HISTÓRIA DO FUTEBOL DO FLAMENGO
OS ANOS DO AMADORISNO 1ª Parte (1912 a 1925)
Na sua arrancada, o Flamengo já foi nascendo grande
Fundado em 1895 como um clube de regatas na Praia do Flamengo e só passando a ter o seu Departamento de Futebol fundado em 1912, quando um grupo de 10 jogadores do time Campeão Carioca de 1911 pelo Fluminense - Baena, Píndaro de Carvalho, Emmanuel Nery, o inglês Lawrence Andrews, Amarante Zalacain, Gallo, Arnaldo Guimarães, Orlando "Bahiano", Alberto Borgerth e Gustavo de Carvalho - desentendeu-se com a diretoria tricolor e desligou-se do clube das Laranjeiras e se juntou ao Flamengo. Com eles, o clube inaugurava seu Departamento de Esportes Terrestres. Sem campo de treinamento, nas primeiras temporadas o time de futebol realizava seus treinos em praça pública, na Praia do Russel, no bairro da Glória, em um campo de futebol construído pela prefeitura no meio do espaço público.
A primeira partida de futebol da história do clube foi a de estreia no Carioca de 1912, disputada em 3 de março no Estádio da Rua Campos Salles, na Tijuca, estádio de propriedade do América, com uma implacável goleada por 16 x 2 sobre o Mangueira (que no returno perdeu para o Flamengo por 14 x 0). O torneio era por pontos corridos, jogado por oito clubes em turno e returno. O time rubro-negro acabou vice-campeão, com uma campanha que teve 10 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. As duas derrotas aconteceram nas cinco primeiras rodadas, perdendo para o Paissandu na 3ª e para o Fluminense na 5ª (o primeiro Fla-Flu da história terminou 3 x 2 para os tricolores). Nas duas últimas rodadas do turno e no returno inteiro, o time não perdeu (no 2º turno, empatou com o Paissandu e goleou ao Fluminense por 4 x 0). Porém, a melhoria de desempenho não foi suficiente para reverter a vantagem do Paissandu, que acabou vindo a ser o campeão carioca de 1912. A partida que definiu o título foi entre os dois clubes da colônia inglesa - o Paissandu do Rio de Janeiro e o Rio Cricket de Niterói - curiosamente, todos os 22 jogadores em campo nesta partida eram nascidos na Inglaterra.
Flamengo no Carioca de 1912
Baena, Píndaro de Carvalho e Nery; Lawrence Andrews, Curiol e Gallo; Arnaldo, Baiano, Amarante, Alberto Borgerth e Miguel (Gustavo de Carvalho).
Téc: Comitê liderado por Alberto Borgerth
No Carioca de 1913, mais uma vez o time do Flamengo pecou pela instabilidade na largada. O time terminou o campeonato com uma campanha de 10 vitórias, 2 empates e 3 derrotas, tendo perdido todos os jogos no 1º turno. Foram duas derrotas - para São Cristóvão e Botafogo - logo nas duas primeiras rodadas, e depois o time ainda veio a perder para o América. No 2º turno, o time teve uma campanha invicta com 5 vitórias e 1 empate (contra o Botafogo). O Flamengo terminou o Carioca de 1913 em 3º lugar, mas o time parecia, enfim, ter encontrado o entrosamento certo, o qual viria a ser fundamental para que com um melhor desempenho, o Flamengo chegasse ao primeiro título de sua história na temporada seguinte.
Flamengo no Carioca de 1913
Baena, Píndaro de Carvalho e Nery; Ângelo (Lawrence Andrews), Amarante e Gallo; Baiano, Pinho, Gumercindo, Alberto Borgerth e Raul
Téc: Comitê liderado por Píndaro de Carvalho
Na temporada na qual se sagrou campeão carioca pela primeira vez em sua história, o Flamengo mandou seus jogos no Estádio da Rua General Severiano, de propriedade do Botafogo. O time rubro-negro fez a campanha que lhe deu o título com 8 vitórias, 3 empates e apenas 1 derrota, para o Botafogo por 2 x 1 no returno. Embalado desde o 2º turno do Carioca anterior, o time passou a contar com uma nova peça no comando de ataque que deu ainda mais qualidade ao elenco: em relação aos times das duas primeiras temporadas, somou-se o goleador Ricardo Riemer, que havia jogado no Fluminense junto ao grupo que migrou para o Flamengo e depois defendeu a camisa do América. Riemer havia chegado ao clube em 1913, mas efetivamente só se tornou titular na campanha de 1914, tendo sido o artilheiro do time na campanha do primeiro título estadual, com 8 gols. Ele encaixou na equipe e foi o diferencial que vinha faltando para transformar aquele grupo num time campeão.
Flamengo no Carioca de 1914
Baena, Píndaro de Carvalho e Nery; Ângelo, Miguel e Gallo; Baiano, Arnaldo, Riemer, Alberto Borgerth (Gumercindo) e Raul
Téc: Comitê liderado por Emmanuel Nery
Campeão de 1914, o Flamengo entrou no campeonato de 1915 para defender seu título e lutar pelo bi-campeonato reforçado pelo inglês Sidney Pullen, que chegava do Paissandu, que havia extinguido seu departamento de futebol no fim do ano anterior. O time garantiu o título pela forte arrancada no início do turno, em que obteve 5 vitórias e 1 empate, com direito a duas goleadas por 5 x 0, sobre Fluminense e São Cristóvão. No returno, o time perdeu rendimento, mas ainda assim manteve-se invicto, tendo tido 2 vitórias e 4 empates, com direito a uma goleada por 5 x 1 sobre o Bangu. Com a gordura acumulada no turno, os pontos perdidos no returno não foram suficientes para comprometer a conquista do bi-campeonato, o primeiro invicto. Riemer novamente brilhou, tendo sido o artilheiro do time com 15 gols. Sidney Pullen marcou 6 gols, também tendo sido peça fundamental na conquista.
Flamengo no Carioca de 1915
Baena, Píndaro de Carvalho e Nery; Curiol, Sidney Pullen e Gallo; Baiano, Arnaldo, Riemer, Alberto Borgerth e Paulo Buarque
Téc: Comitê liderado por Emmanuel Nery
A temporada de 1916 foi a primeira inteira na qual o Flamengo passou a ter oficialmente um estádio para jogar e um campo para o time treinar. O clube passou a usar o estádio que antes pertencia ao Paissandu, clube que havia acabado com seu departamento de futebol, num terreno cedido pela família Guinle, uma das mais tradicionais e ricas da cidade, na Rua Paissandu, próximo à esquina da Rua Pinheiro Machado, quase em frente ao Estádio das Laranjeiras, de propriedade do Fluminense, maior estádio da cidade naqueles tempos. A primeira partida disputada pelo Flamengo no novo campo foi na última rodada do campeonato de 1915, uma goleada por 5 x 1 sobre o Bangu. A partir de 1916, os jogos como mandante passaram a ser todos no Estádio da Rua Paissandu, usado pelo clube até 1932, no último ano de amadorismo do Flamengo.
Apesar de ter pela primeira vez um campo de treino e um estádio numa temporada inteira, o time bi-campeão fez uma campanha muito ruim na temporada de 1916. No Campeonato Carioca de 1916 o time só venceu 4 jogos, tendo empatado 3 vezes e perdido 5 jogos, terminando em 4º lugar. Foi a primeira vez, na sua 5ª participação no Campeonato Carioca, que o clube não terminou entre os três primeiros colocados. No Estádio da Rua Paissandu, em 6 jogos disputados, a campanha teve 2 vitórias, 2 empates e 2 derrotas.
A base no campeonato de 1916 era quase a mesma campeã de 1915, reforçada pelo inglês Harry Reid, que antes de vestir a camisa rubro-negra defendia ao Rio Cricket, de Niterói. Definitivamente, foi um time que naquele ano não deu liga, começando a dar sinais da necessidade de renovação da base que deu os primeiros títulos da história do futebol rubro-negro.
Flamengo no Carioca de 1916
Hydarnés (Baena), Antonico e Nery; Milton, Sidney Pullen e Gallo; Gumercindo, Arnaldo, Riemer, Harry Reid e Paulo Buarque
Téc: Comitê liderado por Emmanuel Nery
Em 1917, o campeonato aumentou de tamanho, continuando a ser disputado por pontos corridos em turno e returno. O clube buscou de fato fazer alguma renovação do time, entendendo que era hora de mudar a base que havia chegado ao clube em 1912 e conquistado o bicampeonato em 1914 e 1915. Mas o time largou mal, perdendo nas duas primeiras rodadas, como visitante em ambas, para América e Fluminense. Depois se ajustou e encaixou uma sequência de 9 vitórias consecutivas.
No returno, porém, sofreu derrotas para o Andarahy (este tropeço dentro do seu próprio estádio, na Rua Paissandu) e para Botafogo, e não conseguiu vencer nem a Fluminense nem a América como mandante, tendo empatado ambos os jogos. Terminou o campeonato em 3º lugar, com uma campanha de 12 vitórias, 2 empates e 4 derrotas. O destaque do time foi o recém-chegado centroavante Juarez Nery, autor de 13 gols na campanha rubro-negra.
Flamengo no Carioca de 1917
Hydarnés, Píndaro de Carvalho e Antonico; Japonês, Sidney Pullen e Gallo; Gustavo (Araújo), Carregal, Juarez Nery, Riemer e Calvert
Téc: Comitê liderado por Alberto Borgerth
No início do Carioca de 1918, o time perdeu a Sidney Pullen, que foi convocado para lutar pelo exército da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial. O time começou o campeonato com uma campanha avassaladora, obtendo 7 vitórias consecutivas nas sete primeiras rodadas, despontando como favorito à conquista do título. Na penúltima rodada do turno, o time rubro-negro acabou derrotado por 3 x 0 pelo Fluminense no Estádio da Rua Paissandu, e daí em diante o desempenho desandou no campeonato. Na última rodada, um empate contra o Andarahy. No returno, foram só duas vitórias, além de dois empates e cinco derrotas, para Botafogo, Bangu, Andarahy, América e São Cristóvão. Pela segunda vez em sua história, em 7 estaduais disputados até então, o Flamengo não ficou entre os três primeiros colocados, terminando o campeonato em 4º lugar.
Flamengo no Carioca de 1918
Hydarnés, Píndaro de Carvalho e Nery; Japonês, Sisson e Gallo; Galvão Bueno, Baldassini, Carregal, Geraldo e Costinha
Téc: Comitê liderado por Gustavo de Carvalho
Em 1919, o time fez uma bela campanha no Campeonato Carioca, apesar de não ter ficado com o título, pelo qual brigou até o fim contra o Fluminense. Na largada, os rubro-negros engataram cinco vitórias consecutivas. Na sexta rodada, empataram com o São Cristóvão e na sétima perderam para o Fluminense (por 3 x 1 no Estádio da Rua Paissandu).
Voltou a vencer nas duas últimas rodadas, terminando o turno com 7 vitórias em 9 jogos. E foi só então que entrou pela primeira vez naquele campeonato aquele que era a principal peça do time - o meia Sidney Pullen - que voltava após uma ano e meio participando como combatente do exército da Inglaterra na Primeira Guerra Mundial. E parece que a participação no conflito bélico de alguma forma o mudou, porque seu desempenho passou a ser ainda melhor. Apesar de ter feito sua reestreia só na penúltima rodada do turno, Sidney Pullen terminou o torneio como principal goleador do time rubro-negro, tendo marcado 12 gols.
No returno, o Flamengo manteve um ritmo forte, tendo vencido 6 jogos nas 7 primeiras rodadas, empatou apenas com o Botafogo. Na 8ª e penúltima rodada, um Fla-Flu para definir o título. Os tricolores entravam na rodada com 30 pontos e os rubro-negros, em 2º, tinham 28. O jogo no Estádio das Laranjeiras terminou em goleada do Fluminense por 4 x 0, dois gols de Machado, um do inglês Welfare e outro de Bacchi. O Flamengo despedia-se de 1919 como vice-campeão do Rio de Janeiro, mas numa curva ascendente, que logo lhe resultou em novas conquistas.
Flamengo no Carioca de 1919
Lapport, Burgos e Telefone; Japonês, Sisson e Dino; Carneiro, Sidney Pullen (Aníbal Candiota), Carregal, Pereira Lima e Junqueira
Téc: Comitê liderado por Píndaro de Carvalho
O 1º turno rubro-negro no Carioca de 1920 foi quase perfeito: em 9 rodadas, o time só perdeu pontos num empate contra o América. A dupla de frente formada por Aníbal Candiota e Junqueira liderava a artilharia, tendo sido fundamental para o acúmulo de pontos e a abertura de vantagem na ponta que foram os diferenciais para a conquista do título daquele ano. No returno, o time perdeu mais pontos, tendo feito uma campanha de 5 vitórias e 4 empates, e garantindo o título invicto de campeão da cidade, que àquele tempo, como permaneceu sendo até 1960, ero o Distrito Federal do Brasil.
Campeão invicto de 1920, o Flamengo descobriu naquele campeonato aquele que viria a ser o maior ídolo do clube naquela década dos Anos 1920, o centroavante Claudionor Gonçalves da Silva, o Nonô, que disputou o campeonato daquele ano pelo Palmeiras, do bairro de São Cristóvão, clube que só disputou duas edições de Campeonato Carioca, naquele ano de 1920 e em 1924. Na temporada seguinte, Nonô trocaria a camisa azul e negra pela rubro-negra.
Flamengo no Carioca de 1920
Kuntz, Burgos e Telefone; Rodrigo Brandão, Sisson e Dino; Carregal, Sidney Pullen, Aníbal Candiota, João de Deus Candiota (Eustace Pullen) e Junqueira
Téc: Comitê liderado por Sidney Pullen
Os campeões invictos de 1920, não conseguiram repetir a boa campanha em 1921, tendo empatado quase 50% de suas partidas durante sua campanha, além de ter sofrido derrotas para Bangu e Andarahy. Ainda assim, com duas vitórias cruciais nas duas últimas rodadas sobre Botafogo e Bangu, ambas no Estádio da Rua Paissandu, o Flamengo conseguiu terminar o campeonato em igualdade de pontos com o América, forçando um jogo desempate para definir o campeão.
O goleiro rubro-negro Júlio Kuntz
Em 4 de setembro, diante de aproximadamente 15.300 espectadores no Estádio das Laranjeiras, foi decidido o título daquele ano. A prova do quanto o nível das duas equipes era similar, foi que o jogo terminou empatado em 1 x 1 nos noventa minutos, com Chico abrindo para os rubros, e Nonô empatando para os rubro-negros, ele que foi o goleador do time no torneio, com 11 gols. A decisão foi então para o tempo extra, e quem levou a melhor foi o Flamengo, que com um gol marcado por Aníbal Candiota aos 7 minutos do 1º tempo da prorrogação, sagrou-se Bi-campeão Carioca.
Flamengo no Carioca de 1921
Kuntz, Burgos e Telefone; Rodrigo Brandão, Sidney Pullen e Dino; Galvão Bueno, Aníbal Candiota, Nonô, Junqueira e Orlando
Téc: Comitê liderado por Sidney Pullen e José de Almeida Netto ("Telefone")
Lutando pela conquista de seu primeiro Tri-campeonato Carioca em 1922, o Flamengo manteve-se forte na disputa, sobretudo pela força de sua linha de frente artilheira formada por Candiota, Nonô e Junqueira. No 1º turno, 4 vitórias em 6 jogos, tendo havido um empate contra o Botafogo e uma derrota por 1 x 0 para o Fluminense. Uma campanha que mantinha a luta pelo tri viva.
No returno, na hora de decidir o título, o time tropeçou, quando perdeu pontos logo nas três primeiras rodadas, empatando com Botafogo e Fluminense, e sendo derrotado pelo América no jogo que efetivamente valeu o troféu, pois com a vitória, o América saltou um ponto a frente do Flamengo, e dali em diante nenhum dos dois foi derrotado nas três rodadas derradeiras. O sonho do primeiro tri foi adiado...
Flamengo no Carioca de 1922
Kuntz, Burgos e Telefone; Rodrigo Brandão, Sidney Pullen (Japonês) e Dino; Galvão Bueno, Aníbal Candiota, Nonô, Junqueira e Orlando
Téc: José de Almeida Netto, "Telefone"
Após perder a oportunidade de ser tri-campeão no campeonato de 22, o time foi quase todo reformulado para o Carioca de 1923. A estrutura central do time, formada por Telefone, Sidney Pullen, Dino, Junqueira e Nonô foi mantida, e as demais peças foram trocadas.
A temporada marcou a chegada do Vasco da Gama à 1ª divisão do futebol do Rio de Janeiro. Sustentado por recursos da colônia portuguesa na cidade, o clube havia sido campeão da 2ª divisão no ano anterior e chegava com muita força, apostando no recrutamento de jogadores que não tivessem outras atividades laborais e pudessem treinar em tempo integral, num tempo no qual quase todos os jogadores de futebol tinham suas profissões e só podiam treinar em horário noturno.
A estreia rubro-negra foi justamente contra o Vasco, que bateu o time rubro-negro por 3 x 1 no Estádio da Rua Paissandu. Foi a única derrota rubro-negra no 1º turno, com 5 vitórias em 7 jogos, tendo empatado ainda com o Fluminense. No returno, o time se preparou para enfrentar o Vasco, que havia terminado o turno invicto. O jogo no Estádio das Laranjeiras terminou com vitória rubro-negra por 3 x 2. Porém, nas rodadas seguintes, o Flamengo empatou contra Fluminense e Bangu, e perdeu um pouco de força na luta contra o rival pela liderança do campeonato. Na reta final, derrotas rubro-negras para Andarahy e América sacramentaram o título cruzmaltino, tendo o Flamengo terminado vice-campeão.
Fla-Flu no Estádio das Laranjeiras
Flamengo no Carioca de 1923
Iberê (Amado), Penaforte e Telefone; Seabra, Dino e Mamede; Orestes, Sidney Pullen, Nonô, Junqueira e Moderato
Téc: Comitê liderado por Sidney Pullen
No ano seguinte, o Flamengo mais uma vez encontrou um novo equilíbrio que o levou a uma arrancada a um novo título, que não viria naquele ano, mas com a mesma base no ano seguinte. A estrutura do time era formada pelas boas atuações do goleiro Amado, por uma forte dupla de zaga formada por Penaforte e Telefone, e por uma linha de frente goleadora que tinha Vadinho, Candiota, Nonô, Junqueira e Moderato.
O time esteve oscilante no 1º turno, sofrendo derrotas para Bangu e Botafogo, por quem acabou goleado por 5 x 0 na última rodada do turno, e empatando com Fluminense e São Cristóvão. Foram os únicos tropeços naquele campeonato, pois após a goleada sofrida para os alvi-negros, o time rubro-negro engatou uma sequência de 7 vitórias consecutivas, sem ter perdido nenhum ponto no returno. Não foi o suficiente para alcançar ao Fluminense, que acabou campeão, mas garantiu o vice-campeonato. E como era muito frequente no tempo do futebol amador, quando os times mudavam muito pouco de um ano para outro, já dava o indício de uma força que lhe dava um certo favoritismo no campeonato seguinte. E assim foi...
Flamengo no Carioca de 1924
Amado, Penaforte e Telefone; Japonês, Seabra e Dino; Aníbal Candiota, Vadinho, Nonô, Junqueira e Moderato
Téc: Joaquim Guimarães
O Flamengo havia encontrado um forte entrosamento, levando-o a fazer um 2º turno sem tropeços - nem empates nem derrotas - em 1924. Algumas poucas peças mudaram de um ano para o outro, mas nada que abalasse esta sintonia que havia sido encontrada no campeonato anterior. Ainda mais com o artilheiro Nonô endiabrado, tendo sido o artilheiro da competição com incríveis 30 gols. No 1º turno do Carioca de 1925 o Flamengo conseguiu 8 vitórias em 9 jogos, sendo derrotado apenas pelo Fluminense. Sem perder o embalo, no returno o time não sofreu nenhuma derrota, apesar de ter perdido pontos em empates contra São Cristóvão, Fluminense e Vasco. Uma bela campanha e um merecido título de campeão carioca de futebol.
Flamengo x Botafogo, no Estádio da Rua General Severiano
Uma curiosidade: no Carioca de 1925 pela primeira vez na história as quatro primeiras posições foram ocupadas por aqueles quatro clubes que viriam a ser os quatro maiores vencedores e mais tradicionais clubes do Rio nos mais de cem anos seguintes: Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo.
Flamengo no Carioca de 1925
Batalha, Hélcio e Penaforte; Japonês, Roberto e Hermínio (Mamede); Newton, Aníbal Candiota, Nonô, Vadinho e Moderato
Téc: Juan Carlos Bertone
No Campeonato Carioca de 1926, pela primeira vez o Flamengo não terminaria entre os 4 primeiros colocados. Nas 14 primeiras edições que disputou em sua história, o clube havia ficado 5 vezes em 1º lugar, 5 vezes em 2º lugar, 2 vezes em 3º e 2 vezes em 4º lugar. Portanto, nas 14 primeiras participações, em 10 o Flamengo foi ou o campeão ou o vice. Mostra que o clube havia já nascido grande na conjuntura futebolística do Rio de Janeiro. Comparativamente ao desempenho de seus principais rivais nestes torneios, o Fluminense foi 4 vezes 1º lugar, 3 vezes 2º lugar, 1 vez 3º e 2 vezes 4º; o América foi 3 vezes 1º lugar, 2 vezes 2º e 4 vezes 3º; o Botafogo foi 4 vezes 2º, 1 vez 3º e 5 vezes 4º. Entre os demais, o recém-chegado Vasco foi 1 vez 1º e 1 vez 3º; o Paissandu foi 1 vez 1º e 1 vez 4º; o São Cristóvão foi 3 vezes 3º e 2 vezes 4º; o Bangu foi 2 vezes 3º; e o Rio Cricket e o Andarahy foram 1 vez 4º lugar cada um. Estes dados mostram a força com que a história do futebol rubro-negro arrancou nos seus primeiros anos. E o mau resultado no Carioca de 1926 foi prenúncio dos dias difíceis que estavam por vir nos anos seguintes, quando o futebol do clube veio a ter os piores resultados de sua história. Um quadro que só viria a ser revertido após o início do Profissionalismo, em meados dos Anos 1930.
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