quinta-feira, 31 de março de 2022

As Experiências de Paulo "O Pardal" Sousa


Na literatura infantil brasileira, o "Professor Pardal" era o personagem das experiências mirabolantes em seu laboratório de fundo de quintal. O treinador português Paulo Sousa está conhecendo a cultura e o futebol do Brasil, e neste processo está fazendo testes mirabolantes. Quando Jorge Jesus chegou também fez seus testes e também teve seu período de adaptação. Aqui no blog A NAÇÃO, registramos esta fase: Apontador Tático de Jorge Jesus no Flamengo. Levou 10 jogos para JJ encaixar o Flamengo e iniciar a melhor sequência de resultados da história do futebol rubro-negro: desempenho de 44 vitórias em 58 jogos disputados, com 10 empates e 4 derrotas, uma invencibilidade de 34 jogos no Maracanã sem ter perdido nenhum, e 6 títulos conquistados.

As experiências iniciais de Jorge Jesus não foram tão fora do padrão tático praticado no futebol do Brasil, ainda que tenham sido testadas variantes. E isto mostra que JJ chegou ao futebol brasileiro muito mais conhecedor do estilo jogado do lado de cá do Oceano Atlântico, afinal como ele mesmo contava, sempre foi um fanático estudioso, que via vários jogos de futebol ao mesmo tempo em telas uma ao lado da outra, para estudar o comportamento tático, e que entre as partidas que frequentemente analisava estavam jogos do Campeonato Brasileiro. Paulo Sousa, pelo visto, o pouco que viu do futebol brasileiro foram talvez algumas partidas do Flamengo de Jorge Jesus, e não muito mais do que isto.


Apontador Tático de Paulo Sousa:   

1º Jogo: 02-02-22 - Flamengo 3 x 0 Boavista
Já havia a sinalização de que todas as equipes treinadas por Paulo Sousa (Fiorentina, Bordeaux e Seleção da Polônia) jogavam com três zagueiros, por isso muitos apostavam que ele manteria este padrão no Flamengo. E em sua primeira partida, assim o fez. Manteve a dupla de zaga do sub-20 que havia jogado as duas primeiras partidas do Campeonato Carioca, com Noga e Cleiton, e lançou Gustavo Henrique como um líbero, centralizado e fazendo a sobra. No segundo tempo, colocou David Luiz em seu lugar para fazer a mesma função. Os primeiros testes mais intensos, no entanto, vieram nas substituições. Primeiro, sem tanta novidade, lançou Gabigol no lugar do estreante Marinho no intervalo, para testar ele e Pedro juntos no ataque. Depois começou a inovar mais ousadamente: sacou ao lateral-esquerdo Renê para colocar Éverton Ribeiro na função de ala-esquerdo, mas sem que recuasse tanto para fazer como um lateral fechando a defesa. Parece não ter aprovado inicialmente a opção, pois no fim tirou o centroavante Pedro para lançar o lateral-direito Rodinei improvisado na lateral esquerda. Em resumo: três zagueiros, dois laterais fazendo função de alas, dois volantes e um tripé ofensivo, com dois jogadores abertos nas pontas, mas se revezando em fechar o meio para criar, e um homem de área.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho, Gabriel Noga, Gustavo Henrique (David Luiz), Cleiton e Renê (Éverton Ribeiro); João Gomes (Willian Arão), Thiago Maia e Vitinho; Marinho (Gabriel Barbosa) e Pedro (Rodinei).

2º Jogo: 06-02-22 - Flamengo 0 x 1 Fluminense
Para seu primeiro clássico, perdeu Bruno Henrique lesionado, mas ao invés de lançar Marinho, que seria taticamente o substituto imediato, preferiu testar outra inovação, lançando Diego Ribas no meio. Também optou por não usar os três zagueiros, tática à qual voltaria nas partidas seguintes, ironicamente contra equipes de menos investimento, que representavam menor ameaça ofensiva. Entretanto, a intenção era de Filipe Luís fizesse um terceiro zagueiro, mas o que na prática, pela distribuição em campo, não se consumou, com a defesa mantendo uma linha de quatro dentro da tradição brasileira, com dois zagueiros e dois laterais nas beiradas. Com o meio de campo mais povoado, o time iniciou a partida com muita intensidade nas triangulações ofensivas, mas não conseguiu sustentar a partir da metade do primeiro tempo. Na frente, Arrascaeta e Éverton Ribeiro jogavam mais abertos, alternando com caídas pelo meio para oferecer opção de triangulação. No segundo tempo, mudou, lançando Marinho no lugar de Diego e Lázaro no de Arrascaeta, e o digno de registro foi sua reclamação ao fim do jogo de que Marinho não o teria obedecido, caindo pela ponta quando deveria ter ficado centralizado, deixando as pontas para Lázaro e Vitinho.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Rodinei (Isla), Gustavo Henrique, Léo Pereira e Filipe Luís; Willian Arão, Andreas Pereira (João Gomes), Diego (Marinho) e Arrascaeta (Lázaro); Éverton Ribeiro (Vitinho) e Gabriel Barbosa.

3º Jogo: 10-02-22 - Flamengo 2 x 1 Audax Rio
Mais ousadia em sua terceira partida. A escalação lançou Mauricio Isla e Matheuzinho juntos, com o chileno fazendo papel de zagueiro ao lado de Léo Pereira. A estratégia deu bem errado, e poderia ter sido catastrófica não fosse o adversário tão frágil ofensivamente. Mais inovação na linha de frente, com Lázaro começando titular, e Pedro e Gabigol juntos no ataque, com o primeiro centralizado e o segundo caindo pelas pontas. Na hora de mexer no time, as maiores inovações feitas até então: o zagueiro Cleiton foi colocado no lugar do lateral-esquerdo Filipe Luís, formando uma linha de três zagueiros: Isla-Léo Pereira-Cleiton. Dois cabeças de área, e uma linha ofensiva agressiva, com uma linha de três na armação, com Marinho centralizado, e Lázaro e Éverton Ribeiro nas pontas, e dois centroavantes (Gabigol e Pedro). Defensivamente o time se manteve tão vulnerável, ou até mais, do que na primeira etapa, e a fragilidade do adversário impediu que houvesse consequências.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho (Éverton Ribeiro), Isla, Léo Pereira e Filipe Luís (Cleiton); Thiago Maia (Willian Arão), Andreas Pereira, Arrascaeta (Marinho) e Lázaro; Gabriel Barbosa e Pedro (Diego).

4º Jogo: 13-02-22 - Flamengo 5 x 0 Nova Iguaçu
Para sua quarta partida à frente da equipe, o treinador regressou à organização que parecia sua preferida, com três zagueiros com Gustavo Henrique como líbero, Éverton Ribeiro fazendo uma função de ala esquerdo, um meio com dois cabeças de área, e uma linha de frente com três homens. Não fosse um adversário com limitações técnicas, e o buraco na lateral esquerda rubro-negra poderia ter se transformado num pesadelo. As substituições no segundo tempo também foram ousadas, lançando Filipe Luís e Renê juntos na esquerda, e sacando zagueiros para usar os laterais fechando a posição. Uma ideia claramente ainda em construção. 
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Rodinei, Fabrício Bruno, Gustavo Henrique (Filipe Luís), Léo Pereira (Pedro) e Éverton Ribeiro (Renê); Willian Arão, João Gomes (Diego) e Arrascaeta; Marinho (Vitinho) e Gabriel Barbosa.

5º Jogo: 16-02-22 - Flamengo 2 x 1 Madureira
Uma partida da qual há muito pouco para se avaliar técnica e taticamente. Um jogo num meio de tarde e num gramado horroroso, no qual a bola saltitava e não rolava. Talvez já prevendo isto, entrou com um time reserva e numa distribuição tática muito próxima a um 4-4-2 tradicional. Logo no primeiro minuto, Isla foi ao ataque, a bola foi recuperada e lançada no buraco defensivo que ficou pelo lado direito da defesa, com o ataque resultando em gol. A partir, um jogo muito feio e bisonho. O lado do campo para o qual o time rubro-negro atacava era uma buraqueira vergonhosa. No segundo tempo, alguns titulares entraram, e com muita raça houve a virada, mas principalmente porque o time passou a atacar para uma metade do campo com um gramado no qual a bola rolava com mais facilidade. Após a virada, Paulo Sousa então voltou à sua formação com três zagueiros, com um detalhe, em todas as oportunidades usou apenas David Luiz ou Gustavo Henrique na função de líbero, ficando com a sobra. Outro detalhe, nesta vez, na qual usou pela primeira vez a Bruno Henrique na temporada, colocou-o aberto pela esquerda, com Éverton Ribeiro aberto pela direita, onde recebia apoio de Matheuzinho, com dois cabeças de área e um homem (Diego) centralizado na armação.
A escalação dele nesta partida: Diego Alves, Isla (Matheuzinho), Gabriel Noga, Cleiton e Renê (David Luiz); João Gomes, Andreas Pereira (Willian Arão), Diego e Vitinho (Bruno Henrique); Marinho (Éverton Ribeiro) e Pedro.

6º Jogo: 20-02-22 - Flamengo 2 x 2 Atlético Mineiro
O primeiro teste de fogo de Paulo Sousa, num gramado melhor e maior, e contra um adversário tecnicamente mais forte, valendo o título da Supercopa do Brasil. O treinador escalou um time com uma formação inicial mais alinhada à tradição brasileira, e bem parecida inclusive com a formação clássica de Jorge Jesus, com seu quarteto ofensivo formado por Arrascaeta, Éverton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol. No segundo tempo, ele voltou a seus testes. Primeiro ao voltar a testar a formação de três zagueiros, na qual David Luiz foi o líbero. E o time tem dado sinais de estar se adaptando bem, pois mesmo diante de um adversário técnica e taticamente bem forte, manteve uma organização defensiva ajustada. Um outro teste deu mais errado, quando Paulo Sousa decidiu trocar Bruno Henrique por Diego, passou a ter um Diego centralizado, com Vitinho e Lázaro abertos pelas pontas. A opção deixa uma coisa clara, o treinador não vê Diego como um cabeça de área, com Jorge Jesus e seus sucessores o usaram. Na cabeça dela, a contenção é feita por Arão, João Gomes, Andreas ou Thiago Maia, e só há vaga para dois deles. Há três peças para sua armação central: Arrascaeta, Diego e Marinho. E só com lugar para um deles. Nas pontas, suas opções são Bruno Henrique e Éverton Ribeiro, com Lázaro e Vitinho como suplentes. Parece já ter descartado usar Gabigol nessa função. Ele e Pedro são as duas opções de centroavante.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Rodinei (Matheuzinho), Fabrício Bruno, David Luiz e Filipe Luís (Léo Pereira); Willian Arão, João Gomes, Arrascaeta (Vitinho) e Éverton Ribeiro (Lázaro); Bruno Henrique (Diego) e Gabriel Barbosa.

7º Jogo: 23-02-22 - Flamengo 3 x 1 Botafogo
As convicções táticas do treinador ficaram ainda mais explícitas neste jogo. Fazendo um paralelo com os primórdios táticos do futebol, quando os esquemas dos Anos 1930 e 1940 mostravam uma disposição em "MW" ou no que ficou mais famoso, o "WM", o esquema tático de Paulo Sousa seria uma espécie de "MM".
A base do "primeiro M" são os três zagueiros, e as convicções do treinador nesta formação já estão claras: as opções pelo lado direito são Rodrigo Caio e Fabrício Bruno (o chileno Maurício Isla foi testado e reprovado na função), as opções para homem de sobra são David Luiz e Gustavo Henrique, e as opções pelo lado esquerdo são Léo Pereira e Filipe Luís improvisado na função (o garoto Cleiton também foi testado). No alto do "primeiro M" estão os dois cabeças de área, com João Gomes, Willian Arão, Thiago Maia e Andreas Pereira se alternando nas duas posições.
No "segundo M", a base é formada por uma linha de três jogadores de armação, dois em cada uma das pontas e um centralizado, com eventualmente a utilização dos laterais fazendo as alas. Na frente, dois homens de área. Aqui há uma variação importante: ora ele utiliza dois centroavantes juntos, ora só um centroavante e uma outra peça, a maioria das vezes um lateral, reforçando ou o lado direito ou o esquerdo.
Na linha de três da armação: pela direita as opções mais usadas foram Éverton Ribeiro (muitas vezes fazendo a esquerda também), Lázaro e os laterais-direitos Matheuzinho e Rodinei; pela esquerda as opções mais usadas foram Bruno Henrique, Éverton Ribeiro e Vitinho (Renê só foi usado quando não eram dois centroavantes jogando juntos e ele quis reforçar o lado esquerdo com duas peças, e Ramon sequer foi testado); pelo centro, na cabeça dele parece só haver três peças disponíveis: Arrascaeta, Diego e Marinho (este último, já está claro que na cabeça do treinador não é uma opção de jogo pelas pontas).
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho, Fabrício Bruno, David Luiz (Filipe Luís) e Léo Pereira; Willian Arão (João Gomes), Andreas Pereira, Arrascaeta (Marinho) e Lázaro (Vitinho); Gabriel Barbosa e Pedro (Bruno Henrique).

8º Jogo: 27-02-22 - Flamengo 2 x 2 Resende
Seguindo com seus testes, Paulo Sousa entrou em campo sem a linha de três zagueiros e com uma linha de três atacantes. No 1º tempo, entretanto, a diretriz parecia ser para o lateral-esquerdo Filipe Luís não passasse da linha de meio de campo, mais inclinado a ser um terceiro zagueiro. Como o time saiu em desvantagem, após um erro individual de Diego Alves, para o 2º tempo, Filipe Luís foi liberado para atacar também.
Mas independente da formação, a atuação era ruim. Piorou depois que numa nova falha de Diego Alves, já faltando dez minutos para o fim, a desvantagem aumentou para dois gols. Diante da derrota iminente, o técnico lançou Lázaro como ala. E chamou a atenção a não utilização de Marinho, apesar da necessidade de buscar a vitória, indicando que o estilo do jogador aparentemente não caiu no gosto do treinador.
Nos minutos finais, mais à base de individualidades do que de um jogo tático e coletivo bem coordenado, o time marcou duas vezes nos acréscimos e conseguiu um empate que parecia improvável. Uma atuação rubro-negra bastante ruim.
A escalação dele nesta partida: Diego Alves, Rodinei, Fabrício Bruno, Léo Pereira (David Luiz) e Filipe Luís (Lázaro); João Gomes (Willian Arão), Andreas Pereira e Éverton Ribeiro (Vitinho); Gabriel Barbosa, Pedro (Arrascaeta) e Bruno Henrique.

9º Jogo: 06-03-22 - Flamengo 2 x 1 Vasco
Para o clássico como Vasco, assim como fez nos jogos mais importantes, o treinador voltou a optar por uma formação tática mais similar ao tradicional 4-4-2 do futebol brasileiro. Apesar de ter conseguido obter a vantagem no 1º tempo, a atuação era bem ruim, sem criatividade, sem poder ofensivo e com os setores de ataque um tanto embolados.
Após sofrer o empate no início do 2º tempo, o treinador optou por uma formação camicase nos minutos finais, sacando um zagueiro e deixando uma linha ofensiva bastante alta, jogando no limite da linha do meio de campo, com os dois laterais abertos pelos lados e um zagueiro sozinho fazendo a sobra. No meio, só João Gomes fazia a contenção, e ainda assim bem avançado, dando o bote na saída de bola. E um ataque superpovoado, com Vitinho e Bruno Henrique pela ponta esquerda, Arrascaeta e Marinho centralizados, com este último às vezes caindo pela direita para jogar junto a Gabigol, que se movia ora caindo para o lado, ora indo para o centro da área junto a Pedro. Eram 4 atrás e 6 na frente. Da pressão, saiu o gol da vitória no último minuto regulamentar. Apesar dos três pontos conquistados, foi pela segunda vez consecutiva uma atuação rubro-negra muito ruim!
Se Jorge Jesus levou 10 jogos para encontrar sua formação ideal e arrancar para o maior período de vitórias acumuladas em doze meses na história do Flamengo, Paulo Sousa chegou ao 9º jogo parecendo estar muito distante ainda de uma formação ideal e de um futebol profundamente eficiente. 
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho (Rodinei), Fabrício Bruno (Marinho), David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão (Pedro), Andreas Pereira (João Gomes), Arrascaeta e Éverton Ribeiro (Vitinho); Bruno Henrique e Gabriel Barbosa.

10º Jogo: 12-03-22 - Flamengo 6 x 0 Bangu
Em seu primeiro jogo no Maracanã, uma goleada por 6 x 0. E uma coincidência, com Jorge Jesus, que venceu seu primeiro jogo no estádio por 6 x 1. A diferença é aquela era a segunda partida oficial de JJ, enquanto esta foi a 10ª de Paulo Sousa. Mas se JJ precisou de dez jogos para fazer seu time engrenar e iniciar a maior sequência de resultados positivos da história rubro-negra, que aqui seja justamente seu ponto de inflexão, pois depois de seu décimo jogo, ele terá pela frente a fase final do Campeonato Carioca, começando por dois jogos de semi-final contra o Vasco.
No duelo contra o Bangu, mais uma vez o técnico utilizou uma "formação pendular", com uma lateral direito e um ala esquerdo, e com três zagueiros. Quando o time ataca, o lateral-direito avança e a defesa fica com três zagueiros, com um líbero centralizado coordenado a saída de bola; quando o time defende, o lateral-direito recua para formar uma linha de quatro, com o zagueiro pelo lado esquerdo fechando como se fosse um lateral, e com o ala pelo lado esquerdo, que nesta partida foi Lázaro, recuando para proteger a marcação com um primeiro bote.
Outras variações neste jogo: Éverton Ribeiro, que diversas vezes foi o ala esquerdo, jogou pela ponta direita; no segundo tempo, Marinho quando entrou foi pela primeira vez utilizado pela ponta, e não centralizado; e, por fim, com a vantagem ampla na reta final, o treinador testou uma formação meio camicase, sacando os cabeças de área e lançando meias.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho (Isla), Fabrício Bruno, David Luiz e Léo Pereira; João Gomes (Diego), Thiago Maia (Matheus França), Arrascaeta e Éverton Ribeiro (Pedro); Lázaro (Marinho) e Gabriel Barbosa.

11º Jogo: 16-03-22 - Flamengo 1 x 0 Vasco
No primeiro jogo da semi-final do Carioca, mais uma vez o treinador manteve a estratégia de uma formação mais clássica num jogo mais importante. Embora usando Filipe Luís mais contido na defesa, o lateral avançava normalmente para dar suporte ao ataque, ainda que sem chegar muito à linha de fundo. E pela lateral direita, a estratégia também de forçar mais o lateral ir e voltar, tendo papel ofensivo mais proeminente, e sempre sendo substituído no segundo tempo para compensar o maior desgaste.
No 1º tempo, o Flamengo amassou o Vasco, que constrangedoramente não conseguia manter a posse de bola. Ainda assim, o time tinha dificuldade para furar a retranca e criar chances reais de gol, e só conseguiu sair em vantagem através de um gol de pênalti. No 2º tempo, o Vasco conseguiu equilibrar mais a posse de bola, e o time rubro-negro administrou a vantagem. No fim, teve chances de marcar o segundo gol, mas faltou capricho e não conseguiu.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho (Rodinei), Fabrício Bruno, David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão, Andreas Pereira (João Gomes), Arrascaeta e Éverton Ribeiro (Marinho); Bruno Henrique (Lázaro) e Gabriel Barbosa (Pedro).

12º Jogo: 20-03-22 - Flamengo 1 x 0 Vasco
No segundo jogo da semi-final, o treinador outra vez manteve a formação mais clássica num jogo mais importante, com Filipe Luís mais contido na defesa, avançando contidamente para dar suporte ao ataque e sem chegar à linha de fundo, e com o lateral-direito indo e voltando e com papel ofensivo mais proeminente, e sempre sendo substituído no segundo tempo para compensar o maior desgaste. Na frente, sem Bruno Henrique, lesionado, Paulo optou por lançar dois homens de área juntos e sacar Éverton Ribeiro, lançando Lázaro para dar maior cobertura defensiva à lateral.
Precisando vencer por dois gols, o Vasco partiu ao ataque e em vários momentos do 1º tempo teve mais posse de bola, tendo criado mais chances de gol. No retorno do intervalo, o Flamengo conseguiu marcar e assim praticamente liquidar o confronto, dado que o Vasco passava a necessitar de marcar três gols para avançar à final. No fim, o time rubro-negro teve inúmeras chances de ampliar, mas desperdiçou oportunidades incríveis por falta de capricho de seus atacantes. No fim, vaga na final assegurada, mas apesar dos resultados, com a evolução do time ainda deixando a desejar após mais de dez jogos de entrosamento. O poderio ofensivo caiu frente a temporadas anteriores, e a defesa ainda apresentava momentos de lapso.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Rodinei (Matheuzinho), Fabrício Bruno, David Luiz (Léo Pereira) e Filipe Luís; Willian Arão, João Gomes, Arrascaeta (Marinho) e Lázaro (Vitinho); Gabriel Barbosa (Éverton Ribeiro) e Pedro.

13º Jogo: 30-03-22 - Flamengo 0 x 2 Fluminense
Até os 36 minutos do 2º tempo do 1º jogo da final do Campeonato Carioca de 2022, Paulo Sousa estava mantendo suas convicções mostradas nas doze partidas anteriores. Sem Arrascaeta (voltando de jogo dois dias antes pela Seleção do Uruguai) e Bruno Henrique (voltando de contusão), lançou Vitinho e Marinho. Como sempre fez em clássicos, abdicou de três zagueiros e saiu com uma linha defensiva de quatro composta pelos dois laterais.
Os resultados também não variavam, pois em campo o time apesar de reter mais a bola, criava muitas poucas chances reais de marcar um gol, e demonstrava uma enorme dificuldade para furar uma retranca.
Ainda no 1º tempo, perdeu Vitinho por uma torção de tornozelo e lançou Bruno Henrique em seu lugar. Nos minutos finais BH e Marinho batiam cabeça sobre quem jogava na ponta e quem no meio. Mas a questão foi resolvida no intervalo, e não comprometeu no 2º tempo. No início da etapa final, Marinho, muito mal, errando tudo, saiu para a entrada de Pedro, passando o time a jogar com dois centroavantes de área juntos. E ao mesmo tempo saiu Éverton Ribeiro, que também sentia lesão, e entrou Arrasca. Tentativas louváveis de colocar o time mais ofensivo. E de fato o time rubro-negro cresceu, passando a pressionar ainda mais o adversário. Mas chance real mesmo, só criou uma.
Veio então o minuto 36. Fabrício Bruno sentiu desconforto muscular e pediu substituição. Podem fazer a leitura dos jogos anteriores aqui descritas que isto já estava constatado: na cabeça do treinador, os zagueiros pela direita são Fabrício Bruno e Rodrigo Caio (que por problema no joelho sequer havia entrado em campo com ele), ele testou uma vez Isla e não deu certo; os zagueiros centralizados são David Luiz e Gustavo Henrique, e os zagueiros pelo lado esquerdo são Léo Pereira ou Filipe Luís improvisado. Verdade que com Rodrigo Caio inutilizado e Gustavo Henrique voltando após longo período de recuperação de contusão, restavam-lhe pouquíssimas alternativas (se tivesse tentado Isla na zaga, seria certamente sacrificado pela escolha). Pois bem, lançou Léo Pereira para fazer o lado direito. E para agravar, tentando se lançar em busca do gol da vitória, sacou ao lateral-direito Matheuzinho, que daria alguma proteção à falta de costume do zagueiro de jogar pela direita, e lançou o meia-atacante Lázaro, que não tem capacidade de marcação. O lado direito ficou muito exposto. E a escolha foi fatal!
No minuto 37, um após entrar em campo, Léo Pereira se enrola com a bola na linha do meio de campo, o argentino Cano parte em velocidade, Filipe Luís sai na cobertura e não corta com firmeza, o próprio Cano se aproveita e marca: 0-1. Dois minutos depois, com uma linha de três defensores sem proteção, e se lançando em desespero, e desorganizadamente para tentar o empate, Léo Pereira, agora pelo lado esquerdo, perde em velocidade e o ataque tricolor entra em dois contra um, a bola chega a Cano que de novo não perdoa: 0-2. Muito complicado reverter no segundo jogo. Um erro de estratégia que pode custar muito caro, fazendo o Flamengo perder o inédito tetracampeonato carioca, que nunca conquistou em sua história.
A escalação dele nesta partida: Hugo Souza, Matheuzinho (Lázaro), Fabrício Bruno (Léo Pereira), David Luiz e Filipe Luís; Willian Arão, João Gomes, Vitinho (Bruno Henrique) e Éverton Ribeiro (Arrascaeta); Marinho (Pedro) e Gabriel Barbosa.


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