sábado, 10 de setembro de 2022

Flamengo na Libertadores de 2022


O Flamengo jogou pela 18ª vez a Copa Libertadores da América como o vice-campeão brasileiro de 2021, sua 6ª participação consecutiva, um novo recorde em sua história, já que havia participado sequencialmente desde 2017. Entre 1981 e 1993 participou 6 vezes, de 1994 a 2016 participou outras 6 vezes, e de 2017 a 2022 mais outras 6 vezes. E chegou à final pela terceira vez em quatro anos, feito que só havia acontecido oito vezes antes, das quais só uma vez por um clube brasileiro. Foi uma campanha fantástica e histórica! Conseguiu a classificação à final com 11 vitórias e 1 empate em 12 partidas, o que lhe dava a chance de ser campeão invicto pela primeira vez em sua história, feito que não tinha conseguido nem em 1981 nem em 2019.

A Campanha:
Fase de Grupos
05/04/22 - 2 x 0 Sporting Cristal, em Lima, Peru
12/04/22 - 3 x 1 Talleres, no Maracanã
28/04/22 - 3 x 2 Universidad Católica, em Santiago, Chile
04/05/22 - 2 x 2 Talleres, em Córdoba, Argentina
17/05/22 - 3 x 0 Universidad Católica, no Maracanã
24/05/22 - 2 x 1 Sporting Cristal, no Maracanã
Oitavas
29/06/22 - 1 x 0 Tolima, em Ibagué, Colômbia
06/07/22 - 7 x 1 Tolina, no Maracanã
Quartas
02/08/22 - 2 x 0 Corinthians, em São Paulo
09/08/22 - 1 x 0 Corinthians, no Maracanã
Semi
31/08/22 - 4 x 0 Vélez Sarsfield, em Buenos Aires, Argentina
07/09/22 - 2 x 1 Vélez Sarsfield, no Maracanã
Final
29/10/22 - 1 x 0 Athlético Paranaense, em Guayaquil, Equador




1ª Fase

O grupo do Flamengo, o Grupo H, após o sorteio acabou vindo a ser um dos grupos mais fracos da competição. Pela frente estavam os confrontos contra os argentinos do Talleres, que estavam tão só em sua terceira participação na história da Copa Libertadores, além do chileno Universidad Católica e do peruano Sporting Cristal. O time rubro-negro era franco favorito para fechar na liderança.

Na estreia, a equipe viajou ao Peru para enfrentar ao Sporting Cristal, e não teve dificuldade para construir uma vitória por dois gols de diferença e largar com um resultado favorável, mesmo jogando como visitante. No outro jogo do grupo pela 1ª Rodada, em Córdoba, o Talleres venceu à Universidad Católica por 1 x 0.

Na 2ª rodada, a estreia no Maracanã, diante dos argentinos, e mais uma vitória sem sustos, esta por 3 x 1, que prontamente já lhe colocou com folga na liderança do grupo. Na outra partida do grupo, em Santiago, no Chile, a Universidad Católica bateu ao Sporting Cristal por 2 x 1. Após duas rodadas, desenhava-se aquela que havia sido a previsão inicial da maioria: Flamengo em 1º lugar (então com 6 pontos), e Católica e Talleres disputando a segunda vaga de classificação às oitavas de final (então com 3 pontos cada um).

Na 3ª rodada, o time rubro-negro já praticamente selou sua classificação à fase mata-mata, após uma dura vitória por 3 x 2 sobre a Universidad Católica, em Santiago. Sempre tendo estado a frente no placar, sacramentou uma campanha de ida com três vitórias, confirmando seu favoritismo no grupo. No outro jogo da chave na rodada, o Talleres venceu ao Sporting Cristal por 1 x 0 em Córdoba. Líder com 9 pontos, o Flamengo via o Talleres com 6, a Católica com 3 e o Sporting Cristal sem pontos.

O Flamengo teve a oportunidade de sacramentar sua soberania no grupo na 4ª rodada, quando enfrentou ao Talleres no Estádio Mário Alberto Kempes, na Argentina. Não conseguiu a vitória nem voltou a país com a classificação matematicamente assegurada, mas a deixou muito bem encaminhada. O time esteve duas vezes atrás no placar, no estádio lotado em Córdoba, mas duas vezes conseguiu buscar o empate que o levou aos 10 pontos. No outro jogo do grupo, Universidad Católica e Sporting Cristal também empataram, no Peru (1 x 1). Na tabela: Flamengo com 10 pontos, Talleres com 8, Católica com 4 e Sporting Cristal com 1.

Não só a classificação como o 1º lugar no grupo foram assegurados na 5ª rodada, após uma vitória sem grande dificuldade por 3 x 0 sobre a Universidad Católica no Maracanã. O resultado definiu os classificados às oitavas de final com uma rodada de antecipação, já que na outra partida, Talleres e Sporting Cristal empataram sem gols no Peru. Flamengo, com 13 pontos, e Talleres, com 8, avançaram. A Católica, com 4 pontos, e o Sporting Cristal, com 2, terminaram eliminados.

Ainda que fosse um fato a fragilidade do grupo, e que Flamengo e Talleres precisaram de apenas 5 rodadas para confirmar as previsões esperadas por quase todos, é sempre válido se ter a referência histórica de que entre 2002 e 2014, por diversas vezes o Flamengo enfrentou grupos tão fáceis quanto e acabou eliminado prematuramente ainda na Fase de Grupos.

Fechando a Fase de Grupos, o time recebeu ao lanterna Sporting Cristal no Maracanã. Poupou titulares e obteve uma vitória magra por 2 x 1, suficiente para lhe assegurar a sua segunda melhor campanha na história das 16 edições de Fase de Grupos que disputou da Copa Libertadores até então. No outro jogo, em Santiago, em outra partida cujo resultado era indiferente para a classificação final do grupo, o Talleres venceu à Católica por 1 x 0. Ao fim da fase, o Flamengo alcançou 16 pontos, o Talleres 11, a Universidad Católica apenas 4 e o Sporting Cristal, sem vencer nenhuma vez, ficou só com 2 pontos.


MATA-MATA

O adversário rubro-negro nas oitavas de final foi o Deportes Tolima, da Colômbia. O primeiro confronto foi jogado na cidade de Ibagué, onde o Flamengo atuou pela primeira vez em sua história. Voltou para o Rio com uma vitória por 1 x 0 que lhe dava alguma tranquilidade para fazer a partida de volta no Maracanã. Em casa, construiu história! Com uma goleada impressionante por 7 x 1, em noite de quatro gols de Pedro, avançou sem dificuldade às quartas de final, onde o adversário foi o Corinthians, que eliminou ao Boca Juniors em disputa de pênaltis após dois empates sem gols.

O confronto de quartas de final se iniciou em Itaquera, na capital paulista. E a trajetória rubro-negra se iniciou muito bem, com uma imponente vitória por 2 a 0 como visitante, abrindo uma enorme vantagem para o jogo de volta no Maracanã, buscando selar pela terceira vez em quatro anos uma passagem às semi-finais da Libertadores. E no Maracanã, a equipe soube administrar a vantagem. Venceu por 1 x 0 e conseguiu mais uma vez se assegurar entre os quatro primeiros da América do Sul.

Um marco expressivo. Nas suas quatro primeiras participações em Libertadores, entre 1981 e 1984 o Flamengo chegou três vezes à semi-final. Mas de 1981 a 2018, um intervalo de 37 anos, tendo participado de 14 edições da competição, aquelas tinham sido suas únicas três vezes em semi-final. Entre 2019 e 2022, novamente num intervalo de quatro edições consecutivas, o clube voltou a chegar num intervalo de 4 anos por três vezes à semi-final, igualando o desempenho dos trinta e sete anos imediatamente anteriores.

O adversário na semi-final saiu de um duelo entre argentinos - Vélez Sarsfield x Talleres - tendo a vaga ficado com o Vélez, que venceu duas vezes a seu adversário. A disputa se iniciou pelo confronto em Buenos Aires. O rival estava com um desempenho bastante ruim no Campeonato Argentino, mas ainda assim seus torcedores lotaram o estádio para tentar empurrar à sua equipe. Mas a superioridade tática e técnica do time do Flamengo ficou muito evidente: virou dois no intervalo, fechou quatro no final. Goleada rubro-negra fora de casa, dentro da Argentina, um resultado muito impactante. O 4 a 0 como visitante deixava o Flamengo muito próximo de sua terceira final de Copa Libertadores da América num intervalo de quatro anos. Um resultado monstruoso!

Para selar oficialmente a classificação a mais uma finalíssima continental, a torcida rubro-negra esgotou mais uma vez todos os ingressos disponíveis para a partida no Maracanã. Apesar da ampla vantagem, a ansiedade por valer vaga na final estava no ar. E aumentou quando o Vélez saiu na frente no placar logo com 20 minutos de bola rolando. Mas no finzinho do primeiro tempo, o artilheiro rubro-negro na competição acertou uma linda cabeçada: bola no travessão, no chão, e na rede por trás do travessão. Empate, e alívio. No segundo tempo, o Vélez diminuiu seu ímpeto, o Flamengo dominou as ações, e ainda conseguiu a virada. Uma campanha espetacular: 12 jogos, 11 vitórias, 1 empate e 0 derrotas. Terceira final de Libertadores em quatro anos. E o adversário não era o esperado. Na outra semi-final, o Athlético Paranaense eliminou o Palmeiras e impediu que fosse repetida a final do ao anterior. Mas pelo terceiro ano consecutivo, a final seria entre dois brasileiros. Jogo único em Guayaquil, no Equador.

O Flamengo conseguiu um feito raro na história da Libertadores: foi tão só a 9ª vez na história, em mais de 60 edições, que um clube conseguiu chegar por três vezes a uma final num intervalo de quatro anos. Peñarol, do Uruguai, e Estudiantes de La Plata, da Argentina, fizeram três finais consecutivas nos Anos 1960. Nos Anos 1970, o Independiente de Avellaneda e o Boca Juniors, ambos da Argentina, também conseguiram tal feito. Mas há um fator: até então o campeão de uma edição entrava direto na semi-final na edição seguinte, o que lhes facilitava tal feito. Depois disto, nos Anos 1980 o América de Cali, da Colômbia, fez três finais seguidas, tendo perdido as três, e no início dos Anos 1990, o Olimpia do Paraguai, e o São Paulo também fizeram três finais seguidas. Após 1995, este feito só havia sido conseguido uma única vez, pelo Boca Juniors entre 2000 e 2004, quando jogou quatro finais num intervalo de cinco anos. Feito fantástico e gigante do Flamengo.

O time rubro-negro foi ao Equador, para a decisão em jogo único, em busca de coroar uma campanha maravilhosa e histórica. O Athlético Paranaense - treinado por Luiz Felipe Scolari, técnico que chegava pela quarta vez a uma final de Libertadores, e que naquela edição havia sido o primeiro treinador na história a chegar pela sexta vez a uma semi-final de Libertadores - tinha um time de fortes características defensivas. A expectativa era que o Flamengo ficasse com a bola e propusesse o jogo, enquanto o Athlético esperaria e se defenderia. Os dois times tinham se enfrentado alguns meses antes pelas quartas de final da Copa do Brasil, com um empate sem gols no Maracanã e uma vitória flamenguista em Curitiba. E pelo returno do Campeonato Brasileiro, no Maracanã, houve uma goleada do Flamengo por 5 a 0, a maior na história do confronto até então. Em todos estes duelos entre Dorival e Felipão, foi assim que taticamente o jogo tinha se desenhado.

Já diz um ditado do futebol: final não se joga, final se ganha! E o que o Flamengo realmente precisava fazer quando entrou em campo em Guayaquil, no Equador, era jogar para conquistar o título. Como um prêmio à majestosa campanha que fez até ali, contra o peso histórico que representaria perder uma final de Libertadores por um segundo ano consecutivo. E foi o que o time do Flamengo fez. Não teve uma atuação exuberante, tendo feito o justo e suficiente para obter uma vitória magra por 1 a 0 que lhe deu seu terceiro título sul-americano em sua história, o segundo em quatro anos. Fantástico!

Com o resultado, concretizou a maior campanha na história da Copa Libertadores da América até então, com um aproeitamento de 94,9% dos pontos disputados, invicto com 12 vitórias e 1 empate nas 13 partidas disputadas, com um saldo de gols de 25,tendo convertido 33 tentos e sofrido apenas 8. Um desempenho fabuloso!

E o heroi da conquista foi mais uma vez Gabriel Barbosa, o Gabigol, autor dos dois gols da virada sobre o River Plate na final de 2019, autor do gol na derrota perante o Palmeiras na final de 2021, e autor do gol do título de 2022. Três finais de Libertadores e quatro gols!

Com o título de 2022, o Flamengo igualou-se com três conquistas a Santos, São Paulo, Palmeiras e Grêmio entre os brasileiros mais vezes campeões da Libertadores. Igualou-se também a dois clubes tradicionais da América do Sul com 3 conquistas: o Nacional, de Montevidéu, e o Olimpia, de Assunção. Com mais títulos do que o Flamengo, após a conquista de 2022, só havia 5 clubes, quatro argentinos e um uruguaio: Estudiantes e River Plate com 4, Peñarol com 5, Boca Juniors com 6, e Independiente com 7.




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