segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O Flamengo vai embarcar na onda das SAFs?


O debate esquentou ao longo de 2022, ano que se iniviou com Cruzeiro, Botafogo e por último o Vasco sendo vendidos para investidores dentro da lei pouco antes aprovada de Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs). No fim do ano o Bahia anunciou que seria o próximo da fila, e o Atlético Mineiro preparava-se para seguir na mesma direção. No contexto das discussões de quanto valeria cada clube de futebol, o debate naturalmente passou pelo Flamengo. O vice-presidente Rodrigo Dunshee de Abranches deu uma entrevista que repercutiu muito, e quem também se manifestou, numa série de publicaçõs no Twitter foi Ricardo Hinrichsen.

Ricardo Hinrichsen concorreu à Presidência do Flamengo na eleição realizada no fim de 2021, na qual acabou com a última colocação entre os quatro concorrentes, tendo recebido apenas 134 votos entre os 2.002 sócios que compareceram às urnas, o que representou meros 6,7% dos votos totais. 

Eis a seguir a reprodução dos tweets postados por ele, para reflexão dos rubro-negros. É consenso que o Flamengo não será vendido. Mas dentro do contexto do modelo de SAF, haveria margem para uma abertura de capital via entrada de sócios não maioritários. E é neste contexto de reflexão que as ideias abaixo são compartilhadas, para reflexão de todos os rubro-negros:

1 - Aproveitando que o tema SAF e Flamengo ganhou repercussão hoje, eu gostaria de lembrar aqui a nossa posição sobre isso, detalhada no capítulo Finanças de nosso Plano de Governança (PDG). Na ocasião identificamos 2 desafios estratégicos de longo prazo para o clube em termos financeiros.

2 - O primeiro desafio identificado foi a necessidade de desenvolver estratégias de captação de recursos extra geração orgânica de caixa futebol. Nossa sugestão na época foi criação de veículos de co-investimento, como alternativa a uma venda de participação no clube como um todo.

3 - Nesse caso seriam criadas pelo clube empresas para a exploração específica de uma oportunidade de negócio (mídia digital, tokens, licenciamento, etc), e o investidor compraria participação nessas empresas, não no clube, que permaneceria entidade associativa.

4 - Citamos alguns exemplos, inclusive o do projeto do Tondela (lembram?) que estava estruturado pela diretoria do Flamengo exatamente dessa forma. Havia ainda o exemplo do Barça Studios, empresa de mídia digital para o qual o Barcelona buscava investidores externos.

5 - A premissa para nossa recomendação é que o futebol brasileiro entrará nos próximos anos (2022/25) em uma fase de entrada de investidores internacionais, e que muitos deles poderiam financiar operações deficitárias por anos, para "comprar" market share.

6 - Recebemos algumas críticas durante a campanha nos acusando de alarmismo. Que horas a SAF e outros formatos demorariam anos para decolar no futebol brasileiro, se decolassem...

7 - Nosso PDG e suas recomendações foram escritas há exatamente 1 ano atrás, e vejam o que aconteceu de lá pra cá. Foi inclusive mais rápido do que havíamos projetado. Continuamos com a mesma visão de 2021. Não precisamos de SAF mas precisamos de alternativas para alavancagem.

8 - Além da onda das SAFs no Brasil, vimos esse ano o FC Barcelona vender 2 cotas do Barça Studios, totalizando 48% de seu capital. Isso salvou o clube de uma situação momentânea complicadíssima, onde não podia contratar jogadores.

9 - O segundo desafio estratégico identificado foi a necessidade de geração de caixa em moeda forte, desvinculado da venda de direitos econômicos. Nossa recomendação foi focada no desenvolvimento de novas tecnologias associadas ao negócio futebol, e sua exploração posterior.

10 - Nesse caso o benchmark usado foi o Inovation Hub, também do FC Barcelona, embora hajam exemplos cada vez mais abundantes de clubes que vem adotando estratégias semelhantes, como o Bayern de Munique, por exemplo.

11 - Finalmente consolidamos as 2 recomendações em uma estratégia de desenvolvimento de novos negócios (spin-offs) explorando tanto propriedade de marca, quanto knowhow.


12 - Somos amplamente favoráveis não apenas à manutenção do Flamengo como entidade associativa, mas que o Clube mergulhe nesse modelo ampliando significativamente seu quadro associativo, refletindo a grandeza da nação rubro-negra.

13 - Porém, a manutenção do clube como entidade associativa não significa que o Flamengo não possa (e deva) se ajustar a uma nova realidade em termos de investimento no futebol global, que agora chega ao Brasil. Precisamos preservar nossa essência, e ao mesmo tempo evoluir.


Em linha com as propostas acima do Ricardo Hinrichsen, uma sugestão adicional do Blog A NAÇÃO: em linha com o modelo "NBA House", já presente no Brasil enm São Paulo, um grande ponto de encontro para fãs de basquete verem partidas da NBA, o Flamengo tem um enorme potencial de levar a experiência do estádio de futebol para "Casas do Flamengo" espalhadas pelo Brasil inteiro. Seria um multiplicador da capacidade de Arrecadação com Bilheteria do clube.

O  modelo de negócio pode unir tecnologias de conectividade e transmissão de imagens, oferecendo locais em tela grande que fizessem estas "Casas Flamengo" passarem a sensação de que se estivesse vendo o jogo dentro do estádio, a um ticket menor do que a ida ao Maracanã, com intensivo consumo, em ambiente controlado e seguro, e atingindo uma quantidade muito maior de público do que qualquer estádio pode oferecer: Manaus, Belém, Natal, Brasília, Florianópolis... centenas de rubro-negros conectados Brasil a fora ao que estaria acontecendo no estádio durante o jogo. Fora o potencial de pré e pós-jogo conectado à Fla TV Mais. E com potencial de oferecer consumo durante outros dias passando reprises e programações da FlaTV.


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