sábado, 14 de janeiro de 2012

Oscar Schmidt


O maior ícone da história do basquete brasileiro, Oscar Daniel Bezerra Schmidt, o "Mão Santa", nas ceu em Natal, no Rio Grande do Norte, em 16 de fevereiro de 1958. Ele chegou ao Flamengo já veteraníssimo, tendo feito sua estreia com a camisa rubro-negra em 8 de setembro de 1999, portanto, quando já tinha 41 anos. Ainda assim encontrou tempo para fazer história, tendo ficado na Gávea durante 4 temporadas: 1999-2000, 2000-2001, 2001-2002 e 2002-03.

Carreira: 1974-78 Palmeiras (SP), 1979-82 Sirio (SP), 1983-90 Caserta (Itália), 1990-93 Pavia (Itália), 1993-95 Valladollid (Espanha), 1995-97 Corinthians (SP), 1997-98 Bandeirantes Barueri (SP), 1998-99 Mackenzie (SP) e 1999-03 Flamengo.


Sua história no esporte retratata o tamanho de Oscar para o basquete do país. Pela Seleção Brasileira ele foi 6 vezes aos Jogos Olímpicos: 1980, 1984, 1988, 1992 e 1996; e foi 4 vezes ao Campeonato Mundial: 1978, 1982, 1986 e 1990. Seu ápice com a Seleção Brasileira, entretanto, foi a Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis em 1987, quando o Brasil derrotou os Estados Unidos na final por 120 a 115, naquela que foi a primeira derrota de um time norte-americano de basquete em seu próprio território. Em Campeonatos Mundiais, das quatro vezes em que disputou, em três foi eleito para o quinteto ideal do torneio, repetindo o feito - de entrar no Quinteto Ideal do Mundial - antes conseguido pelos brasileiros Algodão, Wlamir Marques, Amaury Pasos, Menon e Ubiratan. No quinteto ideal de 78 foi eleito ao lado dos iugoslavos Dalipagic, Kicanovic e Cosic, e do pivô soviético Tkachenko. No Mundial de 86, foi eleito junto ao iugoslavo Drazen Petrovic, aos soviéticos Tikhonenko e Arvydas Sabonis e ao norte-americano David Robinson. No Mundial de 90, o quinteto ideal teve, além de Oscar, ao porto-riquenho Fico López, ao norte-americano Kenny Anderson e aos iugoslavos Tony Kukoc e Vlade Divac. Um seletíssimos grupo de monstros sagrados da história do basquete mundial.

Por clubes, Oscar foi Campeão Mundial de 1979 com o time do Sirio, quando jogando no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, bateu na final à equipe do Bosnia Sarajevo, da Iugoslávia. Na Liga Nacional, foi o maior pontuador por 8 temporadas consecutivas, de 1996 a 2003, metade delas jogando com a camisa do Flamengo.




Quando ele chegou no basquete Flamengo, encontrou um grupo que já havia sido o Campeão Carioca de 1998. Naquele campeonato, o Vasco - de Charles Byrd, Demetrius Ferracciú, Rogério Klafle e Jose Vargas - havia vencido ao time rubro-negro no turno (83 x 90) e no returno (77 x 82), e era favoritíssimo quando os dois clubes se reencontraram na final, uma melhor de cinco jogos. O Flamengo foi derrotado no primeiro (72 x 75) mas não se entregou e venceu o segundo por 114 x 106. Quando perdeu o terceiro jogo (89 x 93), parecia que o título seria cruzmaltino. Mas, com muita garra, o time rubro-negro venceu à quarta partida 106 x 96, e à quinta por 93 x 82, sagrando-se campeão. No jogo do título, 20 pontos de Askia Jones, 18 de Kendrick Warren, 17 de Ratto e de Caio Cazziolato, e 16 de Vanderlei. Logo após o título, a equipe perdeu o heroi da conquista, o norte-americano Askia Jones rumou para o basquete da Venezuela, e sem ele o time ficou com um 5º lugar no Campeonato Nacional, atrás do então time de Oscar, o Mackenzie Barueri, que terminou na 3ª posição.


1998 - Campeão Carioca
Time: Ratto, Caio Cazziolato, Askia Jones, Kendrick Warren e Pipoka
Téc: Zé Boquinha
Banco: Alberto, Almir Gerônimo, Vanderlei Mazzuchini e Marcelão


Decepcionada com o desempenho abaixo do esperado no Campeonato Nacional de 1998, a diretoria rubro-negro buscou reformular a todo o trabalho que estava sendo feito. Foram mantidos apenas três jogadores para a temporada de 1999/2000: Ratto, Caio Cazziolato e Pipoka. E foi contratado todo o "Projeto Oscar Schimdt". Com ele, chegavam o treinador Cláudio Mortari (campeão mundial de clubes juntos a Oscar pelo Sirio, em 1979), e um grupo de jogadores do Barueri, cujos principais nomes eram o pivô da Seleção Brasileira Josuel, o norte-americano Robyn Davis, e o veterano Paulinho Villas-Boas. Era fundamental ter um grupo adaptado a um estilo de jogo com Oscar em quadra, sobretudo um treinador, pois com mais de 40 anos, Oscar não marcava mais, e compensava a debilidade defensiva com o certeiro arremesso da linha de três pontos, que fazia com que sua produção ofensiva fosse a de converção de 30 a 40 pontos por partida. Para concluir o elenco, foi contratado o pivô canadense Greg Newton. Com esta equipe, o Flamengo aspirava o bi-campeonato carioca e brigar pelo título nacional.

A estréia de Oscar com a camisa rubro-negra foi no ginásio do Club Municipal, na rua Haddock Lobo, na Tijuca.

A estréia de OSCAR:
08/09/1999 - FLAMENGO  114  x  56  Municipal
Local: Club Municipal, na Tijuca, Rio de Janeiro
Time: Ratto (6), Caio Cazziolato (15), Robyn Davis (17), Oscar (31 pontos) e Josuel (8), Duda (3), Bento (11), Bruno Mortari (9), Paulinho Villas-Boas (8), Pipoka (2) e Alex (4). Téc: Cláudio Mortari.


A campanha no 1º turno foi muito boa, com muitas vitórias obtidas com grande facilidade - 114 x 56 Municipal, 123 x 68 Comary, 114 x 80 Fluminense, 133 x 81 Hebraica e 108 x 78  Olaria - até o primeiro grande desafio, quando na penúltima rodada o time rubro-negro foi derrotado pelo Botafogo, do técnico Emmanuel Bonfim, e com um quinteto formado por Arnaldinho, Marcelinho Machado, Farofa, Fábio Pira e Marcelão; vitória alvi-negra por 115 x 111. Para se redimir, na última rodada venceu ao Vasco por 110 x 104. Aliás, no 2º turno também venceria à forte equipe cruzmaltima, treinada pelo portorriquenho Flor Meléndez, e que tinha a Carles Byrd, Demétrius Ferracciú, Helinho, Alexey, Rogério Klafke, Aylton, Sandro Varejão e Jose Vargas. Um timaço. 

No returno, o jogo mais apertado foi novamente contra o time botafoguense, com o Flamengo tendo vencido a seus sete jogos: 122 x 76 Municipal, 104 x 73 Comary, 93 x 71 Fluminense, 122 x 70 Hebraica, 112 x 66 Olaria, 113 x 110 Botafogo e 108 x 93 Vasco. Embalado, e com a melhor campanha, o time chegou às semi-finias para enfrentar ao Fluminense, que era treinado por Alberto Bial, e que tinha como principal jogador ao norte-americano Keith Nelson, além de nomes como Ricardinho e Espiga. Varrida rubro-negra por 3-0, com vitórias por 78 x 76, 90 x 82 e 104 x 99. Na final, o adversário foi o Botafogo, de Marcelinho Machado e Arnaldinho, que na outra semi-final conseguiu um heróico 3-2 sobre o Vasco. O time rubro-negro era bem superior, e provou isto com uma varrida por 3-0, sem muita dificuldade, ao conseguir vitórias por 100 x 89, 98 x 95 e 106 x 96.


1999 - Bi-campeão Carioca
Time: Ratto, Caio Cazziolato, Robyn Davis, Oscar Scmidt e Josuel
Téc: Cláudio Mortari
Banco: Duda, Paulinho Villas-Boas, Pipoka e Greg Newton


O principal objetivo da temporada, entretanto, era ser campeão nacional, e este título escapou, e justamente para o seu maior rival. O Vasco, após cair na semi-final do Estadual, contraou ao técnico Hélio Rubens, e manteve o mesmo elenco. O treinador mudou a cara da equipe. Flamengo e Vasco fizeram grandes campanhas e chegaram para fazer a final no Ginásio do Maracanãzinho. O 1º jogo, em 23 de junho de 2000, terminou com vitória cruzmaltina, na prorrogação, por 114 x 105. Parece que o time rubro-negro jogou no seu limite para tentar vencer ao primeiro jogo, porque na segunda partida, dois dias depois da primeira, o Vasco teve mais facilidade, vencendo por 108 x 88. A recuperação rubro-negra, para evitar uma varrida, aconteceu no terceiro jogo, no qual o time rubro-negro venceu por 115 x 103, dois dias depois do segundo duelo, diante de 7.780 pagantes no Maracanãzinho, e com 44 pontos marcados por Oscar, e com Robyn Davis tendo uma majestosa defensiva para anular a Rogério Klafke, o principal pontuador vascaíno. A série, no entanto, foi fechada pelo Vasco em 30 de junho, quando venceu por 110 x 103, na prorrogação, após um empate em 91 x 91 no tempo normal, fechando em 3-1 e consolidando seu título nacional.

No Carioca de 2000, o time sofreu uma nova derrota para o Vasco, desta vez na semi-final, com os cruzmaltinos acabando campeões, depois de bater ao Botafogo na final. Em 2001, o Vasco foi bi-campeão e o Flamengo ficou com o vice-campeonato. Embora sem obter títulos dentro de quadra em 2000 e 2001, a imagem de Oscar Schmidt, o ídolo nacional, mesmo que fosse um jogador já com 43 anos, mantinha o projeto adiante.

Veio então o último título da carreira de Oscar Schmidt, o do Campeonato Carioca de 2002, e de forma surpreendente, sobre o Automóvel Clube de Campos, que com um investimento maior era o favorito para levar a taça. O Flamengo vivia a maior crise financeira de sua história após o colapso da parceria com a gigante de marketing suíça ISL. A consequência para o basquete foi um forte desinvestimento na formação do elenco. O Vasco também havia colapsado financeiramente, e após ser bi-campeão brasileiro em 2000 e 2001, havia acabado com sua equipe de basquete. Assim, o maior investimento dentre as equipes que disputaram o Carioca de 2002 era o feito pelo Automóvel Clube Fluminense, da cidade de Campos, norte do estado do Rio. O time era treinado por Cláudio Mortari, e tinha um quinteto com Danilo, Leandro Salgueiro, Paulinho Cheidde, Keith Nelson e Evandro.


2002 - Campeão Carioca
Time: Ricardinho, Alberto, Oscar Schmidt, Gema e Marcelão
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Banco: André Brazzolin, Alexey, Olivinha e Olívia


No 1º turno, o Flamengo sofreu apenas uma derrota nos sete jogos que disputou: 103 x 93 Botafogo, 120 x 58 Jequiá, 88 x 94 Automóvel Clube, 114 x 73 Comary, 108 x 56 Macaé, 125 x 49 Caxias e 104 x 80. No returno, novamente sofreu uma única derrota, e mais uma vez frente ao franco favorito ao título: 105 x 78 Comary, 96 x 80 Botafogo, 130 x 132 Automóvel Clube, 113 x 93 Macaé e 62 x 52 Vasco. A semi-final era melhor de três, e o time rubro-negro venceu duas vezes ao Botafogo (99 x 94 e 97 x 77), avançando para fazer a final contra a equipe campista. O título parecia distante, mas com muita raça a equipe rubro-negra conseguiu se impor. Venceu à primeira partida no Ginásio do Tijuca Tênis Clube por 104 x 97, mas perdeu a segunda em Campos por 84 x 98. No terceiro jogo, na casa do adversário, conseguiu uma vitória por 106 x 102, e voltou para o Rio de Janeiro dependendo de uma vitória em casa para ser o campeão. Novamente no Ginásio do Tijuca, o Flamengo foi derrotado por 98 x 100 para o Automóvel Clube, impedindo o título rubro-negro, que a esta altura parecia pouco provável de ser concretizado. Porém, em Campos, o time venceu por 111 x 93, e com heroismo deu a Oscar Schmidt o último título de sua carreira.


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