O Flamengo publicou o Balanço Financeiro Consolidado de 2016, e mais uma vez, antes de apresentar a evolução comparativa frente aos exercícios dos anos anteriores, vamos mostrar a evolução trimestral ao longo do ano. Para relembrar os resultados anteriores, revisite todas as análises detalhadas feitas aqui no blog em Transparência Rubro-Negra.
Como sempre, a análise se debruçará sobre indicadores de estoque: Empréstimos de Curto Prazo, Dívida e Razão Dívida/Receita Anualizada (indicadores de estoque são um retrato de momento) e em indicadores de fluxo: Receita Total, Receitas Brutas do Futebol e Resultado Líquido (os indicadores de fluxo são crescentes no exercício, acumulando-se ao longo do ano até o resultado anual final).
Iniciando-se o termômetro da Saúde Financeira do Flamengo pelas contas a pagar e os empréstimos de curto prazo, que seguem merecendo um ponto de atenção, ainda que num quadro bastante estável. As contas a pagar de curto prazo tiveram um leve viés de aumento no último trimestre, mas nada que indique razão de preocupação. Os empréstimos seguem em nível elevado, mas vale destacar que todo o volume de curto prazo é menor do que os superávits acumulados tanto no ano de 2015 quanto de 2016. Logo, o estado é de plena solvência, sem riscos.
O Flamengo teve em 2014 a maior receita da história do futebol brasileiro: R$ 334,3 milhões. Fechou 2015 com R$ 339,5 milhões em receitas operacionais líquidas. E em 2016, pelos motivos que serão detalhados abaixo, deu um salto muito expressivo. Foi oprimeiro clube do futebol brasileiro a fechar as receitas brutas acima de R$ 0,5 bilhão. A receita líquida, descontados os impostos incidentes sobre receita, fechou o ano em R$ 483 milhões.
Uma vez que não é feita a abertura da receita líquida, apenas da bruta. Analisaremos caso a caso os pontos deste expressivo crescimento.
Abrindo as receitas do futebol, é facilmente constatável que é, como não poderia deixar de ser, onde aconteceu este grande crescimento. Um aumento expressivo no último trimestre, cujas razões estarão explicitadas mais a diante.
A receita com patrocínio do futebol também teve uma queda, e ainda mais expressiva. Esta redução é em muito explicada pela grave crise econômica vivida pelo Brasil no período. O Flamengo arrecadou R$ 19 milhões a menos nesta rubrica, em patamar bem inferior não só ao obtido em 2015 quanto também frente a 2014, quando o clube arrecadou R$ 80 milhões, quatorze a mais do que em 2016.
Assim, a receita com torcida (Bilheteria + Sócio-Torcedor) teve um ano muito ruim, caindo R$ 7 milhões frente ao resultado do ano anterior.
O Resultado Líquido manteve seu caminho de expressivo superávit, assim como se havia verificado em 2014 e em 2015. São três anos seguidos, com melhoras sucessivas ano após ano, e o Flamengo tendo o maior superávit do futebol brasileiro e os maiores de sua história. Em 2016, no entanto, este resultado só foi possível pelo aumento da arrecadação de televisionamento, com a expressiva melhora nos termos do contrato assinado com a Rede Globo.
A razão entre dívida e receita era de 3,6x no fim de 2012, passou a 2,4x no fim de 2013, a 1,7x no fim de 2014, e para 1,4x em 2015. Ao longo de 2016, nos resultados trimestrais, já se manifestava a superação da barreira de 1,0x, entrando-se no patamar verificado nos clubes cujas finanças sempre foram consideradas exemplo, e que, não por coincidência, eram os clubes que sempre brigaram na ponta da tabela do Campeonato Brasileiro na última década. A proporção fechou 2016 em 0,8x. Um feito histórico!
O histórico das análises publicadas no blog está em: Gestão Azul: Diário da Revolução Prometida.
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