Jogos Inesquecíveis: 06/08/1990 - Flamengo 7 x 0 Real Sociedad
"O Flamengo aplicou uma goleada inesquecível por 7 a 0 sobre o Real Sociedad, da Espanha, em partida realizada no Japão. Era a estreia do meia Bobô, e havia uma enorme expectativa sobre a linha ofensiva a ser formada por Bobô, Renato Gaúcho e Gaúcho. Esta partida foi para dar esperanças. O artilheiro Gaúcho fez três gols, Renato Gaúcho fez dois, Bobô e Bujica fecharam o marcador". (A NAÇÃO, pg. 158)
O técnico Jair Pereira buscava aproveitar a cansativa excursão ao Japão para montar a base da equipe que disputaria o Campeonato Brasileiro. O Flamengo tinha deixado grande reputação em solo japonês por suas participações no Mundial de 1981 e na Copa Kirin de 1988. E mais uma vez deixou uma excelente impressão. O adversário era a Real Sociedad, 5ª colocada do Campeonato Espanhol. Desta vez, porém, o jogo era em grama sintética. Diante de mais de 50 mil aparvalhados espectadores, o Flamengo atropelou. O quarteto formado por Bobô (que estreava no Flamengo), Júnior, Gaúcho e principalmente Renato Gaúcho, multiplicou gols com incrível naturalidade: 7 a 0. Ovacionado, o Flamengo seria o Campeão da Sharp Cup. Terceira passagem pelo Japão, terceiro troféu conquistado.
Ficha Técnica
06/08/1990 - Flamengo 7 x 0 Real Sociedad
Local: Arena Tokyo Dome, Tóquio, Japão (Público: 56 mil espectadores (estimado))
Gols: Gaúcho (18'1T), Renato Gaúcho (40'1T), Gaúcho (1'2T), Renato Gaúcho (9'2T), Bobô (16'2T), Gaúcho (25'2T) e Bujica (38'2T)
Fla: Zé Carlos, Zanata (Josimar), Vítor Hugo, Rogério Lourenço e Nelsinho; Ailton (Uidemar), Júnior, Bobô (Djalminha) e Zinho; Renato Gaúcho e Gaúcho (Bujica).
Real Sociedad: José Luis González, Alberto Górriz, Mikel Roteta, Jon Andoni Larrañaga e Agustín Gajate; Javier Bengoetxea, John Aldridge (José María Lumbreras), Kevin Richardson e Carlos Martínez (Enrique Irazoki); Miguel Ángel Fuentes e Juan Antonio Mentxaka (Mikel Loinaz).
Téc: Marco Antonio Boronat
A História do Jogo
Em 1990 o Flamengo foi mais uma vez convidado para jogar em Tóquio, no Japão, desta vez atuando no Tokyo Dome. Pela primeira vez em sua história, o clube jogaria uma partida em grama sintética. O adversário era a Real Sociedad, da Espanha, que na temporada 1989/90 de La Liga havia terminado o Campeonato Espanhol em 5º lugar, com 44 pontos, dezoito atrás do campeão Real Madrid, que marcou 62 pontos, mas apenas sete pontos atrás do vice-campeão Valencia, que marcou 53 pontos (entre eles o Barcelona com 51 e o Atlético de Madrid com 50 pontos). Com este desempenho, o clube do País Basco obteve sua classificação para a Copa da UEFA na temporada 1990/91, para a qual começava a se preparar.
O Flamengo havia feito uma troca com o São Paulo, na qual enviou o lateral-esquerdo Leonardo e o atacante Alcindo, e recebeu em troca o lateral-esquerdo Nelsinho e o meia Bobô, estrela da equipe do Bahia, campeã brasileira de 1988, e que não havia conseguido repetir as boas atuações com a camisa do tricolor paulista. Ele chegava para vestir a camisa 10 e fazia sua estreia naquela noite em Tóquio. Esperava-se muito daquela linha de frente rubro-negra com Renato Gaúcho, Gaúcho, Bobô e Zinho. A expectativa era grande, mas ninguém sabia o que esperar de um jogo em grama sintética, como o time reagiria. E o time rubro-negro se adaptou muito melhor do que os bascos. Foi uma atuação rubro-negra de gala!
Renato estava endiabrado, e defesa da Real Sociedad tinha muita dificuldade para conter sua explosão física. O Flamengo começou o jogo encurralando seu adversário na intermediária, e a grama sintética não era um obstáculo para a superioridade rubro-negra, que logo ficou explícita. Parecia questão de tempo para que o Flamengo marcasse seu primeiro gol. E realmente assim foi. Aos dezenove minutos, Bobô iniciou uma jogada pela direita e tocou para Renato em profundidade, o camisa 7 rubro-negro penetrou em velocidade pela ponta e cruzou, deixando Gaúcho frente a frente ao arqueiro espanhol. Ele completou magistralmente de primeira, deslocando o arqueiro e marcando o primeiro gol.
A supremacia do Flamengo seguia explícita. Demorou um pouco, mas antes ainda do intervalo o time rubro-negro marcou novamente, e numa jogada coletiva excepcional. O cronômetro marcava quarenta minutos quando Renato ganhou uma dividida na intermediária, avançou e deu passe de calcanhar para Zinho, deixando-o frente a frente ao goleiro. Ele retribuiu o presente recebido, e tocou para o lado, para o próprio Renato chutar forte da entrada da área, sem ninguém no meio do caminho, ampliando.
No segundo tempo, o ritmo voltou ainda mais intenso. Logo no primeiro minuto, com o cronômetro se aproximando do segundo, Gaúcho aproveitou uma desatenção da defesa para ficar a vontade na área e meter o terceiro gol rubro-negro. Atordoada, a Real Sociedad estava completamente perdida em campo. Aos doze minutos, saiu mais um, sempre em contra-ataques mortais, com Gaúcho partindo de antes da linha do meio de campo, penetrando frontalmente em direção ao gol, e apenas rolando para o lado, para que Renato, vindo de trás, marcasse o quarto. O resultado virava goleada!
Estava fácil, e o camisa 10 rubro-negro, fazendo sua estreia, quis deixar o seu também. Aos dezenove minutos, foi a vez de Bobô entrar cara a cara com o goleiro, a quem driblou, rolando para o gol: cinco! Os espanhóis se perderam então totalmente em campo. A linha de impedimento da Real Sociedad era um desastre, e os rubro-negros se deleitavam: Gaúcho entrou frente a frente ao goleiro e chutando da entrada da área fez o sexto.
Arte do Jornal dos Sports
O jogo então diminuiu o ritmo. Jair Pereira fez substituições. Mas ainda houve tempo para que a festa fosse fechada com uma saideira: Júnior, do meio de campo, fez um lançamento de cinquenta metros para o centroavante reserva Bujica, que entrou em velocidade pela ponta e meteu um petardo no ângulo: golaço! Fechamento com chave de ouro: 7 a 0!
Estupefatos, os japoneses aplaudiam tudo. Após a estreia gloriosa, Bobô saiu de campo empolgado, declarando aos jornalistas: "Jogando ao lado do maestro Júnior, em pouco tempo serei ídolo da torcida do Flamengo". A realidade nos meses seguintes, no entanto, não seria esta, com sua passagem pelo clube terminando de forma tão infrutífera quanto aquela anterior pelo São Paulo, e ele seguindo para tentar se destacar no Fluminense, onde também não brilhou como se esperava, estando no time que perdeu a final do Campeonato Carioca de 1991 num Fla-Flu.
O técnico Jair Pereira também terminou aquela partida eufórico, afirmando aos jornalistas brasileiros: "Este time é uma bomba de mil megatons que vai explodir no Campeonato Brasileiro". Mais uma vez, a realidade não seria exatamente aquela. De Tóquio, o time rubro-negro seguiu para Nova Iorque, onde disputaria um quadrangular junto à Seleção dos Estados Unidos, ao Sporting Lisboa, de Portugal, e ao Alianza Lima, do Peru. Também faturou este outro torneio de pré-temporada, aumentando a expectativa por bons resultados. Porém, a temporada não foi tão vitoriosa quanto o clube esperava, ainda que aquele time tivesse vindo a se consagrar Campeão da Copa do Brasil alguns meses depois, superando ao Goiás na final. No Campeonato Brasileiro, terminou em 11º lugar, não conseguindo a classificação para a disputa das quartas de final.
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