Financeiramente mais robusto pelos incrementos anuais de mais R$ 100 milhões via contrato de TV e mais R$ 55 milhões via captação de patrocinadores, o salto que representou a grande discrepância - sua verdadeira revolução financeira - foi materializado via a alavancagem de recursos com sua própria torcida, este sim o grande diferencial da revolução vivida pelo Flamengo.
No resultado financeiro de 2018, somando o arrecadado com Bilheteria e com o Programa de Sócios-Torcedores, a receita direta obtida com a torcida foi de R$ 92,8 milhões, tendo havido queda frente aos R$ 105,3 milhões obtidos em 2017. Esta redução, pontualmente, deu-se pela não-arrecadação com bilheteria nas duas primeiras partidas da Libertadores no 1º trimestre de 2018, um prejuízo causado por sua própria torcida em função dos incidentes externos ao Maracanã ocorridos antes e depois da Final da Copa Sul-Americana de 2017. Se desconsiderado este evento pontual, os resultados de 2017 e 2018 teriam um mesmo patamar, com números bem próximos, e acima de 100 milhões de reais ao ano.
A receita com o Sócio-Torcedor (ST) atingiu seu máximo histórico, mantendo a tendência crescente de expansão do programa. Em 2018, o Flamengo se desligou do "Movimento por um Futebol Melhor", por isso o forte decremento de STs contabilizado no site do movimento contrastava com a expressiva melhora de arrecadação. A leitura do departamento de marketing do clube foi a de que os descontos em produtos lá cadastrados eram praticamente indiferentes na capacidade de atrair torcedores. O Flamengo então partiu para oferecer suas próprias vantagens, e o resultado foi muito bom. O arrecadado com o Programa de Sócio-Torcedor em 2018 foi de R$ 48,1 milhões. Esta que era uma receita nova na história do clube, que só passou a existir a partir de 2013, quando o programa foi criado. Para se ter uma referência da importância que isto representou na transformação financeira vivida pelo Flamengo, basta ver que em 2012 a arrecadação com patrocínio foi de R$ 34 milhões e, diante deste número, só com a exploração do poder econômico de sua própria torcida, a arrecadação já havia superado, após seis anos, este patamar. E comparando a evolução trimestre a trimestre ao longo de 2018, era fácil ver a tendência de crescimento do programa: a receita junto aos Sócio-Torcedores só subia! O resultado acumulado nos quatro trimestres do ano subiu na margem R$ 6 milhões.
Ao se observar o desempenho exclusivamente obtido com Bilheteria, o resultado financeiro de 2018 mostrava uma receita de R$ 44,7 milhões (inferior aos R$ 62,3 milhões obtidos em 2017, uma queda como já explicado, relacionada aos dois jogos com portões fechados pela Libertadores 2018). Os 62 milhões de reais arrecadados em 2017 haviam representado o recorde de arrecadação com bilheteria na história rubro-negra. As polêmicas escolhas de aumento de preço de ingresso, que geraram bastante ruídos na mídia esportiva, nas redes sociais e nas conversas informais entre rubro-negros, geraram um incremento de receita impressionante para os cofres do Flamengo. Se em 2012 o clube havia arrecadado somente R$ 9,5 milhões, em seis anos saltou para um potencial de arrecadação na casa de mais de R$ 60 milhões ao ano. Um aumento de 500%!
Em 2018, a receita de Bilheteria também teve uma queda no 2º Semestre frente a 2017 por causa da não participação em play-offs "mata-mata" como havia acontecido no ano anterior (Copa do Brasil e Copa Sul-Americana). Ao fim do 2º trimestre de 2018, a arrecadação com bilheteria havia sido R$ 10 milhões inferior à do mesmo período em 2017. No 3º trimestre esta diferença diminuiu para R$ 7 milhões frente ao mesmo período do ano anterior, mas no 4º trimestre a diferença acumulada voltou a crescer, fechando o ano R$ 17 milhões abaixo do arrecadado em 2017 (as receitas com a semi-final e, sobretudo, com a final da Copa Sul-Americana diante do Independiente, haviam gerado excepcionais resultados de bilheteria no 4º trimestre de 2017).
Em 2018, a receita de Bilheteria também teve uma queda no 2º Semestre frente a 2017 por causa da não participação em play-offs "mata-mata" como havia acontecido no ano anterior (Copa do Brasil e Copa Sul-Americana). Ao fim do 2º trimestre de 2018, a arrecadação com bilheteria havia sido R$ 10 milhões inferior à do mesmo período em 2017. No 3º trimestre esta diferença diminuiu para R$ 7 milhões frente ao mesmo período do ano anterior, mas no 4º trimestre a diferença acumulada voltou a crescer, fechando o ano R$ 17 milhões abaixo do arrecadado em 2017 (as receitas com a semi-final e, sobretudo, com a final da Copa Sul-Americana diante do Independiente, haviam gerado excepcionais resultados de bilheteria no 4º trimestre de 2017).
Se até 2012 o Flamengo gerava algo em torno de R$ 10 milhões ao ano em recursos obtidos junto à sua própria torcida (a única fonte era a bilheteria), seis anos depois, ao fim de 2018, a arrecadação com sua própria torcida havia saltado para a casa de R$ 100 milhões ao ano. Uma grande revolução em captação de recursos, que mudou por completo os resultados financeiros do clube.
Esta nova realidade transformou as contas rubro-negras: ainda que o resultado financeiro operacional do clube em 2018 tenha ficado bem abaixo frente a 2017, o clube permanecia com um significativo superávit. Já estando menos exposto a dívidas, era lógico para a gestão rubro-negra trabalhar com um superávit mais baixo, em decorrência também de um aumento na capacidade de investimentos na qualidade do time de futebol, o que naturalmente representava um aumento nos custos. Uma vez que passava a ter um elenco mais forte e mais competitivo, capaz de fazer o clube repetidas vezes brigar no alto da tabela e ter maior aspiração a títulos, isto representava um aumento no potencial de expansão das receitas, seja pelo Programa de Sócio-Torcedor, por Bilheteria ou por Patrocínio. O Resultado Operacional de 2018 terminou o ano com um superávit de R$ 63,6 milhões (bem inferior aos R$ 192,4 milhões obtidos em 2017) sendo o menor superávit desde 2014. Porém ainda era um resultado bem acima dos R$ 26,9 milhões de superávit em 2013, o primeiro ano no qual o clube fechou positivamente o seu resultado operacional, que de 2012 para trás sempre apresentou déficit.
Em se tratando do Resultado Líquido do Exercício, o fechamento de 2018 representou um superávit de R$ 45,9 milhões, o menor resultado desde 2015, primeiro ano no qual o resultado líquido fechou positivo (ou seja, com superávit). O Flamengo havia encontrado um equilíbrio no qual se permitia expandir seus gastos sem comprometer sua saúde financeira.
Em se tratando do Resultado Líquido do Exercício, o fechamento de 2018 representou um superávit de R$ 45,9 milhões, o menor resultado desde 2015, primeiro ano no qual o resultado líquido fechou positivo (ou seja, com superávit). O Flamengo havia encontrado um equilíbrio no qual se permitia expandir seus gastos sem comprometer sua saúde financeira.
O principal indicador da transformação: a brusca redução de seu nível de endividamento. A dívida bruta fechou 2018 em R$ 469,5 milhões, acima dos R$ 334,7 milhões em que havia fechado 2017. Retirados os adiantamentos de contrato - que agregam valor contábil mas não são verdadeiramente endividamento - e a dívida líquida do Flamengo fechou 2018 em R$ 344,0 milhões. Estava acima do valor em que fechou 2017 (R$ 262,4 milhões) mas ainda praticamente no mesmo patamar do fechamento de 2016 (R$ 366 milhões).
A dívida rubro-negra depois de ter caído na comparação dos dois primeiros trimestres de 2018 frente ao mesmo período do ano anterior, passou a apontar um viés de alta a partir do 3º trimestre de 2018, no entanto, tudo se mostrava totalmente sob controle, com números bastante saudáveis. A razão Dívida / Receita Anual fechou em 0,67 vez. Um indicador que aponta uma boa saúde financeira frente a qualquer instituição do sistema financeiro, de qualquer segmento da economia (se quiser fazer o cálculo considerando a dívida bruta e não a líquida, o resultado apontava 0,91 vez, um resultado ainda bastante saudável). Para se ter alguma referência histórica do que isto representava em melhora da situação financeira rubro-negra: em 2006 a relação entre a dívida e a receita anual era de 2,75 vezes; em 2007 saltou para 3,0 vezes; e em 2012 alcançou o patamar de 3,79 vezes.
A dívida rubro-negra depois de ter caído na comparação dos dois primeiros trimestres de 2018 frente ao mesmo período do ano anterior, passou a apontar um viés de alta a partir do 3º trimestre de 2018, no entanto, tudo se mostrava totalmente sob controle, com números bastante saudáveis. A razão Dívida / Receita Anual fechou em 0,67 vez. Um indicador que aponta uma boa saúde financeira frente a qualquer instituição do sistema financeiro, de qualquer segmento da economia (se quiser fazer o cálculo considerando a dívida bruta e não a líquida, o resultado apontava 0,91 vez, um resultado ainda bastante saudável). Para se ter alguma referência histórica do que isto representava em melhora da situação financeira rubro-negra: em 2006 a relação entre a dívida e a receita anual era de 2,75 vezes; em 2007 saltou para 3,0 vezes; e em 2012 alcançou o patamar de 3,79 vezes.
O resultado ainda saudável também podia ser constatado no valor total de Empréstimos, com uma queda vertiginosa no tempo. O Total de Empréstimos junto ao setor privado caiu para o menor patamar em muitas décadas, fechando 2018 em R$ 25 milhões. Havia fechado 2017 em R$ 44,9 milhões e em 2016 fechado em R$ 111,6 milhões depois de ter atingido o pico de R$ 162,0 milhões ao fim de 2015. O processo tão massivamente criticado na imprensa de "troca" de dívida pública (sonegação de impostos) por dívida privada, estava concluído com êxito. Sendo a gestão financeira conduzida corretamente a partir de 2019, ou seja, com os grandes investimentos só sendo realizados com lastro em receitas cem por cento certas de serem realizadas, e a exposição em empréstimos financeiros ficaria sob controle. Num país com uma economia que praticava juros exorbitantes, a baixa exposição a empréstimos bancários representava uma importante liberação de fluxo de caixa, uma vez que o clube passava a ter condições de investir milhões que antes pagava como juros sobre os empréstimos tomados.
Durante 2018, o clube havia votado no Conselho Deliberativo o pedido de aprovação de novos empréstimos que levaram a um frenesi de notícias mentirosas na imprensa esportiva e em canais de comunicação de torcidas rivais. Falou-se que o Flamengo estaria quebrado, e só realizando contratações por adiantamentos de contratos de TV. Pura mentira! A notícia falsa, cujo principal alardeador sensacionalista foi o blog do jornalista Renato Maurício Prado (um nome que já havia muito tempo que não estava empregado por nenhum dos principais veículos de comunicação esportiva) levou a uma situação ridícula, com a Fox Sports precisando fazer uma retratação ao vivo em um de seus programas, constatando a inveracidade e o absurdo da informação antes mesmo do fim do programa no qual alguns de seus jornalistas também fizeram seus alardes sensacionalistas. O novo empréstimo executou um giro sob uma taxa de juros menor à quitação de empréstimos que estavam em vigor a uma taxa de juros superior à deste.
A real situação: a melhora financeira era não só quantitativa (redução do total de empréstimos tomados junto ao setor bancário privado) como qualitativa: o volume de Empréstimos de Curto Prazo (vencimento inferior a uma ano) - o mais importante indicador da saúde financeira - exibia um quadro significativamente melhor, com R$ 25 milhões ao fim de 2018, e todos eles junto a uma única instituição financeira, o Banco Daycoval; além de que, pelo segundo ano consecutivo, o Flamengo terminava sem Empréstimos de Longo Prazo (com vencimento superior a um ano). Era uma prova inequívoca a mais do equacionamento de sua exposição financeira. Após subir de R$ 30,7 milhões para R$ 80,0 milhões de 2012 para 2013, este volume de empréstimos de longo prazo, ano após ano, só caiu: passou a R$ 69,7 milhões em 2014, a R$ 60,5 milhões em 2015 e a R$ 18,7 milhões em 2016, fechando zerado os anos de 2017 e 2018. A lista de instituições nas quais o Flamengo tinha recebido empréstimos nos anos anteriores, mas cujos valores já estavam totalmente quitados, não restando nenhuma dívida, foi ampliada ainda mais ao fim de 2018. Até o fim de 2017 já haviam sido quitados todos os empréstimos tomados anteriormente junto à Confederação Brasileira de Futebol - CBF, à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro - FERJ, ao Consórcio Maracanã (Odebrecht), à Caixa Econômica Federal, ao Banco Bradesco, ao Banco BIC, ao Banco Modal e ao Banco Brasil Plural. Em 2018 também foram quitadas todas as dívidas com dinheiro emprestado junto ao Banco BMG, ao Fundo Pólo Capital, ao Banco Inermedium (Banco Inter) e ao Banco Lecca.
Como parâmetro de referência da intensidade da transformação vivida: a receita bruta do futebol do Flamengo em 2012 havia sido totalizada em R$ 178 milhões, e a do clube inteiro havia sido de R$ 212 milhões. Com uma inflação acumulada em 41,6% entre o início de 2013 e o fim de 2018 pelo IPCA, estas receitas de 2012 a preços de 2018 equivaliam a R$ 252 milhões de arrecadação só com o futebol e R$ 300 milhões como receita total do clube. Seis anos depois e a receita rubro-negra foi alavancada em mais R$ 100 milhões por ano em contratos junto à televisão, mais R$ 55 milhões por ano em patrocínios, e mais R$ 90 milhões por ano de arrecadação junto à torcida (somando bilheteria e sócios-torcedores). A transformação em gestão vivida pelo Flamengo produziu, portanto, R$ 245 milhões em novas receitas só no futebol. Ainda abriu a possibilidade de arrecadar R$ 15 milhões ao ano com incentivos fiscais que só foram possíveis pela conquista e manutenção das Certidões Negativas de Débito. Assim, o clube passou a ter R$ 260 milhões ao ano em novas receitas, só possíveis pelo casamento de profissionalismo, transparência, inovação e gestão eficiente da alocação de recursos. Literalmente, equivale àquele Flamengo que existia até 2012 e a um "Novo Flamengo" que foi acrescido àquele entre 2013 e 2018.
A capacidade de alavancar receitas foi o coração da revolução em gestão vivida pelo clube. Com mais profissionalismo em marketing e com transparência na divulgação de resultados financeiros, o clube mudou de patamar em sua capacidade de obter mais patrocínios. Os mesmos caminhos - profissionalismo e transparência - que casados à capacidade e ao poder de inovação levaram à gradual evolução da arrecadação com sua própria torcida, fosse via bilheteria ou fosse via Programa de Sócio-Torcedor, onde sobretudo está o grande diferencial na capacidade de manter a alavancagem das receitas voando a níveis cada vez maiores (quem sabe aproximando-se verdadeiramente do segundo escalão do futebol europeu, o que de fato é uma meta da gestão que foi responsável pela "Revolução Flamengo"). O diferencial de gestão foi dar sustentabilidade de médio a longo prazo neste movimento de alavancagem das receitas - confiança não se ganha, confiança se conquista - e sem a correta alocação das novas receitas no pagamento de dívidas, a confiança não teria sido conquistada. Paulatinamente o trabalho de diminuição da vulnerabilidade financeira foi construindo os meios para que o crescimento das receitas se sustentasse no tempo.
A reversão do quadro caótico em que o clube se encontrava - o processo da revolução administrativa e financeira - num primeiro momento (a 1ª Gestão, entre 2013 e 2015) aconteceu através de uma gestão do novo faturamento quase todo sendo canalizado para o pagamento de dívidas. O Flamengo aproveitou a onda de renegociação das dívidas dos clubes de futebol junto ao setor público (PROFUT, programa do governo que permitiu que os clubes de futebol renegociassem os impostos atrasados devidos em pagamentos de até 20 anos) e equacionou suas pendências fiscais. Muitos outros clubes não souberam aproveitar esta oportunidade, e sem uma gestão eficiente, continuaram estruturalmente vulneráveis do ponto de vista financeiro. Em paralelo, o clube fez seu "Ato Trabalhista", para quitar salários atrasados de ex-jogadores através de renegociações conduzidas pelo Jurídico. Quando concluiu este trabalho, pode então, aos poucos, fazer contratações mais ousadas de jogadores de ponta, e tudo com recursos próprios, sem um mecenas financiando tudo, como foi o modelo do Palmeiras com a Crefisa, por exemplo.
Na segunda etapa de transformação (a consolidação da revolução) o clube subiu gradualmente os investimentos no futebol profissional, aumentando passo a passo seu grau de ousadia em grandes transações. Em 2015 foram contratados Paolo Guerrero e Emerson Sheik; em 2016 foram contratados Diego Ribas, Mancuello e Cuéllar; em 2017 o elenco foi reforçado com Éverton Ribeiro e Diego Alves; em 2018 vários milhões para contratar Vitinho; e em 2019 o pacote mais robusto, tendo sido contratados De Arrascaeta, Gabigol, Bruno Henrique e Rodrigo Caio.
Por si só, já seria um grande feito. Mas a gestão rubro-negra, em paralelo a esta transformação, ainda fez a melhoria de infra-estrutura que melhor representou a metamorfose da realidade do Flamengo. Em 1984 o clube adquiriu um terreno de 144 mil metros quadros no bairro de Vargem Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, onde pretendia construir o Centro de Treinamento (CT) para atender ao futebol do clube. De 1984 até 2012 foram percorridos 28 anos sem que o terreno sofresse praticamente nenhuma obra de infra-estrutura. O pouco que havia sido feito em 2011 e 2012 estava suspenso por não pagamento de fornecedores e construtores. Após quase três décadas sem que 1 CT conseguisse ser efetivamente construído, entre 2013 e 2018 o clube conseguiu concluir a construção não só de 1 mas de 2 moderníssimos Centros de Treinamento, um para o futebol profissional e outro para o futebol das divisões de base. O primeiro módulo foi entregue no fim de 2016 a um custo de R$ 15 milhões, sendo usado inicialmente pelos profissionais e posteriormente passando a ser de uso da base. O segundo módulo foi entregue no fim de 2018, tendo custado R$ 23 milhões no total, e passando a abrigar o futebol profissional a partir de então. A preços de 2018, o custo total das duas obras foi de aproximadamente R$ 50 milhões. A título de métrica de comparação: este montante equivale, mais ou menos, à diferença entre o que era arrecadado anualmente com bilheteria em 2012 e o que passou a ser a arrecadação anual em 2018. É um exemplo perfeito do poder de transformação que há quando se é adotada uma estratégia de otimização da gestão financeira.
A revolução havia indubitavelmente se materializado, inquestionavelmente a realidade havia sido transformada. Um novo Flamengo havia nascido. E quando o gigante se move, o poder de transformação se alastra, ninguém passa imune: os parâmetros de todo o futebol brasileiro passavam a ser outros.
Como parâmetro de referência da intensidade da transformação vivida: a receita bruta do futebol do Flamengo em 2012 havia sido totalizada em R$ 178 milhões, e a do clube inteiro havia sido de R$ 212 milhões. Com uma inflação acumulada em 41,6% entre o início de 2013 e o fim de 2018 pelo IPCA, estas receitas de 2012 a preços de 2018 equivaliam a R$ 252 milhões de arrecadação só com o futebol e R$ 300 milhões como receita total do clube. Seis anos depois e a receita rubro-negra foi alavancada em mais R$ 100 milhões por ano em contratos junto à televisão, mais R$ 55 milhões por ano em patrocínios, e mais R$ 90 milhões por ano de arrecadação junto à torcida (somando bilheteria e sócios-torcedores). A transformação em gestão vivida pelo Flamengo produziu, portanto, R$ 245 milhões em novas receitas só no futebol. Ainda abriu a possibilidade de arrecadar R$ 15 milhões ao ano com incentivos fiscais que só foram possíveis pela conquista e manutenção das Certidões Negativas de Débito. Assim, o clube passou a ter R$ 260 milhões ao ano em novas receitas, só possíveis pelo casamento de profissionalismo, transparência, inovação e gestão eficiente da alocação de recursos. Literalmente, equivale àquele Flamengo que existia até 2012 e a um "Novo Flamengo" que foi acrescido àquele entre 2013 e 2018.
A capacidade de alavancar receitas foi o coração da revolução em gestão vivida pelo clube. Com mais profissionalismo em marketing e com transparência na divulgação de resultados financeiros, o clube mudou de patamar em sua capacidade de obter mais patrocínios. Os mesmos caminhos - profissionalismo e transparência - que casados à capacidade e ao poder de inovação levaram à gradual evolução da arrecadação com sua própria torcida, fosse via bilheteria ou fosse via Programa de Sócio-Torcedor, onde sobretudo está o grande diferencial na capacidade de manter a alavancagem das receitas voando a níveis cada vez maiores (quem sabe aproximando-se verdadeiramente do segundo escalão do futebol europeu, o que de fato é uma meta da gestão que foi responsável pela "Revolução Flamengo"). O diferencial de gestão foi dar sustentabilidade de médio a longo prazo neste movimento de alavancagem das receitas - confiança não se ganha, confiança se conquista - e sem a correta alocação das novas receitas no pagamento de dívidas, a confiança não teria sido conquistada. Paulatinamente o trabalho de diminuição da vulnerabilidade financeira foi construindo os meios para que o crescimento das receitas se sustentasse no tempo.
A reversão do quadro caótico em que o clube se encontrava - o processo da revolução administrativa e financeira - num primeiro momento (a 1ª Gestão, entre 2013 e 2015) aconteceu através de uma gestão do novo faturamento quase todo sendo canalizado para o pagamento de dívidas. O Flamengo aproveitou a onda de renegociação das dívidas dos clubes de futebol junto ao setor público (PROFUT, programa do governo que permitiu que os clubes de futebol renegociassem os impostos atrasados devidos em pagamentos de até 20 anos) e equacionou suas pendências fiscais. Muitos outros clubes não souberam aproveitar esta oportunidade, e sem uma gestão eficiente, continuaram estruturalmente vulneráveis do ponto de vista financeiro. Em paralelo, o clube fez seu "Ato Trabalhista", para quitar salários atrasados de ex-jogadores através de renegociações conduzidas pelo Jurídico. Quando concluiu este trabalho, pode então, aos poucos, fazer contratações mais ousadas de jogadores de ponta, e tudo com recursos próprios, sem um mecenas financiando tudo, como foi o modelo do Palmeiras com a Crefisa, por exemplo.
Na segunda etapa de transformação (a consolidação da revolução) o clube subiu gradualmente os investimentos no futebol profissional, aumentando passo a passo seu grau de ousadia em grandes transações. Em 2015 foram contratados Paolo Guerrero e Emerson Sheik; em 2016 foram contratados Diego Ribas, Mancuello e Cuéllar; em 2017 o elenco foi reforçado com Éverton Ribeiro e Diego Alves; em 2018 vários milhões para contratar Vitinho; e em 2019 o pacote mais robusto, tendo sido contratados De Arrascaeta, Gabigol, Bruno Henrique e Rodrigo Caio.
Por si só, já seria um grande feito. Mas a gestão rubro-negra, em paralelo a esta transformação, ainda fez a melhoria de infra-estrutura que melhor representou a metamorfose da realidade do Flamengo. Em 1984 o clube adquiriu um terreno de 144 mil metros quadros no bairro de Vargem Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, onde pretendia construir o Centro de Treinamento (CT) para atender ao futebol do clube. De 1984 até 2012 foram percorridos 28 anos sem que o terreno sofresse praticamente nenhuma obra de infra-estrutura. O pouco que havia sido feito em 2011 e 2012 estava suspenso por não pagamento de fornecedores e construtores. Após quase três décadas sem que 1 CT conseguisse ser efetivamente construído, entre 2013 e 2018 o clube conseguiu concluir a construção não só de 1 mas de 2 moderníssimos Centros de Treinamento, um para o futebol profissional e outro para o futebol das divisões de base. O primeiro módulo foi entregue no fim de 2016 a um custo de R$ 15 milhões, sendo usado inicialmente pelos profissionais e posteriormente passando a ser de uso da base. O segundo módulo foi entregue no fim de 2018, tendo custado R$ 23 milhões no total, e passando a abrigar o futebol profissional a partir de então. A preços de 2018, o custo total das duas obras foi de aproximadamente R$ 50 milhões. A título de métrica de comparação: este montante equivale, mais ou menos, à diferença entre o que era arrecadado anualmente com bilheteria em 2012 e o que passou a ser a arrecadação anual em 2018. É um exemplo perfeito do poder de transformação que há quando se é adotada uma estratégia de otimização da gestão financeira.
Veja no detalhe: Histórico do Resultado Financeiro do Flamengo entre 2012 e 2018
Veja mais detalhes: Resultado Financeiro do Flamengo em 2018 - Abertura Trimestral
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