Mais uma maravilhosa história contada com maestria e envolvente narrativa por Emmanuel do Valle em seu blog Flamengo Alternativo:
O Torneio Internacional de Lima, mais conhecido como Hexagonal de Lima, colocou os rubro-negros frente a frente com gigantes do futebol sul-americano na capital peruana, um ano antes da criação da Taça Libertadores da América. E os comandados de Fleitas Solich fizeram bonito, trazendo o troféu para um Rio de Janeiro em pleno Carnaval.
A campanha teve um revés logo de início, mas o Fla se recuperou e, entre outros resultados memoráveis, houve um baile histórico no poderoso River Plate e uma virada épica sobre o Alianza diante da torcida adversária. O torneio é, juntamente com o Octogonal de Verão de 1961, um dos grandes títulos sul-americanos do Flamengo antes da Libertadores e das demais competições oficiais da Conmebol. Fosse certos clubes, tentariam emplacar sua equiparação a um título continental oficial.
A PREPARAÇÃO
O torneio foi anunciado no fim de dezembro de 1958, pouco depois do Natal, como parte de uma temporada de jogos internacionais a ser realizada na virada do ano na capital peruana. Ainda impressionados com as grandes exibições do Fla em amistosos disputados Lima no início daquele ano, os cartolas logo trataram de confirmar a participação rubro-negra no certame, que também contaria com os uruguaios do Peñarol, os argentinos do River Plate e os chilenos do Colo Colo, além da dupla local Alianza e Universitario.
O Flamengo ainda disputava então a reta final do Campeonato Carioca, que se estenderia até 17 de janeiro. Ao fim dos pontos corridos houve um empate triplo entre os rubro-negros, o Vasco e o Botafogo (ainda que o Fla terminasse com os melhores ataque e defesa do certame, os números não foram considerados para o desempate), obrigando a realização de um triangular, dito “supercampeonato”, que também terminou igual. Foi preciso então um segundo triangular, o “supersupercampeonato”, encerrado com título cruzmaltino.
Essas etapas extras decisivas provocaram, além do desgaste físico e mental dos jogadores rubro-negros, a necessidade de adiar a entrada do time no Hexagonal de Lima. O pedido de adiamento foi aceito, e o time embarcou no Galeão em 21 de janeiro, enquanto o torneio já estava em andamento na capital peruana. Com a tabela remarcada, a primeira partida do Fla, que seria contra o Universitario, passou a ser contra o fortíssimo Peñarol, campeão uruguaio, e que no ano seguinte venceria a primeira edição da Taça Libertadores da América.
TROPEÇO NA ESTREIA
A estreia, na sexta-feira, dia 23, não foi muito favorável aos rubro-negros, ainda se ressentindo do cansaço causado pela maratona da reta final do Carioca. Ainda que o time até fizesse boa partida, especialmente com Moacir no setor de criação, os uruguaios abriram o placar na etapa final com Cuccinello aos 17 minutos e confirmaram a vitória com tento de Borges aos 44. Para piorar, o volante e capitão Dequinha, esteio do meio-campo rubro-negro, lesionou-se ainda no primeiro tempo e teve que ser substituído pelo zagueiro Pavão, passando Milton Copolillo para o meio.
Para a partida seguinte, agora sim contra o Universitario, dois dias depois da estreia, o técnico rubro-negro, o paraguaio Fleitas Solich, mexeu no time. A saída de Dequinha manteve no time titular a alteração feita durante o jogo com o Peñarol, com a entrada de Pavão na zaga e a passagem para o meio-campo do jovem Milton Copolillo, jogador de grande versatilidade surgido na base rubro-negra. Além disso, Dida seria lançado desde o início na ponta de lança, deslocando Luís Carlos para o lado direito do ataque no lugar de Othon.
Um pouco mais descansado e aclimatado, e sem se intimidar com a torcida do time da casa, o Fla matou o jogo logo no primeiro tempo, com Milton Copolillo marcando o primeiro, concluindo jogada de Moacir e Babá, e depois Dida anotando o segundo, após passe de Moacir. O Colo Colo, adversário seguinte no dia 28, quarta-feira, vinha decepcionando no torneio (apanhara de 5 a 0 do Peñarol em seu jogo anterior) e pretendia reagir diante do Flamengo, contando com a experiência do goleiro Escuti e do atacante Jorge Robledo.
DOIS “BAILES” PARA SEGUIR RUMO AO TÍTULO
O azar dos chilenos foi que os rubro-negros começaram arrasadores. Em 22 minutos, Escuti já havia buscado a bola no fundo de suas redes por quatro vezes. Luís Carlos marcou aos cinco minutos, Moacir aos 10 e Babá aos 16 e 22. Na etapa final, com o Flamengo já cansado, o adversário descontou para 4 a 2 com Hormazábal e Rodriguez. Com o Fla alcançando a liderança do torneio, os jogadores teriam enfim alguns dias de descanso, voltando a campo somente dali a seis dias para enfrentar o River Plate, em jogo isolado.
Dirigidos por um nome histórico do futebol platino, José Maria Minella, os Millonarios já viviam o segundo ano do que seria seu maior jejum de todos os tempos (campeões em 1957, só voltariam a comemorar em 1975, 18 anos depois), mais ainda reuniam um punhado generoso de ótimos jogadores, remanescentes da equipe tricampeã nacional em 1955-56-57, que ficou conhecida como “La Maquinita”.
Eram os casos do goleiro Carrizo, do zagueiro Ramos Delgado (que mais tarde jogaria no Santos), o lateral Vairo, o meia De Bourgoing (que depois de defender a seleção argentina, migraria para a França, atuando pela seleção de lá na Copa de 1966), o centroavante Menéndez e o ponta Zárate. Nenhum destes craques, entretanto, conseguiu conter a atuação espetacular do Flamengo, que começou a se desenhar perto do fim do primeiro tempo.
Primeiro Luís Carlos, aos 42, e depois Henrique, aos 44, em escapadas pelas pontas e chutes cruzados, levaram os rubro-negros em vantagem para o intervalo. Na etapa final, o River ensaiou reação quando Menéndez descontou aos 16. Mas logo no reinício do jogo, Henrique passou a Moacir, que lançou Babá e este devolveu a Henrique para bater e marcar o terceiro gol rubro-negro. E aos 24, Babá fechou a goleada depois de um drible desmoralizante em Ballesteros, seu marcador, que caiu sentado.
Após a “vitória justa, insofismável e sem apelação”, que consagrou o “domínio técnico, tático e territorial” do Flamengo sobre o River Plate, segundo a crônica do Jornal dos Sports, o time enfim chegou à liderança isolada do hexagonal, com seis pontos ganhos em quatro partidas, contra cinco do Peñarol e do próprio River (que já encerrara sua participação) e quatro da dupla peruana Universitario e Alianza, além do Colo Colo, lanterna com apenas dois pontos.
A VIRADA ESPETACULAR QUE VALEU O CANECO
Na última rodada, dia 6 de fevereiro, sexta-feira de Carnaval no Rio, Peñarol e Universitario disputariam a preliminar, enquanto o Flamengo – com Dequinha de volta, mas agora desfalcado de Dida – fecharia o torneio encarando o Alianza, clube mais popular do Peru, no Estádio Nacional de Lima. O empate em 2 a 2 no jogo de abertura levou temporariamente o Peñarol aos mesmos seis pontos do Flamengo, que passou a precisar de pelo menos a igualdade diante do Alianza.
Entretanto, empurrados por sua torcida que lotou o estádio, os jogadores peruanos foram para cima e marcaram logo aos sete minutos, numa falha do goleiro Fernando. O Fla tentava reagir e dominava as ações ofensivas, mas esbarrava na firme defesa peruana. E ainda sofreria o segundo gol, pouco antes do intervalo. Na etapa final, antes dos dez minutos, o Alianza já chegava a incríveis 3 a 0, para o delírio do público local.
Talvez neste momento os deuses do futebol tenham enfim achado que o placar já era absurdo e injusto demais para o que se desenrolava dentro de campo. E decidiram virar a sorte do avesso: Manoelzinho, o reserva de Dida que quase ficou de fora da delegação que embarcou para Lima, recebeu de Babá e descontou um minuto depois do terceiro gol peruano. Mais cinco minutos e outra vez Manoelzinho balança as redes, escorando de cabeça um escanteio.
Aos 16, outra vez o pequenino Babá, jogando uma enormidade, passa a Manoelzinho, que empata o jogo e silencia o Estádio Nacional. O ataque rubro-negro troca de posição incessantemente, atordoando a defesa do Alianza. E apenas um minuto depois do empate, Manoelzinho solta uma bomba que o goleiro Bazán não consegue segurar e dá rebote. Henrique, com a valentia de sempre, surge para fuzilar de primeira, com a canhota, e completa a virada inacreditável, épica, do Flamengo.
Em menos de dez minutos, o time sai de um 3 a 0 contra para uma vantagem de 4 a 3 na casa do adversário, com estádio lotado. Ainda petrificada com a rápida reação rubro-negra, a torcida limenha apenas assiste ao Fla trocar passes e dar olé pelo resto do jogo. E ao apito final, sai do transe hipnótico para aplaudir a formidável exibição dos cariocas no segundo tempo. No meio do público estava o conceituado jornalista francês Gabriel Hanot – um dos idealizadores da Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões) europeia.
Hanot escreveu para o famoso diário L’Équipe suas impressões a respeito do Hexagonal. Sobre o Flamengo, comentou que embora os rubro-negros não estreassem com o pé direito, “fartaram-se de jogar com objetividade, animados por um estilo incontrolável. Apresentaram-se visivelmente cansados. Bastou, no entanto, que se refizessem, para transporem as dificuldades surgidas. É uma equipe possuidora de excepcional espírito de luta, desconcertante na sua agilidade física e mental”, destacou.
A delegação rubro-negra desembarcou no Rio no dia seguinte à decisão, um sábado de Carnaval. Junto à torcida em êxtase, os jogadores curtiram a folia como campeões.
FICHA DA CAMPANHA:
23.01.1959 – Peñarol 2 x 0 Flamengo
25.01.1959 – Universitario 0 x 2 Flamengo – gols: Milton Copolillo e Dida
28.01.1959 – Flamengo 4 x 2 Colo Colo – gols: Luís Carlos, Moacir, Babá (2)
03.02.1959 – Flamengo 4 x 1 River Plate – gols: Luís Carlos, Henrique (2), Babá
06.02.1959 – Alianza 3 x 4 Flamengo – gols: Manoelzinho (3), Henrique
TIME-BASE:
Fernando – Joubert, Pavão – Jadir, Milton Copolillo, Jordan – Luís Carlos, Moacir, Henrique, Dida, Babá.
Técnico: Manuel Fleitas Solich.
Também jogaram: Bolero, Dequinha, Othon e Manoelzinho.
A campanha teve um revés logo de início, mas o Fla se recuperou e, entre outros resultados memoráveis, houve um baile histórico no poderoso River Plate e uma virada épica sobre o Alianza diante da torcida adversária. O torneio é, juntamente com o Octogonal de Verão de 1961, um dos grandes títulos sul-americanos do Flamengo antes da Libertadores e das demais competições oficiais da Conmebol. Fosse certos clubes, tentariam emplacar sua equiparação a um título continental oficial.
A PREPARAÇÃO
O torneio foi anunciado no fim de dezembro de 1958, pouco depois do Natal, como parte de uma temporada de jogos internacionais a ser realizada na virada do ano na capital peruana. Ainda impressionados com as grandes exibições do Fla em amistosos disputados Lima no início daquele ano, os cartolas logo trataram de confirmar a participação rubro-negra no certame, que também contaria com os uruguaios do Peñarol, os argentinos do River Plate e os chilenos do Colo Colo, além da dupla local Alianza e Universitario.
O Flamengo ainda disputava então a reta final do Campeonato Carioca, que se estenderia até 17 de janeiro. Ao fim dos pontos corridos houve um empate triplo entre os rubro-negros, o Vasco e o Botafogo (ainda que o Fla terminasse com os melhores ataque e defesa do certame, os números não foram considerados para o desempate), obrigando a realização de um triangular, dito “supercampeonato”, que também terminou igual. Foi preciso então um segundo triangular, o “supersupercampeonato”, encerrado com título cruzmaltino.
Essas etapas extras decisivas provocaram, além do desgaste físico e mental dos jogadores rubro-negros, a necessidade de adiar a entrada do time no Hexagonal de Lima. O pedido de adiamento foi aceito, e o time embarcou no Galeão em 21 de janeiro, enquanto o torneio já estava em andamento na capital peruana. Com a tabela remarcada, a primeira partida do Fla, que seria contra o Universitario, passou a ser contra o fortíssimo Peñarol, campeão uruguaio, e que no ano seguinte venceria a primeira edição da Taça Libertadores da América.
TROPEÇO NA ESTREIA
A estreia, na sexta-feira, dia 23, não foi muito favorável aos rubro-negros, ainda se ressentindo do cansaço causado pela maratona da reta final do Carioca. Ainda que o time até fizesse boa partida, especialmente com Moacir no setor de criação, os uruguaios abriram o placar na etapa final com Cuccinello aos 17 minutos e confirmaram a vitória com tento de Borges aos 44. Para piorar, o volante e capitão Dequinha, esteio do meio-campo rubro-negro, lesionou-se ainda no primeiro tempo e teve que ser substituído pelo zagueiro Pavão, passando Milton Copolillo para o meio.
Para a partida seguinte, agora sim contra o Universitario, dois dias depois da estreia, o técnico rubro-negro, o paraguaio Fleitas Solich, mexeu no time. A saída de Dequinha manteve no time titular a alteração feita durante o jogo com o Peñarol, com a entrada de Pavão na zaga e a passagem para o meio-campo do jovem Milton Copolillo, jogador de grande versatilidade surgido na base rubro-negra. Além disso, Dida seria lançado desde o início na ponta de lança, deslocando Luís Carlos para o lado direito do ataque no lugar de Othon.
Um pouco mais descansado e aclimatado, e sem se intimidar com a torcida do time da casa, o Fla matou o jogo logo no primeiro tempo, com Milton Copolillo marcando o primeiro, concluindo jogada de Moacir e Babá, e depois Dida anotando o segundo, após passe de Moacir. O Colo Colo, adversário seguinte no dia 28, quarta-feira, vinha decepcionando no torneio (apanhara de 5 a 0 do Peñarol em seu jogo anterior) e pretendia reagir diante do Flamengo, contando com a experiência do goleiro Escuti e do atacante Jorge Robledo.
DOIS “BAILES” PARA SEGUIR RUMO AO TÍTULO
O azar dos chilenos foi que os rubro-negros começaram arrasadores. Em 22 minutos, Escuti já havia buscado a bola no fundo de suas redes por quatro vezes. Luís Carlos marcou aos cinco minutos, Moacir aos 10 e Babá aos 16 e 22. Na etapa final, com o Flamengo já cansado, o adversário descontou para 4 a 2 com Hormazábal e Rodriguez. Com o Fla alcançando a liderança do torneio, os jogadores teriam enfim alguns dias de descanso, voltando a campo somente dali a seis dias para enfrentar o River Plate, em jogo isolado.
Dirigidos por um nome histórico do futebol platino, José Maria Minella, os Millonarios já viviam o segundo ano do que seria seu maior jejum de todos os tempos (campeões em 1957, só voltariam a comemorar em 1975, 18 anos depois), mais ainda reuniam um punhado generoso de ótimos jogadores, remanescentes da equipe tricampeã nacional em 1955-56-57, que ficou conhecida como “La Maquinita”.
Eram os casos do goleiro Carrizo, do zagueiro Ramos Delgado (que mais tarde jogaria no Santos), o lateral Vairo, o meia De Bourgoing (que depois de defender a seleção argentina, migraria para a França, atuando pela seleção de lá na Copa de 1966), o centroavante Menéndez e o ponta Zárate. Nenhum destes craques, entretanto, conseguiu conter a atuação espetacular do Flamengo, que começou a se desenhar perto do fim do primeiro tempo.
Primeiro Luís Carlos, aos 42, e depois Henrique, aos 44, em escapadas pelas pontas e chutes cruzados, levaram os rubro-negros em vantagem para o intervalo. Na etapa final, o River ensaiou reação quando Menéndez descontou aos 16. Mas logo no reinício do jogo, Henrique passou a Moacir, que lançou Babá e este devolveu a Henrique para bater e marcar o terceiro gol rubro-negro. E aos 24, Babá fechou a goleada depois de um drible desmoralizante em Ballesteros, seu marcador, que caiu sentado.
Após a “vitória justa, insofismável e sem apelação”, que consagrou o “domínio técnico, tático e territorial” do Flamengo sobre o River Plate, segundo a crônica do Jornal dos Sports, o time enfim chegou à liderança isolada do hexagonal, com seis pontos ganhos em quatro partidas, contra cinco do Peñarol e do próprio River (que já encerrara sua participação) e quatro da dupla peruana Universitario e Alianza, além do Colo Colo, lanterna com apenas dois pontos.
A VIRADA ESPETACULAR QUE VALEU O CANECO
Na última rodada, dia 6 de fevereiro, sexta-feira de Carnaval no Rio, Peñarol e Universitario disputariam a preliminar, enquanto o Flamengo – com Dequinha de volta, mas agora desfalcado de Dida – fecharia o torneio encarando o Alianza, clube mais popular do Peru, no Estádio Nacional de Lima. O empate em 2 a 2 no jogo de abertura levou temporariamente o Peñarol aos mesmos seis pontos do Flamengo, que passou a precisar de pelo menos a igualdade diante do Alianza.
Entretanto, empurrados por sua torcida que lotou o estádio, os jogadores peruanos foram para cima e marcaram logo aos sete minutos, numa falha do goleiro Fernando. O Fla tentava reagir e dominava as ações ofensivas, mas esbarrava na firme defesa peruana. E ainda sofreria o segundo gol, pouco antes do intervalo. Na etapa final, antes dos dez minutos, o Alianza já chegava a incríveis 3 a 0, para o delírio do público local.
Talvez neste momento os deuses do futebol tenham enfim achado que o placar já era absurdo e injusto demais para o que se desenrolava dentro de campo. E decidiram virar a sorte do avesso: Manoelzinho, o reserva de Dida que quase ficou de fora da delegação que embarcou para Lima, recebeu de Babá e descontou um minuto depois do terceiro gol peruano. Mais cinco minutos e outra vez Manoelzinho balança as redes, escorando de cabeça um escanteio.
Aos 16, outra vez o pequenino Babá, jogando uma enormidade, passa a Manoelzinho, que empata o jogo e silencia o Estádio Nacional. O ataque rubro-negro troca de posição incessantemente, atordoando a defesa do Alianza. E apenas um minuto depois do empate, Manoelzinho solta uma bomba que o goleiro Bazán não consegue segurar e dá rebote. Henrique, com a valentia de sempre, surge para fuzilar de primeira, com a canhota, e completa a virada inacreditável, épica, do Flamengo.
Em menos de dez minutos, o time sai de um 3 a 0 contra para uma vantagem de 4 a 3 na casa do adversário, com estádio lotado. Ainda petrificada com a rápida reação rubro-negra, a torcida limenha apenas assiste ao Fla trocar passes e dar olé pelo resto do jogo. E ao apito final, sai do transe hipnótico para aplaudir a formidável exibição dos cariocas no segundo tempo. No meio do público estava o conceituado jornalista francês Gabriel Hanot – um dos idealizadores da Copa dos Campeões (atual Liga dos Campeões) europeia.
Hanot escreveu para o famoso diário L’Équipe suas impressões a respeito do Hexagonal. Sobre o Flamengo, comentou que embora os rubro-negros não estreassem com o pé direito, “fartaram-se de jogar com objetividade, animados por um estilo incontrolável. Apresentaram-se visivelmente cansados. Bastou, no entanto, que se refizessem, para transporem as dificuldades surgidas. É uma equipe possuidora de excepcional espírito de luta, desconcertante na sua agilidade física e mental”, destacou.
A delegação rubro-negra desembarcou no Rio no dia seguinte à decisão, um sábado de Carnaval. Junto à torcida em êxtase, os jogadores curtiram a folia como campeões.
FICHA DA CAMPANHA:
23.01.1959 – Peñarol 2 x 0 Flamengo
25.01.1959 – Universitario 0 x 2 Flamengo – gols: Milton Copolillo e Dida
28.01.1959 – Flamengo 4 x 2 Colo Colo – gols: Luís Carlos, Moacir, Babá (2)
03.02.1959 – Flamengo 4 x 1 River Plate – gols: Luís Carlos, Henrique (2), Babá
06.02.1959 – Alianza 3 x 4 Flamengo – gols: Manoelzinho (3), Henrique
TIME-BASE:
Fernando – Joubert, Pavão – Jadir, Milton Copolillo, Jordan – Luís Carlos, Moacir, Henrique, Dida, Babá.
Técnico: Manuel Fleitas Solich.
Também jogaram: Bolero, Dequinha, Othon e Manoelzinho.
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