foi com este último que o franzino Crizam teve suas primeiras lições e recebeu seus primeiros conselhos. Soube guardá-los, e não demorou a ganhar oportunidades no time principal. Pouco a pouco, ia ganhando seu espaço entre os medalhões.
Não só ele, mas também os parceiros Leonardo e Aílton, também vindos das divisões de base. O precoce espírito de liderança e o carisma junto aos companheiros eram vantajosos para esse fim. Em 1992, juntamente com o então quase quarentão Júnior, o goleiro Gilmar e o volante Uidemar, formava o sustentáculo do time campeão brasileiro sobre o Botafogo. Título este que lhe deu ainda maior visibilidade e a oportunidade de mudar de vida.
Nestes 7 anos vestindo a camisa rubro-negra, Zinho foi Campeão Carioca de 1986, Campeão Brasileiro de 1987, Campeão da Copa do Brasil de 1990, Campeão Carioca de 1991, e Campeão Brasileiro de 1992.
No programa "Bolívia Talk Show", do Canal Desimpedidos, no Youtube, Zinho explicou o motivo de sua saída do Flamengo para jogar no Palmeiras: "Sem dúvida foi a parte financeira que pesou muito, mesmo porque lá no início de carreira, no Flamengo, eu não ganhei muito dinheiro, era um outro momento do futebol, o jogador era muito escravo do clube, tinha a lei do passe. Veio a Inter de Milão me comprar, o Benfica, o Hamburgo, vários clubes grandes da Europa, e o Flamengo não me vendia. Eu já estava com 24, 25 anos e tinha que buscar uma situação financeira diferente".
Após o título do Brasileiro de 92, então, ele troca o Flamengo pelo Palmeiras, que vivia uma época de mega-investimentos financiados pela multinacional italiana Parmalat. A empresa assumiu o comando do departamento profissional de futebol do clube injetando dólares "a torto e a direito". E a contratação do ponta-esquerda do clube hegemônico no país na ocasião indicada pelo então técnico alvi-verde Otacílio Gonçalves foi um dos alvos dos dirigentes. Zinho chegou ao Parque Antártica naquele mesmo ano, a ponto de sagrar-se vice-campeão paulista, perdendo o título para o forte São Paulo de Raí e Telê Santana. Era a primeira final que o clube disputava em seis anos, sinal de que o projeto começava com pé direito.
Em 1993, mais dólares gastos, e mais craques. A pedido do recém-chegado Vanderlei Luxemburgo, campeão paulista pelo Bragantino em 1990, chegaram Edmundo, Mazinho, Edílson, e Rivaldo, que se juntaram a Zinho, César Sampaio, Evair e Roberto Carlos. Tomava corpo o time que dominaria o cenário brasileiro por duas temporadas consecutivas: Bi-Campeão Paulista e Bi-Campeão Brasileiro em 1993 e 1994, além de também Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1993. Dois anos ganhando quase tudo!
A boa fase no Palmeiras rendeu a Zinho uma chance na Seleção Brasileira. Convocado pelo técnico Carlos Alberto Parreira nas Eliminatórias da Copa de 94, ele não saiu mais do time. Era fundamental no esquema pragmático do treinador. Não tinha tanta liberdade para se movimentar, o que lhe gerou críticas da torcida e da imprensa pela "falta de objetividade", comparavam sua movimentação à de uma enceradeira. Mas foi assim, e com Zinho titular da camisa 11 que o Brasil conquistou sua quarta Copa após 24 anos de jejum: Campeão da Copa do Mundo de 1994! O ápice de sua carreira.
A independência financeira definitiva foi obtida quando Zinho recebeu o convite para o emergente projeto de popularização e profissionalização do futebol no Japão. Zinho partiu para o Oriente para ensinar futebol no Yohohama Flugels.
Em 1997, Zinho voltou ao Palmeiras, sob a tutela do técnico Luiz Felipe Scolari. Como na sua chegada em 92, logo no primeiro semestre conquistou um vice-campeonato, o do Brasileiro de 97. Um indício de que a sina de vitórias seguiria seu rumo. E não deu outra: Campeão da Copa do Brasil de 1998, Campeão da Copa Mercosul de 1998 e Campeão da Copa Libertadores da América de 1999.
O sistema de parcerias dava o tom no cenário do futebol brasileiro no final dos anos 90. A Hicks Muse chegou no Corinthians e Cruzeiro, e não demorou para que uma gigante no ramo de marketing esportivo, a suíça ISL, também se interessasse pelo negócio. Entrou no Flamengo e no Grêmio. Zinho, mais uma vez, foi peça-chave na montagem de uma equipe, desta vez no Grêmio, que também passou a contar com Mauro Galvão, Paulo Nunes e Astrada. Zinho era o centro do projeto, entrando naquele momento para o grupo seleto de cinco jogadores mais bem remunerados do Brasil naquela temporada.
A perda do título gaúcho em 2000 para o modesto Caxias em pleno Estádio Olímpico detonou uma série de cobranças por parte da imprensa e da torcida. Zinho, um dos mais experientes do grupo, foi o mais cobrado. Acusaram-no de bichado, de acabado para o futebol. O jogador, ciente de sua qualidade não abaixou a cabeça. Assumiu sua parcela de responsabilidade e uniu o grupo em torno de um objetivo: reconduzir o Grêmio às vitórias. Com a chegada do técnico Tite em 2001, esse alvo ficou menos difícil de ser atingido. O Grêmio foi Campeão da Copa do Brasil em cima do Corinthians, num Morumbi lotado, além de também ter sido Campeão Gaúcho.
Em agosto de 2002, o já experiente Zinho retornou ao Palmeiras para trabalhar com Luxemburgo de novo. Porém, com uma semana de clube, o jogador viu o amigo partir para o Cruzeiro. Começava ali a pior fase de sua carreira. Com um planejamento mal feito e sem comando, o Palmeiras foi se afundando rodada a rodada no Campeonato Brasileiro. Foram várias jornadas com desentendimentos, acusações, contusões, pressão e desespero. O rebaixamento à Série B do Brasileiro foi implacável com os erros daquela equipe. E Zinho não pôde ajudar o Palmeiras a sair da UTI.
Em 2003, com o Palmeiras na série B e vivendo uma crise sem fim, o jogador acabou se desentendendo com o técnico Jair Picerni e deixou o Parque Antártica. Foi provar no Cruzeiro, a convite de Luxemburgo, que tinha ainda muito futebol para mostrar. Juntos e com Zinho titular, o time ganhou tudo na temporada 2003, conquistando a Tríplice Aliança: Campeão Mineiro, Campeão da Copa do Brasil (vencendo ao Flamengo na final) e Campeão Brasileiro de 2003. E Zinho, individualmente, passava a ser o detentor de maior quantidade de títulos brasileiros na história do campeonato, superando a Andrade.
Zinho então voltou ao Flamengo no início de 2004, já em tom de despedida, praticamente num ritual de aposentadoria, dando adeus à sua carreira. Com ele de novo como titular da camisa 11, o Flamengo foi Campeão Carioca de 2004. No 2º semestre, uma péssima campanha no Brasileiro manchou a trajetória do meia no clube que o revelou. O clube rubro-negro vivia em crise permanente e o jogador chegou a brigar com alguns torcedores no aeroporto. Zinho resolveu então pedir para sair, para defender o clube que havia ajudado a fundar em 1990, o Nova Iguaçu Futebol Clube, aonde atuou ao lado do amigo Edmundo, e se sagrou Campeão da Segunda Divisão do Campeonato Carioca de 2005, fazendo com que o clube chegasse pela primeira vez em sua história à Primeira Divisão do futebol do Rio de Janeiro. Zinho estava prestes a encerrar a carreira, no final de 2005, quando surgiu a proposta de ir jogar nos Estados Unidos, pelo Miami FC. Jogou uma temporada lá antes de encerrar definitivamente sua carreira. Por volta do final de 2006, o Miami propôs a Zinho que se tornasse o treinador do time. Aceitando a proposta, Zinho deu início a uma nova fase em sua vida.
Como jogador, as duas camisas que ele mais vezes vestiu na carreira foram as do Flamengo e do Palmeiras. Com o manto sagrado rubro-negro, ele disputou 470 partidas e marcou 65 gols, uma média de 0,14 por jogo disputado. Com a camisa alvi-verde, ele jogou 333 partidas e marcou 56 gols, média de 0,17 por jogo.
A vitoriosa carreira nos campos de futebol teve uma coleção de troféus impressionante: Campeão da Copa do Mundo de 1994, Campeão da Copa Libertadores da América de 1999, Campeão da Copa Mercosul de 1998, 5 vezes Campeão Brasileiro (1987, 1992, 1993, 1994 e 2003), 4 vezes Campeão da Copa do Brasil (1990, 1998, 2001 e 2003), e 7 vezes Campeão Estadual: três vezes do Carioca (1986, 1991 e 2004), duas vezes do Paulista (1993 e 1994), uma vez do Gaúcho (2001) e uma vez do Mineiro (2003).
A carreira de técnico foi curta, trabalho de 2007 a 2010 no Miami, e em 2011 no Nova Iguaçu. Passou então ser Diretor de Futebol, função que executou em 2012 no Flamengo e em 2013 no Santos. Em agosto de 2015 se juntou ao amigo Jorginho, que assumiu como técnico do Vasco, trabalhando como seu auxiliar-técnico. A campanha foi ruim, e o Vasco acabou rebaixado à Série B do Brasileirão. Continuaram no clube, conseguindo o título de Campeão Carioca de 2016, e naquele mesmo ano conseguindo o acesso na Série B que levou o Vasco de volta à Série A. Depois deste trabalho, passa a ser comentarista esportivo nos canais Fox Sports Brasil.
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