Oferecendo um salário R$ 1,2 milhão mensal e um contrato de quatro anos, o Flamengo desbancou Grêmio e Palmeiras e apresentou Ronaldinho no dia 12 de janeiro de 2011. O Grêmio que chegou a montar uma festa para anunciar a chegada do jogador, criado em suas divisões de base, mas não contavam com o acerto com o Flamengo. A foto com os funcionários recolhendo as caixas de som no dia esperado para a apresentação foi um duro golpe aos corações gremistas. Quase 17 meses depois os corações rubro-negros foram os que saíram feridos: o vínculo foi rompido por ordem de uma sentença judicial dada na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro em 31 de maio de 2012, cobrando indenização de R$ 40 milhões a ser paga pelo C. R. Flamengo.
Entre as muitas opiniões a que melhor resumiu tudo, para mim foi: "O que se notou escancaradamente foi a dificuldade do Flamengo em arrumar um forte patrocinador. Nesta tônica, escancarava-se também a falta de apelo de Ronaldinho no mercado publicitário, não fechando nenhum acordo com relevância. Sua imagem era desvalorizada a cada nova polêmica e má atuação" - por Eduardo Esteves, publicado no Yahoo no artigo "Ronaldinho escancarou dificuldades do marketing do Fla".
Há uma crítica no mesmo artigo que também é válida, afinal o Flamengo não é uma mera vítima nessa história, tem que se reconhecer os erros, e a crítica de Eduardo Esteves é procedente: "Pelo lado do clube, o amadorismo no trato com potenciais patrocinadores e novos contratos, a falta de planejamento, a demora em utilizar a imagem de Ronaldinho (com pífios produtos com seu nome no varejo)".
Também é válido o registro da opinião de André Amaral, do blog Ninho da Nação: "O primeiro contrato com a Traffic foi um negócio de risco assumido publicamente pela empresa. Pro Flamengo estava muito bom: teria o jogador, pagaria 20% do salário e não teria com que se preocupar em vender a imagem do jogador. Só que o sonhado patrocínio máster não veio, o sócio-torcedor estava amarrado com outra empresa, os produtos licenciados atrasaram. A gota d'água foi o patrocínio fechado pela empresa do Ronaldo Nazário, excluindo a parceira. Quem aguenta? A Traffic não aguentou. Sofreu internamente vários problemas financeiros, perdeu direitos de transmissão da Conmebol, demitiu vários funcionários e pediu pra sair. Viu que o retorno não viria e largou a bomba na mão da Patrícia Amorim. A presidente aceitou porque perder Ronaldinho - depois de ter perdido Thiago Neves pro rival, seria uma tragédia para as eleições. O tiro saiu pela culatra".
Eu cobrei aqui no artigo Viraremos
pela-sacos de paulistas? que houvesse a defesa da imagem do Flamengo sobretudo. O discurso inicial do clube foi firme, como destaco abaixo, a guerra jurídica vai ser longa, mas é bom que os argumentos estejam certos, se não o custo será altíssimo, para as finanças e para a história do Flamengo.
"Ronaldo cometeu duas indisciplinas, a última foi não comparecer a uma viagem. Já tínhamos o nosso planejamento (afastamento), tinha que comunicar para a presidente o que faríamos. Para surpresa, houve a antecipação do Ronaldo e das pessoas que respondem por ele de pedir esse desligamento. A corda apertou mesmo, não tinha mais conversa fiada, regalia para ninguém. Acredito que esse foi um dos motivos que fizeram ele tomar a atitude de sair. Infelizmente, pela porta dos fundos. Não era o objetivo do Flamengo. (...) Por parte do departamento de futebol, todos os esforços foram feitos. Ele não quis. Quem errou com o departamento de futebol foi o Ronaldo. Vamos ser sinceros. Não teve uma conduta profissional, de atleta profissional. Isso é inadmissível. (...) O Flamengo está acima de Ronaldo, do Zinho, de todos. Nenhum atleta é mais importante que o nome Flamengo. É fato. A conduta é essa. Acabou a bagunça" - Zinho, Diretor Executivo de futebol do Flamengo, 1/06/12
"O Flamengo será implacável na busca pelos seus direitos. Eu repito: implacável. Devemos isso ao Flamengo. Me desculpem, torcedores, se em algum momento o Flamengo falhou. Não há jogador, dirigente, que possa achar que tem o tamanho da envergadura do Flamengo. A luta começa agora" - Patrícia Amorim, Presidente do Flamengo, 1/06/12
"Virou uma questão de honra, é uma causa que vocês podem ter certeza que vamos reverter. Seja onde for. Pensamos em fazer isso por tudo que o Flamengo passou quando ele esteve aqui. Danos morais causados ao Flamengo, mas prefiro não antecipar nada juridicamente. Estamos preparando um tiro de canhão. A mobilização é geral" - Rafael De Piro, Vice-presidente Jurídico do Flamengo, 1/06/12.
Segundo o jornalista Lúcio de Castro, da ESPN Brasil, o novo contrato feito em 2012 tem a seguinte cláusula: "a falta de pagamento daria direito a rescisão! Cinco milhões de multa e mais o resto do contrato até 2014". Documento assinado pelo Flamengo. A contra-argumentação do Flamengo é que só deve direitos de imagem e não salário, e que direitos de imagem não constituem razão para ação trabalhista. Nãoi é um ponto trivial, só advogados podem opinar com mais propriedade.
No primeiro contra-ataque à liminar obtida pelo jogador na Justiça que rompe seu vínculo com o clube, o Rubro-Negro, em documento assinado pela presidente Patricia Amorim, enviou na noite desta sexta-feira uma notificação extrajudicial para o presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, com cópias para a CBF e a Federação Paulista. O Flamengo alega ter evidências de uma negociação entre o jogador e o clube paulista antes do rompimento do contrato do atleta com o Fla, o que caracterizaria indução de quebra de vínculo. O Flamengo diz que, caso haja um acerto entre jogador e o Palmeiras, irá à Justiça cobrar indenização de R$ 325 milhões. A diretoria do Verdão negou de forma veemente a acusação.
O documento: “o Flamengo tem evidências de que a Sociedade Esportiva Palmeiras iniciou tratativas para contratação do atleta Ronaldo de Assis Moreira em data anterior à concessão de antecipação de tutela proferida pela 9ª Vara do Trabalho da Comarca do Rio de Janeiro”, o que aconteceu na quinta-feira. Na notificação existe o detalhe de que a negociação estaria sendo financiada por um fundo de investimentos. Caso a negociação se concretize, o Palmeiras fica ciente de que o Flamengo tomará providências judiciais cabíveis em relação ao “reconhecimento de solidariedade” do Palmeiras no pagamento da cláusula indenizatória, e cita “o inciso 1º do caput do art.28 da Lei 9615-98, no valor de R$ 325.000.000,00 conforme previsto no parágrafo segundo do art.28 da citada Lei”. O valor teria que ser pago pelo Palmeiras ao Flamengo.
A provocação do outro artigo ressurge aqui. Agora, é preciso uma defesa veemente da imagem do Flamengo, é o futuro do clube que está em jogo. Mas não basta a retórica, que nas primeiras ações do clube demonstra firmeza, é preciso competência para ser acertivo. Que provas são essas de uma negociação envolvendo Palmeiras e um fundo de investimentos? É bom que sejam convincentes ou a firmeza do contra-ataque se esvairá e virará vergonha! Quais os termos no contrato? Se Lúcio de Castro estiver certo o prejuízo poderá ser enorme!!
O gerente de futebol César Sampaio confirmou o contato, mas não mostrou entusiasmo com a ideia: "Teve, sim, uma conversa nesse sentido. Mas tudo de forma muito rasa, sem discutirmos termos. Se o grupo quer bancar, tem de haver a contrapartida. Nem perguntamos o que eles pretendiam ter em troca" – César Sampaio, gerente de futebol do Palmeiras.
ResponderExcluirA argumentação do Flamengo, já está provado, não é fantasiosa!!
E mais, os interesses paralelos provam o quanto haviam informações externas influenciando as opiniões da imprensa.
Eu insisto na pregunta: Viraremos pela-sacos de paulistas????? Mais do que nunca é hotra de pensar qual a resposta que pretendemos dar a esta pergunta....