segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Maiores Jogos da História do Flamengo: 10/11/24 - Flamengo 1 x 0 Atlético Mineiro



Jogos Inesquecíveis: 10/11/2024 - Flamengo 1 x 0 Atlético Mineiro

A conquista na final da Copa do Brasil de 2024 foi mais uma daquelas partidas que tiveram um sabor especial na história do Flamengo. O clube vinha numa temporada turbulenta, havia perdido todo o seu ataque titular por lesão - Luiz Araújo, Pedro e Éverton Cebolinha - e para aquela final havia perdido também ao meio-campista uruguaio Nicolas De La Cruz.

A campanha na Copa do Brasil foi gigante. Eliminou ao Palmeiras nas oitavas de final e ao Corinthians na semi-final, tendo em ambas as oportunidades jogado a primeira partida no Maracanã e decidido a segunda fora de casa, mesma situação que se repetiria na final diante do Atlético Mineiro. Foi campeão sofrendo apenas dois gols em toda a campanha, no jogo se volta das oitavas contra o Palmeiras em São Paulo, e na primeira partida da final contra o Atlético no Maracanã.

O Flamengo venceu ao primeiro jogo da final por 3 a 1, após abrir três gols de vantagem, gols marcados por Gabigol e um por Arrascaeta. Podia perder em Belo Horizonte por até um gol que seria campeão. Primeira final disputada pelo Atlético em seu novo estádio, onde o Flamengo só havia atuado uma vez até então, no 1º turno do Brasileirão 2024, quando venceu por 4 a 2. O estádio utilizava os direitos de nome (naming rights, na expressão em inglês) da construtora imobiliária mineira MRV Engenharia. No fim, uma nova vitória do Flamengo, e com a volta olímpica rubro-negra, a Arena MRV se tornou a "Arena Meu Rival Venceu"! Flamengo, Campeão da Copa do Brasil de 2024! Quinto título rubro-negro desta competição na história.



Ficha Técnica
10/11/2024 - Flamengo 1 x 0 Atlético Mineiro
Local: Arena MRV (Arena do Galo), Belo Horizonte (Público: 44.876 pagantes)
Gol: Gonzalo Plata (37'2T)
Fla: Agustin Rossi, Wesley, Léo Ortiz, Léo Pereira (David Luiz) e Alex Sandro; Évertton Araújo, Erick Pulgar, Giorgian De Arrascaeta (Fabrício Bruno) e Gérson; Michael (Gonzalo Plata) e Gabriel Barbosa (Bruno Henrique).
Téc: Filipe Luís
Atlético: Everson, Lyanco (Renzo Saravia), Rodrigo Battaglia, Junior Alonso e Guilherme Arana (Rubens); Otávio (Alan Kardec), Alan Franco, Gustavo Scarpa (Alisson Santana) e Matías Zaracho (Bernard); Paulinho e Hulk.
Téc: Gabriel Milito



A História do Jogo

Após o primeiro jogo com vitória por 3 a 1 no Maracanã, o Flamengo podia perder em Belo Horizonte por até um gol de diferença que seria o campeão daquela edição da Copa do Brasil.

O treinador rubro-negro era o ex-lateral-esquerdo Filipe Luís, que iniciando a carreira como treinador, tinha tido um ano cheio de emoções. Após se aposentar dos gramados no fim de 2023, com direito a jogo de despedida no Maracanã, ele começou o ano de 2024 a frente da equipe rubro-negra Sub-17, com a qual se sagrou Campeão da Copa Rio. Passou a treinar então a equipe Sub-20, com a qual se sagrou Campeão da Copa Intercontinental da categoria, batendo ao Olympiacos, da Grécia, campeão europeu sub-20, no Maracanã. Após a saída do técnico Tite, assumiu o time profissional. Naquela tarde de domingo em Belo Horizonte fazia tão só a sua 9ª partida comandando o Flamengo.

Com a vantagem, Filipe Luís foi mais cauteloso na escalação para o segundo jogo. Na primeira partida ele não pode contar com o volante chileno Erick Pulgar e o atacante Bruno Henrique, que estavam suspensos. Para a segunda, lançou Pulgar no time e jogou com dois cabeças-de-área, sacando o atacante equatoriano Gonzalo Plata da formação titular que começaria jogando. Do lado atleticano, o técnico argentino Gabriel Milito, que na primeira partida havia começado com dois laterais-esquerdo, preocupado com os avanços do lateral-direito rubro-negro Wesley ao ataque, sacou um e começou com o meia argentino Zaracho, para reforçar o poderio ofensivo da sua equipe.

A partida se iniciou tensa, como não deixaria de ser. A primeira oportunidade real foi rubro-negra: aos 2 minutos do 1º tempo, Arrascaeta encontrou Gérson no meio da defesa alvi-negra, o camisa 8 bateu na saída do goleiro Everson, que fechou o ângulo e fez a defesa com o peito. Aos 13 minutos, o atacante Hulk cobrou uma falta da intermediária com um potente chute forte, que o goleiro argentino Agustin Rossi não conseguiu segurar, mas a zaga deu cobertura para impedir que Guilherme Arana completasse para o gol, e o arqueiro rubro-negro conseguiu fazer a defesa.


A chance mais perigosa mesmo, no entanto, só aconteceu aos 18 minutos: Zaracho deu passe para Hulk na entrada da área, que novamente disparou um petardo, que mais uma vez não pode ser segurado por Rossi. O rebote sobrou na pequena área, com o goleiro caído, e enquanto os zagueiros tentavam impedir que Paulinho finalizasse para abrir o placar, o próprio goleiro rubro-negro conseguiu, ainda deitado, usar o pé para dar um chute para a lateral do campo. Oportunidade de muito perigo em favor do time alvi-negro.

O Flamengo também quase marcou sete minutos depois: aos 25 minutos o lateral Wesley conseguiu avançar em velocidade pela linha de fundo, penetrar na área quase junto à linha de fundo e cruzar. De Arrascaeta mergulhou na entrada da pequena área e, com consciência, tentou tirar força da bola e tocá-la no contra-pé de Everson, que se movimentava em direção ao centro do gol. A bola caprichosamente fez uma parábola e passou tirando tinta da trave. Quase que o Flamengo saiu na frente!

Aos 27 minutos, Gérson acertou um bom chute da entrada da área, que Everson defendeu a escanteio. Mas foi o Atlético quem quase marcou de novo numa trapalhada de saída de bola rubro-negra aos 35 minutos. Rossi trocou passes com os zagueiros, recebeu de volta e ao ser pressionado por Paulinho tentou sair jogando com um passe para Pulgar, que saiu forte e longe de seu pé. O chileno tentou devolver como pode e jogou a bola no peito de Paulinho, com a bola batendo nele e indo em direção ao meio da área. O atacante alvi-negro concluiu para o gol, mas Rossi teve tempo de se recuperar e abafar, impedindo com a perna que a bola fosse em direção ao gol. Um susto!

No minuto, um lance que poderia ter mudado a história da partida! Aos 36 minutos, o time rubro-negro pressionou a saída e recuperou a posse de bola, o meia uruguaio Arrascaeta foi acionado, recebeu, partiu em velocidade e driblou o zagueiro Lyanco, que o agarrou pela cintura e ainda lhe deu uma rasteira. Se houvesse passado, não haveria nenhum outro atleticano entre ele e o goleiro, e Michael ainda entreva completamente livre, sem nenhuma marcação, pelo meio. Era inquestionavelmente para aplicação de cartão vermelho, mas a verdade é que o árbitro não teve coragem para o aplicar, dando-lhe apenas cartão amarelo.

O Flamengo conseguiu segurar o ímpeto atleticano na primeira metade de jogo e foi para o intervalo segurando um empate sem gols que lhe era suficiente para assegurar o título. O Atlético precisaria se arriscar na etapa final, seu treinador já fez substituições no intervalo com este intuito, mas do lado rubro-negro, Filipe Luís anteviu o movimento estratégico do treinador argentino e também mexeu. Foi muito feliz na mudança que fez!

Na volta do intervalo, o técnico Milito sacou da equipe o já amarelado zagueiro Lyanco, precavendo-se frente ao árbitro ter repensado no vestiário durante o intervalo a justiça por trás do vermelho não dado, e no seu lugar lançou um lateral-direito de ofício, o argentino Saravia, para formar a defesa junto ao também argentino Battaglia e ao paraguaio Junior Alonso. Ele também tirou o cabeça-de-área Otávio e lançou o centroavante Alan Kardec, autor do gol, atleticano na primeira partida no Maracanã. Iria com tudo para o ataque para buscar o título a seu favor. 

Filipe Luís anteviu isto, e voltou do intervalo com Bruno Henrique no lugar de Gabigol. Assim teria dois velocistas na frente, Michael e BH, numa estratégia clara de tentar encontrar buracos defensivos em meio à ofensividade tática que Milito traria para o 2º tempo. E funcionou! O Galo passou a ter mais posse e presença no ataque no início da segunda etapa, pressionando em busca de fazer o seu primeiro gol.

O Flamengo se defendia muito bem, sem tomar sustos. Enquanto isto, o Flamengo saía em rápidas contra-ataques e empilhava oportunidades seguidas de matar a partida. Com o Atlético indo à frente em bloco, o Flamengo começou a achar espaços e encaixou contra-golpes: aos 6 minutos Rossi repôs rápido e acionou Bruno Henrique, que ganhou de Battaglia na velocidade e chutou para boa defesa de Everson, e aos 17 minutos foi BH de novo quem ganhou disputa com Saravia e entrou livre, frente a frente com Everson, tendo tentado tocar por cobertura, mas com o goleiro dando um tapa para impedir o gol. Aos 20 minutos, em mais um contra-ataque, a bola sobrou para Michael dentro da área, que poderia ter tentado concluir, mas ele preferiu tentar o drible sobre o goleiro, que se tirou para conseguir arrancar a bola de seus pés.

Em mais uma mudança estratégica na qual teve perfeita leitura do jogo, Filipe Luís tirou Arrascaeta de campo e colocou o zagueiro Fabricio Bruno. Ao mesmo tempo que buscava se proteger defensivamente, queria utilizar a boa capacidade para fazer lançamentos tanto do próprio Fabrício quanto do também zagueiro Léo Ortiz. Porém, seus atacantes começaram a dar sinais de desgaste físico, e então ele lançou o atacante equatoriano Gonzalo Plata no lugar de Michael, para seguir tentando explorar a força dos contra-ataques para definitivamente matar o jogo.

Aos 34, em outro contra-ataque, BH acionou Plata pela direita de ataque, que avançou e cruzou para o meio. A bola atravessou a área e encontrou Alex Sandro sozinho na entrada da pequena área pelo lado esquerdo, com o gol estando quase vazio. Ele chutou, mas Everson defendeu. Um gol inacreditavelmente perdido!

Aos 35 minutos, Gérson chutou, a bola bateu na defesa e subiu, decaindo dentro da grande área, tendo Plata, vindo correndo de trás, ganhado em impulsão do zagueiro e tocado por cima do goleiro. A bola atravessou à frente do gol e dava a impressão que entraria, mas caprichosamente passou próxima à trave e não entrou! Era inacreditável a quantidade de oportunidades claras que o Flamengo desperdiçava para liquidar a fatura de forma definitiva e sacramentar o seu título.

Parecei que iria prevalecer a máxima do folclore futebolístico do "quem não faz, leva". E quase foi assim. Aos 36 minutos saiu a chance mais clara de gol do Atlético em toda a partida, num escanteio pelo lado esquerdo de ataque, a bola atravessou a pequena área rubro-negra pelo alto, sem que Rossi conseguisse cortar. Veio então uma ajeitada de cabeça para o meio que cruzou novamente a pequena área, agora em sentido contrário, encontrando Alan Kardec livre no meio dela, com Rossi já tendo ficado para trás. O centroavante atleticano tentou concluir mas furou, e a zaga rubro-negra conseguiu afastar com um bico para o alto.

Este bico caiu no meio da intermediária, Bruno Henrique conseguiu então ganhar a bola após um bate-rebate e se lanças em diagonal. Ele viu o equatoriano Plata partir em velocidade e lançou para frente. Plata partiu de trás da linha do meio de campo, não caracterizando impedimento e avançou em direção ao gol. Foi combatido por Saravia e se livrou dele com um drible seco, partindo em diagonal da esquerda para o centro. Battaglia tentou chegar para dar combate, mas não o alcançou. Ele ficou frente a frente a Everson, e com um toque sutil encobriu o goleiro o atleticano, até a bola morrer no fundo da rede. O relógio marcava 36 minutos e 42 segundos quando ela cruzou a linha: Flamengo 1 a 0!



Dali em diante praticamente não teve mais jogo. Uma chuva de copos foi atirada em direção aos jogadores do Flamengo que correram para comemorar com a torcida rubro-negra que estava em parte do anel superior. Bombas foram jogadas, tentativas de invasão de campo, algumas consumadas, mas contidas pela equipe de segurança antes que chegassem a algum rubro-negro.

O jogo ainda foi reiniciado e o Flamengo quase marcou um segundo gol. Aos 46 minutos, Bruno Henrique avançou e cruzou para Wesley, que chegou batendo forte e acertando a cabeça do goleiro Everson, quase marcando o segundo. Aos 50 minutos, foi BH novamente quem entrou em velocidade, iria para ficar frente a frente ao goleiro, mas Saravia o agarrou como pode para o jogar ao chão. Desta vez o árbitro não foi covarde: cartão vermelho para o argentino.

Após 9 minutos de acréscimo, enfim foi apitado o fim do jogo. Festa rubro-negra em Belo Horizonte! Festa do Flamengo na "Arena Meu Rival Venceu"! E se repetiram as cenas de copos e garrafas, bombas e tentativa de invasão de campo para impedir a comemoração rubro-negra. Festa histórica! Flamengo, Campeão da Copa do Brasil de 2024.

Enquanto a polícia continha os baderneiros e o estádio ia se esvaziando, os jogadores esperavam em campo e davam entrevistas antes de erguer a taça. Numa delas, Gabriel Barbosa anunciava que era a sua última final pelo Flamengo. Após duas temporadas ruins, a diretoria rubro-negra optou pela não renovação de contrato. Desde julho ele tinha liberdade para assinar com outro clube, e às vésperas da final havia assinado para, a partir de janeiro de 2025, defender ao Cruzeiro. O herói das conquistas da Libertadores de 2019 e 2022 dava seu adeus. Era um misto de sentimentos, como no anúncio da saída de Zico para a Udinese após a vitória sobre o Santos na final do Campeonato Brasileiro de 1983. Mas a festa era toda em vermelho e preto, e nada atrapalharia. Flamengo campeão!







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