Um giro pelo basquete rubro-negro pós-conquista do NBB 8.
Primeiro notícia do blog Ninho da Nação, do André Amaral: "Adidas: a camisa de basquete do Flamengo é a mais vendida do Mundo não-NBA"
Eis a matéria: "A Adidas informou que a camisa de basquete mais vendida do mundo é a do Flamengo, tirando as franquias da NBA. Nos últimos dois meses, vendeu 10 mil unidades. Nos últimos doze meses, cerca de 70 mil camisas. Segundo a empresa, as vendas da camisa de basquete Rubro Negra ficam à frente de quase metade dos times da série A do Brasileirão de futebol".
Complementando, a excelente entrevista de Alexandre Póvoa, vice-presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo, ao blog Bala na Cesta, do Fábio Balassiano, cuja integra é reproduzida abaixo:
BALA NA CESTA: Foi a conquista mais difícil de NBB desde que você passou a ser vice-presidente de esportes olímpicos, certo?
ALEXANDRE PÓVOA: Foi, foi a mais difícil sem dúvida alguma. Por várias razões. Primeiro porque a gente remontou um time de um ano pro outro. Em time que está ganhando se mexe, que isso fique claro. Tem vezes que você monta um time com uma expectativa X, ganha e mesmo assim pode não ser um bom trabalho. O contrário, a mesma coisa – arrumar o elenco, não vencer e ser um trabalho valioso. Não vejo o menor problema disso. Por essa razão, também, iremos, junto da comissão técnica, reavaliar muita coisa. A perda da Liga das Américas mesmo foi uma coisa que a gente não esperava – ainda mais do jeito que foi. O elenco foi montado pra ganhar a Liga das Américas e chegar ao Mundial, mas não foi possível. Tivemos um playoff duríssimo, com duas séries de 5 jogos em semifinal e final, e conseguimos sair com o título. Bauru e Mogi são dois ótimos times e claro que irão crescer. Outras equipes investirão mais não para ganhar do Flamengo, mas para ganhar, sim, o NBB. Precisamos, portanto, ver o que deu certo e o que podemos melhorar. Nesta temporada fomos menos brilhantes e, digamos, mais trabalhadores. Quando perdemos o talento de jogadores como Laprovittola, Benite, Herrmann e Felício tivemos que repor a qualidade com a quantidade para o Neto trabalhar. Principalmente por causa da alta do dólar, que inviabilizava muita coisa. Ou seja: tivemos um elenco com ótimas e numerosas peças. Basquete mais europeu, mais homogêneo, algo que o Neto topou e acabou dando certo. Estou feliz? Sim, feliz pelo quarto título seguido do NBB, algo raríssimo. Satisfeito? Não, não estou. Pelo time que tem e pelo nosso nível de exigência, sabemos que podemos ir além. Agora é conversar para vermos o que faremos pra próxima temporada em relação às peças.
BNC: A principal peça é quem mexe no tabuleiro, né? Que é o Neto. Queria que você falasse sobre o trabalho dele desse ano. É um final vitorioso para uma temporada bem difícil.
PÓVOA: O Neto fica no Flamengo. Que fique claro: ganhando ou perdendo o NBB ele ficaria no clube. Esta decisão já estava tomada e era muito clara para todos nós. Em momento algum pensamos no contrário. Só não anunciamos antes porque o playoff de 2016 do NBB foi insano, com muitos jogos e muita tensão. Mas, sim, o contrato dele está renovado por mais um ano. Faltam apenas detalhes burocráticos para colocarmos tudo no papel, mas já podemos considerar que ele fica, sim, no clube por outra temporada. Outra coisa que é importante dizer. Não só o José Neto tem a confiança total da diretoria, como toda a comissão técnica também. É um grupo muito trabalhador e faremos questão que todos fiquem. Se você reparar bem, nosso grupo quase não tem lesão. Já reparou nisso? Houve um problema no Marcelinho, de ligamento, que é algo quase que incontrolável, e só. Raramente jogador do Flamengo se machuca. Muscular, quase nada. E o time sempre chega muito bem aos finais de temporada em termos físicos. Tem um fator também que é importante. Pela primeira vez a gente conseguiu, desde que assumimos, ter uma temporada tranquila em termos de salário. Depois de três anos conseguimos arrumar a casa e chegarmos bem. Ganhar também te deixa em alguns apuros, porque ganhando muito você precisa pagar muitos prêmios (risos). É uma alegria, mas uma preocupação também. Em 2016 fechamos com o título e com tudo zerado em termos financeiros. Ou seja: sem deixar nada pendente com atletas ou comissão técnica. Isso é muito legal. O Neto dá a palavra final nas contratações, mas o Gerente de Esportes Olímpicos do Flamengo, o Marcelo Vido, foi um atleta olímpico de basquete e entende das coisas. Eu também joguei. A gente conversa muito e as decisões são em conjunto.
BNC: Queria conversar com você não só sobre Flamengo, mas do atual estágio do basquete. Da Liga Nacional, especificamente. Você sabe que critiquei bastante neste playoff do NBB. Houve uma série de insanidades, como o caso contra vocês lá em Marília, o assalto a um vestiário em Rio Claro, essas coisas todas que você sabe melhor que eu. Como você enxerga o que está acontecendo hoje na LNB?
PÓVOA: Primeira coisa que precisa ficar clara: a Liga Nacional é um oásis em termos de gestão esportiva no Brasil. Oásis. Não tenho medo nenhum em falar isso. Note a palavra: oásis. É a única verdadeira, independente de Confederação. Isso é um mérito danado, isso é bom demais. Segundo ponto: a Liga cresceu tanto, mas cresceu tanto de anos pra cá, que passou da hora de ela (Liga) crescer em termos de estrutura. A arbitragem, por exemplo, ela não evoluiu como deveria. O que falta à Liga neste momento, principalmente depois da parceria com a NBA, é que ela precisa investir em infraestrutura, em qualificação de profissionais, em ter ótimos gestores. O Flamengo mesmo não é perfeito…
BNC: Vou te cortar. Vamos lá. A nota que você soltou antes da partida de número 5 da decisão não foi um equívoco muito grande?
PÓVOA: Não. Eu só soltei aquela nota porque a imprensa toda veio em cima do Flamengo como se a gente é que tivesse causado o transtorno que houve em Marília no jogo 4. O erro foi o seguinte: o Ricardo Machado (fisioterapeuta) não tinha que ter ido pra imprensa na terça-feira mostrar que tinha levado choque elétrico, essas coisas. Ali, naquele momento, a imprensa toda veio em cima da gente dizendo “ih, de novo”, essas coisas. Aí pensei em soltarmos algumas coisas. Mas queria te dizer algo que você talvez não saiba. Houve episódios em Mogi mais graves que em Marília. Quebraram o carro dos árbitros, você sabia? Teve julgamento na terça-feira antes do jogo 5. Foi todo mundo absolvido, menos eu, acredita nisso? Por reclamação de jogo. A situação de Bauru e Flamengo foi mal administrada por todos os lados. Do lado do Flamengo inclusive. A imprensa também erra. E você sabe que leio seu blog. Na sua análise depois do jogo 3 você disse que o campeonato foi manchado por causa de uma bola. Quem conhece o basquete, e você vive nisso há muito tempo, sabe que um jogo de basquete não se decide em uma bola. Aquilo colocou em dúvida a vitória do Flamengo.
BNC: Não. Eu só coloquei o seguinte: que houve uma interferência de arbitragem. E no mesmo parágrafo do texto eu disse que aquilo não significava que o Flamengo não venceria a partida. Significava, apenas, que houve uma interferência clara da arbitragem em um lance capital da partida, tirando dos atletas o poder maior de decidir a partida naquele momento. Só isso. São coisas distintas. E fiz questão de colocar no blog e nas redes sociais do Bala na Cesta que, vencesse quem vencesse, o título seria totalmente legítimo. Seria maluco se, olha lá o placar, eu disse que alguém que ganha uma final no jogo 5 por mais de 30 pontos não é o legítimo campeão do NBB. O Flamengo, na verdade, acabou levando uma culpa que não tinha – a culpa foi mesmo da arbitragem. O Flamengo não pediu aquela tal bola presa…
PÓVOA: Perfeito. Houve, houve um erro da arbitragem. Isso se criou um clima pro jogo 4 inacreditável. Era uma galera xingando a gente como se o Flamengo tivesse armado pra ser campeão. O episódio que aconteceu com o Ricardo, na verdade, foi uma consequência deste clima ruim que foi criado. Os torcedores de Bauru estavam exaltados desde o começo.
BNC: Por isso que eu te perguntei se a sua nota não foi um equívoco, pois poderia gerar um clima de tensão desnecessário para o jogo 5 de uma série que já estava muito nervosa entre todos…
PÓVOA: A nota não é minha. É do clube.
BNC: Póvoa, eu te conheço bem e recebo seus e-mails. Aquele é um texto seu, mas publicado no site do Flamengo…
PÓVOA: (risos) Mas nada do que saia no site oficial não possui a chancela da diretoria de comunicação. O que aconteceu foi: o clube se posicionou para evitar que a imprensa viesse, toda, em cima da agremiação. Bauru saiu do jogo 3 aqui e não falou com os jornalistas. Um absurdo completo. A torcida do Flamengo foi agredida em Mogi, teve um ônibus quebrado, e nada aconteceu em termos de julgamento e punição. Acho que a Liga peca demais nisso. Aí a gente vai pra Marília, um profissional nosso leva um choque. Nada acontece. É até meio paradoxal isso. A torcida do Flamengo tem uma fama de doida, de baderneira, mas você já viu alguma confusão causada pela nossa torcida em jogos de basquete?
BNC: Sim, sem dúvida. Você tem razão. Nunca vi mesmo uma falta técnica que seja causada por uma confusão gerada pela torcida do Flamengo. De acordo…
PÓVOA: A torcida do Flamengo aprendeu a torcer pelo basquete. Apanhamos em Mogi, apanhamos em Marília e aqui no Rio de Janeiro tudo acontece na maior paz como deve ser. Nós tivemos um posicionamento porque houve uma série de diz que me diz e o Flamengo não tinha falado ainda. No jogo 4 em Mogi poderíamos ter feito um barulho grande. E não fizemos nada. Fizemos, sim, uma nota de protesto para a liga, mas ficou apenas interna, nada disso saiu pra imprensa. Agora, acontece o segundo episódio, o Flamengo errou ao ir pra imprensa, e achei por bem me posicionar.
BNC: Vocês esperavam que a Liga tivesse algum tipo de posicionamento antes do jogo 5, certo?
PÓVOA: Minimamente. Quando você ganha uma, duas, três, quatro vezes seguidas se cria um clima tão bobo e falam-se coisas tão bobas que é chato demais ouvir. Cara, Mogi poderia ter ganho da gente na quadra tranquilamente este ano. Estávamos a dois minutos de sermos eliminados por eles tanto no jogo 4 em São Paulo quanto no jogo 5 no Rio de Janeiro. E não seria nada de outro mundo. Seria totalmente justo. Bauru a mesma coisa. A diferença foi muito menor este ano do que nos anos anteriores. Mas concordo com você. É a hora de baixar a poeira, sentar e conversarmos todos pelo bem do basquete. Continuo afirmando: a Liga Nacional é um oásis dentro do esporte brasileiro. Tem tudo pra andar, caminhar mais. A gente tem que usar mais a NBA, esta parceria. Cada vez mais. E não só a Liga como também os clubes. A gente precisa sugar mais. Não dá pra termos a mesma estrutura da liga que a gente tinha anos atrás no atual estágio que temos no esporte. Muita coisa mudou. A estrutura do NBB1 é muito próxima da do NBB8 que temos atualmente. Agora precisa subir, elevar o nível. Acho que precisa sentar, contratar três, quatro profissionais de altíssimo nível para elevar ainda mais o status da modalidade, valorizar os ótimos que já temos. Creio que devemos aumentar o escopo que já temos em marketing, por exemplo. A Liga é aquele bebê que nasceu, fez sucesso e está na hora de crescer. E tem tudo pra isso.
Veja ainda: A Era de Ouro do Basquete do Flamengo
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