Já houve um tempo, durante o Século XX, no qual o embate entre clubes sul-americanos e europeus foi muito mais frequente. A distância econômica entre as realidades financeiras não era tão gritante, como passou a ser a partir do começo do Século XXI, impulsionada pela explosão de trânsito de jogadores dentro da Europa e cruzando o Oceano Atlântico, após a Lei Bosman ter libertado as amarras comerciais de jogadores de futebol dentro da Europa, levando a um crescimento vertiginoso das transações, que dentro das leis econômicas de Oferta x Demanda gerou a disparada do preço do passe do jogador, e consequentemente do nível salarial das folhas de pagamento, o que por sua vez induziu uma forte concentração do poder econômico, abrindo um abismo entre as realidades financeiras dos mais ricos frente aos demais.
Um resumo desta história está nas páginas do livro A NAÇÃO: "A implementação da Lei Bosman, que mudou as regras trabalhistas para jogadores de futebol nascidos no continente, numa adequação às condições da União Europeia. Até 1995, o limite de jogadores estrangeiros atuando em clubes europeus era de três por clube. A grande mudança com a Lei Bosman foi que jogadores de outros países da Europa não mais constavam nesta exigência, uma vez que a União Europeia constituía uma união econômica, isto é, um estágio nas relações internacionais no qual há completa integração de todos os fatores de produção, incluindo uma moeda comum, o comércio entre países isento de tarifas e a livre circulação de cidadãos, sejam turistas ou trabalhadores. Com a nova lei, nenhum trabalhador de origem europeia – incluídos os jogadores de futebol – podia ser impedido, por qualquer lei restritiva, de exercer sua profissão em outro país que pertencesse à união econômica. O comunicado oficial emitido pelo bloco, em 1995, não dava margens a interpretações: “A União Europeia exige que as regulamentações sobre transferências e limitações de jogadores estrangeiros devem ser alteradas imediatamente.” Houve um grande impacto não só desportivo, mas também econômico, sobre o futebol europeu. Indiretamente, essa lei afetou tremendamente o fluxo de jogadores sul-americanos que seguiam para atuar por clubes da Europa e mexeu com as relações econômicas, elevando a folha de pagamento dos clubes. Os efeitos de uma economia mundial globalizada e integrada entravam em campo. Dali para a frente, muita coisa passaria a ser diferente. Dentro das quatro linhas, as equipes europeias foram se fortalecendo, usufruindo da opção de ter mais estrangeiros do que até então se permitia. Naquela época, o principal campeonato nacional era o italiano, onde Juventus, Milan e Internazionale figuravam como as três grandes potências. No início da década de 1990, o Milan tinha três estrangeiros no seu elenco: os holandeses Frank Rijkaard, Ruud Gullitt e Marco Van Basten. A Internazionale contava com um trio de alemães: Brehme, Lottar Mattaus e Klinsmann. E a Juventus tinha o francês Deschamps e o iugoslavo Savicevic. Todos os demais jogadores em seus elencos eram de nacionalidade italiana. Na primeira temporada sob os efeitos da nova lei (1995/96), pouca coisa mudou. Mas, na temporada seguinte, a presença de jogadores locais nos três clubes mais fortes da Itália já dava sinais de diminuição, e o número de estrangeiros crescia. Em 1997, a Juventus tinha o zagueiro uruguaio Montero, o cabeça de área francês Deschamps, o meia iugoslavo Jugovic, o meia francês Zinedine Zidane e o atacante croata Boksic. O Milan contava com o zagueiro francês Desailly, o cabeça de área holandês Davids, o meia iugoslavo Savicevic, o croata Boban e o atacante George Weah, nascido na Libéria. Na Inter, jogavam os franceses Angloma e Djorkaef, o argentino Javier Zanetti, o inglês Paul Ince, o holandês Aaron Winter e o chileno Ivan Zamorano. Já eram, em média, seis estrangeiros em cada time. Dali para a frente, esta tendência só fez crescer" (pgs. 195-196).
Foi uma longa introdução antes de começar a falar onde propriamente o Flamengo entra nesta história, mas uma introdução fundamental para que se entenda e se interprete a total diferença antes de depois desta nova realidade. Na história do Flamengo, um simples fato retrata a revolução que descolou a realidade antes e depois destes fatos: até o ano 2000 o Flamengo acumulava um histórico de 244 jogos disputados contra clubes de futebol europeus, e entre 2001 e 2018 aconteceu apenas 1 jogo.
Os cinco primeiros jogos contra clubes europeus aconteceram todos no Rio de Janeiro no fim dos Anos 1940, antes, portanto, da inauguração do Maracanã. Três destes jogos foram no Estádio de São Januário e dois no Estádio das Laranjeiras. O primeiro duelo foi em 1948, quando o Southampton, da Inglaterra, viajou em excursão pela América do Sul. Jogando em São Januário, em 6 de junho de 1948 - talvez um pouco intimidado diante dos "inventores do futebol" - o time rubro-negro não conseguiu se impor sobre os ingleses e acabou derrotado por 3 x 1. A partida juntou, segundo estimativa da Polícia Militar feita à época, 40 mil pessoas no estádio do Vasco (que tem capacidade oficial para 35 mil). Foi o acontecimento do ano na cidade. No ano seguinte, a passagem de europeus pelo Rio de Janeiro foi mais agitada ainda. O Flamengo recebeu ao Arsenal, da Inglaterra, ao Rapid Viena, da Áustria, e ao Malmoe, da Suécia.
Ilustração caricaturizada feita pelo jornal austríaco Weltpresse em
sua edição de 12 de julho de 1949 sobre o gol de Durval no Rapid
Se o duelo contra o Southampton em 1948 já havia mexido com a cidade, o impacto foi ainda maior no ano seguinte quando o Flamengo recebeu ao Arsenal, um dos gigantes do futebol inglês. Novamente o Estádio de São Januário ficou hiperlotado, excedendo todos os seus limites. Mas desta vez explodiu em festa, pois quem saiu vencedor foi o Flamengo, por 3 x 1, com dois gols de Jair da Rosa Pinto e um de Durval. Três semanas depois, também no campo do Vasco, o time rubro-negro venceu ao Rapid Viena por 2 x 1, com gols de Durval e Gringo sobre os austríacos. Em dezembro de 1949, o time rubro-negro ainda receberia o Malmoe para dois amistosos disputados nas Laranjeiras, com um empate por 4 x 4 e uma vitória rubro-negra por 3 x 0. Nos 5 jogos o Flamengo venceu 3, mostrando aos europeus a força de seu futebol.
Jogo Histórico
29.05.1949 - Flamengo 3 x 1 Arsenal (Inglaterra)
Os duelos contra os suecos no Rio de Janeiro em 1949 renderam o convite para uma excursão rubro-negra à Suécia em 1951. Entre maio e junho foram 8 jogos na Escandinávia, com direito a uma passagem pela vizinha Dinamarca. Antes de voltar ao Brasil, o Flamengo ainda parou para um amistoso na França e outro em Portugal. Esta passagem pela Europa deixou excelente impressão: em 10 jogos, foram 9 vitórias, empate só na estreia, muito provavelmente pelos efeitos físicos da viagem sobre o time. O Flamengo empatou por 1 x 1 com o Malmoe, e depois só venceu. Fez 6 x 1 no AIK, 2 x 0 no Malmoe, 2 x 1 no Sundvall e 3 x 0 no Elfsburg. Passou pela Dinamarca, onde venceu a um Combinado de Copenhagen por 2 x 0, e voltou à Suécia para vencer ao Halnia por 2 x 0 e ao Norkopping por 6 x 1. Poderia ter sido declarado "Campeão Sueco". E isto 7 anos antes da Seleção Brasileira conquistar a Copa do Mundo pela primeira vez em sua história nesta própria Suécia, onde o Brasil conquistou o único título de um não-europeu na Europa em toda a história. Antes de voltar para casa, o time ainda teve tempo de fazer mais história. Na França, jogou pela primeira vez no Parc des Prince, em Paris, onde teve uma atuação de gala para atropelar ao Racing Paris, goleando por 5 x 1, com dois gols de Hermes e de Adãozinho, e um de Esquerdinha. Em Portugal, mais uma boa atuação, e uma vitória contundente por 3 x 0 sobre o Belenenses, em Lisboa.
Jogo Histórico
13.06.1951 - Flamengo 5 x 1 Racing Paris (França)
O Flamengo voltou à Europa em 1954 para uma longa excursão, que passou por vários países entre abril e maio. Foram 12 jogos: 3 vitórias, 7 empates e 2 derrotas. A abertura do tour foi no Estádio San Siro, em Milão, para um duelo contra um Combinado Milan-Internazionale que terminou 2 x 2. Da Itália foi à Alemanha, onde empatou por 1 x 1 com o Eintracht Frankfurt. Em Budapeste, na Hungria, goleou ao Kiniszi por 5 x 0. Na Áustria, empatou por 2 x 2 com o Rapid Viena e perdeu por 1 x 0 para o Linzer Ask. Voltou à Alemanha, onde empatou três vezes seguidas por 2 x 2, contra o Nurenberg, o Stuttgart e um Combinado Manhein-Ludwigshafen. Ainda em solo alemão, perdeu por 4 x 3 para o Sarsbrucken, venceu por 3 x 0 ao Reutlingen, empatou por 1 x 1 com o Hamburgo, e se despediu com uma goleada por 4 x 1 sobre o Werder Bremen (dois gols de Zagallo, um de Duca e um de Joel) na melhor atuação no tour. Naquele mesmo ano de 1954 o Flamengo enfrentaria pela primeira vez a um europeu no Maracanã. Recebeu para um amistoso ao Deportivo La Coruña, da Espanha, e aplicou uma goleada, 4 x 1, gols de Benitez, Joel, Rubens e Indio. Em 1955, faria mais dois jogos contra europeus no Maracanã, com mais duas grandes atuações, batendo ao Estrela Vermelha, da Iugoslávia, por 4 x 1, e ao Benfica, de Portugal, por 1 x 0.
Em 1956, mais um convite para viajar à Suécia, com breve passagem pela vizinha Noruega, e no caminho de volta repetindo as paradas em França e Portugal. No primeiro jogo, vitória sobre o Oester por 3 x 1, seguida por uma derrota por 3 x 0 para o Derby, em Linkoeping. Depois duas goleadas, por 7 x 1 no Boden e por 9 x 0 num Combinado de Uweea. Um empate por 1 x 1 com o Elfsborg, e a viagem à Noruega, onde o time rubro-negro aplicou duas goleadas implacáveis, com 6 x 1 num Combinado de Lynn-Skeid e por 12 x 1 no Brann. Na volta ao solo sueco, vitórias por 4 x 0 no Halmstad e por 3 x 0 no AIK. Na volta, parada em Besançon, na França, onde perdeu por 2 x 1 para o Racing Besançon, e uma vitória por 2 x 1 no Estádio da Luz, em Lisboa, sobre o Benfica. Saldo da viagem de 1956: 11 jogos, com 8 vitórias, 1 empate e 2 derrotas.
Em 1957 os europeus vieram ao Brasil. Primeiro, o Flamengo enfrentou e venceu por 5 x 3 ao AIK, da Suécia, no Maracanã. Depois chegou o poderoso Honved, da Hungria, com vários dos grandes nomes húngaros que haviam brilhado e surpreendido ao mundo na Copa do Mundo de 1954, mundialmente conhecido como The Golden Team (o Time de Ouro). Os húngaros vieram ao Brasil e escolheram como anfitriões a Flamengo e Corinthians para duelos no Maracanã e no Pacaembu. Em 19 de janeiro de 1957, uma vitória antológica do Flamengo por 6 x 4 em um Maracanã absolutamente lotado. Os seis gols rubro-negros foram de Evaristo de Macedo (duas vezes), Dida, Henrique, Moacir e Paulinho. Além de Puskas, astros da seleção húngara como o goleiro Grocsis, os meias Boszik e Lantos, e os atacantes Kocsis e Czibor, estavam lá. O Flamengo realizou 5 partidas consecutivas contra o Honved. No segundo jogo no Maracanã, em 27 de janeiro, estádio novamente lotado para ver os húngaros darem o troco e vencerem por 6 x 4, com quatro gols de Puskas! Em 2 de fevereiro, um terceiro duelo, agora no Pacaembu, em São Paulo, e nova vitória dos húngaros: 3 x 2. Com o sucesso de público e o alto nível técnico destes jogos, o Honved convidou o Flamengo para excursionar com ele pela América do Sul em dois últimos confrontos em Caracas, na Venezuela, onde aconteceram uma nova vitória rubro-negra por 5 x 3, em 16 de fevereiro, e na última partida, em 19 de fevereiro, um empate em 1 x 1. Duas vitórias para cada lado e um empate, 18 gols do Flamengo e 17 do Honved, um tremendo espetáculo de futebol!
Jogo Histórico
19.01.1957 - Flamengo 6 x 4 Honved (Hungria)
No meio daquele ano de 1957, em junho e julho, mais uma série de duelos contra europeus no Maracanã. O time rubro-negro venceu ao Dinamo Zagreb, da Iugoslávia (4 x 1) e ao Belenenses, de Portugal (3 x 1), e empatou duas vezes frente ao Benfica (1 x 1 e 0 x 0). Em setembro, ainda haveria tempo para uma rápida viagem à Europa, convidado para disputar um torneio em Barcelona. O Flamengo fez um jogo-exibição, e venceu ao Burnley, da Inglaterra, por 4 x 0. Eram os festejos pela inauguração do Estádio Camp Nou. No dia 24 de setembro de 1957, data oficial da inauguração, a delegação rubro-negra desfilou pelo estádio carregando a bandeira brasileira, sendo ovacionada pela torcida catalã, antes da partida de abertura das comemorações, na qual o Barcelona, dono da nova casa, venceu por 4 x 2 a um Combinado de Varsóvia, reunindo os principais jogadores em atividade nos clubes da capital polonesa. O ex-rubro-negro Evaristo, ex-jogador do Flamengo, marcou o segundo gol dos azul-grenás. O time rubro-negro jogou no dia seguinte contra o Burnley, um dos fundadores da liga inglesa, em 1888, o clube da região de Lancashire foi Campeão Inglês de 1921 e da Copa da Inglaterra de 1914. A equipe inglesa tinha como destaques o meio-campista Jimmy Adamson e o meia-atacante Jimmy McIlroy, jogador de um surpreendente Seleção da Irlanda do Norte que eliminaria Itália e Portugal e se classificaria para a Copa do Mundo de 1958. Além deles, outros cinco titulares da equipe que atuou naquela tarde em Barcelona levariam o Burnley a um novo título inglês dali a três anos.
Jogo Histórico
25.09.1957 - Flamengo 4 x 0 Burnley (Inglaterra)
Em 1958, mais um convite, e um novo tour pelo Continente Europeu. Entre 14 de maio e 10 de julho, o time fez doze jogos em sete países distintos. Começou na Espanha, onde foi derrotado pela Seleção da Catalunha por 2 x 1. Depois foi à Inglaterra, onde empatou com o Nottingham Forest por 2 x 2 e com o Bolton por 1 x 1. Parada seguinte na Hungria, onde venceu ao Ujpest por 2 x 1. Depois dois jogos na França, onde goleou ao Nantes por 6 x 1 e venceu ao Sochaux por 2 x 1. Daí viajou a Portugal para duelar com dois grandes locais: empatou com o Benfica por 1 x 1 e venceu ao Sporting por 3 x 0. Na Grécia, venceu ao Fostir Atenas por 2 x 0, e na Turquia, goleou ao Besiktas por 6 x 2. Voltou então à Hungria para as duas últimas partidas antes de regressar ao Brasil, onde perdeu para o Ujpest por 3 x 0, e venceu ao Debrecen por 3 x 1. Foram 12 jogos, com 7 vitórias, 3 empates e 2 derrotas. Para fechar a década, em 1959 recebeu ao Spartak Moscou, da União Soviética, para um amistoso no Maracanã, no qual saiu vitorioso por 3 x 0.
O período entre 1948 e 1959 foi intenso na história rubro-negra em duelos frente a clubes europeus. Foram, no total, 65 confrontos. E com um detalhe: 17 destes duelos foram no Brasil. Nunca mais o Flamengo receberia tantos europeus no Maracanã como recebeu nestes tempos. E a grande verdade, é que nunca mais os europeus voltaram a visitar o Brasil nesta intensidade. Dos 65 jogos, o Flamengo venceu 40 vezes, empatou 16 e perdeu apenas 9 vezes. Um excepcional retrospecto! Mas o confronto frente aos europeus nos Anos 1960 seria ainda mais intenso...
Em 1960, o Flamengo ficou dois meses na Europa, tendo feito a primeira partida em 20 de abril e a última em 20 de junho. Foi a pior passagem da camisa rubro-negra pelo solo europeu em sua história! O tour começou com uma goleada sofrida para a Seleção da Bulgária por 6 x 0 em Sófia, onde o time logo a seguir empatou por 1 x 1 com o Levski. Viajou então para a Escócia, onde dois dias depois sofreria uma goleada vexatória: a pior goleada da história profissional rubro-negra, 9 a 2 para o Motherwell, da Escócia. Neste jogo, o atacante da seleção da Escócia, Ian Saint John, fez seis gols, tornando-se o jogador a mais ter feito gols sobre o Flamengo em uma única partida em toda sua história. O time que jogou esta partida tinha a formação: Mauro, Joubert e Décio Crespo; Jadir, Vanderlei e Jordan; Luís Carlos, Moacir, Henrique, Gérson e Babá. O time estava desfalcado de seu principal jogador, Dida, que estava machucado e só jogaria os últimos jogos da turnê pela Europa. Os dois gols rubro-negros neste dia foram do Canhota de Ouro Gérson, a jovem promessa revelada nas categorias de base do Flamengo, que poucos anos depois trocaria a camisa rubro-negra pela alvi-negra do Botafogo. Pelo lado escocês, o carrasco rubro-negro foi o centroavante, nascido na própria localidade de Motherwell, e autor de 6 gols naquele dia. Hunter fez dois e Quinn fechou a conta. Um vexame histórico!
Jogo Histórico
24.06.1960 - Motherwell (Escócia) 9 x 2 Flamengo
Na continuação da viagem, o time foi à Alemanha, onde obteve um inusitadíssimo empate por 5 x 5 contra o Alemania Aachen. A parada seguinte foi em Barcelona, para dois jogos contra o Espanyol, que terminaram com uma vitória de 1 x 0 para cada lado. O rumo seguinte foi a Grécia, onde o time venceu ao Panathinaikos por 2 x 1, empatou com o AEK Atenas por 1 x 1, e perdeu para o Olimpiakos por 3 x 0. Viajou então para o solo austríaco, onde perdeu para a Seleção da Áustria por 3 x 1, venceu a um Combinado de Viena por 3 x 1, e goleou ao Linzer Ask por 6 x 3. Passou pela Itália, onde perdeu por 4 x 2 para a Roma no Estádio Olímpico, e depois foi à Holanda, onde venceu por 2 x 1 ao Rotweiss. Foram 14 jogos nesta turnê, com apenas 5 vitórias, tendo havido 3 empates e 6 derrotas. Bem abaixo do bom desempenho acumulado entre 1948 e 1959.
Isto não impediu que o Flamengo voltasse a receber um convite para viajar à Europa em 1962. E para sua mais longa turnê até então, foram 18 jogos ao longo de três meses, permanecendo em abril, maio e junho inteiros no Velho Continente. E o tour já começou de forma luxuosa, mostrando o prestígio que o Flamengo já tinha conquistado na Europa. Na primeira partida o Flamengo teve a honra de ser convidado para a disputa de um amistoso no Estádio Olímpico de Roma contra a Seleção Italiana. A Azzurra, entre as mais tradicionais camisas do futebol mundial de todos os tempos. A Itália entrou em campo com Sarti, David, Radice e Salvadore; Losi e Trapattoni; Angelo Sormani, Maschio, Altafini Mazzola, Rivera e Menichelli. O Flamengo começou o jogo com Ari, Vanderlei e Luiz Carlos; Jadir, Ronald e Jordan; Joel, Nelsinho, Henrique Frade, Dida e Jair Bala. Não se intimidando diante do fortíssimo adversário, foi o Flamengo que saiu na frente, com gol de Henrique Frade aos 36 minutos. Porém, dois minutos depois os italianos empataram, com gol de Maschio. No 2º tempo, o time rubro-negro fez algumas poucas modificações: na zaga, Joubert e Décio Crespo entraram nas vagas de Vanderlei e Luiz Carlos, e Paulinho substituiu a Jordan, e na ponta-esquerda, Adílson entrou no lugar de Jair. Ao longo da segunda etapa, Higino e Miranda ainda vieram a substituir a Henrique Frade e Dida. O treinador rubro-negro mexeu bastante no time, como é normal em amistosos, mas nem tanto quanto o italiano, pois a escalação da Azzurra no 2º tempo foi totalmente distinta da que entrou em campo no 1º tempo, tendo jogado com Mattrel, Robotti, Castelletti e Guarneri; Losi e Marchesi; Maschio, Dell'Angelo, Angelo Sormani, Di Giacomo e Bean. E foi com esta formação que os italianos decidiram a partida. Logo aos 11 minutos, Marchesi fez o segundo tento da Azzurra. O placar final foi sacramentado aos 44 minutos, quando o ponta-esquerda Bean fez o terceiro gol da Seleção da Itália. Até então, só três clubes de futebol estrangeiros haviam enfrentado a Seleção Italiana na história, e três ingleses: o English Wanderers em 1912, o Reading em 1913, e o Burnley em 1922. Depois deste jogo, foram poucos os que tiveram esta honra: o Toluca, do México, às vésperas da Copa do Mundo de 1970, como preparação italiana já em solo mexicano para aquele Mundial, o Bayern Munique em 1974, o Feyenoord, da Holanda, em 1977, o Braga, de Portugal, em 1982, o Puebla, do México, em 1985, e o Fluminense, em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, jogo disputado em Volta Redonda, num amistoso de preparação para o Mundial no Brasil. O seleto grupo, mostra o peso de um convite para enfrentar à Azzurra no Estádio Olímpico de Roma em 1962. E naquele giro pela Europa naquele ano, o Flamengo ainda enfrentaria mais duas Seleções Nacionais, pois jogaria contra a Tchecoslováquia e a Noruega.
Jogo Histórico
12.04.1962 - Seleção da Itália 3 x 1 Flamengo
O giro pela Europa de 1962 começou ruim. Depois de perder para a Seleção da Itália, o Flamengo perdeu os três jogos seguintes disputados na Tchecoslováquia. Perdeu por de 2 x 1 para o Spartak de Pilzen, por 1 x 0 para o Slovan Bratislava, e por 4 x 2 para a Seleção Tchecoslovaca, em partida disputa em 18 de abril de 1962 em Brno. Viajou então para a Itália, onde obteve sua primeira vitória nesta viagem, fazendo 3 x 1 no Palermo. No jogo seguinte, perdeu por 3 x 1 para a Sampdoria. Dali seguiu para a Espanha, onde tomou uma goleada acachapante de 5 x 1 do Athletic Bilbao. Recuperou parte da moral no jogo seguinte, quando venceu ao Barcelona por 2 x 0 no Estádio Camp Nou, com dois gols de Dida. Daí para frente, o desempenho melhorou. Voltou uma vez mais à Escandinávia, onde jogou na Suécia - vencendo ao Hogedahl por 4 x 3, ao Malmoe por 5 x 1, e ao AIK por 3 x 1 - e na Finlândia, onde venceu ao Aliance, de Helsinque, por 3 x 0. Dali viajou para a União Soviética, onde voltou a apresentar resultados ruins. Foi goleado por 4 x 1 pelo CCCA, em Moscou, venceu a um Combinado de Odessa por 2 x 1, e perdeu para o Zenit (1 x 0) e para o Dínamo Moscou (2 x 1). Voltou então à Escandinávia, onde goleou à Seleção da Noruega por 5 x 1 e ao Orebro, da Suécia, por 6 x 2. Antes de voltar ao Brasil, o time ainda passou pela África, jogando na Tunísia e em Gana. Na Europa, nos 18 jogos disputados, foram 9 vitórias e 9 derrotas. Ainda em 1962, haveria um confronto mais contra um europeu, já que em julho daquele ano, um mês após voltar de seu giro europeu, o Flamengo recebeu ao Milan para um amistoso no Maracanã, do qual saiu derrotado por 3 x 0.
Jogo Histórico
30.04.1962 - Flamengo 2 x 0 Barcelona (Espanha)
Em 1963 houve mais um convite e mais um longo giro europeu. Desta vez começou pela Romênia, onde o time rubro-negro venceu ao Farul por 2 x 1 e perdeu para a Seleção Romena por 2 x 1. Seguiu de lá para a Polônia, onde perdeu para um Combinado de Poznam por 3 x 2 e venceu a um Combinado de Lodz por 1 x 0. A viagem seguiu mais uma vez rumo à Suécia, por onde o Flamengo vinha passando com frequência em seus tours anteriores. O time empatou em 3 x 3 com um Combinado de Gotemburgo, foi à Dinamarca onde venceu por 3 x 0 ao Staevnet, voltando a solo sueco para empatar sem gols contra o Norkopping, vencer por 2 x 0 ao Aliance, e golear por 5 x 2 a um Combinado Scania-Aliance. Próxima parada: União Soviética. Na Rússia, empatou os três jogos que disputou: 1 x 1 contra a Seleção Sub-20 da União Soviética, 0 x 0 contra a Seleção da União Soviética, e 0 x 0 contra o CCA Rostov. Viajou então para a França, onde empatou em 2 x 2 com o Toulouse e perdeu por 3 x 1 para o Stade Reims. Na Áustria, venceu por 2 x 1 ao Graz. E na Tchecoslováquia, perdeu por 1 x 0 para o Jednota Trencin. No total da viagem de 1963 foram 16 jogos, com 6 vitórias, 6 empates, e 4 derrotas.
Os Anos 1960 foram intensos em convites para ir à Europa. A Seleção Brasileira havia sido Bi-Campeã da Copa do Mundo em 1958 e 1962, e com isso a fama da qualidade técnica do futebol do país ganhou repercussão mundial. Além de que o histórico de boas passagens do Flamengo por lá em giros anteriores, somado à sua popularidade no Rio de Janeiro, que para os europeus neste tempo era sinônimo de um paraíso, com Copacabana ganhando renome global como a "Princesinha do Atlântico", representavam uma combinação perfeita para uma intensidade de convites. Só o Santos de Pelé era mais convidado para ser visto pelo mundo do que o time do Flamengo. A excursão de 1964 foi um pouco mais curta que as anteriores, tendo 9 jogos entre junho e julho. Começou com um empate por 1 x 1 contra o Milan no Estádio San Siro, em Milão. Passou pela Alemanha, onde o time venceu por 2 x 1 ao Bayern Hof. Na Espanha, vitória por 3 x 1 sobre o Valencia e derrota por 4 x 3 para o Sporting Gijón. Empate sem gols diante do Sporting, em Lisboa, numa rápida nova passagem por Portugal. Em Leipzig, goleada por 5 x 1 sobre a Seleção da Alemanha Oriental. Na União Soviética, vitórias por 2 x 1 sobre um Combinado de Volvogrado, por 3 x 2 sobre a Seleção da Ucrânia, e por 2 x 1 sobre a Seleção da Moldávia. Nos 9 jogos disputados na Europa em 1964, o time conseguiu 6 vitórias, 2 empates, e sofreu só 1 derrota. Muito bom desempenho!
Em 1965, o Flamengo recebeu ao Atlético de Madrid para a disputa de um amistoso no Maracanã, que terminou com vitória rubro-negra por 1 x 0, gol de Amauri, logo no primeiro jogo rubro-negro naquela temporada. No meio do ano o time foi convidado pela primeira vez em sua história para jogar o Troféu Ramon de Carranza, em Cádiz, na Espanha, um dos mais tradicionais quadrangulares amistosos da pré-temporada europeia. O Flamengo, no entanto, caiu logo na semi-final, tendo perdido por 3 x 0 para o Zaragoza. Na decisão de terceiro lugar, venceu por 3 x 0 ao Bétis. Antes de regressar ao Brasil, jogou mais um amistoso em solo espanhol, tendo sido derrotado por 1 x 0 pelo Sevilla. Em 1966, não houve tour à Europa, porém o Flamengo recebeu dois europeus para disputar amistosos no Maracanã: goleou por 4 x 1 ao Belenenses, de Portugal, e perdeu por 2 x 1 para o West Bromwich, da Inglaterra.
O clube voltaria ao solo europeu em 1967 para uma série de 10 amistosos em 5 países diferentes. Foi uma passagem bastante ruim pela Europa. Começou sofrendo duas derrotas para a Seleção Sub-20 da Alemanha Oriental (1 x 0 e 4 x 2). Viajou então à União Soviética, onde perdeu por 3 x 1 para o Dínamo Moscou, venceu por 1 x 0 ao Neftyanik, e foi goleado por 4 x 0 pelo Dínamo Tbilisi. Foi à Hungria e também tomou uma goleada, perdendo por 4 x 1 para um Combinado Ferencvaros-Vasas. Mais duas derrotas quando viajou à Espanha, caindo por 1 x 0 para o Bétis e por 4 x 1 para o Atlético de Madrid, na quarta vez que tomou quatro na excursão. Para fechar, disputou o Torneio Ibério, um quadrangular em Badajóz, na Espanha, onde perdeu na semi-final para o Sporting, de Portugal, e na decisão de terceiro lugar venceu aos reservas do Barcelona por 1 x 0, com gol do centroavante Fio Maravilha. A viagem teve 10 jogos, com 2 vitórias e 8 derrotas. O Flamengo vinha desconstruindo sua boa reputação construída nos anos anteriores. Antes de fechar o ano, ainda houve um amistoso contra o Atlético de Madrid no Maracanã, que terminou empatado em 1 x 1.
Em 1968, o Flamengo recebeu ao Alemania Aachen para um amistoso no Maracanã, que terminou com vitória rubro-negra por 1 x 0. Dois meses depois o time viajou convidado para disputar dois tradicionais quadrangulares amistosos na Espanha. Em Barcelona disputou o Troféu Joan Gamper, no Estádio Camp Nou, onde venceu ao Athletic Bilbao por 1 x 0 na semi-final, avançando para fazer a final contra o anfitrião Barcelona. Foi um jogaço! Palau abriu o marcador para os catalães aos 14 minutos do 1º tempo. Fio Maravilha empatou aos 23. Porém, Palau novamente colocou o Barça a frente aos 30. Incansável e guerreiro, o time rubro-negro buscou um novo empate antes do intervalo, com um gol de Zélio aos 42 minutos. Na volta para o 2º tempo, o português Jorge Mendonça, homônimo do brasileiro que jogou a Copa de 78, balançou a rede rubro-negra logo com 7 minutos. Mas sete minutos depois Néviton voltou a empatar o jogo: 3 x 3! Muitas emoções na decisão do campeão do troféu. Mas o Barcelona decidiu o jogo depois disto em quatro minutos. Josep Maria Fusté marcou aos 20 minutos, no minuto seguinte ao empate rubro-negro, e Jorge Mendonça marcou mais um aos 24 minutos. Festa terminada? O Flamengo ainda queria deixar seu cartão de visitas. Aos 36 minutos do 2º tempo, Silva marcou um golaço de bicicleta que levantou as arquibancadas para aplausos. No fim, um maravilhoso 5 x 4! Depois desta batalha, o time foi para La Coruña disputar o Troféu Tereza Herrera. Caiu na semi-final no confronto contra os argentinos do Racing, e na decisão de terceiro lugar venceu ao Belenenses, de Portugal, por 3 x 2.
Jogo Histórico
24.08.1968 - Barcelona (Espanha) 5 x 4 Flamengo
Os Anos 1960 foram os mais intensos da história rubro-negro tratando-se de confrontos diretos contra europeus. Foi um total de 79 partidas, 73 destas disputadas na Europa e 6 no Maracanã, no Rio de Janeiro. Destes 79 jogos, o Flamengo obteve 34 vitórias, 12 empates e 33 derrotas. Um desempenho bem abaixo do obtido entre 1948 e 1959. Nos Anos 1970, os confrontos contra europeus sofreriam uma grande diminuição, mas nos Anos 1980 e 1990 voltariam a ser mais comuns, tendo o Time de 1981 reconquistado a moral rubro-negra junto aos europeus.
Nos Anos 1970, o futebol brasileiro passou a estruturar maiores competições a nível nacional, com isso o calendário ficou mais apertado, impedindo excursões longas pela Europa. Ficou um pouco mais raro o confronto direto contra equipes do Velho Continente. Em 1970, no Torneio Quadrangular de Verão do Rio de Janeiro, no Maracanã, o Flamengo goleou a Seleção da Romênia por 4 x 1 (adversário que poucos meses depois a Seleção Brasileira venceria por 3 x 2 na Copa do Mundo do México). Em 1971, também no Rio, uma derrota por 1 x 0 para a Acadêmica de Coimbra, de Portugal. Em 1972, mais dois jogos contra europeus no Maracanã. Em 15 de janeiro, uma vitória por 1 x 0 sobre o Benfica, pelo Quadrangular de Verão, com gol marcado por Fio Maravilha; o gol que inspirou Jorge Ben Jor (que na época ainda usava apenas o nome Jorge Ben) a compor: "Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa / E a magnética agradecida assim cantava / Fio maravilha, nós gostamos de você / Fio maravilha, faz mais um pra gente vê / E novamente ele chegou com inspiração / Com muito amor, com emoção, com explosão e gol / Sacudindo a torcida aos 33 minutos do segundo tempo / Depois de fazer uma jogada celestial em gol / Tabelou, driblou dois zagueiros / Deu um toque driblou o goleiro / Só não entrou com bola e tudo porque teve humildade em gol / Foi um gol de classe onde ele mostrou sua malícia e sua raça / Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa / E a magnética agradecida assim cantava / Fio maravilha, nós gostamos de você / Fio maravilha, faz mais um pra gente vê". Duas semanas depois, no mesmo palco, o time rubro-negro empataria em 2 x 2 com a Seleção da Hungria.
Em 1974, mais um amistoso frente a um time europeu no Maracanã: vitória por 3 x 1 sobre o Zeljeznicar, da Iugoslávia. Depois, um convite para uma rápida passagem pela Grécia, para um amistoso contra o Olimpiakos, no qual o time rubro-negro acabou derrotado por 2 x 1. No ano seguinte, o repertório se repetiu. Primeiro, no Maracanã, o Flamengo recebeu e venceu à Juventus, de Turim, um time repleto de alguns jovens nomes que viriam a conquistar a Copa do Mundo de 1982 com a Seleção da Itália, nomes como Dino Zoff, Gaetano Scirea, Claudio Gentile, Franco Causio, Fabio Capello e Marco Tardelli, além de Roberto Bettega e Pietro Anastasi. Mas este time não se deu bem nesta passagem pelo Brasil, perdeu para Flamengo, Vasco e Palmeiras nos três amistosos que fez no país. O Flamengo os venceu por 2 x 1, com gols de Zico e Doval. Depois o time foi para uma curta excursão à Europa, onde perdeu por 1 x 0 para o Sportul Studentesc, da Romênia, e depois seguiu para França, onde bateu ao Paris St-Germain por 2 x 0 no Parc des Prince, em Paris, depois fez 1 x 0 no Toulouse, e empatou por 1 x 1 com o Olimpique Marseille.
Jogo Histórico
05.07.1975 - Flamengo 2 x 1 Juventus (Itália)
O Flamengo voltaria ao solo europeu em 1978 para disputar dois torneios quadrangulares de pré-temporada do futebol espanhol. Em La Coruña, pelo Troféu Tereza Herrera, disputado no Estádio Riazor. Na semi-final, teve Fla-Flu na Europa, com um empate sem gols seguido por vitória rubro-negra na disputa de pênaltis. Já a final foi diante do Real Madrid, e terminou com vitória merengue por 2 x 0, gols do dinamarquês Henning Jensen e de Francisco Aguilar, e grande atuação do alemão Uli Stielike. Após o jogo assim - sob o título 'El Madrid, justo campeón del Teresa Herrera' - foi descrita a partida pelo jornal espanhol El Pais: "O Real Madrid se proclamou campeão do Teresa Herrera de forma justa, venceu ao Flamengo, um dos mais genuínos representantes do futebol brasileiro, jogando em contra-ataque e desgastando o adversário. Foi um brilhante triunfo, sem um jogo espetacular, mas com um futebol extremamente eficiente. O Flamengo não foi um adversário fácil. A imensa técnica dos jogadores brasileiros os levou a dominar quase por completo o meio de campo. O time de Molowny se arrumou e esperou os contra-golpes. O Madrid não se arriscou e com isso não ofereceu espaços livres em seu campo. Venceu a inteligência sobre a magia". O Flamengo se vingaria no quadrangular seguinte, valendo o Troféu Palma de Mallorca. Na semi-final, venceu ao Rayo Vallecano por 2 x 1, com gols de Júnior e Cléber. A final, novamente, seria frente ao Real Madrid. Logo no começo do jogo, Tita deu a assistência e Cláudio Adão completou para as redes, colocando o time rubro-negro a frente no marcador. De cara, o Flamengo quebrava a estratégia dos espanhóis e forçava o adversário a se abrir mais para o jogo. E desta vez assim a crônica do El Pais descreveria as consequências: "O Flamengo, no primeiro tempo, ofereceu uma bela lição de futebol. O virtuosismo dos jogadores do Flamengo provocou o mais ridículo dos merengues. A equipe de Coutinho mal deixou a de Molowny tocar na bola". Antes ainda do intervalo, Cléber ampliou para o time rubro-negro. Na volta para o 2º tempo, o árbitro Asocúa Sani marcou pênalti inexistente, os rubro-negros reclamaram muito, e Eli Carlos foi expulso pelo excesso de reclamação. Na cobrança, Aguilar diminuiu. Aos 18 minutos, o juiz inverteu um escanteio, mais reclamações rubro-negras e desta vez Toninho Baiano foi expulso. Com nove contra onze, o Flamengo se fechou. Aos 27 minutos, contra-ataque e Cléber é derrubado, o juiz nada aponta, houve reclamação e também expulsa Cléber. Nos 15 minutos finais eram oito contra onze. Muita pressão, e muitos chutões. Nos descontos, Cláudio Adão salvou de cabeça, em cima da linha, o que teria sido o gol de empate. Heroicamente, o Flamengo segurou a pressão e sagrou-se Campeão do Palma de Mallorca. Assim foi a manchete do espanhol El Pais no dia seguinte: "O Flamengo ganhou o troféu de Palma apesar de um árbitro enlouquecido". E a matéria começava falando em "um incrível afã patriótico do colegiado Asocúa Sani".
Jogo Histórico
19.08.1978 - Flamengo 2 x 1 Real Madrid (Espanha)
Antes de voltar ao Brasil, uma passagem para a disputa de dois amistosos na Itália. No Estádio San Siro, o time perdeu por 1 x 0 para o Milan; depois venceu ao modesto Samremense por 2 x 0 em Sam Reno. Entre um jogo e outro teve um clássico carioca no San Siro: Flamengo x Botafogo, com vitória rubro-negra por 2 x 0. Em 1979, o Flamengo voltou a ser convidado para um quadrangular de pré-temporada na Espanha, desta vez para disputar o Troféu Ramon de Carranza, em Cádiz. Na semi-final, impôs-se sobre o Barcelona, vencendo por 2 x 1. O Barcelona era o Campeão da Recopa e contava em seu time com o dinamarquês Allan Simonsen e o austríaco Hans Krankl, tendo ainda a Migueli na defesa, e Asensi e Rexach no meio, todos três titulares na Seleção Espanhola. Logo aos 2 minutos de jogo o ponta-esquerda Júlio César deixou dois zagueiros do Barça para trás e mandou para a rede, abrindo o placar. Ainda no 1º tempo, aos 39 minutos, saiu o segundo gol: Zico cobrando falta no ângulo. Daí para frente, o time administrou o placar. Relaxou e acabou levando um gol de honra do Barcelona, marcado por Esteban, mas sem que em momento algum tenha corrido risco de deixar de vencer. No dia seguinte, na final, o adversário foi o Ujpest, da Hungria. O Flamengo venceu por 2 x 0, com dois gols de Zico e se sagrou Campeão do Ramon de Carranza. Antes de regressar ao Brasil, o time foi a Madrid e empatou em 1 x 1 contra o Atlético de Madrid, e passou pela França, onde mais uma vez atuou no Parc des Princes, desta vez para ser derrotado por 3 x 1 pelo Paris St-Germain.
Jogo Histórico
25.08.1979 - Flamengo 2 x 1 Barcelona (Espanha)
No saldo dos Anos 1970, foram 20 jogos contra europeus, bem menos do que os 65 disputados nos Anos 1950 e os 79 jogados nos Anos 1960. Destes, 6 jogos foram disputados no Rio de Janeiro, repetindo os 6 disputados nos Anos 1960, mas aquém dos 13 jogados nos Anos 1950. A partir de então seria bastante raro enfrentar a um europeu no Brasil. Crises econômicas subsequentes, aumento da pobreza, e um consequente aumento da violência, afastaram os europeus de jogarem futebol na América do Sul. Dos 20 jogos entre 1970 e 1979, foram 11 vitórias, 3 empates e 6 derrotas.
Em 1980, o Flamengo foi convidado para disputar três quadrangulares de pré-temporada na Espanha, os troféus Tereza Herrera, Ciudad de Santander e Ramon de Carranza. Sagrou-se campeão de dois deles. Antes, porém, foi à Alemanha, onde venceu ao Eintracht Frankfurt por 3 x 1, e passou pela Itália, onde venceu ao Foggia também por 3 x 1. No Troféu Tereza Herrera, caiu na semi-final para o Sporting Gijón após um empate por 1 x 1 e uma derrota nos pênaltis por 4 x 2. Na decisão de 3º lugar, acabou goleado por 4 x 1 pelo Porto, de Portugal. Voltou então à Itália, onde venceu por 1 x 0 ao Peruggia. Foi à Bélgica, onde empatou por 2 x 2 contra o Antuérpia, e voltou à Espanha para os outros dois torneios. Pelo Troféu Ciudad de Santander, venceu na semi-final ao Racing Santander por 2 x 0, e na final bateu ao Levski Spartak Sofia, da Bulgária, por 2 x 1. Viajou então para Cádiz para o Troféu Ramon de Carranza. Na semi-final, o Flamengo empatou por 2 x 2 com o Dínamo Tbilisi, da União Soviética, vencendo por 4 x 3 na disputa por pênaltis. Na outra semi-final, o Bétis venceu ao Cádiz. Na final, sem muita dificuldade, o time rubro-negro venceu por 2 x 1, com dois gols de Zico, sagrando-se Bi-Campeão do Ramon de Carranza.
O desempenho frente aos europeus em 1981 foi espetacular. Em junho, o time viajou ao ser convidado para disputar o Torneio de Nápoles. Teve uma atuação impecável, de encher os olhos dos italianos. No primeiro jogo, goleou por 5 x 1 ao Avelino, da Itália, com dois gols de Baroninho, e Adílio, Zico e Leandro fechando o placar. A final contra o Napoli veio com nova atuação de gala e mais uma goleada, com impiedosos 5 x 0, tendo Zico feito três gols, e Nunes e Adílio fechado o atropelamento.
Jogo Histórico
14.06.1981 - Flamengo 5 x 0 Napoli (Itália)
O melhor estava reservado para dezembro de 1981. No segundo semestre, o Flamengo se coroaria campeão da Libertadores da América e ganharia o direito de disputar a Copa Intercontinental contra o Campeão da Champions League em Tóquio, no Japão. Na final da Liga dos Campeões, o Liverpool venceu ao Real Madrid por 1 x 0 no Parc des Princes, em Paris, com gol de Alan Kennedy, e foi o adversário rubro-negro no dia 13 de dezembro de 1981 em Tóquio. O Liverpool, do técnico Bob Paisley, jogou com: Bruce Grobbelaar, Phil Neal, Ray Kennedy, Mark Lawrenson e Phil Thompson; Alan Hansen, Kenny Dalglish e Sammy Lee; Craig Johnston, Graeme Souness e Terry McDermott (David Johnson). O time rubro-negro chegou ao Japão vestido de humildes chuteiras com trava de borracha frente às poderosas e mais caras chuteiras de trava de metal dos ingleses do Liverpool, que entrou em campo cheio de empáfia. Os sorrisos irônicos de seus jogadores, destes que fogem pelos cantos da boca, mexeram com os brios rubro-negros. Aos treze minutos do primeiro tempo, Nunes aproveitou lançamento de Zico para fazer 1 a 0, transformando os sorrisos irônicos em olhares preocupados. Aos 36 minutos, Adílio fez 2 a 0. Aos 42, Nunes, de novo, sacramentou o 3 a 0. Os times desceram para o intervalo já com a conquista explicitada. E poderia ter sido de mais, se o Flamengo não houvesse passado o segundo tempo administrando o resultado, esperando o tempo correr, diante de um Liverpool que ainda não conseguia entender muito bem o que se passava, cuja empáfia se transformara em abatimento e desorientação. No 2º tempo, o time rubro-negro ainda quase meteu o quarto, numa bola salva de pontas de dedo pelo goleiro. Mengão Campeão do Mundo! Coisa que, até então, só o Santos de Pelé havia logrado entre as equipes brasileiras.
Jogo Histórico
13.12.1981 - Flamengo 3 x 0 Liverpool (Inglaterra)
Uma nova viagem à Europa voltou a acontecer em 1983. E foi uma viagem especial à Itália. Primeiro o time rubro-negro foi a Udine jogar contra Zico, recém adquirido pelo time da cidade, e acabou derrotado por 4 x 2 pela Udinese. De lá seguiu para Milão, onde disputou o Mundialito de Clubes organizado no Estádio San Siro entre cinco equipes: os três mais tradicionais clubes do futebol italiano - Milan, Internazionale e Juventus - recebiam os campeões da Libertadores da América de 81 e 82 - Flamengo e Peñarol - um torneio espetacular. O jogo de abertura do torneio foi entre Flamengo e Internazionale, que jogou com: Zenga, Bergomi, Giuseppe Baresi, Bagni e Bernazzani; Bini, Van Der Gjip (Altobelli) e Hansi Muller; Juary, Beccalossi (Marini) e Sabato. Logo aos 9 minutos do 1º tempo, o brasileiro Juary colocou a Inter a frente. Aos 26, Robertinho empatou para o Flamengo. O gol da vitória saiu aos 14 minutos do 2º tempo, feito por Baltazar: Flamengo 2 x 1. No dia seguinte, o jornal La Stampa, de Milão, encantado com o futebol do time rubro-negro, trazia duas matérias: "Adílio, das favelas a estrela do Flamengo", e a outra dizia "Zico interessa ao Real Madrid". No outro jogo da 1ª rodada, o Peñarol venceu ao Milan por 1 x 0, os sul-americanos se impunham diante dos gigantes italianos. Na 2ª rodada, o Flamengo folgou, Milan e Juventus empataram por 2 x 2, e o Peñarol assumiu a ponta fazenda 2 x 1 na Internazionale. Na 3ª rodada, Juventus e Peñarol empatam sem gols, e o Flamengo empatou com o Milan por 1 x 1, com o zagueiro Marinho marcando para o rubro-negro carioca, e Serena marcando para o rubro-negro milanês, que também tinha outros nomes da Seleção Italiana como Tassotti, Franco Baresi e Evani. O líder era o Peñarol com 5 pontos em 3 jogos, seguido pelo Flamengo com 3 pontos em 2 jogos, Juventus e Milan tinham 2 pontos em 2 jogos, e a Inter tinha 0 pontos em 3 jogos. Na 4ª rodada, líder e vice-líder se enfrentavam: o Flamengo venceu por 2 x 0, gols de Júnior e Baltazar, e se igualou aos uruguaios com 5 pontos dividindo a liderança. A Juventus fez 1 x 0 na Internazionale e saltou a 4 pontos.
Jogo Histórico
24.06.1983 - Flamengo 2 x 1 Internazionale (Itália)
Na última rodada, o Milan venceu a Internazionale por 2 x 1, mas o jogo que valia o título do Mundialito de Clubes era entre Flamengo e Juventus, os dois únicos ainda com chance de levantar a taça. Flamengo e Peñarol tinham 5 pontos e a Juventus tinha 4, pontuação à qual o Milan também havia chegado, tendo a Inter ficado zerada na pontuação da competição. Com um empate o título era do Flamengo, e à Juventus só a vitória interessava. O Flamengo entrou em campo jogando com Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Ademar; Andrade, Júnior e Adílio; Robertinho, Peu e Júlio César. A Juventus entrou em campo com Bodini, Gentile, Cabrini, Furino e Caricola; Scirea, Bonini, Michel Platini e Boniek; Marco Tardelli e Paolo Rossi. Um timaço! Logo aos 12 minutos de jogo, Peu marcou contra, a favor da Juve. Aos 18, seis minutos depois, portanto, Adílio empatou para o Flamengo. No intervalo, o título ia sendo rubro-negro. No entanto, aos 17 minutos do 2º tempo, o meia polonês Zbigniew Boniek marcou o gol que deu o título à Juventus.
Jogo Histórico
02.07.1983 - Juventus (Itália) 2 x 1 Flamengo
Em 1986, o Flamengo voltou à Europa para uma série de 5 jogos. Começou jogando na Itália, em Florença perdeu por 3 x 2 para a Fiorentina. De lá seguiu para a Irlanda do Norte, onde goleou ao Linfield, no Windsor Park, em Belfast, por 4 x 0. Viajou depois para fechar o tour com três partidas na Espanha, onde perdeu por 3 x 2 para o Atlético de Madrid e por 2 x 1 para o Sporting Gijón, e venceu ao Valencia por 3 x 0. Em 1987, perdeu por 1 x 0 para o Porto, em Portugal, e viajou à África, para Luanda, capital de Angola, onde enfrentou e venceu por 3 x 0 ao Boavista, de Portugal.
Em 1988 surgiu um convite para disputar a Copa Kirin, uma oportunidade de voltar a atuar no Estádio Nacional de Tóquio. Foram dois confrontos contra o Bayer Leverkusen, da Alemanha. O torneio foi em junho, e em meio ao calendário oficial do futebol brasileiro, o Flamengo viajou com um time alternativo, repleto de reservas, empatando um jogo por 1 x 1, e vencendo na final por 1 x 0 (participavam do torneio também a Seleção do Japão e a Seleção da China). Em agosto, com o time completo, mais uma excursão à Europa, para jogar em quatro países diferentes. Foram oito jogos, e um ótimo desempenho. Primeiro disputou o Torneio de Amsterdã, um quadrangular do qual participaram Ajax, Sampdoria e Benfica. O torneio tinha uma fórmula esdrúxula, era em pontos corridos, mas não todos se enfrentavam. O Flamengo venceu ao Ajax, da Holanda, por 1 x 0 (o Ajax contava com 4 jogadores campeões da Eurocopa de 1988: Jan Wouters, Aron Winter, Arnold Muhren e John Van Schip) e ao Benfica, de Portugal, por 2 x 0, porém a Sampodria ganhou do Benfica por 5 x 1 e do Ajax por 3 x 0, sagrando-se campeã pelo saldo de gols melhor. De lá o time foi para a Itália, para jogar o Quadrangular de Pádova; na semi-final, empatou por 1 x 1 contra o Pádova, perdendo nos pênaltis por 5 x 4, depois, na decisão de 3º lugar, empatou por 3 x 3 contra o Spal, vencendo por 5 x 4 na disputa de pênaltis. Seguiu então para a Espanha, onde foi convidado para jogar o Troféu Colombino, na cidade de Huelva, um quadrangular da pré-temporada espanhola. Na semi-final, uma vitória por 2 x 1 sobre o Zaragoza, e na final, vitória por 1 x 0 sobre o Recreativo Huelva. De lá, mais uma passagem rápida pela Itália para enfrentar uma equipe de menor expressão, desta vez vencendo por 2 x 1 ao Genzano. O último jogo antes da volta ao Brasil foi no Estádio Olímpico de Atenas, na Grécia, onde acabou derrotado por 3 x 1 pelo Olimpiakos. No último jogo, mais cansado com a sequência de viagens, o time sofreu sua única derrota em 8 jogos, nos quais obteve 5 vitórias e 2 empates.
Em 1989 mais uma viagem, desta vez pontual, para disputar o Torneio de Hamburgo, na Alemanha. Mais uma participação num quadrangular de pré-temporada na Europa. E o time rubro-negro se sagrou campeão. Na semi-final, venceu por 2 x 0 ao Saint-Pauli, e na final bateu por 3 x 1 ao Hamburgo. Duas vitórias sobre equipes da Bundesliga.
Nos Anos 1980, foram 36 jogos contra europeus, nenhum na América do Sul, 32 disputados na Europa, e 4 deles jogados em outros continentes, três jogados no Japão e um em Angola. Nos 36 jogos teve um desempenho excepcional: 21 vitórias, 7 empates e 8 derrotas.
O começo dos Anos 1990 foi intenso em novos convites para fazer tours pela Europa. Foram vários confrontos contra europeus: entre 1990 e 1994 foram 31 jogos, depois de 1995 a 1998 foram 11 jogos, com o calendário brasileiro já começando a dificultar viagens de exposição da marca pelo mundo. Depois disto, os confrontos praticamente acabariam, e se tornariam raríssimos: entre 2000 e 2019 foram apenas 5 jogos.
Em 1990 o Flamengo foi mais uma vez convidado para jogar em Tóquio, no Japão, desta vez atuando no Tokyo Dome. Enfrentou à Real Sociedad, da Espanha, e teve uma atuação de gala! O quarteto formado por Bobô (estreando com a camisa rubro-negra), Júnior, Gaúcho e Renato Gaúcho (que faz um partidaço) engatou uma quase inacreditável sucessão de gols com naturalidade. O centroavante Gaúcho foi o goleador, marcando três gols. Renato Gaúcho balançou as redes duas vezes, e Bobô e Bujica completam o marcador. Renato esteve endiabrado. Primeiro penetrou em velocidade pela ponta e cruzou para deixar Gaúcho frente a frente ao arqueiro espanhol, ele completou magistralmente de primeira, deslocando-o. Depois deu passe de calcanhar para Zinho, no meio de campo, deixando-o frente a frente ao goleiro, ele retribuiu o presente e tocou para o lado para o próprio Renato ampliar. No 2º tempo, Gaúcho aproveitou desatenção da defesa para ficar a vontade na área e meter o terceiro. Sempre em contra-ataques mortais, Gaúcho partiu de antes da linha do meio de campo, penetrou frontalmente em direção ao gol, e apenas rolou para o lado, para Renato, vindo de trás, marcar o quarto. Depois foi a vez de Bobô entrar cara a cara com o goleiro, dribá-lo e rolar para o gol: cinco! A linha de impedimento espanhola era um desastre: Gaúcho entrou frente a frente ao goleiro e chutando da entrada da área fez o sexto. Para fechar, o centroavante reserva Bujica entrou em velocidade pela ponta e meteu um petardo no ângulo: 7 a 0!
Jogo Histórico
06.08.1990 - Flamengo 7 x 0 Real Sociedad (Espanha)
No retorno ao Brasil, uma parada para dois amistosos na Europa, ainda em agosto de 1990: vitória por goleada de 5 x 0 sobre o modesto Savona, e derrota de 1 x 0 para o Palermo.
Em 1991, a viagem pela Europa foi mais longa, tendo o time rubro-negro disputado 7 partidas. Primeira parada na França, para jogar duas vezes no Parc des Prince pelo Quadrangular de Paris. Nas semi-finais, empatou por 1 x 1 contra o Paris St-Germain, vencendo por 3 x 1 nos pênaltis. Na final, perdeu por 1 x 0 para o Olimpique Marseille. Viajou então para jogar o Quadrangular de Berna, na Suíça. Na semi-final, empatou por 1 x 1 contra o Young Boys, da Suíça, vencendo por 5 x 4 nos pênaltis. Na final, atropelado, tomou uma goleada de 5 x 1 do Stuttgart, da Alemanha. Dali seguiu para disputar o Quadrangular de Brixen, na Áustria. Na semi-final, venceu por goleada, aplicando 4 x 0 no Fortuna Dusseldorf, da Alemanha, gols de Gaúcho duas vezes, Paulo Nunes e Nélio. Na final, perdeu por 2 x 0 para o Atalanta, da Itália. Três competições e três vice-campeonatos. Para fechar a excursão, foi à Alemanha, onde perdeu de 2 x 1 para o Nurenberg. Uma passagem bem ruim pelo Velho Continente neste tour, em 7 jogos, obteve 1 vitória, 2 empates e 4 derrotas. Um desempenho sofrível.
Em 1992, uma passagem rápida pela Espanha: derrota por 2 x 0 para o Deportivo La Coruña, empate por 2 x 2 diante do Atlético de Madrid, e vitória sobre o modesto Deportivo Jerez, por 2 x 1.
A última grande excursão à Europa aconteceu em 1993, quando o time rubro-negro jogou 13 jogos em Bélgica, Itália, Portugal e Espanha. A primeira parada foi na Bélgica, onde os rubro-negros foram derrotados por 2 x 0 pelo local Brugges. De lá, o time viajou para disputar o Torneio Centenário de Gênova. Na semi-final, após um empate por 1 x 1 contra o Genoa, vitória nos pênaltis por 4 x 3, avançando para fazer a final contra o Milan. Era a quinta vez que Flamengo e Milan se enfrentavam na história. Nos quatro encontros anteriores, 2 vitórias do Milan (em 1962 e 1978) e 2 empates (em 1964 e 1983). O jogo de 1993 valia o título do Centenário de Gênova. Foi mais um empate, desta vez sem gols (em 5 encontros na história, o Flamengo nunca conseguiu vencer ao rubro-negro de Milão). A decisão foi para os pênaltis e os milaneses levaram o troféu para casa, vencendo por 5 x 4.
No amistoso seguinte, o Flamengo voltava a enfrentar ao Napoli doze anos após a implacável goleada do time de Zico sobre os napolitanos. A camisa rubro-negra voltou a vencer, desta vez por um magro 1 x 0, gol de Nélio. Na sequência, o time viajou à Tunísia, no norte da África, passou pela Ilha da Madeira, onde enfrentou os dois tradicionais times locais, vencendo por 2 x 1 ao Nacional, e perdendo por 3 x 2 para o União, ambos da 1ª Divisão do Campeonato Português. Dali, uma viagem a Lisboa, onde acabou derrotado por 4 x 3 para o Sporting. E depois jogou o Torneio de Milão, mais um quadrangular da pré-temporada europeia, Na semi-final, venceu por 1 x 0 ao Zaragoza, da Espanha. Foi então à final contra a Internazionale, acabando derrotado por 2 x 1. Disputou então o Triangular de Reggio Emilia, empatando sem gols e perdendo nos pênaltis por 4 x 2 para o Piacenza, e perdendo por 3 x 0 para o Reggiana. Na última parada, viagem à Espanha para disputar o Quadrangular de Bilbao. Na semi-final, empatou por 2 x 2 com o Athletic Bilbao, perdendo nos pênaltis por 6 x 5. Na decisão de 3º lugar, um novo empate por 2 x 2, desta vez contra o Sevilla, mas agora vencendo nos pênaltis por 3 x 2. Foi uma péssima passagem pela Europa: em 13 jogos, foram 3 vitórias, 5 empates e 5 derrotas.
Em 1994, no começo do ano, o Flamengo recebeu ao Grasshopers, da Suíça, na reinauguração do Estádio da Gávea. Acabou derrotado por 2 x 0. No meio do ano, o clube foi convidado para jogar o Torneio de Kuala Lumpur, na Malásia, um torneio quadrangular em que todos se enfrentariam. E lá o jovem time rubro-negro teve grandes atuações, levantando o troféu. Primeiro empatou sem gols contra a Seleção da Austrália, e depois foi contra os europeus que brilhou. Venceu ao Leeds United por 2 x 1, gols de dois jovens recém alçados do Sub-20, Rodrigo Mendes e Magno. Depois, para decidir o torneio, teve uma atuação gigantesca e venceu ao Bayern Munique por 3 x 1, gols de Rogério Lourenço, Marquinhos e Sávio. Antes de voltar ao Brasil, ainda deu uma parada na Escócia, onde fez dois amistosos contra o Celtic, empatando duas vezes, por 2 x 2 e por 1 x 1.
Jogo Histórico
23.07.1994 - Flamengo 3 x 1 Bayern Munique (Alemanha)
Em 1995 o Flamengo foi mais uma vez convidado para disputar o Troféu Tereza Herrera, no Estádio Riazor, em La Coruña, na Espanha. Na semi-final, acabou perdendo implacavelmente por 3 x 0 para o Deportivo La Coruña. Na decisão de 3º lugar, venceu ao Benfica, de Portugal, por 2 x 1.
Em 1996, o Borussia Dortmund, da Alemanha, viajou para fazer sua pré-temporada no Brasil. Enfrentou ao Flamengo no Estádio Castelão, em Fortaleza, partida que terminou num empate por 1 x 1. Naquele mesmo ano o clube seria mais uma vez convidado para disputar o Troféu Naranja, em Valencia, na Espanha, um torneio triangular. Venceu ao Peruggia, da Itália, por 5 x 2, mas acabou derrotado pelo Valencia, onde estava jogando Romário, por 2 x 0.
Em 1997 mais um duelo contra um europeu em solo brasileiro. O Flamengo foi convidado para disputar o Torneio Centenário de Belo Horizonte, no Mineirão. Eram dois grupos de 4 clubes. Num grupo estavam Atlético Mineiro, América Mineiro, Milan e Corinthians. No outro estavam Cruzeiro, Flamengo, Benfica e Olimpia, do Paraguai. Os vencedores de cada grupo avançavam à final. Os rivais mineiros Cruzeiro e Atlético, que ficou com o título, fizeram a final. O Benfica perdeu para Cruzeiro e Olimpia, e acabou atropelado por 5 x 2 pelo Flamengo, com os gols rubro-negros marcados por Sávio, Iranildo, Lúcio, Rodrigo Mendes e Fábio Baiano, com o boliviano Erwin Sánchez e o brasileiro Paulo Nunes marcando para os portugueses. Nona vez na história que Flamengo e Benfica se enfretanram e os portugueses nunca venceram. Em 9 jogos, foram 6 vitórias do Flamengo (1955, 1956, 1972, 1988, 1995 e 1997) e 3 empates (2x em 1957 e em 1958).
Depois, foi convidado para jogar dois torneios de pré-temporada na Espanha. Voltou a disputar o Troféu Palma de Mallorca. Na semi-final, vitória em grande estilo, batendo ao Real Madrid por 3 x 0, gols de Maurinho, Lúcio e Sávio. O Flamengo atuou com: Clemer, Maurinho, Júnior Baiano, Luiz Alberto e Gilberto; Jamir (Bruno Quadros), Jorginho e Fábio Baiano; Lúcio, Renato Gaúcho (Rodrigo Mendes) e Sávio (Iranildo). E o Real Madrid jogou com: Cañizares, Secretário, Christian Panucci (Chendo), Manuel Sanchís e Aitor Karanka; Jaime Sánchez (Víctor Sánchez), Seedorf (Guti), Mijatovic e Amavisca (Zé Roberto); Raul e Davor Suker.
Jogo Histórico
15.08.1997 - Flamengo 3 x 1 Real Madrid (Espanha)
Na final, porém, perdeu por 2 x 0 para o Mallorca e não conseguiu conquistar o troféu pela segunda vez em sua história (campeão dele em 1978). Depois, pelo segundo ano seguido foi chamado para disputar o Troféu Naranja, em Valencia, junto com o Palmeiras, num triangular envolvendo também o tradicional time local. O Flamengo caiu perante o time palmeirense, perdendo por 2 x 0, depois superou bem ao Valencia por 3 x 1, que por sua vez venceu aos palmeirenses. No saldo de gols, quem ficou com o título foi o Palmeiras.
Em 1998, o Flamengo foi convidado para jogar o Torneio de Amsterdam, na Holanda. Na semi-final, empatou por 1 x 1 contra o Vitesse, da Holanda, perdendo nos pênaltis por 5 x 4. Fez então a decisão de 3º lugar contra o então emergente Chelsea, que havia entrado no mundo dos mega-investimentos e começava a se tornar um dos gigantes do futebol da Inglaterra. Foi um massacre, já num prenuncio de como as diferenças de investimento e a nova realidade pós-Lei Bosman abririam um abismo entre as realidades futebolísticas da Europa e da América do Sul. Os "blues" de Londres golearam por 5 x 0, um gol do italiano Gianluca Vialli, dois gols do romeno Petrescu, um do uruguaio Gustavo Poyet e outro do italiano Di Mattteo.
Jogo Histórico
05.08.1998 - Chelsea (Inglaterra) 5 x 0 Flamengo
Nos Anos 1990, foram 42 jogos contra europeus, 36 disputados na Europa, 3 jogados no Brasil e 3 em outros continentes (todos na Ásia, dois na Malásia e 1 em Tóquio, no Japão). Nas 42 partidas, o Flamengo obteve 14 vitórias, 12 empates e 16 derrotas.
Em 2000, o Flamengo foi convidado para disputar o Troféu Villa de Madrid. Seria sua última passagem pela Europa em muitos e muitos anos. Na semi-final, perdeu por 3 x 1 para o Atlético de Madrid. E na decisão de 3º lugar, venceu ao Bétis por 2 x 1.
Só em 2015 o clube enfrentaria um europeu novamente, quando o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, um clube marcado pela enorme quantidade de brasileiros em seu elenco, viajou para fazer sua pré-temporada no Brasil. O amistoso contra o Flamengo foi no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, e terminou num empate sem gols.
Em 2019, mais dois confrontos, desta vez pelo Torneio da Flórida (Florida Cup), na primeira vez que o clube enfrentava um europeu jogando na América do Norte. O Flamengo se sagrou campeão, após empatar por 2 x 2 contra o Ajax, da Holanda, vencendo por 4 x 3 nos pênaltis, e depois vencendo por 1 x 0 ao Eintracht Frankfurt, da Alemanha.
O final daquele ano de 2019 também seria marcante, o Flamengo conquistou a Copa Libertadores da América e obteve o direito de disputar o Mundial de Clubes da FIFA, disputado em Dona, no Qatar. Após superar na semi-final ao adversário da Arábia Saudita, o time rubro-negro reencontrou na final ao mesmo adversário contra quem havia disputado o Mundial Interclubes em 1981, o Liverpool, da Inglaterra, que vinha de uma temporada fantástica sob o comando do técnico alemão Jurgen Klopp, uma equipe fortíssima, com o goleiro brasileiro Alisson, o lateral inglês Alexander-Arnold, o zagueiro holandês Virgil Van Dijk, e sua poderosíssima linha de frente, com o egípcio Mohamed Salah, o brasileiro Roberto Firmino, e o senegalês Sadio Mané.
Jogo Histórico
21.12.2019 - Liverpool (Inglaterra) 1 x 0 Flamengo
Era o 76º jogo rubro-negro na temporada, enquanto o time inglês não havia jogado nem 25. A partida foi extremamente disputada, terminando num empate sem gols no tempo normal. Nos acréscimos o árbitro marcou pênalti para os Reds, mas voltou atrás após consultar o árbitro de vídeo. A partida foi então para a prorrogação. E foi logo com 8 minutos de tempo extra, num contra-ataque, que Roberto Firmino enfim fez o gol que deu o título ao time inglês. Ao final, no preparo físico os ingleses se impuseram. Liverpool 1 a 0.
Veja mais detalhes em:
- O Histórico Flamengo vs Arsenal de 1949
- O Histórico Flamengo vs Honved de 1957
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