domingo, 12 de junho de 2022

Maiores Jogos da História do Flamengo: 09/10/19 - Flamengo 5 x 0 Grêmio




Jogos Inesquecíveis: 09/10/2019 - Flamengo 5 x 0 Grêmio

Uma noite mágica e histórica, inesquecível para todos os torcedores do Flamengo, uma goleada fantástica que colocou o clube após 38 anos novamente numa final de Copa Libertadores da América. Um baile vermelho e preto, no qual o Grêmio foi atropelado com um imponente e inapelável 5 a 0. A goleada foi a sexta maior numa semi-final de Libertadores na história até então, contabilizando as edições entre 1960 a 2019. O time rubro-negro matou o jogo no início do segundo tempo, tendo marcado quatro gols num intervalo de vinte e cinco minutos que acabaram com a partida e garantiram a classificação para jogar a final continental, rumo ao sonho cantado por sua torcida de conquistar o mundo de novo.





Ficha Técnica
09/10/2019 - Flamengo 5 x 0 Grêmio
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 63.409 pagantes; 69.981 presentes)
Gols: Bruno Henrique (41'/1T), Gabriel Barbosa (2'2T) e (10'2T), Pablo Marí (21'2T) e Rodrigo Caio (25'2T)
Fla: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão, Gérson (Diego Ribas), Giorgian De Arrascaeta (Piris da Motta) e Éverton Ribeiro; Bruno Henrique (Vitinho) e Gabriel Barbosa.
Téc: Jorge Jesus
Grêmio: Paulo Victor, Paulo Miranda, Pedro Geromel, Walter Kannemann e Bruno Cortez; Michel, Matheus Henrique, Maicon (Diego Tardelli) e Alisson (Thaciano); Éverton Cebolinha e André (Pepê).
Téc: Renato Gaúcho






A História do Jogo

Eram 35 anos sem que o Flamengo chegasse à semi-final da Copa Libertadores, tendo na última vez caído justamente diante do Grêmio em 1984. O Flamengo lutava para voltar à final da Libertadores após 38 anos, desde sua primeira participação, quando terminou como campeão, em 1981. Na primeira partida daquela semi-final, em Porto Alegre, o time rubro-negro foi amplamente superior, dominou completamente ao adversário, vencia por 1 a 0, teve um gol anulado por revisão da arbitragem de vídeo que achou metade do pé de Gabigol supostamente a frente do último defensor tricolor, teve diversas outras oportunidades de ampliar, mas acabou castigado com um gol de empate sofrido nos minutos finais. Por si só, aquela noite de quarta-feira no Maracanã já tinha um peso histórico, antes mesmo da bola rolar. E quando rolou, o que se desenrolou, transformou aquele jogo num dos mais épicos e apoteóticos da história rubro-negra!

Foi uma atuação de gala do ataque do Flamengo! O time comandado pelo técnico português Jorge Jesus vivia um momento mágico, era o líder absoluto da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, e numa sólida campanha em paralelo na Libertadores, tendo eliminado ao Internacional nas quartas de final, estava forte na luta por reconquistar a América. O técnico gremista, Renato Gaúcho, no entanto, desdenhava via imprensa da qualidade do trabalho do "Mister" Jorge Jesus: "com um elenco de R$ 200 milhões é fácil, me dá R$ 160 milhões para investir e eu monto uma seleção". A resposta estava entalada na garganta de JJ, e foi dada naquela noite, quase em silêncio. Ao menos por parte do técnico, porque pelo canto da torcida, foi uma noite ensurdecedora.

O Flamengo entrava em campo com a vantagem do empate sem gols para conseguir a sua classificação, dado que havia marcado um gol como visitante, o que era critério de desempate. O primeiro tempo foi amarrado, com o Grêmio bastante fechado defensivamente, deixando a posse de bola ficar mais com o Flamengo, e tentando encontrar um gol num contra-ataque que permitisse reverter a vantagem rubro-negra. Do lado flamenguista, o time contava com a volta do meia uruguaio De Arrascaeta, que retornava antes do previsto, após se recuperar de lesão muscular.

O jogo começou bastante concentrado no meio de campo. O Flamengo buscava jogadas tanto pelo meio quanto pelas laterais, mas tinha dificuldades para furar o ferrolho defensivo.
Nos primeiros trinta minutos de jogo, muito poucas oportunidades reais de gol foram criadas. Aos dez minutos Gabriel Barbosa, o "Gabigol", aproveitou cruzamento de Éverton Ribeiro e acertou uma cabeçada em direção à meta. Aos dezoito, foi a vez do Grêmio chegar bem ao ataque. Após um erro de passe na saída de bola, Éverton Cebolinha recuperou a posse e avançou pela esquerda, cruzando com perigo na área, Diego Alves tentou cortar e soltou nos pés de Maicon, que desperdiçou uma ótima chance de marcar, dando tempo para a interceptação de Filipe Luís. Era um gol que muito provavelmente teria mudado completamente a história daquela partida. Aos vinte e seis minutos, foi a vez de Bruno Henrique aproveitar um cruzamento, desta vez executado por Rafinha, numa centrada com perfeição que BH mandou de cabeça com muito perigo. Apesar destas oportunidades, no começo de partida o Flamengo não conseguia repetir o amplo domínio apresentado no jogo de ida em Porto Alegre.

A partir dos trinta minutos, no entanto, o time rubro-negro passou a encontrar mais espaço na defesa tricolor, conseguindo criar mais oportunidades. Gabigol tentou fazer de bicicleta aos trinta e quatro; Arrascaeta recebeu na direita, avançou e tocou por cobertura, para a defesa do goleiro Paulo Victor; e aos trinta e nove minutos, Gérson tocou em profundidade para Gabigol, que finalizou com perigo após a rápida jogada de ataque.

O Flamengo continuou a pressionar, e aos quarenta e um minutos Éverton Ribeiro roubou a bola na intermediária, passou para Bruno Henrique, que puxou um rápido contra-ataque, esticando na ponta para Gabriel, que penetrou pela área e chutou cruzado para defesa parcial de Paulo Victor. No rebote, a bola atravessou a pequena área e sobrou limpa para Bruno Henrique só empurrar para dentro do gol: Flamengo 1 a 0!


O gol rubro-negro no final do primeiro tempo mudou radicalmente o panorama para o segundo tempo, pois forçava os gremistas a saírem para o jogo, abrindo o ferrolho defensivo tricolor. Na primeira etapa, apesar do placar magro, os números mostravam uma superioridade rubro-negra: o Flamengo tinha tido 63% de posse de bola e nove finalizações, contra apenas duas bolas finalizadas ao gol pelo time tricolor gaúcho.

Na volta para o segundo tempo, o time rubro-negro começou em velocidade máxima. Com apenas 1 minuto, ampliou para 2 a 0: Arrascaeta cobrou escanteio, o atacante gremista André cortou de cabeça e a bola sobrou para Gabigol na grande área, na altura da segunda trave. Ele dominou, girou e acertou um belíssimo chute no ângulo, direto para dentro das redes, marcando um golaço: 2 a 0!

A euforia tomou conta das arquibancadas, e no embalo da festa, a pressão flamenguista fez o leite tricolor derramar de vez alguns minutos depois. O atacante Bruno Henrique recebeu em profundidade dentro da área e o zagueiro Pedro Geromel chegou junto na dividida, chutando bola e pé do jogador. O árbitro argentino Patricio Loustau apontou a penalidade. A arbitragem de vídeo chamou para revisão no monitor, o árbitro viu a imagem no monitor, analisou, e confirmou o pênalti. Eram dez minutos quando Gabigol cobrou com categoria, sem chances para Paulo Victor: 3 a 0!

Com a desvantagem grande no marcador, o técnico Renato Gaúcho lançou o time gremista ainda mais ao ataque, lançando a campo os atacantes Pepê e Diego Tardelli. Porém, as substituições acabaram fragilizando seu meio de campo, e o domínio rubro-negro ao invés de diminuir, aumentou. Após o terceiro gol, o time rubro-negro passou a ter total controle da partida, dominando um time do Grêmio atônito e demonstrando desânimo frente à iminente eliminação.

O Flamengo então deslanchou de vez, e a vitória rubro-negra se transformou em goleada em apenas quatro minutos, em dois lances de bola parada que terminaram em gols marcados pelos zagueiros rubro-negros. Aos vinte e um minutos, Arrascaeta bateu escanteio na área e o zagueiro espanhol Pablo Marí apareceu em velocidade por trás da defesa para se aproveitar de sua estatura para testar para dentro do gol. Logo em seguida, aos vinte e cinco minutos, foi Éverton Ribeiro quem cobrou falta na área, com Rodrigo Caio escorando de cabeça com facilidade: 5 a 0! Noite histórica no Maracanã!

Perante um adversário atordoado e preso às cordas, o Flamengo mandou o Grêmio direto à lona. Foram quatro gols marcados em vinte e cinco minutos que acabaram com a partida!

O Flamengo então tirou o pé do acelerador, e o Grêmio, claramente abatido com o placar, só administrava a partida para evitar uma goleada ainda mais elástica. Assim o jogo continuou em ritmo morno até seu final. Com a vitória sacramentada, Jorge Jesus colocou Diego Ribas em campo no lugar de Gérson. O meio-campista voltava após três meses parado recuperando-se de uma fratura. Era mais um que retornava a campo antes do prazo inicialmente previsto.

A equipe comandada pelo Mister Jorge Jesus teve uma apresentação impecável, com intensidade, busca incessante pelo gol e muita qualidade tática e técnica. O Flamengo garantiu com a goleada a sua segunda final da Libertadores na história. A festa das arquibancadas cantava a plenos pulmões: "Em dezembro de 81 / Botou os ingleses na roda / 3 a 0 no Liverpool / Ficou marcado na história / E no Rio não tem outro igual / Só o Flamengo é campeão mundial / E agora seu povo / Pede o mundo de novo! / Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe, Mengo! / Pra cima deles, Flamengo!".

Aquela goleada rubro-negra era a sexta maior numa semi-final de Libertadores na história até então (nas edições entre 1960 a 2019). Estava atrás das goleadas em 1976 do Cruzeiro por 7 a 1 no Alianza Lima, do Peru, de 1984 do Grêmio por 6 a 1 sobre o ULA Mérida, da Venezuela, de 1985 do América de Cali por 5 a 0 sobre o El Nacional, do Equador, de 1989 do Atlético Nacional de Medellín por 6 a 0 sobre o Danubio, do Uruguai, e de 2014 do San Lorenzo por 5 a 0 sobre o Bolivar, da Bolívia.

Com aquela soberba atuação de gala, o Flamengo estava classificado para a sua segunda final de Copa Libertadores da América em sua história. Naquele ano, pela primeira vez, a final seria jogada em jogo único. O adversário era o River Plate, da Argentina, campeão do ano anterior, e que havia eliminado a seu arquirrival Boca Juniors na outra semi-final. A grande final estava marcada para 23 de novembro no Estádio Nacional, em Santiago, no Chile. Alguns dias depois, porém, a partida seria transferida para Lima, no Peru. O Flamengo reconquistaria a América, com uma virada histórica sobre o River Plate, mas não reconquistou o mundo, perdendo a final do Mundial para o Liverpool.









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