sexta-feira, 17 de julho de 2015

FLA EXPERIENCE: interessante, mas muito distante da grandeza do Flamengo

Há muitos anos, durante a gestão Patrícia Amorim, houve uma obra de expansão na área lateral à sede administrativa, na Gávea, para a construção da área que abrigaria o Museu do Flamengo.

A obra está parada há bastante tempo, mas a diretoria de Eduardo Bandeira de Melo decidiu usar o espaço para a exposição temporária Fla Experience, uma espécia de protótipo resumido do conceito do Museu.


Visitar o local é uma experiência interessante, mas distante de poder ser considerada grandiosa. Há um ligeiro toque de modernidade, com muita interatividade viajando pelo história do clube logo no início do trajeto pelas quatro salas improvisadas (três cômodos são corredores e não salas, na verdade).

A área interativa viaja pela história do clube, com monitores separados em épocas, trazendo bastante história e fotografias. Bacana, mas falha um pouco por não ser ainda mais moderna e mais grandiosa. O Brasil precisa aprender com o mundo desenvolvido, onde este estilo de negócio é muito mais avançado: não há retorno e grandiloquência se não houver investimento, não é se economizando que o resultado atrairá marchas de espectadores. Só no amor, o negócio não sobrevive.

Falta ainda mais tecnologia, quem sabe com cabines específicas. E, sobretudo, falta conforto para os visitantes que queiram levar mais tempo por ali. O ambiente não é convidativo para nada além de uma rápida passagem.

A passagem rápida é inevitável para áreas como a exposição das taças conquistadas por cada um dos esportes olímpicos. É uma área onde não dá para ser muito diferente. Um espaço de transição entre uma área principal e outra, como há em qualquer museu.

A alardeada réplica do vestiário de 1981 é atrativa para fotos, mas restrita a um mero corredor. Decepciona um pouco e deixa no ar um sentimento de "queria mais". A maior conquista da história do clube, sem dúvidas, merece muito mais!

O ponto alto é a área maior, onde uma arquibancada exibe diversos e lindos troféus, e conta de forma bem interessante também a história das camisas do clube, com manequins ostentando diversas delas. Além de um telão exibindo vídeos marcantes sobre a história rubro-negra. É de fato o mais bem trabalhado na experiência ali proposta, mas falta um melhor desenvolvimento da iluminação do local, o escuro dá a impressão de estar propositalmente colocado para esconder o baixo estado de conservação das peças que ali estão.  







Paupérrimo também o corredor de imagens dos esportes olímpicos. Há, sem sombra de dúvidas, muito mais a ser explorado num ambiente como este.

Museologia não é de fato o forte nem do Rio de Janeiro nem do Brasil. Os melhores espaços de registro histórico da cidade, como o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, o Museu Histórico Nacional da Praça XV ou o Museu do Telefone no Catete, estão longe de chegar perto dos principais museus da Europa, sobretudo da França, estão muito distantes de experiências como a oferecida pelo sensacional Museu de Antropologia da Cidade do México. O Museu Imperial de Petrópolis é muito provavelmente a experiência do gênero mais interessante no Brasil. A conservação da história futebolística brasileira também é pobre. A melhor iniciativa já organizada é o Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, que até conseguiu se alçar a ponto turístico, é uma experiência até bacaninha, bem feitinha, organizadinha, mas que também está muito aquém, em termos de grandeza e capacidade de investimento, do que o futebol brasileiro representa.

Ao fim, o propósito de certa forma é de se ter algo itinerante e não definitivo. Está bem. O argumento tende a ser o de que "não era para ser grandioso mesmo". Não neste momento. Há de se argumentar que "é apenas um começo". Convenhamos que estes argumentos só são válidos e aceitáveis se de fato vier algo com mais qualidade na sequência, se de fato tivermos um verdadeiro museu, um verdadeiro novo ponto turístico para a cidade do Rio de Janeiro, que seja uma rubrica financeira unitariamente superavitária. Algo da grandeza do que o Flamengo se transformou ao longo de sua rica história. Algo desenvolvido à altura do que o futebol brasileira precisa para que sua gente verdadeiramente seja capaz de entender o que o futebol representou na construção da identidade e da sociedade da cidade e do país.   

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