domingo, 24 de março de 2013

Eleição no Conselho Fiscal: a carta de Leonardo Ribeiro e a resposta de Bandeira de Mello

Abaixo, a integra da Carta encaminhada pelo atual presidente do Conselho Fiscal, Capitão Léo, ex-presidente da Torcida Jovem do Flamengo, e a seguir a resposta dada pelo atual presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Melo.

COMUNICADO AOS ASSOCIADOS DO CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO
22 DE MARÇO DE 2013
 
Senhores associados,
 
Vejo-me obrigado a propor por meio desta, um momento de reflexão aos companheiros sobre os assuntos do nosso Clube.
 
Estamos num momento de transição e mudanças, principalmente pela proposta que se apresenta para o próximo triênio.
Fugindo da centenária tradição interna do nosso Clube, a democracia, a livre participação de todos os interessados na vida política, e, principalmente, a convivência harmônica entre os contrários, estão, neste momento, correndo risco.
 
Existe um modelo de perseguição e exclusão que nós pensávamos que eram apenas políticos, mas agora, para nossa surpresa, uma sondagem feita em várias fontes ligada às “unidades comerciais” do negócio do futebol, identificamos o núcleo que determinou a política de “limpeza étnica” e “exclusão de associados”.
 
Porque tanto medo da oposição? Porque tanto medo da fiscalização? O que esta por traz disto?
 Porque nestes dois meses nada do que foi prometido em matéria de transparência foi efetivado? Até agora não houve prestação de contas determinada pelos Poderes do Clube, mesmo entrando mais de R$ 60.000.000,00 em 60 dias.

Manter a informação controlada em segredo de estado é a chave para o que identificamos de mais tenebroso no que está por vir.
O Caso é tão preocupante que até mesmo o modelo de um Conselho Fiscal compartilhado entre situação e oposição não é permitido.
 
A Ordem do dia é impugnar as candidaturas independentes e com isso, calar qualquer possibilidade de confirmação dos indícios que estamos buscando, para comprovar que o C.R. Flamengo está sendo PRIVATIZADO.
 
Desejam que o poder que fiscaliza o clube seja composto pelo mesmo grupo daqueles que executam. Colegas de trabalho de longa data na vida privada (BNDES), agora também juntos a serviço de um obscuro protecionismo mútuo.

As dívidas – corrente e consolidada- serão supervalorizadas e, claro e óbvio, deixada para o associado PROPRIETÁRIO. Os principais ativos do clube – contratos, recebíveis até 2018 na ordem de R$ 600.000.000,00 - transferidos para os (F.I.)-Fundos de Investimento. Já existem escritórios de consultoria trabalhando para a implantação deste modelo.
 
Em um primeiro momento, pesávamos que essas ordens estivessem centradas no Projeto – EBX-IMGX-Maracanã, mas para nossa surpresa, aqui, neste caso, isto tornou-se apenas uma formalidade.
Estas operações, também por envolver o BNDES e a ODEBRECHT, deveriam ser a principal preocupação a ser omitida, porém como o modelo proposto que será de parceria, onde o Flamengo não terá uma segunda opção para o pós – COPA 2014, tudo que se especula aqui é apenas uma cortina de fumaça.
 
A bilheteria, quinta receita do Clube, assim como outras propriedades correlatas, serão todas em parceria com a empresa gestora do estádio. O Flamengo, aparentemente, será sócio da operação que vai envolver compartilhamento de receitas dos serviços da praça esportiva, portanto, receitas variáveis. Este contrato, portanto, não envolve o projeto sócio-torcedor, ele, o contrato, é uma cessão de mando de campo para empresa operadora, e para lá vamos levar nossos torcedores para bancar a operação.
 
Ocorre senhores, que o foco maior a ser “protegido” da fiscalização, e ai esta a grande revelação da nossa sondagem, está nos CONTRATOS DE TV. Isso mesmo, contratos de TV, a maior fonte de renda do nosso clube.
 
Descobrimos que existe um gigantesco conflito de interesse entre as empresas operadoras desde direito, assunto este já abordado por alguns jornalistas de renome (incluindo Juca Kfouri).
 
O FLAMENGO, em função da sua composição política atual, atua como um conteúdo onde o comparador e vendedor estão potencialmente imantados nessa função.
 
Um modelo único, onde quem senta à mesa de vendedor estará também sentado à de comprador, pois aquisição de direitos esportivos é uma das estratégias de penetração da empresa que preside (SKY) no mundo inteiro.
 
Neste caso, o modelo envolve: aumento do valor de ingresso e elitização das praças esportivas; migração do torcedor de Estádio para o torcedor de poltrona das TVs fechadas por assinatura (procurem pesquisar quem disse: “, consequentemente, aumentado sua base de assinantes; transferência para outra distribuidora de canais do conteúdo FLAMENGO FUTEBOL; provável criação de um canal esportivo com esse conteúdo e a comercialização desses direitos pelo Brasil e pelo mundo, através de uma empresa de penetração global.
 
De novo, esta foi a estratégia desta empresa em diversos mercados. Mas esta aberração vendedor/comprador somente será vista aqui, sendo o Flamengo usado como ferramenta para isto.
 
Bom, e o Flamengo? Não seria bom para o Flamengo?
Seria se houvesse um contraponto, um contraditório.
 
Muitos questionam o porquê de tanto ódio contra o atual Conselho Fiscal. Por que a grande mídia odeia tanto e persegue tanto os membros do Conselho Fiscal, em especial sua Presidência?
 
Seis anos atrás, quando assumimos, o conjunto de todos os direitos de TV rendiam ao Flamengo algo em torno de R$ 24.000.000,00 por ano. Os Contratos negociados em bloco, pelo Clube dos Treze, geravam partes iguais entre, Flamengo, Corinthians, Vasco, São Paulo, e por pouco, até o coirmão Santos.
 
O Conselho Fiscal iniciou uma cruzada para desmontar esse modelo.
Mandamos um projeto para o Conselho Diretor da época e para alguns clubes co-irmãos (17-07-2007), mas por vários motivos aquela diretoria não quis entrar em choque com a detentora dos direitos, a TV GLOBO.

Registramos esse projeto nos devidos órgãos competentes e demos inicio a maior articulação para quebrar o monopólio das negociações, gerando aí a origem de tanto ódio e manipulação das noticias e informações contra o Conselho Fiscal e sua Presidência.
 
Na negociação dos contratos hoje vigentes, os direitos de exibição do nosso Clube saltaram para valores significativos, dando origem a 7 novos contratos. O Conselho Fiscal, em nome da transparência e da livre concorrência, foi o único a receber e a ouvir a proposta da TV Record. Este ato, apesar de sido indiretamente aproveitado pela antiga Diretoria no processo de negociação com a TV Globo, com certeza decretou a nossa sorte.
 
Nunca na historia do Flamengo, um Conselho Fiscal, com abnegados membros em trabalho voluntário, se expuseram tanto na defesa dos interesses do nosso Clube.Com certeza tivemos um papel preponderante nesta nova era. Contudo, frequentemente escutamos pelos corredores: Nunca mais “essa gente poderá ocupar um cargo desta importância”.
 
Todos os meus companheiros de Conselho Fiscal ficaram marcados no “Black Book” de algumas pessoas influentes no mercado de mídia e, em especial, sua Presidência. Quando contratos saltam de R$ 44.000.000,00 p/ano, para espetaculares R$ 104.000.000,00 p/ ano, certamente alguém tem que pagar este preço.
 
Como o patrimônio pessoal de todos os membros do nosso Conselho não evoluiu neste período, e no meu caso pessoal, até recuou, só restou aos prejudicados e ‘aqueles que nunca tiveram a menor noção das batalhas travadas em prol do FLAMENGO, fomentar uma campanha difamativa via “grande matrix”- redes sociais- contra esse “perigo” que é a turma do Conselho Fiscal, ou para quem gosta, “turma do Capitão Léo”.
 
Finalmente, como dentro em breve estará em marcha a renegociação dos contratos de TV (TV Aberta, Fechada, Pay-Per-View e Direitos Internacionais) e o FLAMENGO, dentro do seu processo de “privatização” precisará blindar a cesta de ativos recebíveis do clube contra futura penhoras, a configuração atual torna-se bastante atraente e confortável para todos os envolvidos. Repetindo, teremos um cenário onde quem compra o FLAMENGO (Presidente da SKY), e quem vende o FLAMENGO (Vice-Presidente de Marketing), são respeitosamente a mesma pessoa.
 
Ao terminar o meu mandato, em 31 de março, convidarei todos aqueles que pensam como nós para montarmos um fórum em defesa das tradições de nosso Clube.
 
Leonardo Ribeiro
 
 
A resposta dada pelo Presidente Eduardo Bandeira de Mello:
 
Caro Sócio (a),

Tendo em vista o "Comunicado", enviado na data de ontem pelo atual presidente do Conselho Fiscal do Flamengo - Sr. Leonardo Ribeiro (vulgo "Capitão Léo"), o Conselho Diretor do Flamengo vem pela presente lamentar e repudiar a utilização da velha e conhecida política rasteira do ataque infundado, na véspera da eleição para o Conselho Fiscal do Clube, com o único objetivo de buscar, desesperadamente, a manutenção do poder.

No afã de distribuir seu "Comunicado", "Capitão Léo", mentor político da Chapa Branca nas eleições do Conselho Fiscal, não se fez de rogado em usar seu atual cargo para obter os emails dos sócios e tentar criar um possível escândalo, a 5 dias das eleições. Esta é uma conhecida estratégia eleitoral daqueles que não têm argumento.Vindo de quem veio, temos certeza de que não surpreendeu a qualquer um dos associados do Flamengo.

Na realidade, o "Capitão Léo", que se manteve intimamente ligado ao poder do Flamengo durante os últimos anos, foi incapaz de escrever, em todo esse período, uma carta alertando aos sócios para o fato de o Flamengo ter atrasado várias parcelas dos programas Timemania e Refis 4, o que fez com que nosso clube ficasse sujeito ao vencimento antecipado de uma dívida de quase R$ 200 milhões.Também poderia ter chamado a atenção dos sócios para a possível prática utilizada de sonegação fiscal e de apropriação indébita dos impostos retidos dos atletas e funcionários e não recolhidos para a Receita Federal. Isto acarretou a penhora da totalidade das receitas ingressadas no clube a partir do segundo semestre de 2012, penhoras estas que só cessaram quando a nossa administração tomou a iniciativa de negociar com os órgãos públicos competentes e retomou os pagamentos em janeiro de 2013.

Poderia ainda ter se dirigido aos sócios para tentar se desculpar pela atitude covarde, mentirosa e politicamente mesquinha que teve ao atacar o maior ídolo do Flamengo, Zico, fazendo com que ele se afastasse do clube ao qual tantas glórias e alegrias deu. Na realidade, quem difama um homem integro como Zico, é mesmo capaz de qualquer coisa. Para nosso satisfação, o Galinho voltou.Na carta enviada pelo "Capitão Léo", no lugar de fatos concretos, observa-se uma série de ilações irresponsáveis, números fictícios e acusações infundadas aos membros da atual Diretoria, além da citação de nomes de empresas de uma forma fantasiosa. Tal atitude, além de ser moralmente execrável, só contribui para prejudicar o andamento dos diversos projetos que a nova diretoria tem trabalhado com o intuito de tirar o Flamengo da situação financeira caótica em que se encontrava o clube.Esta Diretoria do Flamengo ratifica seus compromissos com a recuperação da credibilidade e da dignidade do clube, com o respeito democrático à diversidade de opiniões, com princípios éticos de postura e cidadania e com o desapego de interesses pessoais. Ratifica ainda sua determinação em dotar o Flamengo dos melhores padrões de governança política e administrativa, com transparência e competência, de forma que seu corpo associativo e seus conselheiros tenham todas as condições de, efetivamente, avaliar o desempenho da nova administração.

Atenciosamente,

Eduardo Bandeira de Mello
Presidente do Clube de Regatas do Flamengo

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