ZAGALLO: a estrela multi-campeã
Carreira: 1952-1958 Flamengo; 1958-1965 Botafogo
Mário Jorge Lobo Zagallo é um ícone do futebol mundial. Com a Seleção Brasileira foi campeão como jogador das Copas do Mundo de 1958 e 1962, como treinador foi campeão da Copa do Mundo de 1970 e semi-finalista da Copa do Mundo de 1974. Como auxiliar-técnico foi campeão da Copa do Mundo de 1994, e como treinador ainda teve saúde para colocar o Brasil em mais uma final de Copa do Mundo em 1998, mas desta vez para ser vice-campeão. Deus abençoou sua saúde, porque aos 70 anos estava sentado no banco de reservas como treinador do Flamengo quando Petkovic fez o gol do Quarto Tri.
Como jogador, começou nas divisões de base do América, mas chegou ao Flamengo ainda como juvenil (sub-20). Profissionalizou-se em 1953, e com estrela, chegou para faturar o Segundo Tri do Flamengo (1953-54-55).
Como jogador do Flamengo, ele fez 205 jogos e marcou 30 gols.
Abaixo, a combinação de dois textos sobre a carreira de Zagallo, um publicado pelo blog "Palavra Acesa" e outro pelo site "Tardes de Pacaembu":
Mário Jorge Lobo Zagallo nasceu em Maceió, Alagoas, no dia 9 de agosto de 1931. Chegou ao Rio de Janeiro ainda no colo da mãe e cresceu morando no bairro da Tijuca. O pai, Aroldo Cardoso Zagallo, encarou o desafio de vencer na Cidade Maravilhosa como representante comercial dos Tecidos Alexandria, uma fábrica de propriedade do cunhado Mário Lobo, em Alagoas. Os planos para o futuro dos filhos eram pautados em uma educação esmerada, tal como tinham recebido. A mãe, dona Antonieta, foi interna em um colégio francês da elite alagoana, enquanto o pai estudou na Inglaterra. Naquele tempo, a educação dos jovens tijucanos era entregue quase sempre ao Colégio Militar ou ao Externato São José, uma escola de orientação católica dirigida por padres maristas. Foi no Externato São José que o menino Zagallo deu os primeiros sinais de brilhantismo, com boas notas e uma ótima conduta escolar.
As peladas na rua ou no terreno do Derby Club eram feitas sem o conhecimento do pai. A habilidade para o futebol apareceu primeiro nas peladas e mais tarde no time amador do Maguari. Posteriormente, Zagallo ingressou nas divisões amadoras do América Football Club, que ficava próximo de sua casa e onde também praticava natação, vôlei e tênis de mesa. Seu Aroldo Cardoso, conselheiro do clube, ajudou com dinheiro para comprar os refletores do antigo Estádio da Rua Campos Sales, onde Zagallo calçou o primeiro par de chuteiras. Mas Seu Aroldo Cardoso preferia que o filho fosse diplomado no curso técnico de Contabilidade, para mais tarde trabalhar com ele na representação da fábrica de tecidos. Zagallo acompanhou ao pai algumas vezes até o escritório da Rua da Alfândega, no Centro do Rio, onde julgavam os familiares que estaria o seu futuro profissional.
O futebol, naqueles tempos, já não ostentava mais o charme elitista que apresentava nas primeiras décadas do século. Mas o esporte foi ganhando popularidade rapidamente e se instalou com força nas camadas mais pobres da população brasileira, adquirindo com isso uma imagem um tanto marginal. No entanto, Zagallo contava com o apoio do irmão, Fernando Henrique, que conseguiu convencer Seu Aroldo Cardoso para que Zagallo continuasse jogando. Fernando Henrique argumentou ao pai que também existiam jogadores de futebol oriundos da classe média.
Na qualidade de sócio contribuinte, Zagallo "pagava para jogar", condição que fazia do futebol uma simples e saudável atividade esportiva, recomendada para qualquer jovem de sua idade. Porém, aquela brincadeira ganhou ares de seriedade com sua ascensão, em 1948, ao quadro juvenil (sub-20) do América. Na época, Zagallo ainda jogava como meia esquerda. Pouco depois, em razão da grande concorrência existente no meio de campo, Zagallo foi aproveitado como ponteiro esquerdo, de onde não saiu mais.
O "Formiguinha", apelido que ganharia mais tarde, compensava sua frágil composição física com uma boa técnica e muito trabalho em campo. Era sempre o primeiro que voltava para ajudar quando o time perdia a posse de bola. Ainda como juvenil do América, Zagallo servia no destacamento da Polícia do Exército, no Sexto Pelotão do Quartel da Barão de Mesquita, onde ficavam os esportistas. Justamente por isso, seu nome foi escalado para trabalhar na segurança durante o confronto final da Copa do Mundo de 1950 contra o Uruguai no Maracanã. Foi sua primeira experiência diante da dura realidade do futebol. Ali, naquele Maracanã em prantos após inesperada derrota, o jovem Zagallo iniciou sua forte ligação com o escrete nacional.
Contratado pelo Flamengo em 1950 para jogar no juvenil (sub-20), Zagallo batalhava duro por uma oportunidade. Um dia, o titular Esquerdinha pediu licença para se casar e o reserva imediato Itamar ficou doente. Assim, Zagallo conseguiu sua tão esperada chance.
Sério, habilidoso e dotado de um fôlego privilegiado. Foram esses os atributos que o levaram para disputar o primeiro Campeonato Brasileiro de Amadores em 1951, quando faturou seu primeiro título.
O treinador Fleitas Solich logo percebeu que Zagallo era um atleta determinado e incansável, que nunca negava contribuir para o sucesso do esquema de jogo. Então, Solich permitia maior liberdade ao jovem ponteiro esquerdo.
Já como titular absoluto na linha de ataque que contava com Joel, Moacir, Índio, Evaristo e Dida, Zagallo entrou para os livros de história do clube ao conquistar o Tri-campeonato Carioca de 1953, 1954 e 1955. Como jogador do Flamengo, Zagallo disputou ao todo 205 jogos com 128 vitórias, 38 empates, 39 derrotas e 30 gols marcados. Mais tarde, como técnico do Flamengo, o "Velho Lobo" comandou o time em 236 partidas com 116 vitórias, 59 empates e 61 derrotas.
Zagallo transfere-se para o Botafogo em 1958. Tendo conseguido o próprio passe, pelo qual pagou a quantia de 100 mil cruzeiros, o ponteiro esquerdo acertou suas bases com o Botafogo de Futebol e Regatas. No mesmo ano em que ele fez sua estreia na Seleção Brasileira, em maio, no Maracanã, numa vitória sobre o Paraguai por 5 a 1, em que Zagallo marcou dois gols, em 4 de maio de 1958, exatos 35 dias antes da abertura da Copa do Mundo. O compromisso fazia parte da disputa da Taça Oswaldo Cruz. A boa atuação e os dois gols marcados na goleada contra o Paraguai foram determinantes em sua convocação para o Mundial da Suécia. Como suplente do ponteiro esquerdo santista Pepe, Zagallo foi diretamente beneficiado pelo corte de Canhoteiro, ponta-esquerda do São Paulo. Convocado para a disputa da Copa do Mundo de 1958, Zagallo foi titular em todos os jogos, marcando um gol na Final, o quarto do Brasil na vitória de 5 a 2 sobre a Suécia.
Zagallo fez sua primeira partida pelo Botafogo no dia 13 de julho, na vitória sobre o Fluminense por 2 x 1. Jogando pelo time da "Estrela Solitária", Zagallo fez parte de lendárias formações de ataque com craques como Garrincha, Didi, Amarildo, Paulo Valentim, Quarentinha e tantos outros. Atuando pelo Botafogo, Zagallo conquistaria o Torneio Início em 1961, 1962 e 1963, além do Campeonato Carioca em 1961 e 1962, da Taça Brasil em 1962 e do Torneio Rio-São Paulo em 1962 e 1964.
Com a Seleção Brasileira, ele também participou do Campeonato Sul-Americano de 1959, na Argentina, em que o Brasil sagrou-se vice-campeão. E mais uma vez foi convocado para a disputa de uma Copa do Mundo, em 1962, no Chile, na qual foi novamente titular em todas as partidas, marcando o primeiro gol do Brasil na Copa, contra o México. Após participar de mais algumas partidas pela Seleção Brasileira em 1963, despediu-se da camisa amarela no ano seguinte, num amistoso contra Portugal, no Maracanã, em que o Brasil venceu por 4 a 1, tendo disputado ao todo 36 partidas e marcado 5 gols pelo Brasil.
Em 1965, aos 34 anos e devidamente consagrado, Zagallo fez sua última partida como jogador profissional num empate em 1 x 1 entre Botafogo e América no Maracanã. Ao todo, foram 299 participações e 22 gols marcados pelo Botafogo.
Quase que imediatamente após abandonar aos campos como jogador, começou a carreira de treinador. Comandou ao juvenil (sub-20) do próprio Botafogo, onde mais tarde também trabalhou no elenco principal.
E quase que imediatamente após assumir como técnico ao profissional do Botafogo, começa a conquistar títulos. O técnico Zagallo foi Bi-Campeão Carioca em 1967 e 1968 e da Taça Brasil em 1968, e com o sucesso, foi chamado a treinar a Seleção Brasileira num amistoso contra o Chile em 1967 e em outro amistoso contra a Argentina, em 1968. O Brasil vence os dois jogos (1 a 0 contra o Chile em Santiago e 4 a 1 contra a Argentina no Maracanã).
Mas o acontecimento que marcaria para sempre sua carreira se daria em 1970. Tudo começou com o discutido afastamento de João Saldanha, em março. Dino Sani e Otto Glória foram consultados pela CBD, todavia recusaram o convite para dirigir o escrete. Zagallo foi então convidado e prontamente aceitou assumir à Seleção Brasileira a pouco mais de dois meses da estreia do Brasil na Copa do Mundo do México de 1970. Ele muda o time e decide que teria que escalar os melhores em campo, achando espaço para acomodar 5 jogadores que atuavam com a camisa 10 em seus clubes: Gérson, do São Paulo, Pelé, do Santos, Jairzinho, do Botafogo, Tostão, do Cruzeiro, e Rivellino, do Corinthians. Gérson é um pouco recuado no meio de campo para iniciar a armação, Jairzinho aberto pela direita e Rivellino aberto pela esquerda; Tostão é empurrado para dentro da área para jogar como um "falso 9", e Pelé é deixado livre para movimentar-se como quisesse pelo campo de jogo. Estava montado o maior time de futebol que o mundo já viu! Após vitórias em uma série de amistosos, o Brasil estreia no México contra a Tchecoslováquia vencendo por 4 a 1. Vence os seis jogos do torneio - fazendo 1 x 0 na Inglaterra, 3 x 2 na Romênia, 4 x 2 no Peru, 3 x 1 no Uruguai e 4 x 1 na Itália - e sagra-se Tri-Campeão Mundial de futebol, conquistando de forma definitiva a Taça Jules Rimet.
Zagallo permanece treinando a Seleção Brasileira após a Copa do Mundo (conquista a Taça Independência em 1972), e, paralelamente, trabalha no Fluminense entre 1971 e 1972, e no Flamengo, entre 1972 e 1974, clube pelo qual sagra-se Campeão Carioca em 1972. Zagallo encerraria seu primeiro ciclo na Seleção Brasileira em 1974, após a disputa da Copa do Mundo na Alemanha, em que o Brasil termina na 4ª colocação, perdendo na semi-final para a Holanda do genial Johan Cruijff. Foi duramente criticado pelo esquema defensivo utilizado pelo Brasil naquele Mundial.
Como técnico, volta a trabalhar no Botafogo em 1975 e no ano seguinte parte para o Oriente Médio para treinar a Seleção do Kuwait. Retorna ao Brasil em 1978 para trabalhar no Botafogo, após fracassar na tentativa de classificar o pequeno país do Golfo Pérsico para a disputa da Copa do Mundo daquele ano na Argentina (perdeu a vaga para o Irã).
Ele volta para ao Oriente Médio em 1979 para treinar ao Al-Hilal, da Arábia Saudita. Em 1980 é contratado pelo Vasco da Gama, onde fica até 1981, ano em que retorna ao Oriente Médio, desta vez para treinar à Seleção da Arábia Saudita. Em 1984 volta ao Brasil para treinar ao Flamengo. Em 1986 retorna mais uma vez ao Botafogo. E em 1988 passa a treinar ao Bangu.
No ano seguinte, junta-se a Carlos Alberto Parreira na comissão técnica que levaria os Seleção dos Emirados Árabes pela primeira vez a uma Copa do Mundo, em 1990 na Itália. No final de 90, volta ao Brasil para treinar ao Vasco da Gama. No ano seguinte, Carlos Alberto Parreira é chamado para treinar a Seleção Brasileira visando a Copa do Mundo de 1994, e Zagallo é apresentado como Coordenador-Técnico do treinador. Com a dupla, o Brasil acaba com um jejum de 24 anos sem título e é Tetra-Campeão Mundial.
Após a Copa de 1994, Parreira desiste do cargo frente às fortes críticas recebidas antes do título por seu esquema altamente defensivo. Zagallo então assume novamente o cargo de técnico da Seleção Brasileira após vinte anos, conquistando a Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, e sendo Campeão da Copa América e a Copa das Confederações em 1997 (na primeira vez em sua história na qual o Brasil conquista uma Copa América sem ser o país-sede).
Após chegar à Final da Copa do Mundo de 1998, Zagallo deixa o comando da Seleção Brasileira, após atuar como técnico do Brasil em 139 partidas, contando todas as suas passagens desde 1967 até 1998, tendo vencido 100 jogos e perdido apenas 10. É o técnico que mais atuou pela Seleção Brasileira em toda a história!
Em 1999 passa a treinar a Portuguesa de Desportos, onde fica até o ano 2000. Em 2001 é contratado pelo Flamengo, quando conquista o Campeonato Carioca e a Copa dos Campeões. É o técnico do time do Flamengo quando o sérvio Dejan Petkovic marcou o histórico gol, aos 43 minutos do 2º tempo, que deu ao clube o Quarto Tri Carioca de sua história.
Ele ainda volta à Seleção Brasileira como auxiliar-técnico de Carlos Alberto Parreira, ocasião em que participa da conquista da Copa América em 2004 e da Copa das Confederações em 2005. Participa pela última vez de uma Copa do Mundo em 2006, como auxiliar-técnico de Parreira, até a eliminação da Seleção Brasileira pela França nas quartas-de-final.
Com fama de pão-duro e supersticioso, o "Velho Lobo" sempre foi cercado de amuletos, além da famosa fixação pelo número 13.
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