segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Em 1950, o apoio da torcida do Flamengo ao time rubro-negro em jogo treino contra a Seleção Brasileira desagradou a Flávio Costa na véspera da Copa


Desde sempre: Flamengo é Flamengo... Dois dias antes da estreia do Brasil no Mundial de 1950, a torcida pelo Flamengo em jogo-treino com a Seleção Brasileira, no Estádio do Maracanã, desagradou ao técnico Flávio Costa.

Em 22 de junho de 1950, somente dois dias antes da estreia do Brasil na Copa do Mundo, em casa, um jogo-treino contra o time Flamengo serviu como a preparação final no Maracanã. Aquela, que foi a primeira vez do Rubro-Negro no palco - a estreia oficial foi em 23 de julho - também foi a primeira mostra da paixão da Nação Rubro-Negra no novo Estádio do Maracanã.

"Vibrando a favor apenas do Flamengo" diante da Seleção Brasileira, a torcida presente, formada por "penetras, espiões e (operários)" irritou ao histórico técnico Flávio Costa, publicou o Jornal dos Sports na época. Relatou a matéria de Geraldo Romualdo da Silva: 

"O que chamou a atenção e o que perturbou em parte os misteres do selecionador e a tarefa dos cracks, foi exatamente a torcida que, em vez de olhar só, olhar civilizada e construtivamente o que se passava nas quatros linhas, saiu logo a tomar partido, a gritar, a vibrar, a aplaudir e vaiar, apenas vibrando a favor do Flamengo, aplaudindo o Flamengo e malquerendo o scratch. (...) Como o Flamengo serviu de "sparring" para o scratch, parecia que o que estava em jogo era o prestígio do Flamengo. Parecia que o estádio todo era Flamengo".

A matéria do Jornal dos Sports

A Seleção Brasileira faria sua estreia na Copa do Mundo, contra o México, no dia 24 de junho de 1950. De acordo com a reportagem do Jornal dos Sports, a plateia foi formada pelos operários que trabalhavam no Maracanã - que abriram mão do horário de almoço para "arriscar um olho e torcer" -, pelos "penetras" - aqueles que não tinham muito o que fazer - e pelos "espiões, mexicanos e americanos (seleções que participaram da Copa do Mundo de 50) que foram assistir ao jogo-treino e se contentaram e comentar e fazer anotações do que rolava nas quatro linhas.

O jogo-treino, que serviu para o técnico Flávio Costa definir a escalação que mandaria a campo dois dias depois contra o México teve duração de 60 minutos no Maracanã, dois quais 40 minutos foram um "baile rubro-negro", reportou Geraldo Romualdo, cronista e comentarista esportiva e com passagens pelo Jornal dos Sports e O Globo: "Já que o "sparring" Flamengo andava mandando no campo e fazendo os gols que queria. Fez um, fez dois; caminhava para o terceiro quando a retaguarda decidiu reagir e acabar de uma vez com a festa. Praticamente, o "baile" durou quarenta minutos, tendo principiado com um tento de Lero culminado com outro de Esquerdinha. Daí em diante, acabou-se o rubro-negro".

Nos 20 minutos finais, a Seleção Brasileira, que seria vice-campeã mundial semanas depois, virou o placar com um gol de Augusto e dois de Zizinho, atacante que havia deixado o Flamengo meses antes e acertado com o Bangu.

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