sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Maiores Jogos da História do Flamengo: 07/10/99 - Flamengo 7 x 0 Universidad de Chile




Jogos Inesquecíveis: 07/10/1999 - Flamengo 7 x 0 Universidad de Chile

Em 1999 o Flamengo fez uma campanha fantástica e se consagrou campeão da Copa Mercosul, competição que reunia os maiores clubes de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. Na 1ª fase, o grupo quadrangular do Flamengo tinha aos chilenos Colo-Colo e Universidad de Chile, e ao paraguaio Olimpia. No primeiro jogo, uma vitória no Olimpia por 2 x 1 no Maracanã, no segundo uma goleada por 4 x 0 sobre o Colo-Colo em Santiago, na terceira rodada, também em Santiago, derrota por 2 x 0 para a "U de Chile".

No returno, o time rubro-negro foi derrotado por 3 x 1 pelo Olimpia em Assunção, e empatou por 2 x 2 contra o Colo-Colo no Maracanã. Na última rodada, só uma goleada por mais de quatro gols daria ao Flamengo a classificação entre os três melhores segundos colocados. Com uma atuação espetacular no Maracanã, e quatro gols de Romário, o Flamengo venceu por 7 x 0, avançando às quartas de final! Um dia para a história, uma das mais belas vitórias da história rubro-negra, e um passo fundamental na caminhada que veio a culminar na conquista do título.




Ficha Técnica
07/10/1999 - Flamengo 7 x 0 Universidad de Chile
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 6.050 pagantes)
Gols: Caio (5'1T), Romário (16'1T), (17'1T) e (35'1T), Marco Antônio (3'2T), Romário (10'2T) e Rodrigo Mendes (43'2T)
Fla: Róbson, Maurinho, Juan, Ronaldo e Marco Antônio; Leandro Ávila, Fábio Baiano (Marcelo Rosa) e Beto; Caio (Iranildo), Leandro Machado (Rodrigo Mendes) e Romário.
Téc: Carlinhos
U. de Chile: Sérgio Vargas, Cristián Castañeda, Ronald Fuentes, Marcos González e Ricardo Rojas; Cristián Mora, Pablo Galdames, Leo Rodríguez (Renzo Yáñez) e Rodrigo Tello; Edson Monsalve (Sebastián Pardo) e Emiliano Rey (Rafael Olarra).
Téc: César Vaccia




A História do Jogo

Como narrava o Jornal do Brasil no dia seguinte a respeito do que havia acontecido naquela noite de quinta-feira no Maracanã: "Nem o mais otimista dos rubro-negros esperava. Numa noite em que Romário estava impossível - balançou a rede quatro vezes e alcançou a marca histórica de 200 gols com a camisa rubro-negra - o Flamengo massacrou a Universidad de Chile". Quando o Flamengo entrou em campo, às 21:30h, em partida transmitida apenas em TV fechada, pelas câmeras do SporTV, o Olimpia já vencia ao Colo-Colo por 1 x 0, garantindo a primeira colocação do grupo, e com este resultado não restava ao time rubro-negro, para obter a classificação às quartas de final, outro resultado que não a vitória. E não seria qualquer uma, pois só com uma goleada de 4 a 0 ou mais, o Flamengo avançaria à fase seguinte.

A Universidad de Chile já estava eliminada, e viajou ao Rio de Janeiro sem grandes pretensões. Um detalhe é que naquele time de "La U" que entrava em campo no Maracanã, estava um jovem zagueiro central que tinha então apenas 19 anos e que, futuramente, mais de uma década depois, viria a vestir a camisa do Flamengo: Marcos González.

O técnico Carlinhos lançou a campo uma formação ofensiva, jogando em 4-3-3, e com três atacantes de forte presença marcante dentro da área: Caio Ribeiro, Leandro Machado e Romário. O time rubro-negro iniciava a partida com o goleiro reserva Róbson no lugar de Clemer no gol, com Maurinho improvisado na lateral-direita, o jovem Juan no lugar do então titular Fabão na zaga, e sem o volante Marcelo Rosa, sacado do meio de campo para dar lugar à formação mais ofensiva. Somente Leandro Ávila fazia a contenção, isolado na cabeça de área, com Fábio Baiano e Beto armando para municiar o trio de frente. O time entrou em campo com apenas um objetivo: massacrar do começo ao fim, exercendo forte pressão na saída de bola, o que fez a defesa chilena se enrolar nas saídas de bola. O ímpeto surtiu efeito e o time abriu o placar logo aos cinco minutos de jogo com gol de Caio. Na jogada, Fábio Baiano arrancou pelo lado direito de ataque e cruzou para Romário, que dominou na grande área, girou, e chutou para o gol. O goleiro Vargas deu rebote, e a bola sobrou para Caio, que chutou com força e rasteiro para abrir o placar: 1 a 0.   

O time rubro-negro se animou e continuou fazendo pressão e o jogo praticamente se tornou um treino de ataque contra defesa, com o time da Universidad de Chile sem qualquer capacidade de pressionar em nenhum momento, e tornando-se uma presa fácil para o Flamengo. Aos dezesseis minutos, Romário começou a dar o seu show. Ele driblou toda a defesa chilena, numa bela jogada individual, entrando pelo meio da área e passando por três zagueiros, e concluindo para marcar o segundo com maestria. Os chilenos estavam completamente atordoados com a pressão ofensiva rubro-negra. Tanto que no minuto seguinte, num lance curioso, Fábio Baiano aproveitou a saída atabalhoada do goleiro Vargas e cruzou para Caio, que chutou para o gol, no meio do caminho a bola bateu na barriga de Romário, que caindo para trás, conseguiu ajeitar e fuzilar na pequena área, sem que o arqueiro sequer conseguisse ver por onde a bola passou. Ainda com 17 minutos do 1º tempo o placar já apontava: Flamengo 3 a 0! Só faltava um.

A torcida começou a ter certeza de que a classificação viria, afinal o que se via em campo era um massacre, um time com total posse de bola que ditava o jogo com muita velocidade. E tendo deslanchado em campo, com supremacia absoluta em todas as ações, os quatro gols necessários saíram todos ainda na primeira etapa. Aos trinta e cinco minutos, foi Romário quem novamente marcou. Leandro Ávila recuperou a bola no meio de campo e entregou para Beto, que lançou para o ataque; a defesa chilena cortou mal e a bola voltou a sobrar para Leandro Machado, que passou de cabeça para Fábio Baiano. O meia chutou forte e cruzado e Vargas defendeu, mas dando rebote. Leandro Machado então correu e chegou antes da defesa, dando um leve toque. A bola sairia pela linha de fundo, mas o "Baixinho" surgiu como uma flecha para dar um leve toque e desviar para dentro do gol: 4 a 0!

Festa da torcida nas arquibancadas! O time, que antes precisava golear para se classificar, teria apenas que passar o segundo tempo sem sofrer gols para que estivesse garantido nas quartas de finais. Entretanto, na volta para o segundo tempo, o time não aliviou, mantendo o espírito e não parando de atacar.

O Flamengo seguiu avassalador. Logo aos três minutos, o lateral-esquerdo reserva Marco Antônio, que jogava no lugar do titular Athirson, ganhou uma disputa por um rebote na intermediária, ajeitou e disparou um chute de longe, a bola desviou no zagueiro Rojas e enganou o goleiro, que nada pôde fazer: 5 a 0!

E o Mengo não parou! Aos dez minutos, Romário recebeu um ótimo passe de Caio e acertou um chute seco, direto para dentro da rede. Era o seu quarto gol naquela noite, e o de número 200 com a camisa do Flamengo! Aos 10 minutos do 2º tempo: 6 a 0!

O time então tirou o pé do acelerador, com a classificação assegurada, e passou a jogar apenas em respeito ao adversário. A partida ficou morna e sem graça. Mas ainda deu tempo, sem qualquer esforço, para ainda fazer mais. Já no fim, aos quarenta e um minutos, Maurinho cruzou da direita e Rodrigo Mendes chutou forte para fechar o massacre: 7 a 0!

O grande feito mostrava para toda a América o poder da tradição do Flamengo. Era um time desacreditado e em crise financeira, mas que era capaz de apresentar um futebol de muita qualidade, obtendo uma classificação impressionante e heroica. A Copa Mercosul reunia 20 clubes, divididos na 1ª Fase em cinco grupos de quatro, nos quais os primeiros colocados avançavam às quartas de final, junto aos três melhores entre os cinco segundos colocados. No grupo rubro-negro, com a vitória na última rodada, o Olimpia terminou na liderança, com 12 pontos. O Flamengo terminou em segundo, com 10 pontos. Com a goleada por 7 a 0, passou a Corinthians e Boca Juniors e ficou com a segunda melhor campanha entre os segundos colocados, tendo os argentinos acabado ficando de fora. A fase mata-mata reuniu quatro brasileiros (Flamengo, Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro), dois argentinos (San Lorenzo e Independiente), o paraguaio Olimpia e o uruguaio Peñarol. O Flamengo passaria por Independiente e Peñarol, chegando à final contra o Palmeiras e se sagrando campeão. Tudo só possibilitado por aquela mágica goleada no Maracanã.




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