O Flamengo publicou alguns dias atrás o Balanço Financeiro Trimestral do 2º Tri de 2015.
Para relembrar os resultados anteriores, revisite a análise detalhada dos números referentes ao fechamento de 2014 (veja aqui) e a análise dos números do 1º Tri de 2015.
A análise mais uma vez se debrçará sobre indicadores de estoque: Empréstimos de Curto Prazo, Dívida e Razão Dívida/Receita Anualizada (indicadores de estoque são um retrato de momento) e em indicadores de fluxo: Receita Total, Receitas Brutas do Futebol e Resultado Líquido (os indicadores de fluxo são crescentes no exercício, acumulando-se ao longo do ano até o resultado anual final).
Eu havia dito na Análise do Balanço Financeiro de 2014: "o que mostra como a situação, ainda que tendo melhorado bastante, está longe de ser tranquila é que cresceram nestes dois anos tanto os Empréstimos com vencimento de curto prazo (eram R$ 70,9 milhões no fechamento de dezembro de 2014), quanto o volume de Contas a Pagar de curto prazo (eram R$ 51,8 milhões no fechamento de dezembro de 2014). Estas duas rúbricas precisam ser atentamente acompanhadas nos exercícios de 2015 e 2016".
Estas contas precisam ser monitoradas de perto, como termômetro da Saúde Financeira do Flamengo. As contas a pagar de curto prazo estão estáveis, já os empréstimos seguem em viés de alta! É nesta rubrica que cabe maior atenção! Ao fim do 2º Tri 2015, eram R$ 55,9 milhões em empréstimos de curto prazo, bem próximo aos R$ 53,7 milhões do fim do 1º Tri e bem abaixo dos R$ 70,9 milhões do fim de 2014, porém bem acima dos R$ 32,3 milhões verificados no fim de 2013.
Quanto aos fluxos, notícias também muito boas! O nível de receitas do Flamengo continua muito bom, mantendo o patamar de 2014, quando o clube passou a ser o líder em receitas no futebol brasileiro.
O Flamengo teve em 2014 a maior receita da história do futebol brasileiro: R$ 334,3 milhões. A receita do 1º Tri 2015 já havia sido maior que a do 1º Tri 2014 (R$ 86,8 MM vs R$ 85,7 MM, um aumento de R$ 1,1 milhão). No 2º Tri, as receitas líquidas fecharam em R$ 163,7 milhões, apenas R$ 1,2 milhão abaixo dos R$ 164,9 MM do fechamento do 2º Tri do ano anterior. O Flamengo caminha a passos largos para o Bi-campeonato Nacional em Receita. O caminho indica que as receitas em 2015 deverão ser maior, ou na pior das hipóteses manterão o mesmo excelente patamar, frente a 2014.
Abrindo as receitas do futebol, vemos que elas cresceram de 2014 para 2015. As receitas brutas, sem o desconto dos impostos pagos, fecharam o 2º Tri de 2015 em R$ 150 milhões, acima dos R$ 146 milhões verificados no mesmo período do ano anterior, indicando que o fechamento de 2015 tende a ser próximo ao patamar de R$ 300 milhões já verificado em 2014 (muito acima dos R$ 178 MM de 2012 e dos R$ 240 MM de 2013).
Entretanto, o gráfico abaixo mostra que a grande responsável pela melhoria de receita no comparativo entre o 1º Semestre de 2015 frente ao mesmo período de 2014 foi a TV, as receitas com transmissão cresceram R$ 10 milhões (R$ 76 MM no 2º Tri 2015 contra R$ 66 no 2º Tri 2014).
As receitas de bilheteria tiverem leve queda em 2015 frente ao mesmo período em 2014. A ausência na final do Campeonato Carioca (em 2014 o Flamengo fez dois jogos da final contra o Vasco) foi a grande responsável pelo delta negativo. Uma análise complementar feita aqui no blog mostra que a grande quantidade de jogos contra pequenos no meio de semana no Maracanã também tem grande parcela de responsabilidade: veja aqui.
Já a receita com patrocínio do futebol também subiu, R$ 3 milhões a mais do que o verificado no mesmo período do ano anterior. Coroa o excelente trabalho de marketing da diretoria. Com a crise econômica grave pela qual passa o país, esta rubrica tende a sofrer nos próximos doze meses, mas é um problema que já afeta a todos os clubes, que tendem a sofrer neste quesito mais do que o Flamengo (muitos já estão sofrendo bastante).
Por fim, as receitas com o Sócio-Torcedor, que caíram na comparação dos dois primeiros trimestres de 2015 frente aos dois primeiros trimestres de 2014. Mas é uma rubrica que os números já indicam que terão um forte crescimento a partir do 3º Tri 2015, já que as adesões cresceram muito após as contratações de Emerson Sheik e, sobretudo, Paolo Guerrero. O fechamento de 2015 tende a ser superior aos R$ 30 milhões obtidos em 2014.
O Resultado Líquido segue seu caminho de superávit. Em 2014 o Flamengo teve o maior superávit do futebol brasileiro e o maior da história do clube. No 1º Tri 2015 o resultado superou em R$ 4,1 milhões o do 1º Tri 2014. No 2º Tri 2015, porém, ficou R$ 2,4 milhões abaixo do de 2014 (R$ 36,7 MM no 2º Tri 2015 contra R$ 39,1 MM do 2º Tri 2014). Mas os números apontam que repetiremos em 2015 um excelente superávit, ainda que com um resultado menos positivo do que o verificado em 2014.
Por fim, voltando aos estoques, o resultado indica que a dívida do Flamengo deixou de cair aceleradamente! Ela vem se mantendo praticamente no mesmo patamar desde o fim de 2014, tendo tido uma ligeira queda. No fim de 2012, a dívida era de R$ 715 milhões. No fim de 2013 estava em R$ 626 milhões (queda de R$ 89 milhões no ano). No fim de 2014 terminou em R$ 577 milhões (queda de R$ 49 milhões no ano). Ao fim do 1º Semestre de 2015 fechou em R$ 551 milhões (queda de R$ 26 milhões em 1/2 ano).
O endividamento mantém a trajetória de queda, mas de forma mais contida. A razão entre dívida e receita era de 1,76 no 1º Tri 2014 e terminou o 2º Tri 2015 em 1,68, acima do patamar de 1,61 no qual havia terminado o 1º Trimestre do ano. Ainda é um resultado muito bom! Principalmente porque esta relação era de 3,6x no fim de 2012, passou a 2,4x no fim de 2013 e a 1,73x no fim de 2014. Mantém praticamente o mesmo patamar desde o começo do ano.
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