sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Maiores Jogos da História do Flamengo: 16/12/99 - Flamengo 4 x 3 Palmeiras




Jogos Inesquecíveis: 16/12/1999 - Flamengo 4 x 3 Palmeiras

Com uma virada heroica, o Flamengo venceu ao Palmeiras por 4 x 3 no Maracanã, pelo primeiro jogo da final da Copa Mercosul. Com muita raça, e uma grande atuação do atacante Caio Ribeiro, que marcou dois gols naquela noite, a equipe rubro-negra não se intimidou com as duas vezes em que esteve atrás no marcador, e conseguiu vencer a um adversário que era considerado amplamente favorito.




Ficha Técnica
16/12/1999 - Flamengo 4 x 3 Palmeiras
Local: Maracanã, Rio de Janeiro (Público: 13.414 pagantes)
Gols: Juan (6'1T), Júnior Baiano (43'1T), Asprilla (23'2T), Caio (25'2T), Paulo Nunes (28'2T), Caio (30'2T) e Reinaldo (40'2T)
Fla: Clemer, Maurinho, Célio Silva, Juan e Athirson; Leandro Ávila, Marcelo Rosa (Rodrigo Mendes), Leonardo Inácio e Iranildo (Caio); Leandro Machado e Reinaldo.
Téc: Carlinhos
Palmeiras: Marcos, Arce, Júnior Baiano, Galeano e Júnior; César Sampaio (Edmílson), Rogério, Alex (Euller) e Zinho; Paulo Nunes e Faustino Asprilla (Jackson).
Téc: Luiz Felipe Scolari




A História do Jogo

Com uma virada heroica, o Flamengo venceu ao Palmeiras por 4 x 3 no Maracanã, pelo primeiro jogo da final da Copa Mercosul. Com muita raça, e uma grande atuação do atacante Caio Ribeiro, que marcou dois gols naquela noite de quinta-feira, a equipe rubro-negra não se intimidou com as duas vezes em que esteve atrás no marcador, e conseguiu vencer a um adversário que era considerado amplamente favorito, equipe que no primeiro semestre havia se consagrado campeã da Copa Libertadores da América daquele ano, além de também ter sido a responsável pela eliminação do Flamengo nas quartas de final da Copa do Brasil. O Palmeiras tentava se recuperar emocionalmente da derrota, pouco mais de duas semanas antes, para o Manchester United, em Tóquio, na final da Copa Intercontinental.

O Flamengo vivia momentos bastante conturbados. Vinha fazendo uma excepcional campanha na Copa Mercosul, no entanto, havia sido eliminado no Campeonato Brasileiro, sem conseguir se classificar para a fase mata-mata, após uma derrota na última rodada para o Juventude, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Após a derrota, uma parte dos jogadores rubro-negros foram fotografados na Festa da Uva que estava sendo celebrada na cidade gaúcha, gerando irritação na torcida e na diretoria. Como consequência, ainda que restasse a final da Copa Mercosul antes do fim da temporada, decidiu-se pelo rompimento unilateral do contrato de Romário com o Flamengo. O time rubro-negro entrava para decidir o título sem sua principal estrela.

O time do Flamengo começou o primeiro jogo da final, no Maracanã, mais ligado em campo, empurrando a equipe alvi-verde para seu campo de defesa, e conseguindo marcar seu primeiro gol logo aos seis minutos de jogo. Iranildo cobrou escanteio, Maurinho ajeitou para o meio da área, e o zagueiro Juan apareceu no meio dos defensores palmeirenses para testar firme para o fundo das redes, sem dar chance de defesa ao goleiro Marcos. 

A equipe alvi-verde não se intimidou com o gol tomado, articulou-se melhor taticamente, e passou a ter o domínio da partida, criando seguidas oportunidades de penetração na área rubro-negra. O Flamengo resistia à pressão, mas não conseguiu seguir em vantagem para o intervalo. Nos minutos finais da primeira etapa, o lateral-direito paraguaio Arce cobrou falta para a área, o goleiro Clemer saiu em falso, sem conseguir cortar, e o zagueiro Júnior Baiano, cria das divisões de base rubro-negros, aproveitou-se para completar com a perna esquerda para dentro do gol, empatando a partida.

Na segunda etapa, o domínio tático continuou sendo da equipe de Felipão, enquanto o time rubro-negro tentava se manter no jogo mais à base da força de vontade. E foi preciso muita raça e entrega para que o Flamengo não terminasse aquele jogo com uma derrota. Nos primeiros vinte minutos da etapa final, o time alvi-verde seguia apresentando um maior volume ofensivo, enquanto o time rubro-negro passava a impressão de estar sobrevivendo enquanto podia.

O técnico rubro-negro Carlinhos decidiu então partir para uma tática ousada de "tudo ou nada", lançando um terceiro centroavante a campo. A equipe havia começado a partida com o garoto Reinaldo e Leandro Machado como dupla de frente, com Iranildo fazendo a armação por trás na criação das jogadas ofensivas. O treinador sacou então a seu homem de criação e lançou em campo a Caio, com características de área similares às de Reinaldo e Leandro. Abdicou de uma armação ofensiva mais centralizada, passando a municiar ao ataque pelas alas, especialmente pelo lado esquerdo, onde o lateral Athirson e o lateral improvisado como meia Léo Inácio buscavam articular jogo, enquanto pelo outro lado o improvisado Maurinho tinha mais dificuldade para fazer uma articulação ofensiva. Mas a escolha do técnico seria decisiva para a sequência de fatos que decidiriam aquela partida e, por conseguinte, à própria final e definição do campeão.

Entretanto, mesmo com a mudança tentada, a superioridade em campo seguia sendo amplamente palmeirense. Até que aos vinte e três minutos, numa jogada novamente iniciada pelos pés do paraguaio Arce, que cobrou escanteio para dentro a área, o centroavante Caio, que tentava ajudar à defesa, não conseguiu cortar com eficiência, com a bola sobrando para o atacante colombiano Asprilla subir pelo alto e escorar de cabeça, antecipando-se à saída de Clemer, para mandar para dentro da rede. Virada palmeirense e apreensão rubro-negra no Maracanã!

Sem se entregar no jogo, o time rubro-negro voltou a conseguir o empate dois minutos depois, numa jogada de sua dupla de atacantes. Leandro Machado cruzou para a área, e Caio apareceu na pequena área para testar firme de cabeça para dentro do gol, deixando novamente tudo igual no marcador: 2 a 2.

A torcida rubro-negra ainda comemorava nas arquibancadas, quando uma outra cria das divisões de base rubro-negras voltou a colocar os alvi-verdes a frente no placar. Faustino Asprilla se livrou da marcação e tocou para o ponta-direita Paulo Nunes, que não desperdiçou, batendo firme na bola para deixar o Palmeiras mais uma vez a frente no placar. Era a segunda vez naquela noite que a rede rubro-negra era balançada por um jogador da geração do Flamengo que foi campeã da Copa São Paulo de Juniores de 1990, primeiro pelo zagueiro Júnior Baiano, e agora pelo atacante Paulo Nunes.

Já era mais da metade do segundo tempo, torcida e jogadores tinham recebido um balde água fria na cabeça depois de conseguir um empate que parecia improvável, e estarem novamente atrás no marcador faltando pouco mais de quinze minutos para o encerramento da partida. Era difícil encontrar forças par reagir e acreditar que algo diferente pudesse acontecer, ainda mais sabendo que do outro lado de campo estava o então campeão da América. Mas ao melhor estilo do "isso aqui é Flamengo!", materializou-se uma daquelas noites de sincronicidade mágica entre campo e arquibancada, e o milagre aconteceu.

Mais uma vez, dois minutos após sofrer o gol, o time rubro-negro voltou a encontrar forças para buscar novamente o empate, e mais uma vez através do herói daquela noite: Caio. O centroavante rubro-negro pegou uma sobra de bola na entrada da grande área e bateu forte, seco e rasteiro no canto direito do goleiro Marcos. Impensado: 3 a 3!

Aos trinta e cinco minutos, Reinaldo perdeu uma excelente oportunidade de decretar a virada. Mas ela aconteceu alguns minutos depois. Exatamente numa jogada pelo lado esquerdo de ataque, Athirson cruzou para dentro da área e Reinaldo apareceu no meio da defesa para cabecear e marcar: Flamengo 4 a 3! Virada apoteótica! O Palmeiras jogou com a técnica, e o Flamengo jogou com o coração! E foi assim que venceu, terminando a primeira partida da final heroicamente em vantagem.

Uma semana depois as duas equipes voltaram a se enfrentar, desta vez em São Paulo, no Estádio do Parque Antárctica. E mais uma vez o time rubro-negro se superou, conseguindo um heroico empate por 3 a 3 que lhe assegurou a conquista da taça. E mais uma vez com uma reação à base de raça e superação. Pelos três gols marcados no Rio de Janeiro, o Palmeiras precisava de uma vitória simples em casa para se sagrar campeão. O time alvi-verde abriu vantagem, os rubro-negros viraram, mas aos vinte minutos do segundo tempo o Palmeiras já tinha revirado e se encaminhava para a conquista. Mas à base do espírito de se entregar jamais, o Flamengo marcou o gol de empate aos trinta e oito minutos do segundo tempo, pelos pés do garoto Lê, obtendo o empate que lhe deu o título sul-americano, mais uma conquista internacional para a galeria do clube.




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