sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: ÍNDIO


ÍNDIO: a Sombra de Dentro da Área

Carreira: 1947-1949 Bangu; 1949-1957 Flamengo; 1957-1959 Corinhtians; 1959-1963 Espanyol (Espanha); 1963-1964 Lusitano de Évora (Portugal); 1964-1965 Sanjoanense (Portugal); 1965 América (RJ)

Atacante inteligente, podia atuar tanto como centroavante, abrindo espaço nas defesas adversárias, quanto como ponta-de-lança, vindo de trás. Era também exímio cabeceador. No 2º Tri, foi titular nas três campanhas vitoriosas, além de Artilheiro do time na conquista de 1954. Gostava dos clássicos: marcou ao todo 34 gols em 64 jogos contra Vasco, Fluminense, Botafogo e América.

Como jogador do Flamengo, ele fez 218 jogos e marcou 141 gols.


Abaixo, um texto publicado no site "Tardes de Pacaembu", complementado com alguns pequenos trechos de alguns outros variados sites:

Mais conhecido como Índio, Aluisio Francisco da Luz nasceu no município de Cabedelo, na Paraíba, em 1 de março de 1931. No início de 1939, a numerosa família Francisco da Luz mudou para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. Abalada pela morte do esposo, a mãe do pequeno Índio entrou em contato com o filho, que naqueles tempos morava em Madureira e trabalhava na Marinha. Alguns detalhes dessa necessária aventura foram publicados pela revista Vida do Crack número 19, lançada nas bancas no mês de junho de 1954: "Embarcado por via marítima ao Rio de Janeiro, a viagem foi feita para encontrar com os outros irmãos na capital da República (...) Extremamente pobre, o guri assistia o combate dos mais velhos pela sobrevivência, enquanto tentava esquecer os tempos de míngua e tristeza vividos na Paraíba". Na juventude, Índio jogava por uma equipe amadora chamada São José, antes de tomar coragem e tentar a sorte nos times de base do Bangu Atlético Clube, equipe onde permaneceu até 1949, sempre com boas participações.

Índio só deixou Moça Bonita quando foi encaminhado ao Clube de Regatas do Flamengo por indicação de seu conterrâneo Togo Renan Soares, o "Kanela", que foi técnico no futebol rubro-negro, mas se eternizou para o esporte nacional como técnico de basquete por mais de uma década do Flamengo e da Seleção Brasileira. O também paraibano Kanela foi o mais vitorioso técnico da história do basquete brasileiro. Ele conheceu Índio jogando na várzea e o levou para a Gávea.

Após boas apresentações pelo selecionado carioca juvenil (sub-20), Índio recebeu sua primeira oportunidade no time principal do Flamengo em uma partida contra o São Paulo. Depois, Índio embarcou para uma excursão pela Europa nos meses de maio e junho de 1951, com o Flamengo vencendo todos os compromissos para voltar em grande estilo ao Rio de Janeiro.

Autor do gol da vitória por 2 x 1 sobre o Vasco da Gama em 16 de setembro 1951, Índio foi um dos responsáveis pelo fim do maior jejum de vitórias sobre o rival da Colina. O último triunfo sobre o Vasco pelo campeonato carioca estava no distante 29 de outubro de 1944, quando Valido fez o gol do título daquele primeiro tri-campeonato estadual rubro-negro.

Eram os "Anos Dourados" do segundo tri-campeonato carioca, o Flamengo contou com uma safra de grandes atacantes, valores habilmente orientados pelo "feiticeiro" Fleitas Solich. Entre tantos talentos, como esquecer do esforçado centroavante paraibano Índio, que sempre apresentou uma imensa facilidade para balançar o barbante dos adversários. Com uma média espetacular, seu nome figura no rol dos maiores artilheiros da história do Flamengo. No período do segundo tri-campeonato carioca, Índio marcou 47 gols. Foram 17 gols em 1953, 18 em 1954 e mais 12 em 1955. No total foram mais de 200 jogos com a camisa rubro-negra.


Com a Seleção Brasileira, foi convocado para a Copa do Mundo de 1954, atuou apenas contra a Hungria, nas quartas de final. Três anos depois, no entanto, foi fundamental para a classificação do Brasil para o Mundial da Suécia, no qual o time canarinho levantaria seu primeiro título. Nas Eliminatórias contra o Peru, marcou o gol brasileiro no empate em 1 a 1 em Lima e sofreu a falta que, em cobrança de Didi, deu a vitória por 1 a 0 e a classificação da Seleção Brasileira. Logo depois destes jogos, foi vendido pelo Flamengo para o Corinthians.

Em julho de 1957, seu passe foi negociado com o Sport Club Corinthians Paulista, chegando após uma negociação que ofereceu muitas esperanças para a torcida corinthiana. Índio participou da boa campanha do time no Campeonato Paulista de 57, em seu primeiro ano no Parque São Jorge foram 20 gols marcados em 36 partidas. Suas últimas partidas pelo Corinthians aconteceram nos gramados da Espanha, em junho de 1959. Foram os 2 últimos amistosos de uma série de 10 jogos na Europa. O centroavante jogou muita bola contra o Barcelona e contra um Combinado de La Coruña, com vitórias por 5 x 3 e 3 x 0 respectivamente. Suas atuações despertaram o interesse dos espanhóis, que conseguiram efetivar sua contratação, ele seguiu para disputar o Campeonato Espanhol com a camisa do Espanyol, da cidade de Barcelona. Pelo Corinthians foram 101 jogos, com 52 gols marcados.

Ele defendeu até 1964 ao Reial Club Deportiu Espanyol de Barcelona (com esta grafia, que é em catalão, e não em espanhol). Com o Espanyol disputou 4 temporadas (1959-60, 1960-61, 1961-62 e 1962-63). Nestas quatro temporadas, fez 28 gols em 76 partidas disputadas entre a Primeira e a Segunda Divisão, já que o Espanyol foi rebaixado na temporada 1961-62, voltando à Série A só um ano depois, e também em partidas pela Copa das Feiras (depois renomeada primeiro como Copa da UEFA, e posteriormente como Liga Europa). Assim descreveu o jornal espanhol "As" a passagem de Índio pela Espanha: não chegou a ter um mau retrospecto, mas foi discreto frente às expectativas geradas por sua chegada, mostrou muita irregularidade, tendo passado boa parte de sua segunda temporada lesionado, e na de 1962/63, a temporada de retorno do clube à Primeira Divisão, não voltou do Brasil, por problemas burocráticos, após viajar para comentar o Mundial do Chile, e acabou deixando o clube logo no início da temporada 1963/64. De qualquer forma, ainda é o brasileiro a ter marcado mais gols com a camisa azul e branca do Espanyol em toda a história.

Ainda jogou duas temporadas em Portugal. Não conseguiu se destacar no futebol europeu. Voltou ao Brasil e encerrou a carreira profissional em 1965 com a camisa do América. Após se aposentar, trabalhou como instrutor do Instituto Brasileiro de Assistência ao Futebol Brasileiro (IAFB) na Pavuna, no Rio de Janeiro.

O centroavante faleceu em 19 de abril de 2020, curiosamente no dia que a cultura brasileira celebra o Dia do Indio. Ele estava com 89 anos quando faleceu, em meio a um momento social extremamente delicado no país, que vivia dias de isolamento por conta da pandemia do coronavírus.


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