domingo, 20 de fevereiro de 2022

Hall da Fama do C.R. Flamengo: RONALDINHO GAÚCHO


RONALDINHO GAÚCHO: uma Imagem Global

Carreira: 1998-2001 Grêmio; 2001-2003 Paris St-Germain (França); 2003-2008 Barcelona (Espanha); 2008-2010 Milan (Itália); 2011-2012 Flamengo; 2012-2014 Atlético Mineiro; 2014-2015 Querétaro (México); 2015 Fluminense

Sua relevância se dá muito mais pela majestosa história que o jogador construiu para o futebol mundial do que propriamente para o Flamengo, cuja camisa defendeu de fevereiro de 2011 a maio de 2012, portanto, apenas por pouco mais de um ano.

Como jogador do Flamengo, ele fez 74 jogos e marcou 28 gols.


Abaixo, texto sobre a carreira do jogador escrito por José Carlos de Oliveira para o site "Memórias do Esporte", complementado por alguns outros trechos:

Ronaldo de Assis Moreira nasceu no dia 21 de março de 1980 na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Pense em um camisa 10 perfeito: com habilidade, técnica, visão de jogo apurada, físico acima da média e grande poder de resolver partidas. Junte a esta mistura o carisma e um sorriso único, que mesmo imperfeito, é tão simples e verdadeiro quanto o próprio povo brasileiro. Símbolo do futebol arte, um dos maiores jogadores que o Brasil já produziu.

Ronaldinho Gaúcho teve uma infância humilde, mas sempre alicerçada na união de sua família. Aos 8 anos de idade teve que suportar a morte de seu pai, João da Silva, que se acidentou letalmente após pular em uma piscina rasa. Roberto Assis, seu irmão mais velho, assumiu a função de chefe da casa ao lado da mãe, Dona Miguelina, e tornou-se referência para o jovem. Com relativo talento, o primogênito obteve sucesso nas categorias de base do Grêmio e logo foi alçado para a equipe principal do tricolor gaúcho. Como a relação dos irmãos sempre foi muito próxima, o caçula aproveitou a projeção do irmão para ingressar no mundo do futebol.

O irmão Roberto de Assis Moreira, nascido em 10 de janeiro de 1971, era conhecido no futebol brasileiro como Assis. Ele também jogava como camisa 10, tendo se destacado de 1987 a 1992 no Grêmio, por quem foi Campeão da Copa do Brasil de 1989. Passou pelo Sion, da Suíça, e pelo Sporting, de Portugal. Voltou ao Brasil em 1996, jogando o Campeonato Carioca pelo Vasco e o Campeonato Brasileiro pelo Fluminense. Defendeu a Seleção Brasileira Sub-17 em 1987 e a Sub-20 em 1989, sem nunca ter sido convocado para a adulta.

Aos 17 anos, no dia 17 de janeiro de 1998, Ronaldinho vestiu a camisa do Grêmio pela primeira vez como profissional, causando boas impressões por sua ousadia e habilidade. Foi Campeão Gaúcho e da Copa Sul em 1999. No início de 2001, o craque gremista já estava no alvo de grandes clubes europeus, mas sua saída do Grêmio não foi nada amistosa. Às escuras, o meio-campista assinou um pré-contrato com o Paris Saint-Germain, que esperava o vínculo do brasileiro acabar. Seu contrato ia até fevereiro. Para poder contar com o jogador, que já fazia parte das convocações da Seleção Brasileira. Irritados com a postura do atleta, os dirigentes gremistas tentaram vetar a transferência e conseguiram adiar a estreia do brasileiro até agosto do mesmo ano, quando a FIFA permitiu que o PSG colocasse em campo sua mais nova aquisição. Com a camisa do Grêmio, ele disputou 145 partidas e marcou 75 gols, tendo sido a segunda camisa que ele mais vestiu em sua carreira, atrás apenas da camisa do Barcelona.

O jovem gremista chegou à Seleção Brasileira em 1999, em um amistoso contra a Letônia, mas seu grande destaque foi na Copa América do mesmo ano, quando fez um gol antológico na goleada brasileira sobre a Venezuela. Já faria sua primeira aparição com a camisa canarinho sendo Campeão da Copa América de 1999. Dali em diante o armador ganhou cada vez mais espaço.

Porta de entrada para o Velho Continente, o futebol francês foi de grande aprendizado para Ronaldinho. Infelizmente seu rendimento foi oscilante: fazia grandes jogos contra maiores rivais locais e se escondia diante dos desafios pouco inspiradores. Com a camisa do PSG, ele disputou 77 partidas e marcou 25 gols. Em 2003, sem conquistar nada pelo clube parisiense, o brasileiro decidiu mudar de ares e não faltaram propostas. Afinal, ele tinha sido titular da Seleção Brasileira no Mundial da Coréia do Sul e do Japão, sagrando-se Campeão da Copa do Mundo de 2002. R10 conseguiu se firmar como titular do grupo de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, formando uma poderosa linha de ataque ao lado de Rivaldo e Ronaldo. Sua melhor partida foi contra a Inglaterra pelas quartas de final, quando a seleção saiu em desvantagem, mas conseguiu a virada com um belo gol de falta de R10, e em ótima finalização cruzada de Rivaldo, após passe de Ronaldinho.

Pela generosa quantia de 21 milhões de euros, o Barcelona faturou aquele que marcaria época com as cores azul e grená. Vestindo a camisa 10 do time catalão, Ronaldinho chegou ao seu ápice técnico e foi reverenciado pelo planeta inteiro. Foi no Barça que o gaúcho virou ídolo e conquistou duas vezes o Prêmio de Melhor Jogador do Mundo, em 2004 e 2005.

Uma partida resume muito bem o tamanho que Ronaldinho Gaúcho alcançou: em 18 de novembro de 2005, jogando contra o Real Madrid, no Estádio Santiago Bernabeu, o meia-atacante fez uma exibição magistral, marcando dois gols e dando uma assistência na vitória avassaladora do Barça por 3 a 0. Como resultado, a torcida merengue aplaudiu de pé ao jogador do arquirrival da Catalunha. Situação rara e muito especial, que só Cruyff e Maradona tinham conseguido antes dele.

Após anos de auge e grandes conquistas, o jogador começou a perder espaço para outras revelações do Barcelona, como o argentino Lionel Messi. O marco de inflexão no desempenho do jogador se deu com o fracasso da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2006, que era a grande favorita para conquistar o Mundial, impressionando ao planeta com o "Quadrado Mágico" formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo, mas que acabou derrotada pela França de Zinedine Zidane e Thierry Henry nas quartas de final.

Com a camisa azul-grená do Barcelona, Ronaldinho disputou 246 partidas e marcou 108 gols. Pelo clube, foi Campeão da Liga dos Campeões da UEFA na temporada 2005/06, foi Bi-Campeão Espanhol nas temporadas 2004/05 e 2005/06 de "La Liga", e foi Bi-Campeão da Supercopa da Espanha em 2005 e 2006.

Já geravam muitos ruídos em Barcelona também as sequentes festas e badalações noturnas do jogador. Quando o técnico do Barça foi trocado, saindo o holandês Frank Rijkaard e entrando o espanhol Pep Guardiola, a primeira determinação do treinador foi pela revitalização do elenco, pedindo a saída de R10, do luso-brasileiro Deco e do camaronês Samuel Eto'o. Em 2008, Ronaldinho acertou sua transferência para o Milan, da Itália. Pelo clube italiano, foram duas temporadas de altos e baixos e sua saída não deixou muita saudade no exigente torcedor de Milão. Com a camisa rubro-negra milanista disputou 116 partidas e marcou 29 gols, tendo sido Campeão Italiano da temporada 2010/11.

No começo de 2011, eram muitos os interessados pelo futebol irregular do artista da bola. Palmeiras, Flamengo e Grêmio fizeram suas propostas, sendo que o tricolor gaúcho chegou até a armar uma festa para recepcionar o filho pródigo. No final da extensa novela, Ronaldinho acertou sua ida para o Flamengo, onde, em sua apresentação na Gávea, eternizou sua reflexão: "Nasci no Grêmio, o Palmeiras tem o Felipão e o Flamengo é o Flamengo". A Gávea era o único porto que não precisa de uma explicação. Para Ronaldinho o laço com o Grêmio era emocional, porque era o clube que o havia revelado para o futebol em sua Porto Alegre natal. O laço com o Palmeiras era racional e de admiração pelo então treinador do clube Luiz Felipe Scolari, com quem havia sido Campeão Mundial de 2002 com a Seleção Brasileira. E o Flamengo era o que era, e pronto. O Flamengo não precisava de um motivo.

A transação com o Flamengo foi complexa, demorada e ousada. A negociação se deu no apartamento que o diretor de futebol do Milan, Adriano Galliani, detinha no Rio de Janeiro. Uma acirrada disputa entre Flamengo, Grêmio e Palmeiras, que terminou em final feliz para as cores da Gávea após dias de muito suspense.

A história de Ronaldinho Gaúcho no Flamengo não pode ser classificada nem como um grande sucesso nem como um retumbante fracasso. Mais do que qualquer coisa, foi a chegada de um jogador que marcou uma época na Europa, sobretudo pelas atuações em 2005 e 2006 com a camisa do Barcelona, que levaram muitos a fazerem comparações com Pelé e Maradona. Mas muita coisa mudou depois da Copa do Mundo de 2006, o fracasso do Brasil naquela Copa gerou um ponto de inflexão na carreira brilhante, e desde então a linha se pôs na descendente.

O primeiro ano foi excelente. O Flamengo foi Campeão Carioca Invicto, terminou o primeiro turno do Campeonato Brasileiro brigando ponto a ponto pela liderança com o Corinthians, e apesar de sair da briga pelo título, terminou o Brasileiro 2011 em 4º lugar, com a vaga assegurada para a Libertadores 2012, e com Ronaldinho Gaúcho eleito para a Seleção do Campeonato com as conquistas tanto do Troféu Bola de Prata da Revista Placar, quanto do Prêmio Craque do Brasileirão, da CBF.

Só que durante 2011 o Flamengo não conseguiu os parceiros que planejava para custear a transação via patrocínio na camisa, a empresa que financiou o projeto - Traffic - rompeu o contrato e deixou de custear a maior parte dos R$ 1,25 milhão de salário mensal de R10. O Flamengo tentou assumir o valor total, mas não conseguiu dar conta. Com o Fluminense Campeão Carioca e a eliminação na 1ª fase da Libertadores 2012, a pressão aumentou, e R10, com vencimentos atrasados, passou a abusar das festas, noitadas e bebidas alcóolicas. A relação chegou ao fim após a 3ª rodada do Brasileiro 2012.

Após ser Campeão Carioca de 2011, o craque não conseguiu manter uma boa sequência, sendo alvo das críticas por sua conduta pouco profissional e por abusar da vida noturna carioca. Em 4 de junho de 2012, após entrar na justiça contra o clube, Ronaldinho acertou sua ida para o Atlético Mineiro, onde reencontrou seu bom futebol e foi um dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro e disputou o título até as últimas rodadas, mas sendo ultrapassado pelo Fluminense.

Em Belo Horizonte, ao lado de Jô, Bernard e Diego Tardelli, e comandado por Cuca, o meio-campista ajudou o Galo a ser Campeão Mineiro de 2013 em cima do rival Cruzeiro. E no dia 24 de julho de 2013, conquistou para o Atlético, que amargurava longos 42 anos sem um título de expressão, a inédita taça de Campeão da Copa Libertadores da América de 2013. Com o tal feito, Ronaldinho Gaúcho entrou para um seleto grupo de jogadores brasileiros que haviam conquistado tanto a Liga dos Campeões quanto a Libertadores da América, haviam sido apenas três antes dele: Dida, com o Cruzeiro em 1997 e com o Milan em 2002/03 e em 2006/07; Roque Júnior com o Palmeiras em 1999 e com o Milan em 2002/03; e Cafu com o São Paulo em 1992 e em 1993, e com o Milan em 2006/07.

Ronaldinho assinou a rescisão de seu contrato com o Atlético Mineiro no dia 28 de julho de 2014. Vestiu a camisa alvi-negra em 88 jogos, tendo marcado 28 gols. Pouco mais de um mês depois, no dia 5 de setembro, o craque assinou com o Querétaro, do México, por dois anos. No dia 20 de junho de 2015, Ronaldinho anunciou seu desligamento do clube mexicano, por quem disputou 32 jogos e marcou 8 gols. Logo depois, em julho de 2015, Ronaldinho foi contratado pelo Fluminense, mas sua passagem pelo tricolor carioca durou menos de três meses, tendo feito apenas 9 jogos e não marcado nenhum gol. No dia 29 de setembro do mesmo ano, clube e jogador reincidiram o contrato de comum acordo.

Nos anos seguintes à sua aposentadoria, o craque R10 passou a fazer jogos de exibição, tendo entrado uma vez em campo, em eventos festivos, com as camisas do Cienciano, do Peru, do Comunicaciones, da Guatemala, e do Barcelona de Guayaquil, do Equador.

Sempre envolvido em polêmicas, ele chegou a dividir sua casa com três mulheres ao mesmo tempo, todas consideradas suas esposas. Entre março e abril de 2020, num episódio bastante confuso, ele e seu irmão Assis foram detidos com passaportes paraguaios falsos em seus nomes e estiverem pouco mais de um mês (32 dias exatamente) presos no Quartel do Grupamento Especializado da Polícia Nacional de Assunção. Foi lá onde ele estava, preso, no dia de seu aniversário de 40 anos.



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