O Flamengo conquistou três títulos consecutivos da Liga Nacional Brasileira de Basquete. Um feito histórico. No embalo das conquistas, deu-se uma oportunidade rara de relato de quem esteve lá dentro, vivendo a rotina destas vitórias. O vice-presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo, Alexandre Póvoa, escreveu cartas para cada uma das grandes conquistas no período. Um belo relato histórico a ser preservado na memória do basquete brasileiro. Segue abaixo a última carta da série.
Um relato de agradecimento, descrição das dificuldades e muitas vezes repleto de desabafos.
Carta 5 (NBB 7) - transcrita abaixo
Carta escrita em junho de 2015
Faço isso por obrigação. Sou apenas mais um torcedor que “estou” vice-presidente por circunstância e acho que os rubro-negros, que tanto nos apoiam, merecem essa prestação de contas.
Chegou então a hora de falarmos sobre o tricampeonato brasileiro seguido (NBB 7), o quarto título de NBBs do Flamengo, o que nos tornou o maior vencedor da história da competição. As emoções dos títulos internacionais são incomparáveis, mas em termos de NBBs, o campeonato desse ano tonou-se, disparadamente, a conquista mais difícil, a mais comemorada e, por conseguinte, a mais saborosa de todas. Pelas razões que contarei aqui.
A emoção especial ao levantarmos a taça no dia 30/05 não pode ser entendida sem falarmos sobre o ano mais inesquecível da rica história do basquete do Flamengo. Primeiro, a fase de formação do elenco. Sempre buscamos, na hora das contratações, não analisar o perfil do atleta apenas como jogador, mas como homens na acepção da palavra. Craque, que não seja de perfil de grupo, não nos interessa. Isso não quer dizer que raça somente seja suficiente. A alma rubro-negra é composta por um misto de talento, competência e entrega total. Sem um desses pilares, nosso âmago flamenguista não está completo.
Outra coisa. Craque, que pretende usar o Flamengo apenas como caminho para ir para outro clube no exterior ou para a NBA, não serve para o nosso clube. Com todo o respeito a qualquer atleta, a grandeza do Flamengo não permite que sejamos “meio”, apenas “fim”, objetivo final. Mesmo que o atleta seja “um Lebron James” (até porque, afinal, como canta a galera, o Meyinsse não é melhor que o Lebron? risos).
Foi um início de temporada completamente atípico, com os jogos mais importantes da história do basquete rubro-negro: A Copa Intercontinental, com duas partidas contra o campeão europeu e três desafios contra adversários da NBA, em território norte-americano (o primeiro convite a uma equipe latino-americana). Tínhamos que nos preparar da forma mais intensa possível, mas as condições conspiravam contra nós. O calendário não ajudou por conta do Mundial de Basquete em que tínhamos quatro jogadores (dois na Argentina e dois no Brasil) convocados. A impossibilidade de um tempo extenso de treinamento evidentemente isso influenciou na formação do grupo. A decisão foi não mexer na espinha dorsal do time do ano anterior, dado o risco de não alcançarmos o entrosamento desejado com o pouco tempo para treinar. Fomos obrigados a “pular etapas” de pré-temporada, o que certamente nos prejudicou fisicamente no começo da NBB. Isso não é desculpa, é científico. Porém, ser campeão do mundo e ter feito bons jogos contra equipes da NBA já justificaram plenamente a opção realizada, mesmo que, hipoteticamente, o planejamento do resto da temporada tenha sido prejudicado ou se provasse que o elenco ideal não seria aquele, o que sempre tive a convicção de que não seria o caso.
A partir da nossa volta dos EUA, começou um prolongado período de inferno astral, uma provação para um grupo que, definitivamente, não está acostumado a perder. Derrotas em sequência, em um total de seis no primeiro turno da NBB. Um jogo que perdemos – contra Macaé – foi simbólico nesse período: O adversário nos derrotou convertendo quatro pontos em 4 segundos, com um lance-livre certo, outro errado de propósito, um rebote ofensivo e uma bola de três. Além de jogarmos mal, tudo dava errado e “forças sobrenaturais” começaram a surgir. O Flamengo tinha se transformado no “time a ser batido” e a cada jogo sentimos aquele esforço extra do adversário para tirar uma “casquinha” do campeão do mundo. Por falar em coisas estranhas, o que dizer de uma partida em Uberlândia onde, após liderarmos por 17 pontos no terceiro quarto, repetimos nossa irregularidade, permitimos a virada e, ainda por cima, tomando 9 (!!!) faltas técnicas do mesmo árbitro (???). Provavelmente, um recorde mundial.
Para piorar o clima, tivemos um problema de atraso de salários no final do ano, por conta de questões burocráticas tanto no Governo do Estado como na empresa que nos patrocina (uma explicação que não justifica o erro da diretoria). Logo depois, prosseguindo a fase esquisita, tivemos o episódio do WO em um jogo contra o E.C. Pinheiros no Rio de Janeiro, em que um juiz de uma vara do RJ, em decisão inédita, por falta de um laudo, não permitiu a realização de uma partida mesmo com os portões fechados (até hoje não entendemos qual seria o risco). O tribunal da Liga Nacional de Basquete nos aplicou a pena máxima pela não realização da partida, mesmo o Flamengo sendo réu primário e de termos pedido à Liga Nacional de Basquete autorização para jogar na Gávea (todos sabedores que na nossa cidade – tenho vergonha de falar isso - não existem alternativas economicamente viáveis). Além disso, tentamos mostrar, em vão, que outras situações semelhantes ocorreram com os outros clubes, sem a existência de denúncias e muito menos a aplicação da pena com o mesmo rigor. Depois de todos os laudos liberados, o Ministério Público chegou ao cúmulo de sugerir que “mesmo assim somente jogos de basquete continuassem proibidos, já que públicos de jogos de vôlei – Unilever - e basquete são diferentes”. O Flamengo chama realmente a atenção. Enfim, um absurdo e realmente a maré completamente contra, apesar de todos os nossos veementes protestos. Soltamos notas oficiais de indignação, agimos juridicamente alegando que a LNB não estava sendo equânime por conta da inexistência da denúncia em outros ginásios, mas de nada adiantou. Também pedimos que a Liga divulgasse os laudos dos outros ginásios e a mesma respondeu que “não tinha obrigação de fazê-lo”. Começamos então a perceber que, para ganhar a NBB7, teríamos que ser “mais Flamengo do que nunca”.
Para piorar, dentro da quadra, o time nitidamente não desenvolvia o seu potencial, apesar de termos perdido apenas uma partida no segundo turno do NBB. Conversas e mais conversas se seguiam. Chegamos ao Final Four da Liga das Américas e ainda fizemos um enorme esforço financeiro (que resultou em grande prejuízo) para trazer de novo o evento para o Rio de Janeiro. Aí, veio disparadamente o maior baque dos últimos três anos. Mais uma partida muito irregular contra o Pioneros do México (chegamos a abrir boa frente) e a dura derrota na prorrogação da semifinal da competição. Nunca vou me esquecer do semblante de cada um do grupo – atletas, comissão técnica e dirigentes - no vestiário no Maracanãzinho, naquele verdadeiro nocaute na alma. Terrível dia 11 de março, silêncio ensurdecedor, decepção aterrorizante que ficará marcada. Ainda vencemos no dia seguinte a decisão do terceiro lugar nos arrastando, mas o luto demorou a passar e as cicatrizes ficaram até hoje. Essas cinzas, porém, como ocorre com todos os fortes de espírito, transformaram-se nas sementes do renascimento.
Aprendemos nessa temporada que conduzir a motivação, treinamento e concentração de um grupo super-vencedor, que apenas defenderia títulos, é tarefa tão ou mais complexa do que lidar com um time perdedor na essência. Ser “Campeão de tudo” não é para qualquer um, mas pode até acontecer de forma efêmera. Manter-se no topo é um desafio muitas vezes mais complexo e exige uma reinvenção permanente, mesmo com a manutenção dos mesmos dirigentes, comissão técnica e base de jogadores.
Em meio a essa temporada turbulenta, veio o episódio com o nosso capitão Marcelinho, que cometeu uma falta disciplinar importante. Era imperioso naquele momento, implantar soluções que preservassem a unidade do grupo e que, ao mesmo tempo, respeitassem a disciplina do clube, a hierarquia do técnico e a conservação da figura positiva de maior ídolo da história recente do basquete do Flamengo. Sempre pensando no futuro e com o clube acima de tudo. Posições muito radicais de ambos os lados, foi preciso agir com força e aparar muito as arestas e aí o trabalho da direção foi importante, sem nenhum alarde ou propaganda do ocorrido. Em um episódio sem derrotados, o grande vencedor foi o Flamengo, coroado na grande atuação do nosso “Velho” nos playoffs que, com senso de grupo e esbanjando categoria, passou a entender a sua nova função no time.
A verdade é que o time demorou a se encontrar novamente. Mesmo treinando 21 dias entre a fase de classificação e os playoffs, a irregularidade, marca constante da equipe durante toda a temporada, esteve presente até o quarto jogo do playoff quartas de final. Exatamente no domingo anterior ao quinto e decisivo jogo contra São José, houve um treino na Gávea que foi marcante. Conversamos longamente com a comissão técnica em separado e depois com os jogadores. Era hora de ficar claro que, com a corda no pescoço, estávamos prestes a, paradoxalmente, no mesmo ano, sermos campeões do mundo e atingirmos a pior campanha da história do Flamengo nas sete NBBs. Esse grupo não merecia isso. Lembro-me de ter dito a eles que minha maior frustração na temporada 2014/15 não seria perder a NBB. Mas constatar que, com exceção do épico segundo jogo contra o Maccabi, não conseguiria ver o excelente time que montamos fazendo uma atuação digna de seu potencial. Havia chegado a hora-limite do questionamento individual e entre nós mesmos. Muita gente já havia apontado o favorito da NBB cedo demais, colocando o Flamengo como “time envelhecido e desmotivado”. Havia chegado momento de provarmos o contrário e darmos uma resposta à altura. Não haveria outra chance.
A partir dali, nossa história na NBB 7 começou a mudar. O astral e a confiança se modificaram depois daquela grande atuação no quinto jogo contra São José. Festa e cantoria de músicas rubro-negras no vestiário, como sempre ocorria desde 2013, após os jogos importantes. A certeza de que estávamos no caminho correto se redobrou com a série contra Limeira, para chegarmos ao auge contra Bauru.
Mas teve um episódio que reforçou ainda mais nossa gana de vencer. Na véspera do primeiro jogo contra Limeira do playoff semifinal, foi anunciado o trio de arbitragem, bem mais inexperiente do que o trio escalado para a outra semifinal entre Bauru e Mogi. Preocupados e sem poder fazer muita coisa, enviamos um email enfático à Liga, questionando a diferença de experiência (um fato e não uma opinião) entre os dois trios. Recebemos uma resposta dura, mas muito educada da ala profissional da LNB, refutando a nossa preocupação. Para mim, o assunto estava encerrado, cada lado havia feito a sua parte.
Porém, ao final do segundo jogo em Limeira, em que vencemos com autoridade a boa equipe da casa, eu estava no meio da quadra esperando para cumprimentar o técnico adversário, quando o presidente da LNB apareceu e começou a me ofender com palavras de baixo calão, exigindo que eu pedisse desculpas à Liga pelas “insinuações maldosas”. Palavrões de todo o tipo no meio da quadra (lembrar que ele é ligado à empresa patrocinadora de Limeira), com todos assistindo, e eu, atônito, pedindo calma. Outros membros da cúpula da Liga intervieram, tentando colocar panos quentes. Ainda nos cruzamos no corredor que leva aos vestiários e ele, completamente transtornado, continuava na mesma atitude mal-educada, sendo contido pelos dois técnicos – Neto e Dedé. Confesso que estava muito feliz para discutir e fui comemorar com o time, que a essa altura já entoava gritos de guerra rubro-negros no vestiário.
Evidentemente esse episódio não se encerrou naquele dia. O Flamengo já comunicou à cúpula da Liga Nacional de Basquete que exige um pedido formal de desculpas ao nosso clube. Pouco importa as pessoas físicas envolvidas. Independente da pessoa física A ou B (completamente irrelevante), foi a Liga ofendendo o Flamengo e isso é inaceitável, independente se somos ou não tricampeões ou últimos colocados do campeonato. Aliás, isso parece que virou moda, depois que o nosso Presidente Eduardo foi ofendido na FERJ. Caso esse pedido de desculpas formal não venha, tomaremos as providências cabíveis. Ressaltando que só não levantamos a questão em público naquela reta final por respeito à competição e aos nossos clubes co-irmãos. Somos fundadores da Liga Nacional de Basquete, que insistimos em classificar como “oásis” em meio à estrutura decadente da organização esportiva brasileira. A parceria com a NBA abre grandes perspectivas. Conseguimos grandes avanços na parte de organização do campeonato e uma melhora expressiva no nível de arbitragem nessa temporada. As transmissões via WEB são fantásticas. Porém, quanto maior o tamanho do campeonato, mais a cúpula da LNB deveria aprender a lidar com profissionalismo com pressões que virão de todos os lados e que crescerão naturalmente nos próximos anos, porque fazem parte do esporte. Ainda há um enorme gap em termos de governança corporativa, assunto tão debatido no mundo de hoje, bastando seguir linhas de coerência e ética presentes no mundo das grandes empresas.
Mas isso pouco importa agora. Todos os paradigmas em relação aos nossos defeitos foram caindo, um por um, nos últimos seis jogos: “Time não sabe marcar” – Perguntem aos nossos adversários que conseguiram pontuar muito pouco; “Time irregular” – Seis ótimos jogos seguidos; “Time não consegue jogar o que pode e está ultrapassado” - Duas “varridas” na semifinal e final contra excelentes equipes que, com justiça, ficaram à nossa frente na fase de classificação. Com total supremacia técnica, tática, física e mental; “Time sofre com os rebotes” – Ganhamos nesse quesito nos seis jogos, com todos participando, dos “grandões aos baixinhos”; “Time cheio de vaidades” – Jogo coletivo de alto nível, com distribuição de pontos no ataque, independente de quem começa jogando ou sai do banco. Enfim, juntos, destruímos todos os fantasmas da temporada. A equipe, nessa reta final, para a alegria rubro-negra, na hora certa, correspondeu plenamente à confiança depositada na formação desse elenco.
Por todos esses episódios – WO; xingamentos em Limeira; “enterro antecipado” de um time campeão do mundo; consagração por parte de muitos “entendidos” de virtuais campeões e recuperação física, tática, técnica e sobretudo mental de uma equipe de jogadores de alto nível; equilíbrio da competição; e pelo fato de termos ganho pela primeira vez uma final disputada na casa do adversário, nessa saga dos últimos três anos – foi a NBB mais comemorada de todas. Na véspera dos jogos finais, fizemos questão de lembrar aquele soturno vestiário do pós-jogo contra o Pioneros como uma catarse. Tudo deu muito certo e dessa vez o vestiário explodiu de alegria, mas com muita festa.
Muita gente pergunta o segredo do sucesso do basquete do Flamengo. Sempre respondo que conseguimos montar uma sinergia de alto nível entre direção, comissão técnica e jogadores. Começa pela formação do elenco, ano a ano. Lição número um: Sempre podemos melhorar o time, independente de perder ou ganhar tudo. Não existe lugar cativo e nem jogador insubstituível. Temos que evoluir ano a ano. A decisão de escolha de jogadores é colegiada entre comissão técnica e direção. A regra é que nunca um jogador que a comissão técnica não deseje será sondado e muito menos imposto. Mas a direção tem poder de veto em indicações da comissão. Sempre há intenso debate, ainda bem que discordamos! Só assim crescemos. Como norma, o Flamengo de hoje não conversa com nenhum jogador – nem para renovar e nem para trazer de fora – antes do último jogo do ano. Pelo respeito conquistado, todo atleta deseja jogar no basquete do Flamengo atualmente. Porém, para vestir o Manto Sagrado tem que querer muito e entender a alma rubro-negra.
Ao final de cada temporada, fazemos questão de conversar olho no olho com cada jogador da equipe ou com os atletas que queremos contratar, independente do papo posterior com empresário ou qualquer oferta financeira. O basquete do Flamengo, diferente da maioria dos clubes, adotou a prática de não pagar empresários (que se acertam diretamente com os seus atletas), tal como moradia (com exceção dos estrangeiros). Elenco formado, deixamos o trabalho nas mãos de nossa competentíssima comissão técnica. O estudo do basquete dentro e fora da quadra se desenvolve a cada temporada. O plano tático montado para as finais foi brilhante. A tecnologia é intensamente usada com cada jogador estudando através de softwares cada movimento do adversário que iria marcar/ser marcado. O resultado visto nas últimas partidas não foi obra do acaso. Para quem assistiu aos treinos, posso garantir que nem metade das armas preparadas foi usada.
Nos últimos três anos, só sofremos duas contusões sérias – completamente inevitáveis e comuns no basquete – torções nos joelhos do Marcelinho e Benite. O problema pós-cirurgia no joelho do Marquinhos foi fruto de uma tentativa de recuperação acelerada (e errada) realizada na seleção brasileira. Praticamente zero de questões musculares ou problemas de cansaço excessivo. Recuperações rápidas de contusões leves. Mérito total da preparação física, departamento médico e fisioterapia. Por exemplo, o Olivinha nos deu um grande susto na véspera do primeiro jogo contra Bauru e teve que deixar o treino com um incômodo muscular. Ninguém soube, ele foi recuperado com tratamento intensivo e foi um dos melhores jogadores das finais. Enfim, excelente trabalho dentro e fora da quadra. Ficarei sempre feliz se a votação de final do ano da Liga Nacional de Basquete nunca considerar os nossos profissionais como os melhores e, em contrapartida, continuarmos a ganhar campeonatos com frequência.
Além disso, a relação é completamente aberta entre a direção e a comissão técnica, com troca de opiniões frequentes sobre todos os assuntos, antes e depois dos jogos. Sem vaidades. Todos erramos e acertamos em prol do Flamengo. Não sei se estarei na posição de vice-presidente a partir de 2016, há eleições no clube em dezembro e muita coisa pode acontecer. Mas acredito que estamos no caminho certo e quem vier eventualmente a assumir esse desafio do basquete e dos esportes olímpicos irá encontrar o caminho bem mais ajustado do que a três anos atrás.
Somos totalmente conscientes que estamos longe da plena satisfação acerca do que alcançamos até agora. Por exemplo, precisamos melhorar MUITO o nosso trabalho nas categorias de base, atualmente muito aquém da história do Flamengo formador de atletas (aliás, situação comum em todos os esportes olímpicos do clube e que estamos lutando dia-a-dia para ajustar); precisamos evoluir MUITO, juntamente com a Comunicação e Marketing, o trabalho fora da quadra, para atrair público para jogos de basquete e reforçar a paixão pelo segundo esporte na preferência dos rubro-negros. Uma equipe campeã do mundo, com a maior torcida do planeta, não conseguiu frequentemente encher ginásios nessa temporada, apesar da venda de 50 mil camisetas na temporada (para conhecimento: depois das franquias da NBA, a camisa de basquete do Flamengo, no ranking da Adidas, é disparada a mais vendida do mundo – a do Real Madrid vende 9 mil por ano); e, por fim, precisamos melhorar SEMPRE a nossa equipe principal, seja em elenco, métodos, infraestrutura (esse ano tivemos melhorias no ginásio, vestiários novos e academia de musculação moderna na Gávea) e em tudo que possa nos tornar mais fortes. Para nos manter topo, já que ganhar sempre, apesar de ser um desejo de todos, não é possível.
O Flamengo vai continuar lutando pela sua Arena a ser construída com recursos 100% privados. O Flamengo faz a sua parte para contribuir com o engrandecimento do esporte no Rio de Janeiro. Se os nossos governantes não conseguem entender isso, paciência, vamos continuar fazendo. E que eles aturem a força da torcida do Flamengo a partir das eleições de 2016.
Quanto à próxima temporada, fiquem com a frase de Phil Jackson em seu livro “Onze Anéis”: "Ganhar a primeira vez requer talento; ganhar a segunda vez requer caráter e ganhar a terceira vez requer maturidade para crescer como um time. Vencer constantemente significa enfrentar o desconhecido e criar algo novo".
Mais do que nunca, seremos o adversário a ser batido. Novamente, teremos que nos reinventar para continuar no topo. Hoje, querendo ou não “muita gente”, o Flamengo é o protagonista do basquetebol nacional. Várias cidades e adversários fazem trabalhos admiráveis no esporte e volta e meia ouço autoproclamações (que não gosto) aqui e acolá de “cidade do basquete”. Que me desculpem os comentaristas e entendidos, mas se hoje existe alguma tão decantada “Capital brasileira do basquete”, sem falsa modéstia, ela fica no Rio de Janeiro. Isso não é uma opinião, apenas uma constatação de um fato baseado em números.
Aliás, o patrocinador principal de uma importante equipe da LNB, logo após a Liga das Américas, afirmou em entrevista que escutei que o sonho da equipe seria “ganhar tudo e conquistar a NBB, porque não era saudável para o basquete ver o Flamengo ganhando sempre”. Felizmente, não somente ele como muitos outros, que previram a nossa derrocada, serão obrigados a esperar mais um ano. Por enquanto, o “Campeão de tudo” é um só.
O Orgulho da Nação agradece a todos, sonhando em continuar fazendo jus a essa alcunha de tanta responsabilidade. Ganhar ou perder faz parte do esporte, mas o torcedor precisa ter sempre orgulho de quem desfruta a honra de vestir o nosso manto sagrado. Essa é a nossa obrigação.
Galera rubro-negra, nosso muito obrigado e parabéns a todos por serem protagonistas de mais uma conquista histórica. Vamos continuar sonhando e trabalhando muito nos esportes olímpicos, são mais de 800 atletas competindo e lutando pelo Flamengo diariamente. Quanto ao basquete, você tem compromisso marcado com o “Orgulho da Nação” em mais uma data inesquecível: Flamengo x Orlando Magic, no dia 17/10/2015 na Arena da Barra. O mundo gira, a história avança e o Flamengo faz questão de continuar a ser seu protagonista.
Abraços, Saudações Rubro-Negras tricampeãs (e quatro vezes alternadas) da NBB.
Alexandre Póvoa
Vice-Presidente de Esportes Olímpicos
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