A ESPN Brasil organizou um debate, realizado em 18 de novembro de 2024, entre os três candidatos à Presidência do Clube de Regatas do Flamengo. A Chapa 1 tem como candidato a Luiz Eduardo Baptista, o BAP, a Chapa 2 tem a Maurício Gomes de Mattos, o MGM, e a Chapa 3 a Rodrigo Dunshee de Abranches.
A compilação dos principais pontos reproduzida abaixo foram extraídas do X, feitas pela jornalista Raísa Simplício (@simpraisa), com alguns pequenos complementos extraído das reportagens sore o debate feitas pelos sites Mundo Rubro-Negro e Coluna do Fla.
BLOCO 1 - sobre o tema "Gestão", cada candidato faz pergunta a outro, de forma que todos perguntaram 2 vezes e todos responderam 2 vezes:
MGM para BAP: "Com o apoio à lei do mandante, você perdeu 80 milhões de TV, é dessa forma que você vai governar o Flamengo?"
BAP: "No resto do mundo, a lei do mandante ajuda os clubes em geral. No Brasil, o que aconteceu foi uma fragmentação do mercado. Eu não fui convidado a participar em momento nenhum dessa discussão. Eu entendo que a consideração não é razoável. Mas ainda assim, temos outras oportunidades ligadas ao que esse contrato aparentemente aponta. O contrato atual fala que você poderia receber o sinal limpo internacional para que o Flamengo possa fazer a venda desse produto fora do Brasil. Isso acontecendo pode gerar um dinheiro para o Flamengo".
MGM: "Essa lei nos tirou 80 milhões. Aquele cheque do Gérson foi para ralo. Bandeira de Mello, que está na minha chapa, fez o melhor contrato de televisão da história do Flamengo e isso foi jogado no lixo. É um absurdo ver o Cuiabá, com todo respeito ao Cuiabá, poder estar vendendo a imagem do Flamengo. O prejuízo para a nação é muito grande".
BAP para MGM: "Eu participei ativamente nesse contrato (de TV) que você elogia assinado na gestão do Bandeira".
BAP para Dunshee: "Você tem falado muito em continuidade do que está ai. As finanças do clube resultados até setembro, que não foram apresentados no prazo, apontam resultados preocupantes. Onde vocês falharam nas finanças do clube?
Dunshee: "É uma forma de contar as finanças do Flamengo que não corresponde à realidade. O Flamengo não tem dívidas, tem obrigações a pagar, o Flamengo fez investimentos. A gente comprou um terreno do estádio. Algumas pessoas da sua chapa foram embora sem votar porque não acreditam no estádio. Optou por não vender esse ano porque teve muita lesão. O ataque que a gente trouxe jogou e foi campeão. Temos um estoque de jogadores. Nosso patrimônio cresceu 398 milhões só esse ano. A gente fez investimento porque tinha dinheiro em caixa. O Flamengo está muito bem financeiramente. Não acreditem nas mentiras da oposição. Nós não temos dívidas, temos obrigação para pagar e fizemos investimentos maravilhosos".
BAP para Dunshee: "No ponto de vista esportivo 23 e 24 houve resultados não condizentes com o que se espera do Flamengo. Esse ano vai ter queda de receita. Nenhum título em 23, quatro anos sem ganhar Brasileiro. Três anos sem ganhar no Basquete. Despesas temerárias nos últimos meses de mandato. Não temos ainda estudo de viabilidade econômica do nosso estádio. Vocês não expandiram o leque para novas receitas. Não abraçaram a revolução digital".
Dunshee para BAP: "O que está incomodando o BAP é o fato de que essa gestão é a gestão mais vitoriosa da história do Flamengo. Landim liderou essa gestão vitoriosa financeiramente, esportivamente, do ponto de vista de estrutura, o Flamengo está bombando. Incomoda mais porque o BAP ficou até seis meses atrás implorando para ser apoiado pelo presidente Landim".
Dunshee para Maurício: "Como você pode criticar essa gestão? Não tem vergonha de fazer isso estado com a gente até 5 meses atrás. E por que você não propôs nada enquanto esteve lá?"
Maurício: "Rodrigo, você mente. Eu estava na vice-presidência de Embaixadas e Consulados, em núcleo totalmente fechado. O Landim determinava as questões, nunca tinha debates. Eu tentei participar no início em algumas sugestões e não fui bem aceito. Como, por exemplo, na questão do (incêndio no) Ninho. Na minha visão, o Flamengo tinha que ter uma condição totalmente diferente com as famílias. Minha equipe entregou para vocês esse estudo de viabilidade financeira do estádio. O Marcos Bodin reconheceu que vocês não tinham essa condição ainda e elogiou muito o que leu na hora e prestou muita atenção nas condições que nós ofertamos para nós fazer esse estádio. Eu já tenho um carro andando, quando eu sentar na cadeira de presidente, já estou preparado para saber o que tenho que fazer, diferente de você, que não tem nem um estudo sobre o estádio".
Rodrigo Dunshee: "A gente tem projeto, fizemos um estudo de viabilidade, apresentamos para o prefeito, para a Caixa Econômica. Temos uma empresa grande, que só faz estádio, e nos próximos dias está apresentando o projeto já pronto. Você não votou a favor do estádio, nem o Eduardo Bandeira de Mello. A gente sabe porque a lista é pública".
MGM para Dunshee: "Se você provar o que você está falando, eu não vou te chamar de Pinóquio. Como você não vai provar, você é um Pinóquio".
BAP para Dunshee: "Outra mentira que você está comentando é sobre pessoas que estão comigo e de alguma maneira tentaram vender o clube. Quem contratou essas pessoas para darem um parecer, e como profissionais deram um parecer, foi o presidente que está com você. Quem discutiu o assunto SAF no Flamengo foi o presidente, quem trouxe isso para o Flamengo foi ele".
Dunshee para BAP: "Você estava até seis meses atrás pedindo ao presidente que te apoiasse, você queria ser o presidente da situação e, de repente, os princípios que norteio nossa gestão não estão adequados? As pessoas que estão com a gente são, por exemplo, todos os executivos que fizeram o clube crescer para o patamar que cresceu. Gustavo Oliveira, responsável pela paste de marketing, está conosco e vai continuar. Ele trouxe a receita de 400 milhões para 1 bilhão e 100. Landim recebeu uma proposta de compra do Flamengo, de 49%, uma das pessoas sócias da empresa era o Cláudio Pracownik. Você sabe que é fato, existem documentos. Quem levou a SAF para o Flamengo foi você. Você falava de SAF o tempo inteiro no Flamengo. Eu sempre fui contra a SAF, o Flamengo não pode ser vendido. No seu grupo tem o VP de finanças que nem pode votar porque não pagou a mensalidade".
BLOCO 2 - respostas a peruntas de jornalistas, com cada candidato respondendo 2 perguntas após sorteio de quem responderia cada uma:
BAP: "A gente tem conversado com os sócios e vemos que o clube está superlotado. Na prática, quem é representado no clube tem dificuldades de práticas esportivas. O clube precisa fazer mais pelas modalidades esportivas já praticadas pelo clube".
Dunshee sobre troca de treinadores: "Ao longo dos anos, o Flamengo, a tradição, é trocar de treinador muitas vezes. A gestão passada trocou por 14 vezes e e a nossa por 11. A torcida do Flamengo é a mais exigente do Brasil e o clube em determinados momentos tem que trocar de treinador. A gente gostaria de ficar com treinador cinco, seis anos, mas se esse treinador não começa a performar as coisas começam a não dar certo, o Flamengo está perdendo muito dinheiro, título. Tem hora que gastar alguma coisa com isso é investimento, é necessário. O Marcos Braz está saindo no futebol, vamos contratar um diretor esportivo, um diretor de campo, com liderança. Uma pessoa que tenha uma boa presença de vestiário, interlocução com treinador".
MGM sobre o caso Gabigol: "Ninguém está acima do Flamengo. Dirigente, jogador, tem que respeitar normais e condutas. Mas como respeitar se não tem um profissionalismo no futebol do Flamengo? E o Rodrigo fala que a gestão não deve ser 100% profissional como já declarou. Várias coisas aconteceram para fecharmos a um desfecho tão ruim. Gabigol é um ídolo, mas nada e ninguém pode estar acima do Flamengo. E contrato e palavra é para ser respeitado".
Pergunta: BAP, vocês pensam na população de baixa renda e baixar os preços das camisas oficiais do Flamengo?
BAP: "Ótima pergunta. O Flamengo tem contrato de material de primeira linha com a Adidas e a possibilidade de fazer produtos de segunda linha eventualmente com a própria Adidas ou com outro fabricante. Essa é uma decisão política, que pode e deve ser implementada na medida que o clube tenha vontade de fazer novos negócios. Nós vamos levar adiante os produtos de segunda linha".
Rodrigo Dunshee: "Eu nunca disse nada sobre meia profissionalização. O que eu disse é que a profissionalização em si não resolve tudo, é perigoso e é importante dividir um pouco, descentralizar a decisão. Tivemos um exemplo muito ruim na gestão Bandeira de Mello, com Rodrigo Caetano. Ele comprava, vendia e fazia o que ele queria. A decisão tem que ser dividida, não pode ser só na mão do profissional. O Rodrigo Caetano é um exemplo claro de uma coisa que foi muito ruim".
BLOCO 3 - sobre o tema "Futebol", cada candidato faz pergunta a outro, de forma que todos perguntaram 2 vezes e todos responderam 2 vezes:
Dunshee para BAP: "Eu vou deixar o Filipe Luís trabalhar. Filipe Luís é um cara ao qual você deveria pedir desculpas a ele, porque você se referiu ao treinador como "cachorro". Vou fazer um Flamengo muito bacana, muito profissional, muito vencedor".
BAP para Dunshee: "Ninguém chamou o Filipe Luís de cachorro, você mente um dia sim e o outro também. Você não tem conteúdo, estrutura, estofo para ser presidente do Flamengo. O declínio do Flamengo nos últimos dois anos é evidente. Nós vimos o Fluminense ser campeão da Libertadores dentro do Maracanã, nós estamos sendo figurantes no Brasileirão nos últimos quatro anos, nós saímos de duas Libertadores de maneira pífia. Nós conquistamos os títulos que conquistamos porque tínhamos muito mais dinheiro que todo mundo. Todo mundo aprendeu, todo mundo evoluiu. Vamos ter um diretor técnico de cima a baixo no Flamengo, ele vai ser o responsável pela forma que a gente joga, vamos ter processos, planejamento para o ano seguinte. Em 2025 vamos jogar 85 partidas se o Flamengo disputar tudo e, se não tiver um planejamento adequado, esquece. O que pode acontecer é contratar jogadores tardiamente, diferente de concorrente que fizeram planejamento melhor. Aprenderam com a gente há quatro anos e hoje estão trabalhando de forma mais profissional".
MGM para BAP: "BAP, não existe torcedor de primeira ou segunda linha, você se equivocou na sua fala. Você sendo pai do conselhinho, qual a credibilidade que você passa para a nação que a sua gestão vai ser profissional".
BAP: "Pai do conselhinho é o presidente atual porque foi a caneta dele que decidiu isso. Isso é simples de responder. E eu em momento nenhum falei que tem torcedor de primeira ou de segunda. Sobre os dirigentes, que você diz que são amadores, está no estatuto do Flamengo, você tem que ter vice presidentes do conselho diretor, que são amadores.
O que eu pretendo fazer é transformar esse conselho, num conselho consultivo, essas pessoas não terão influência no dia a dia. Eu eleito, eu vou morar no Rio de Janeiro. Eu tenho casa no Rio de Janeiro, tenho casa em Teresópolis. Não vai ter conselhinho e não vai ter ninguém amador dando palpite em absolutamente nada do futebol. Depois de eleitos, nós vamos deixar "clarezimo" que o Brasileiro é prioridade, que vamos buscar hegemonia na América do Sul, que Copa do Brasil é um detalhe. Vamos ter acompanhamento psicológico sim, vamos abraçar a tecnologia, resgatar um scout adequado".
MGM: "Nós temos claramente posições antagônicas. Temos o candidato do eu, o imperador, que não quer abdicar do poder, que usa o Conselho de Administração para fazer a sua campanha. Existe o candidato do ele, que é marionete do Landim, que usa o conselho diretor do clube para fazer trocas eleitorais. Churrasco no remo, ida ao CT, é camisa que estão prometendo a dar para quem votou no estádio".
BAP: "Nós não prometemos nada, não usamos a estrutura do clube para fazer campanha. Eu me preparei a vida inteira para essa honra, esse desafio. Tudo pelo Flamengo, nada do Flamengo. Vamos para cima, vamos dobrar o clube de tamanho".
BLOCO 4 - considerações finais dos três candidatos
MGM: "Na gestão de 2025 nós vamos fazer um Flamengo totalmente profissional. Não vai ser o Flamengo de hoje, que gasta mal, paga multas de treinador, desperdiça muito dinheiro e não tem a mesma condição de vitória. É lamentável a taça da Copa do Brasil ir para o BOPE e não ir para o gramado. A neurociência do esporte é uma ferramenta que só o River Plate tem, passa a esmo, não está na visão de vocês".
BAP: "Temos que vencer, dominar o jogo, jogar bonito, temos que ganhar. O Flamengo não tem planejamento do futebol. Vai indo, manda gente embora, contrata mais jogador, gasta uma fortuna. Nós entendemos que precisamos de metas esportivas muito claras. Depois de eleitos vamos deixar claríssimo que o Brasileiro é prioridade, que vamos buscar a hegemonia na América do Sul, que Copa do Brasil é só um detalhe, acompanhamento psicológico, resgatar o scout e usar a janela da maneira correta".
Dunshee: "Há 12 anos estou trabalhando intensamente no Flamengo. Eu conheço o Flamengo muito bem, não à toa eu fui escolhido pela situação para continuar nesse trabalho, aprimorando ele. Time que estão ganhando não se mexe. O clube está muito bem alinhado, as coisas estão muito bem azeitadas. Temos uma empresa grande, que só faz estádio, e nos próximos dias está apresentando o projeto já pronto".
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Veja a íntegra do debate no Canal da ESPN Brasil no Youtube: