sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Gestão Financeira do Flamengo após mais de um ano de pandemia


FLAMENGO: Resultado Financeiro do 2° Trimestre 2021

As finanças demandaram muito cuidado após mais de um ano sobre a terrível pandemia do coronavírus que se assolou sobre o planeta. Ninguém escapou impune. Todos foram afetados de alguma forma. Alguns mais outros menos. Aqui, debruçando-se sobre os balancetes trimestrais publicados pelo Flamengo durante este período, o último deles com resultados acumulados até Junho de 2021, serão analisados os impactos sobre as contas do clube.

De forma geral, diante de um impacto tão pesado sobre as finanças, com fortíssima retração nas receitas obtidas com a própria torcida, que foi o grande alicerce da transformação rubro-negra vivida entre 2013 e 2019, a conclusão é que os resultados gerais vêm sendo muito bons! A condução da crise pela Gestão Rubro-Negra está sendo bem-feita, com muita prudência e muita eficiência!


Antes de se debruçar sobre os números, são necessárias algumas ressalvas. Com a mudança na Presidência Rubro-Negra ao fim de 2019, o ordenamento das contas foi refeito pela nova gestão, com uma distribuição que atuais gestores entenderam ser mais apropriada para representar a realidade financeira do clube, e até mesmo como uma adaptação a novas realidades, com geração de novas receitas que não existiam antes, sobretudo aquelas relacionadas à entrada da internet no mercado de transmissões esportivas. Com isso, a forma de agrupamento das receitas mudou, ainda que o resultado final, com a soma de todas, natural não sofra impacto.

Eu não estou seguindo aqui nesta análise integralmente o arranjo adotado pela atual gestão, esforçando-me para construir um comparativo a meu ver mais fácil de ser percebido frente à forma com as receitas foram agrupadas entre 2013 e 2019. Assim, alguns dos números divergem da forma de agrupamento usada nos balancetes. A Gestão 2019-21, por exemplo, fez um agrupamento de "Receitas de Marketing", no qual patrocínios, transmissões e licenciamentos de marca aparecem de forma mais agrupada. No critério que adotei e apresento abaixo, agrupei Televisão e Mídias Digirais no comparativo frente ao que a gestão anterior chamava de "Direitos de Transmissão", e no quesito "Patrocínio", eu juntei as contas Patrocínio, Publicidade, Licenciamento e Royalties. Neste quesito também forcei uma separação entre o que seriam as contas exclusivamente do Futebol e as dos Esportes Olímpicos, separação que era feita entre 2013 e 2019, e que passou a ser divulgada agrupada a partir de 2020.

Há alguma diferença contábil também no critério usado pela atual gestão no cálculo de endividamento. Eu usei um cálculo mais conservador, que vai ter uma ligeira discrepância frente ao oficialmente adotado. Para facilitar o comparativo, excluí da apresentação dos resultados trimestrais o valor da dívida, que aparecerá só no Resultado Anual, e me restringi a mostrar a relação entre a Dívida e a Receita Anual.

Por fim, dado que 2020 foi parcialmente afetado pela pandemia (o 1º trimestre não foi), passarei a apresentar um comparativo trimestral não só frente ao ano anterior, como incluindo três anos, de forma a se ter a referência frente ao último ano com as finanças livres dos efeitos do isolamento social imposto pelo covid.


Vamos, então, aos números:

1) RECEITAS

A receita operacional bruta acumulada até o fim do 2º trimestre de 2021 foi de R$ 364,7 milhões, já superior aos R$ 325,4 milhões obtidos no 1º semestre de 2020, e naturalmente bastante inferior ainda (mas nem tanto!) aos R$ 407,2 milhões acumulados no 1º semestre de 2019. O resultado de 2021 se divide em R$ 332,9 mm obtidos com o futebol e e R$ 31,8 mm obtidos com o clube social e os esportes olímpicos.


Descontados os impostos incidentes sobre a movimentação de receita, a receita operacional líquida total do 1º semestre de 2021 atingiu R$ 342,2 milhões, superior aos R$ 320,0 mm arrecadados no mesmo período do ano anterior.


Detalhado a receita do futebol, iniciando-se pela arrecadação dos Direitos de Transmissão. O resultado do 1º semestre de 2021 cresceu significativamente para R$ 178 milhões. É muito importante destacar que neste quesito, o Flamengo voltou a inovar na geração de receitas novas, com um incremento de R$ 76 milhões referentes exclusivamente às Mídias Digitais! Muita atenção daqui para frente neste quesito, porque poderá representar uma Nova Revolução e Mudança de Patamar! É principalmente aqui onde as finanças rubro-negras foram salvas durante a pandemia!


Sobre as receitas com Patrocínio, elas também atravessaram a pandemia muito bem! O resultado do 1º semestre de 2021 fechou em R$ 76,6 milhões, um belíssimo incremento até mesmo frente aos R$ 30,8 mm obtidos no mesmo período de 2019.


Já no quesito de receitas obtidas diretamente com sua Torcida, juntando o arrecadado com Bilheteria e o diretamente obtido com o Programa de Sócio-Torcedor, como era sabido esta rubrica despencou! Este fator representou um salto de arrecadação fantástico de 2012 para 2019.

A receita com torcida caiu para apenas R$ 24 milhões no acumulado do 1º semestre de 2021. É muito menos do que os R$ 67 milhões que tinham sido arrecadados no 1º semestre de 2020. O positivo, é que quando a situação de presença de público nos estádios volte a se normalizar, a tendência é que o Flamengo volte a gerar algo na casa de mais R$ 50 mm por semestre (ou seja, mais R$ 100 milhões ao ano) só com esta parte da conta.


A Bilheteria nos dois primeiros trimestres de 2021 tendeu a zero!


Com o Sócio-Torcedor, a receita ainda se sustentou em R$ 23 milhões no acumulado do semestre. Muito próximo ao resultado obtido em 2019!



2) RESULTADO FINANCEIRO

O resultado operacional do exercício foi mantido próximo a zero. O que mostra como a condução da gestão foi bem-feita, ajustando os custos e despesas à nova realidade financeira da arrecadação de receita.


O mesmo pode ser dito ao se descontar as despesas financeiras e se chegar ao resultado líquido. Ainda que levemente negativo, um resultado muito bom frente às dificuldades impostas pela pandemia!



3) DÍVIDAS

A razão Dívida / Receita Anual fechou o semestre em 0,8 vez. É uma pior natural frente ao comparativo dos mesmos períodos de 2019 e 2020, mas uma prova inequívoca de uma condução com prudência dos resultados financeiros.


O volume de Empréstimos de Curto Prazo também piorou, mas também demonstra sinais de estar sob controle. A pandemia voltou a impor uma necessidade de tomada de empréstimos de longo prazo que estava completamente sanada. Mas ainda assim, como os resultados gerais da Dívida comprovam, os números indicam uma saúde financeira boa.




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