"O Flamengo tinha um espírito próprio, herdado daqueles jovens corações rebeldes e desbravadores que fundaram a República Paz e Amor, e dos que montaram um time à base do heroísmo para desbancar a turma poderosa da elite e de fraque. Era aquele que em outros tempos desbancara o time dos colonizadores. Um espírito que sempre foi pioneiro e inovador.
Já em 1941 foi criada a primeira torcida organizada do futebol: a Charanga Rubro-Negra, organizada por Jaime de Carvalho. Longe de ter a cara das torcidas organizadas do final do século XX, com seus gritos de guerra e suas filiações, a Charanga tinha mais a cara de uma bandinha. No livro Almanaque do Flamengo, de Roberto Assaf e Clovis Martins, há um interessantíssimo registro, extraído da revista Esporte Ilustrado, edição de outubro de 1945. Comentário extraído da coluna de Alberto Mendes, referindo-se a uma vitória de 6 a 1 do Flamengo sobre o São Cristóvão.
“Prosseguem os rubro-negros na sua campanha do tetra e com fundadas razões. Apenas julgamos que a sua torcida organizada deve adaptar melhor as suas iniciativas ao espetáculo futebolístico. Domingo, por exemplo, tivemos uma música, misto de fanfarra e batucada, de todo inoportuna, pois não se calou um único momento durante os noventa minutos, enfadando todos. Por outro lado, achamos excelente a demonstração dessa torcida, que após o prélio desfilou pelo gramado, comemorando carnavalescamente a vitória retumbante. Para o futuro, sempre música após o jogo e nunca durante o mesmo”. (A NAÇÃO, pg. 60)
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