Uma reunião no noite de 22 de julho consolidou o que BAP havia antecipado após seu desligamento da diretoria, e a Gestão Azul do Triênio 2013-2015 estava dividida e haveria duas chapas na eleição do fim de 2015, disputando a Presidência do Flamengo no Triênio 2016-18.
De um lado o candida Eduardo Bandeira de Melo, tentando a reeleição e com os apoios de Flávio Willeman (vice-presidente jurídico), Cláudio Pracownik (vice-presidente de administração), Rafael Strauch (vice-presidente do Fla-Gávea), Pedro Iootty (vice-presidente da secretaria geral), Pedro Almeida (vice-presidente de tecnologia da informação), José Rodrigo Sabino (vice-presidente de marketing) e Alexandre Wrobel (ex-vice-presidente de futebol e ex-vice de patrimônio).
Do outro lado o candidato Wallim Vasconcellos, com o apoio de Rodolfo Landim (vice-presidente de planejamento), Gustavo Oliveira (vice-presidente de comunicação), Carlos Langoni (vice-presidente de renegociação da dívida), Rodrigo Tostes (vice-presidente de finanças), Alexandre Póvoa (vice-presidente de Esportes Olímpicos) e Luiz Eduardo Baptista (ex-vice-presidente de marketing).
Em entrevista ao jornalista Mauro Cézar Pereira, da ESPN, em 24 de julho, os dois candidatos expuseram seus pontos de vista, a seguir a integra das entrevistas dadas pelos dois ao blog do jornalista:
Já se pode dizer que disputará a reeleição?
Eduardo Bandeira de Mello: Sim, a ideia é essa.
Como vê a divisão do grupo que ganhou as eleições de 2012 em duas chapas?
Eduardo Bandeira de Mello: Não gostaria que fosse assim, mas aconteceu. Temos que aceitar.
Soube que lhe propuseram ser vice numa chapa encabeçada por outro integrante. O senhor não concordou. Muitos torcedores manifestam preocupação com a manutenção dos rumos adotados pelo clube na sua gestão. Temem que a disputa política tire o Flamengo dos trilhos. Há esse risco?
Eduardo Bandeira de Mello: Risco zero. Tudo como sempre.
O que o senhor diz sobre a argumentação dos seus agora adversários nas eleições de que tentativas de composição de uma chapa única esbarraram na sua decisão de não abrir mão da candidatura em beneficio de um acordo para uma unidade da chapa?
Eduardo Bandeira de Mello: Na realidade eu já havia sido escolhido pelo grupo desde o ano passado. Com a saída do BAP, alguns vice-presidentes mudaram de posição, mas a maioria se manteve e o SóFla (grupo de associados) exigiu que eu fosse candidato.
E como o senhor interpreta a permanência de adeptos da outra candidatura em vice-presidências da sua administração se não estarão juntos na eleição?
Eduardo Bandeira de Mello: Temos que ver. Quem estiver em outra chapa não deve continuar, embora mereçam todo o nosso respeito. E não obrigaremos ninguém a participar da campanha.
O senhor pretende exonerar quem estiver na outra chapa e ainda integra a atual diretoria ou espera que renunciem?
Eduardo Bandeira de Mello: Vamos analisar.
Soube que existiria um acordo entre as duas chapas na qual ante o surgimento de uma terceira força com outro perfil e propostas aquela que estivesse com menores chances de vitória no pleito abriria mão em favor da outra. Isso é fato ?
Eduardo Bandeira de Mello: Seria uma atitude sensata.
Mas há tal acordo ou seria apenas uma ideia?
Eduardo Bandeira de Mello: Foi falado pelos dois lados na reunião.
Mas formalizaram tal acordo?
Eduardo Bandeira de Mello: Não precisa formalização.
Então podemos entender que de sua parte existe tal compromisso?
Eduardo Bandeira de Mello: Sim.
Muitos torcedores demonstram preocupação com a disputa entre as duas chapas. Temem que tire o Flamengo dos trilhos, que saia da política adotada em 2012, quando da vitória na eleição presidencial mais recente. Há motivos para tal temor?
Wallim Vasconcellos: Um dos motivos do nosso descontentamento e preocupação é a mudança do conceito de grupo para o de personagem. Nós, eu digo, Bap (Luiz Eduardo Baptista), (Rodolfo) Landim, (Rodrigo) Tostes e Gustavo (Oliveira) e alguns de nossos apoiadores entendemos que a nossa força é concentrada no grupo que está na gestão e o grupo que nos apóia de fora do clube. A maioria com acesso a altos executivos de empresas e alto escalão do governo. A personalização da gestão e isolamento dos demais vai trazer enormes dificuldades para o Flamengo. Temo que venhamos a retroceder no próximo mandato, caso a chapa vencedora não possua quadros capazes de suportar o clube nos próximos anos, que serão duríssimos do ponto de vista de captação de recursos. A situação econômica do país ainda vai piorar muito antes de melhorar, sem se falar na crise política, que potencializa a piora. Portanto, do jeito que as coisas estão caminhando internamente no clube, vamos chegar de novo numa encruzilhada no final do ano: uma gestão personalista apoiada em quem? Ou uma gestão de grupo, apoiada em pessoas de destaque empresarial e político, que tirou o Flamengo de uma situação falimentar nos últimos dois anos e meio? Os sócios vão escolher e serão soberanos, mas um retrocesso agora vai significar anos para colocar de novo a situação nos trilhos.
Houve propostas de composição?
Wallim Vasconcellos: Sim, mas todas esbarraram na inflexibilidade do Eduardo em não abrir mão da candidatura em beneficio de um acordo para uma unidade da chapa.
Propuseram e ele não abriu mão da candidatura?
Wallim Vasconcellos: Não. Fiz um apelo, inclusive pedi para ele retribuir o gesto que fiz há três anos, quando fui convidá-lo no BNDES para ser o candidato. Mas não houve jeito de convencê-lo.
Por que os vice-presidentes que o apoiarão não renunciarão agora, seguindo na administração atual?
Wallim Vasconcellos: Eles estão avaliando; na verdade, nós que colocamos o Eduardo lá, não o contrário. Trabalhamos para o Flamengo e não para o Eduardo. Eu vou sair agora. Mas o Eduardo pode exonerá-los quando quiser.
Os grupos de associados FAT (Flamengo Acima de Tudo) e SóFla (Sócios pelo Flamengo), que manifestaram apoio ao presidente, têm que peso nesse processo eleitoral?
Wallim Vasconcellos: Têm peso, mas: 1- não conhecem quem estará conosco 2- não conhecem a nossa proposta. À medida que isto for ficando claro, tenho certeza que vão mudar de ideia, pelo menos os que pensam no Flamengo.
Soube que existiria um acordo entre as duas chapas na qual ante eventual surgimento de uma terceira força com outro perfil e propostas, aquela que estivesse com menores chances de vitória no pleito abriria mão em favor da outra. Isso é fato ?
Wallim Vasconcellos: Depende de quem for a outra chapa. Se for composta por pessoas que com filosofia semelhante, vamos analisar.
Então esse acordo não existe?
Wallim Vasconcellos: Foi comentado no final da reunião pelo Eduardo e nós dissemos ok; mas muito por alto.
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