Jogos Inesquecíveis (Sub-20): 17/03/2024 - Flamengo 2 x 1 Boca Juniors
A categoria Sub-20 do Flamengo pintou a América do Sul de preto e vermelho em 2024: Campeão da 8ª edição da Copa Libertadores da América da categoria. O Flamengo venceu de virada, o Boca Juniors, e conquistou de forma invicta e inédita a maior competição do continente. O herói da virada foi o seu grande articulador de meio de campo Lorran, então com apenas 17 anos. E teve gol também do nigeriano Shola, o primeiro, após jogada individual pelo ponta de Lorran, autor do gol do título. Dois jogadores do Flamengo - o zagueiro e capitão Iago e o atacante Wallace Yan -terminaram como artilheiros da competição, os dois com 4 gols cada um.
O Flamengo entrou no torneio com uma equipe bastante modificada em relação à que meses antes se sagrou Campeã Brasileira Sub-20 ao vencer ao Palmeiras na final. Da equipe campeão nacional, mudou o goleiro, que seguiu para atuar na Alemanha, o lateral-direito e a dupla de zagueiros, além de um meio-campista e toda a linha de três atacantes, todos estes tendo estourado a idade limite para atuar na categoria. Dos titulares que foram campeões nacionais, somente três eram titulares no time campeão sul-americano: o meia Lorran, o volante Rayan Lucas e o lateral-esquerdo Zé Welinton.
Em oito edições da Libertadores Sub-20, o Flamengo era o brasileiro com mais participações naquele momento, presente em três edições. Tornou-se o oitavo campeão diferente. O Boca Juniors defendia o título da edição anterior, e se houvesse vencido, teria sido o primeiro a alcançar um segundo título. Foi o segundo título brasileiro, que antes só havia sido conquistado pelo São Paulo. O Brasil chegava assim a dois títulos, contra dois também de Argentina (River Plate e Boca Juniors) e de Uruguai (Peñarol e Nacional), enquanto o Equador com o Independiente del Valle e o Peru com o Universitario, tinham uma conquista.
Todos os jogos do Flamengo no torneio foram disputados no Estádio Domingo Burgueño, em Maldonado, no Uruguai.
Ficha Técnica:
17/03/2024 - Flamengo 2 x 1 Boca Juniors
Local: Estádio Domingo Burgueño, Maldonado, Uruguai
Gols: Ignácio Rodríguez (4'1T), Shola (23'1T) e Lorran (45+1'1T)
Fla: Lucas Furtado, Lucyan, Iago (João Victor Souza), Carbone e Zé Welinton; Rayan Lucas, Caio Garcia (Jean Carlos), Lorran (Victor Silva) e Wallace Yan; Shola Ogundana (Daniel Rogério) e Weliton (Pedro Estevam).
Téc: Mário Jorge
Boca Jrs: Lucas Torlaschi, Tiago Simoni, Lautaro Di Lollo, Wálter Molas (Mateo Mendia) e Jerónimo Campos; Milton Delgado, Santiago Dalmasso (Julián Ceballos), Lucas Vázquez (Lucas Galván) e Juan Payal; Iker Zufiaurre (Yael Ramallo) e Ignácio Rodríguez (Valentino Simoni).
Téc: Silvio Rudman
A História do Jogo
O Boca Juniors chegou à final também sem ter sofrido nenhuma derrota, assim como o Flamengo.
Logo no comecinho de jogo, os argentinos saíram na frente. Com apenas 4 minutos e meio de bola rolando na primeira etapa, o ponta Payal fez excelente jogada pela esquerda em cima do lateral Lucyan e cruzou de três dedos, com a bola fazendo uma curva com perfeição, na medida certa, para que Ignácio Rodríguez aparecesse pelo meio, tomasse a frente do zagueiro, raspando de cabeça com precisão ara longe do alcance do goleiro rubro-negro Lucas Furtado para fazer 1 a 0. Já na largada o time estava em desvantagem, contra os sempre aguerridos e defensivamente bem organizados argentinos. A missão rubro-negra estava dificílima.
Mas o time rubro-negro se tranquilizou, não se afobando, e manteve um bom volume de jogo, criando boas oportunidades. Aos 14 minutos, o centroavante Weliton disputou jogada na entrada da área e na sobra o lateral-esquerdo Zé Welinton chegou chutando rasteiro com perigo, rente à trave esquerda do goleiro Torlaschi. Aos 22 minutos, uma primeira excelente jogada de Lorran, que encontrou Wallace Yan dentro da área, pela ponta, ele conseguiu girar sobre o zagueiro, mas chutou em cima do goleiro, sem tanto perigo.
Mesmo com o placar adverso, o Flamengo não se desesperou e buscou o empate menos de vinte minutos depois de ter sofrido o gol. Principal jogador da equipe, Lorran recebeu bela bola de Rayan Lucas pela ponta direita de ataque, foi ao fundo e, quase sobre a linha final do campo, deixou o lateral-esquerdo Campos no chão e rolou para o nigeriano Shola, que pelo meio, pouco antes da entrada da pequena área, só escorou para estufar a rede dos Xeneizes e empatar a partida: 1 a 1!
Aos 37, o Boca Juniors ficou no quase, quando Zufiaurre recebeu um excepcional lançamento pela direita nas costas da marcação da linha de defesa rubro-negra, já tendo dominado dentro da área e batido cruzado com força, na diagonal, num chute que passou muito perto, rente ao travessão por cima da meta rubro-negra.
E foi com muita garra que a garotada rubro-negra chegou ao segundo gol, o da virada, ainda no primeiro tempo. O relógio recém havia passado dos 46 minutos do 1º tempo, quando Lorran, o destaque do jogo, pegou um reboe quase sobre a linha da área de defesa rubro-negra. Ele avançou e lançou a Lucyan, que avançava peça lateral em direção à linha divisória do gramado. O lateral-direito flamenguista avançou com a bola, enquanto o mesmo Lorran, com muita força física, projetava-se em velocidade pelo meio. Dois marcadores foram dar combate em Lucyan, e Lorran aproveitou para penetrar pelo buraco aberto na defesa. O lateral fez um lançamento preciso em projeção, e Lorran conseguiu correr mais que o zagueiro para lhe tomar a frente e invadir a área com a bola pela direita, para com muita categoria bater cruzado, superar ao goleiro e, assim, virar o marcador. Um golaço! Um gol importantíssimo! Num contra-ataque de almanaque!
Foi um primeiro tempo eletrizante, de um bom jogo de futebol! Com alguma rispidez e tensão, como uma final sempre tem, mas uma partida jogada na bola, e muito bem jogada, por duas boas jovens equipes.
Na segunda etapa, o Flamengo conseguiu segurar o resultado. Mas se o segundo tempo ficou devendo em gols, foi também eletrizante e muito disputado entre os jovens rubro-negros e xeneizes, e com um futebol mais uma vez muito bem jogado. Uma partida dura, mas agradável de ser vista pelos amantes de um bom futebol, tanto tática como tecnicamente.
Logo no começo o goleiro Lucas Furtado fez uma importante defesa. Payal avançou e passou por Lucyan, lançando para encontrar a Dalmasso, que recebeu livre na entrada da grande área. Ele chutou forte, mas parou na boa defesa do goleiro rubro-negro.
Aos 7 minutos, o ponta-esquerda Shola Ogundana quase ampliou a vantagem. O nigeriano tomou a frente do marcador, entrou pela esquerda de ataque na área argentina, ficando perto de marcar o terceiro, mas tocou rente à trave na saída do goleiro Torlaschi. Aquela veio a ser a última chance de outro gol rubro-negro naquela tarde.
Aos 18 minutos, o Boca Juniors promoveu as primeiras substituições, visando ampliar seu poder ofensivo, tirou um zagueiro e dois meias e colocou jogadores de frente. As substituições surtiram efeito, com a pressão xeneize tendo aumentado a partir de então. O Flamengo, prioritariamente cauteloso, buscava contra-ataques para liquidar o jogo, enquanto o time argentino pressionava e pressionava. Mas os rubro-negros mal conseguiam passar do meio de campo.
Com o placar favorável, o Flamengo continuou com uma forte marcação e soube controlar as chegadas da equipe argentina. O Boca Juniors tentou pressionar, mas não conseguia ser eficiente em suas finalizações, tanto que o goleiro Lucas Furtado fez apenas uma defesa na partida inteira, aquela logo no início do segundo tempo.
O Flamengo demorava a providenciar as suas modificações e mantinha os jogadores que tinham iniciado a partida, demonstrando estar fisicamente exaurido frente a um domínio completo do adversário, que ensaiava pelo empate. Somente aos 32 minutos o Flamengo efetuou enfim as suas três primeiras trocas, com uma troca inócua entre centroavantes, saindo Weliton e entrando PH Estevam, e tirando o meia de ligação Caio e o atacante nigeriano Shola para a entrada de jogadores de característica mais defensiva.
As trocas não trouxeram nenhuma mudança tática e ao que pareceu tinham como objetivo de fato dar mais fôlego ao time, que continuava atrás, sofrendo um sequencial bombardeio, e sempre tendo que afastar a bola com um chutão. O Boca Juniors então reiniciava tudo de novo a partir e atrás da linha do meio de campo. O time rubro-negro não conseguia sequer segurar a bola no ataque. Nas raras vezes em que conseguia respirar, o time demonstrava estar com um preparo físico inferior ao da equipe argentina, o que era uma razão a mais de tensão, porque fazia parecer que caso os argentinos conseguissem obter o empate, os jogadores rubro-negros estariam cansados demais para ter um bom aproveitamento em eventuais cobranças de pênalti.
Na reta final, coube ao time rubro-negro segurar o "tudo ou nada" dos argentinos para levantar o troféu da primeira Libertadores sub-20 de sua história. Apesar da posse de bola argentina muito maior e de o Boca ter rondado a área durante o segundo tempo praticamente inteiro, o time do Flamengo soube negar espaços, tendo dado poucas oportunidades reais de um novo empate para o Boca Juniors.
Os seis minutos de acréscimos representaram uma eternidade. E quando o relógio marcava os 51 minutos do 2º tempo, os argentinos desperdiçaram a sua última chance, perdendo a coroa que ostentavam desde o ano anterior. O cruzamento para o meio da área saiu um petardo, que até encontrou a cabeça de Galván na segunda trave, um lance que poderia ter deixado tudo igual. Pela força do cruzamento, o meia-atacante não pode fazer muito, com a bola batendo na cabeça dele e indo para fora sem que passasse perto do gol.
Ao apito final do árbitro, jogadores e comissão técnica puderam comemorar aquele que era o maior título sub-20 da história do clube até então, resultado que classificou a equipe para disputar a 3ª edição da Copa Intercontinental Sub-20, que poderia vir a ser jogada no Maracanã contra o campeão europeu. Ou seja, a maior conquista da história das divisões de base rubro-negra poderia logo ser superada.
Foi uma vitória atribuída ao esforço coletivo da equipe, ainda que se tenha que dar destaque para a valiosa contribuição de Lorran com um desempenho fundamental na partida final, o qual garantiu a vitória do Flamengo com duas ações decisivas.
A equipe comandada pelo técnico Mário Jorge foi campeã com 100% de aproveitamento, tendo vencido todos os cinco jogos realizados na competição. Além de que teve os dois artilheiros do torneio, o meia-atacante Wallace Yan e o zagueiro e seu capitão Iago, que marcaram quatro gols cada um. Iago que foi o herói da virada sobre o Rosario Central na semi-final, quando decretou a virada com dois gols, um cobrando pênalti e outro escorando uma cobrança de escanteio com a cabeça. Na campanha rubro-negra, foram 5 jogos e 5 vitórias, com 9 gols marcados e 4 gols sofridos.
Na estreia o time venceu com um magro 1 a 0 ao anfitrião Defensor Sporting, com um gol marcado logo aos 8 minutos do 1º tempo. Na última partida da Fase de Grupos, já tendo vencido duas vezes e estando classificado, utilizou os reservas, que chegaram a abrir quatro gols de vantagem para os peruanos do Sporting Cristal, que ainda vieram a descontar e marcar seu gol de honra. De resto, a grande característica rubro-negra na brilhante campanha: três vitórias por 2 a 1 de virada, sobre os equatorianos do Aucas, na semi-final contra os argentinos do Rosario Central, e na final contra o também argentino e tradicionalíssimo Boca Juniors. Campeão da América de forma brilhante e esplendorosa!
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