ROMÁRIO: o Gênio da Grande Área
Carreira: 1985-1988 Vasco; 1988-1993 PSV Eindhoven (Holanda); 1993-1994 Barcelona (Espanha); 1995-1996 Flamengo; 1996 Valência (Espanha); 1997 Flamengo; 1997 Valência (Espanha); 1998-1999 Flamengo; 2000-2002 Vasco; 2002-2003 Fluminense; 2003 Al Sadd (Qatar); 2004 Fluminense; 2005-2006 Vasco; 2006 Miami (EUA); 2007 Adelaide United (Austrália); 2007-2008 Vasco
Seu técnico no Barcelona, ninguém menos que o gênio holandês Johan Cruijff, batizou-o como "o Gênio da Grande Área". Em dezembro de 1994, Romário foi eleito o "Melhor Jogador do Mundo" pela FIFA. Em janeiro de 1995 ele foi contratado pelo Flamengo para ser a estrela do "Ano do Centenário" do clube. Criou-se uma expectativa imensa de resultados positivos e de futebol espetáculo, como se bastasse colocar umas feras juntas e elas já gerassem uma intimidade de grupo de velhos conhecidos. Por tudo o que foi feito e alardeado, grande parte da torcida ficou muito ansiosa. A contratação de Romário gerou tamanha expectativa e tamanha inquietação que já não bastava vencer com folga, era inadmissível qualquer tropeço ou atuação que não fosse nota 10. O resultado não chegou como era esperado, e o caldeirão ferveu. Ainda assim, Romário fez mais de 200 gols com a camisa rubro-negra nos 5 anos que ficou no clube, sendo o Artilheiro do Flamengo em todas as cinco temporadas que vestiu rubro-negro: 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999.
Como jogador do Flamengo, ele fez 240 jogos, e marcou 202 gols.
Abaixo, a combinação com trechos de dois textos sobre a carreira do jogador escritos por Helládio Holanda para o blog "Romário Gol", e por Xandy Love para o site "Redação Rubro-Negra":
Romário de Souza Faria nasceu no Rio de Janeiro em um sábado dia 29 de janeiro de 1966, filho de Edevair de Souza Faria e Manuela Ladislau Faria, a "Dona Lita". O menino nasceu com apenas 1,9kg em um verão de tempos difíceis para a família. Foi criado na Favela do Jacarézinho, onde morou em um pequeno barraco de madeira até os 3 anos de idade. Seu pai era operário em uma fábrica de pintura e sua mãe era lavadeira; uma família muito pobre, muito humilde e muito honesta. Seu Edevair dizia que o barraco de madeira onde moravam era precário e que os vizinhos quando passavam pela rua, enxergavam ele e Romário deitados no quarto. O nome era pouco comum: Romário, do latim, com significado de "Famoso e Glorioso". A fama e a glória sem dúvidas foram conquistadas. Uma prova incontestável: nas décadas de 1960 e 1970 houve cerca de 3.600 registros do nome Romário no Brasil, nas décadas de 1980, 1990 e 2000 - quando ele brilhou nos campos de futebol - houve cerca de 39.740 registros de "Romários" no Brasil.
Quando tinha três anos, a família se mudou do Jacarézinho para o bairro da Vila da Penha. Na infância, costumava ir muito jogar bola na Praia de Ramos. Quando Romário e seu irmão Ronaldo estavam para serem reprovados no ano letivo do colégio, seu pai prometeu que se eles fossem aprovados, iria montar um time de futebol no bairro para eles jogarem. Com "fome de bola", é claro que ele e seu irmão foram aprovados no colégio e assim, seu Edevair cumpriu a promessa, juntou outros meninos na Praça Soldado José dos Anjos e montou um time, colocando o nome de Estrelinha. Em 1979, um olheiro o viu jogando e o levou para fazer testes no infantil do Olaria Atlético Clube, onde ingressou. Foi campeão estadual da categoria e artilheiro, e manteve o bom desempenho no ano seguinte pelo Olaria. No inicio de 1981 foi levado para as categorias de base do Vasco, onde jogou nas categorias infantil (sub-15), juvenil (sub-17) e juniores (sub-20), tendo sido campeão e artilheiro em todas elas.
Em 1985 foi Campeão Sul-Americano Sub-20 com a Seleção Brasileira, tendo marcado 2 gols na campanha. Em 1986, fez sua estreia no time profissional do Vasco em 6 de fevereiro, aos 19 anos, em um jogo contra o Coritiba que o time venceu por 3 x 0, no qual não balançou as redes. O primeiro gol como profissional aconteceu em 18 de agosto de 86, num amistoso contra o Nova Venécia. No Carioca de 86, amargou o vice-campeonato, caindo para o Flamengo de Bebeto, mas num grande time da história vascaína, ao lado de Roberto Dinamite, Geovani, Mazinho, Donato e Acácio, foi Bi-Campeão Carioca em 1987 e 1988, superando nas duas finais ao Flamengo.
Ele foi convocado pela primeira vez para defender à Seleção Brasileira em 1987, em um amistoso contra a Irlanda. Seu primeiro gol com a camisa canarinho saiu meses depois, numa vitória por 3 x 2 sobre a Finlândia. O ano de 1988 é considerado pelos analistas como um grande ano na carreira de Romário. É nesse ano que ele conquista a Medalha de Prata nas Olimpíadas de Seul com a Seleção Brasileira, sendo o artilheiro e sendo escolhido o melhor jogador do torneio.
Romário foi então vendido para o PSV, da Holanda, em 1988, aos 22 anos de idade, por U$ 5 milhões. Chegava num time do PSV Eindhoven que havia sido campeão da UEFA Champions League na temporada 1987/88. Romário jogou a Final do Mundial Interclubes contra o Nacional de Montevidéu, fazendo o gol de abertura do placar, mas o time perdeu de virada. No PSV, Romário foi Tri-Campeão Holandês nas temporadas 1988/89, 1990/91 e 1991/92. Ele foi o artilheiro do Campeonato Holandês três vezes, nas temporadas 1988/89, 1989/90 e 1990/91. Ainda foi Bi-Campeão da Copa dos Países Baixos e artilheiro da Liga dos Campeões da Europa na temporada 1989/90. Caiu nas graças da torcida local e virou ídolo, fazendo jogadas históricas, lances geniais, gols espetaculares em clássicos e jogos decisivos, e fazendo com que outras equipes do futebol mundial despertassem bastante interesse em seu futebol. Romário é considerado o maior ídolo da história do PSV, com direito a uma estatua na porta da sede do clube.
Com a Seleção Brasileira, ele foi Campeão da Copa América de 1989, título que o Brasil não conquistava havia 40 anos. Foi de Romário o gol de cabeça na final contra o Uruguai no Maracanã na vitória por 1 a 0 que deu o título à seleção. Esperava-se que fosse o titular do time canarinho na Copa do Mundo de 1990, mas uma fratura na perna sofrida durante um jogo na Holanda no fim de 1989 comprometeu sua participação. Ele foi à Copa, mas ainda não totalmente recuperado, jogando apenas pouco minutos.
Após o sucesso no futebol holandês, foi contratado na temporada 1993/94 pelo Barcelona, que pagou US$ 4,5 milhões (12 milhões de euros na época) pelo passe dele. Romário estava no seu auge, aos 28 anos de idade. No time catalão, teve um início arrasador, marcando 17 gols em 12 jogos da pré-temporada. Foi Campeão Espanhol da temporada 1993/94 e artilheiro, foi Campeão do Troféu Teresa Herrera, Campeão da Supercopa da Espanha e eleito o melhor jogador do Campeonato Espanhol. Mas acumulou também problemas. Indisciplinado dentro e fora do gramado, chegou a ficar 4 partidas suspenso por agredir a Diego Simeone. Também era muito criticado pelos excessos de diversão nas noites da Catalunha. E construiu histórias mitológicas também. Contou seu técnico, o holandês Johan Cruijff: "uma vez ele veio me perguntar se poderia faltar a dois dias de treinos para voltar ao Brasil para o carnaval no Rio de Janeiro. Eu respondi: 'se você fizer dois gols amanhã, te dou dois dias a mais de descanso que o restante da equipe'. No dia seguinte, ele marcou seu segundo gol com 20 minutos de jogo e imediatamente fez um gesto para mim pedindo para sair. Ele me disse: treinador, meu avião sai em menos de uma hora".
As indisciplinas levaram ao técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, a mantê-lo fora do time canarinho durante as Eliminatórias em 1993. Na última partida, porém, contra o Uruguai no Maracanã, uma derrota deixaria o Brasil fora do Mundial. Parreira então recorreu ao artilheiro, e ele justificou a opção: fez os dois gols da vitória brasileira por 2 a 0, garantindo o lugar da Seleção Brasileira na Copa. E no Mundial brilhou! Foi o grande nome da conquista. Na 1ª fase, balançou as redes em todas as partidas, marcando um gol sobre Rússia, Camarões e Suécia. Nas quartas de final marcou mais um na vitória histórica de 3 a 2 sobre a Holanda. Na semi-final fez o gol da vitória de 1 a 0 sobre a Suécia. Na final, empate sem gols contra a Itália no tempo normal e na prorrogação, e vitória brasileira nos pênaltis. Brasil, Campeão da Copa do Mundo de 1994.
Romário já tinha muito história no futebol quando chegou ao Flamengo. Estava completando 29 anos. No início de 1995, o então Presidente do Flamengo, Kléber Leite, faz uma série de contratações para montar um grande time para o "Ano de Centenário do Flamengo", numa inusitada jogada de marketing. Após uma negociação dura, que durou 8 dias junto aos dirigentes do Barcelona, enfim o "Baixinho" foi anunciado pelo Flamengo e vestiu o Manto Sagrado em entrevista coletiva ainda na Espanha.
A torcida rubro-negra preparou o Rio de Janeiro para recebê-lo. Era sábado, 14 de janeiro de 1995, o dia nasceu com o sol sorrindo, aguardando o melhor jogador do mundo. Às 8hs da manhã, surgiu Romário em um carro aberto, acenando para milhares de pessoas em um desfile que durou cerca de três horas e meia em cima de um carro de bombeiros do Aeroporto do Galeão até a Gávea. Na chegada ao clube, em nova entrevista coletiva, Romário ignorou o passado no Vasco e mandou um recado: "O que eu posso dizer para a torcida do Vasco, é que quando tiver um clássico entre Flamengo e Vasco, levem lenço para o Maracanã, porque vocês irão chorar muito". Esse era o "Baixinho", o craque de língua afiada.
Ele fez sua estreia num Maracanã absolutamente lotado, num empate sem gols diante do Fluminense. O primeiro gol foi numa cobrança de pênalti, contra o Americano, no Estádio Godofredo Cruz, em Campos. Em 7 de maio, o primeiro confronto contra o Vasco: Sávio foi à linha de fundo e cruzou rasteiro, dentro da área, Romário recebeu, dominou, girou o corpo sobre o zagueiro e com a frieza de sempre, colocou a bola no canto esquerdo do goleiro Carlos Germano. Na comemoração, o baixinho saiu provocando à torcida do Vasco, pediu silêncio e também para pegarem o lenço para enxugarem as lágrimas: Flamengo 1 x 0. Promessa cumprida! Depois, na final da Taça Guanabara, Romário marcou 3 vezes na vitória de 3 x 2 sobre o Botafogo, de Túlio. Na final do Campeonato Carioca, no entanto, houve um Fla-Flu com a vantagem de empate rubro-negra. Na véspera, a imprensa carioca só badalava o duelo por tornar-se o "Rei do Rio" entre Romário (do Fla) e Renato Gaúcho (do Flu). No primeiro tempo, o time tricolor fez 2 a 0. No segundo, com um dos gols marcado por Romário, o placar ficou em 2 a 2. Assim, o título inclinava-se para a Gávea. Mas aos 41 minutos do 2º tempo, o "gol de barriga" marcado por Renato Gaúcho acabou com a festa rubro-negra.
Após a perda do título, desentendimentos entre Romário e o técnico Vanderlei Luxemburgo levaram o atacante a definir para a diretoria: "ou fico eu, ou fica ele". O treinador foi demitido. Para o segundo semestre, Kléber Leite voltou a apostar numa grande jogada de marketing, contratando Edmundo ao Palmeiras e formando o "Melhor Ataque do Mundo": Edmundo, Romário e Sávio. O título brasileiro não foi conquistado, mas o time chegou à Final da Supercopa do Campeões da Libertadores contra o Independiente. No primeiro jogo, na Argentina, derrota por 2 a 0. Na volta, no Maracanã, Romário marcou, mas o 1 a 0 não foi suficiente, o time ficou com o vice-campeonato. O "Ataque dos Sonhos" naufragava. Dentro de campo o que era pra ser o melhor, não saiu do papel e, segundo o próprio Romário, por motivo de vaidade de cada estrela do ataque.
A pressão pelo sucesso frente a tamanha empreitada na contratação do então "maior do mundo" era enorme, e proporcional foi a pressão pelo fracasso com a perda do "título do Centenário". A temporada de 95 abriu expressivas feridas no relacionamento entre o milionário craque e a diretoria rubro-negra, que avisou que as regalias e os mimos dedicados ao goleador estavam extintos. O jogador teria que se submeter à rotina normal de treinamentos de todos do elenco, compensando eventuais faltas. Estava obrigado a viajar com todos, sendo vedado o deslocamento por meio de jatinhos ou helicópteros particulares.
No início do ano seguinte o time é reformulado, sendo contratados o argentino Alejandro Mancuso e Marques, entre uma leva de novos nomes. Romário então, enfim, é Campeão Carioca de 1996 vestindo a camisa rubro-negra. Mas as feridas das desavenças com a diretoria estavam ainda abertas, e o título não a cicatrizaram. Romário então tratou de forçar sua saída rumo ao Valência, voltando a disputar o Campeonato Espanhol.
Os excessos por lá, porém, geraram mais problemas que sucessos, e no início de 1997 ele estava de volta ao Flamengo para a disputa do Campeonato Carioca. O semestre foi marcado novamente por insucessos: o Flamengo foi vice-campeão do Torneio Rio-São Paulo (perdeu a final para o Santos) e vice-campeão da Copa do Brasil (perdeu a final para o Grêmio). Romário então voltou no segundo semestre de 97 para terminar seu contrato com o Valência. Foram poucas partidas mais na Espanha. No total das duas passagens com a camisa do Valência foram só 12 partidas disputadas, e 6 gols marcados.
Mas o sucesso se mantinha com a Seleção Brasileira. Formando uma dupla de ataque histórica com Ronaldo - a "Dupla Ro-Ro" - foi Campeão da Copa América de 1997 e Campeão da Copa das Confederações de 1997. Em 1998, porém, uma distensão muscular numa partida do Campeonato Carioca contra o Friburguense, levou ao corte do Baixinho, que não foi à Copa de 98.
No início daquele ano de 1998, Kléber Leite havia voltado a convencer Romário a regressar ao Flamengo. Em mais uma jogada de marketing, ele montou um "super-time", contratando Romário, Palhinha, Rodrigo Fabri e Zé Roberto. Mas o time não foi campeão de nada em 1998. Só no ano seguinte, depois que Kléber Leite já havia deixado à Presidência, com um time remodelado e repleto de jovens emergidos da base, ele é Campeão Carioca de 1999. Na partida que decidiu o título, uma vitória por 1 a 0 sobre o amplo favorito Vasco, campeão da Libertadores no ano anterior, Romário sentiu uma distensão muscular logo nos minutos iniciais da partida. No 2º semestre, Romário foi artilheiro do Flamengo na Copa Mercosul, fazendo uma partida antológica no jogo em que o time precisava vencer por quatro gols de diferença para avançar à 2ª Fase, e com 4 gols de Romário, o time rubro-negro faz 7 x 0 sobre a Universidad de Chile no Maracanã. O time viria a ser campeão, mas antes da final Romário seria demitido e desligado do Flamengo.
Romário é dispensado do clube por indisciplina após a última rodada do Campeonato Brasileiro. Após uma derrota para o Juventude que eliminou o time do campeonato, alguns jogadores foram flagrados participando da "Festa da Uva de Caxias do Sul". A atitude foi considerada desrespeitosa pelo então Presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, e Romário teve seu contrato rescindido.
O camisa 11 então voltou ao Vasco, que em janeiro de 2000 disputaria o 1º Mundial de Clubes da FIFA, disputado no Brasil. A dupla de ataque vascaína foi formada por Edmundo e Romário. O time foi à final, em que acabou caindo nos pênaltis perante o Corinthians no Maracanã. Apesar desta derrota, o ano de 2000 foi fantástico para o Baixinho. No primeiro reencontro com o Flamengo, na final da Taça Guanabara, goleada vascaína por 5 x 1 num domingo de Páscoa, com três gols do Baixinho. Na final do Campeonato Carioca, porém, Romário sairia com uma distensão muscular e o Flamengo venceria os dois jogos e se sagraria campeão. Mas o restante do ano mostraria a grandiosidade da temporada do Baixinho. Dos 176 gols do Vasco no ano 2000, 66 foram de Romário, artilheiro do clube na temporada. Ele ainda marcou 7 gols pela Seleção Brasileira, totalizando 73 gols no ano 2000. O Vasco foi Campeão Brasileiro de 2000, o primeiro título nacional da carreira de Romário, que foi também o artilheiro do Brasileirão, recebendo os Troféus Bola de Prata, Bola de Ouro e Chuteira de Ouro da Revista Placar. O Vasco ainda chegou à final da Copa Mercosul contra o Palmeiras. No jogo decisivo em São Paulo, os palmeirenses terminaram o 1º tempo vencendo por 3 x 0. No 2º tempo, com três gols de Romário, o Vasco virou para 4 x 3 e se sagrou Campeão da Copa Mercosul de 2000. Aos 34 anos de idade, o "Gênio da Grande Área" parecia estar ficando cada vez melhor à medida que a idade avançava.
Pelas Eliminatórias, ele marcou três gols na goleada brasileira de 5 a 1 sobre a Bolívia. Mas Vanderlei Luxemburgo não quis levá-lo para as Olimpíadas de 2000. Entre 2000 e 2001 foram atuações marcantes pelo Vasco: 4 gols na goleada de 7 a 0 sobre o Guarani, mais 4 gols num histórico 7 a 1 sobre o São Paulo, de Rogério Ceni, e 3 gols numa vitória de 3 a 0 sobre o Cruzeiro, onde então estava Edmundo, em 2001. Aos 35 anos, Romário voltou a ser o artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2001. Apesar da grande fase, Luiz Felipe Scolari não o convocou para a Copa de 2002.
Em 2002 o jogador se transferiu para o Fluminense, que comemorava naquele ano o seu centenário, e tinha recebido grande aporte financeiro da Unimed. Em sua estreia, arrastou 70 mil tricolores ao Maracanã, fez dois gols, e o Flu goleou ao Cruzeiro por 5 a 1. Mas os resultados de sua passagem no clube ficaram aquém do esperado. Em 2004, o centroavante acabou aceitando um convite para jogar no Qatar, onde defendeu ao Al Saad. O jogador defendeu ao time árabe por 100 dias e recebeu um salário astronômico de US$ 1,7 milhão. Jogou só 3 partidas e não marcou nenhum gol. Voltou ao Vasco em 2005, e, muito perto de completar 40 anos, foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2005, com 22 gols.
Teve um jogo especial de despedida da Seleção Brasileira em 27 de abril de 2005 no Estádio do Pacaembu, em São Paulo (que completava 65 anos de sua inauguração). A despedida mostrou a dimensão nacional do ídolo Romário, que mesmo sem nunca ter atuado por um clube paulista, pára São Paulo para sua festa de despedida. O Brasil venceu à Guatemala por 3 a 0. Romário ficou 38 minutos em campo, marcou o segundo gol brasileiro, e ao ser substituído foi ovacionado pela torcida que lotou ao Pacaembu enquanto dava uma volta olímpica.
O jogador se voltou então para o projeto pessoal de chegar aos 1.000 gols, para repetir a marca atingida por Pelé. Em março de 2006 foi jogar no futebol dos Estados Unidos, indo defender ao Miami Football Club, então recém-criado (em 2005) e indo jogar na 2ª divisão dos EUA (United Soccer League - USL). Em 2006, jogou 4 partidas pelo Adelaide United, da Austrália, marcando 1 gol no último deles. Em janeiro de 2007 ele acertou seu retorno ao Vasco na contagem regressiva para os mil gols (a listagem é polêmica, porque ele incluiu gols desde o sub-15 do Olaria para levar a conta a mil). No dia 20 de maio de 2007, no Estádio de São Januário, cobrando pênalti (assim como no milésimo gol de Pelé) Romário marcou seu milésimo gol numa vitória do Vasco sobre o Sport Recife. Ao final da passagem com a camisa cruzmaltina chegou a 1.003 gols em sua carreira. O Vasco então inaugurou uma estátua do jogador em São Januário.
No total da carreira, Romário disputou 15 vezes ao Estadual do Rio, marcando 218 gols na história do campeonato, o terceiro jogador a ter feito mais gols na história da competição, atrás apenas de Roberto Dinamite e Zico. Ele foi 7 vezes artilheiro do Carioca, em 1986, 1987, 1996, 1997, 1998, 1999 e 2000. Na história do Brasileirão, marcou 154 gols em 15 participações, sendo o segundo maior artilheiro geral, atrás apenas de Roberto Dinamite. Foi 3 vezes artilheiro da competição, em 2000, 2001 e 2005. Antes de entrar na casa dos 30 anos, Romário fez 432 gols em 559 jogos, o que dá uma média de 0,77 gol por partida (considerando apenas jogos como profissional). Após os 30 anos, ele marcou 491 gols em 570 jogos, média de 0,86. Para alcançar a marca dos 1.000 gols, o atacante ainda contou 77 gols marcados nas categorias de base.
Os elogios recebidos dão a dimensão de quem foi aquele camisa 11: Johan Cruijff - que chamou Romário de "gênio da grande área" - também disse que "para mim, os anos 1990 tiveram um só rei, Romário foi o maior jogador de futebol dessa década"; seu companheiro de ataque no Barcelona, o búlgaro Hristo Stoichkov: "nunca vi um jogador fazer as coisas que ele fazia dentro da área"; o craque brasileiro Tostão: "se pudesse, deixaria meu lugar a ele na Seleção Brasileira de 1970"; de Michael Laudrup, maior jogador da história da Dinamarca: "joguei e vi grandes jogadores, mas nenhum se compara a Romário, ele era superfantástico"; do argentino Diego Armando Maradona: "tenho grande estima por Romário, ele faz coisas incríveis dentro da área, está na minha equipe ideal e todo os tempos"; e de Pelé: "se o Romário fosse argentino, seria mais endeusado que o Maradona".
Foi esplêndida, mas foi uma carreira repleta de polêmicas e confusões. Romário sempre teve a fama de malandro, encrenqueiro e polêmico. Sempre falou o que pensava, sem medir as consequências. Estas características deram ao jogador muitos desafetos no decorrer da carreira. As polêmicas foram inúmeras. Havia sido cortado da Seleção Brasileira que iria disputar o Mundial Sub-20 de 1985 porque - segundo o treinador do time, Gílson Nunes - ficava na janela do hotel mexendo com as mulheres que passavam na calçada. Em 1995, foi o responsável pela demissão do técnico Vanderlei Luxemburgo no Flamengo. Em 2003, no Fluminense, a péssima fase da equipe fez com que os torcedores tricolores pegassem no pé do atacante. Em outubro, durante um treino nas Laranjeiras, um torcedor decidiu fazer um protesto soltando galinhas no campo, enquanto chamava os jogadores de "pipoqueiros", Romário se irritou, subiu nas arquibancadas e agrediu a este torcedor. As brigas dentro de campo também foram muitas, com adversários e companheiros de equipe: pelo Barcelona brigou em campo contra o argentino Simeone num jogo em Madrid; no Flamengo ficou marcado tanto por uma briga contra o lateral-direito Cafézinho, do Madureira, num jogo de Campeonato Carioca na Gávea, como por uma agressão ao companheiro de ataque Sávio; no Vasco viveu dias de troca de farpas via imprensa com o companheiro de ataque Edmundo; no Fluminense deu um soco num companheiro de time no meio de uma partida, o zagueiro Andrei.
Sempre teve um jeito desleixado. Durante a passagem pelo Flamengo ficou famosa sua frase "treinar para quê?", pois segundo ele: "nunca gostei de treinar, porque aquelas voltinhas ao redor do campo nunca me acrescentaram nada". Romário sempre foi a cara do carioca e do Rio de Janeiro, gostava muito do calor e da praia, onde sua prática favorita sempre foi o futevôlei, que era constantemente jogado no Pepê, parte final da Praia da Barra da Tijuca para quem está indo em direção à Zona Sul da cidade. Ele sempre levou também uma vida de muita badalação e voltada para festas e noitadas. O Baixinho teve 6 filhos em 4 relacionamentos diferentes: Danielinha (com Danielle Favatto), Romarinho e Moniquinha (com Mônica Santoro), Raphael (com Edna Velho), e Isabellinha e Ivy (com Isabella Bittencourt). A caçula, Ivy, nasceu portadora da Síndrome de Down.
Após a morte do pai, em homenagem a ele, que era torcedor do América, o Baixinho se dedicou ao clube. Em 2009 assumiu como Diretor de Futebol do América, convidando o ex-companheiro de ataque na Seleção Brasileira, Bebeto, para ser o técnico da equipe, que disputava a Segunda Divisão do Campeonato Carioca. E com direito a uma última participação como jogador de futebol, para cumprir a promessa feita ao pai de jogar um jogo oficial com a camisa do América. Com uma vitória por 2 a 0 sobre o Artsul no Estádio de Édson Passos, o América foi Campeão da Segunda Divisão Carioca. Vestindo à tradicional camisa 11, o Baixinho estava inquieto no banco de reservas. No 2º tempo, já com um 2-0 a favor no placar, Romário entrou em campo aos 22 minutos. Romário deu o primeiro chute aos 32 minutos, após receber um bom passe na entrada da área, o Baixinho girou e tentou um toque de categoria por cobertura para encobrir o goleiro, mas a bola foi para fora. A segunda chance foi aos 36 minutos: após confusão na área, a bola sobrou para Romário e o chute tinha "endereço certo", mas o zagueiro se jogou na frente da bola e conseguiu evitar o gol. Não marcou, mas foi campeão.
Após o fim de carreira, as declarações de amor ao Flamengo: "a torcida rubro-negra é diferenciada das demais, a mais emocionante e que foi a única com quem eu me identifiquei, a nação rubro-negra é de outro planeta".
Ainda em 2009, Romário passa por sérios problemas financeiros, e decide entrar para a vida política, filiando-se ao Partido Socialista Brasileiro - PSB. Em 2010 foi eleito Deputado Federal pelo Rio de Janeiro. Em 2014 foi eleito Senador pelo Rio de Janeiro, com 4,6 milhões de votos recebidos, cumprindo mandato de 2015 a 2023. No Congresso Nacional, foi eleito Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, e fez parte da CPI do Futebol, de investigação à Confederação Brasileira de Futebol. Em 2018 muda de partido político, passando a filiar-se ao "Podemos" e sendo candidato a Governador do Estado do Rio de Janeiro. Recebeu 664.511 votos (8,70% do total de votos válidos), e terminou em 4º lugar no 1º turno entre os 12 candidatos que participaram do pleito.
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