Posição do Flamengo: "Se isso ocorrer sem o clube rubro-negro, a Odebrecht teria apenas contrato de jogos permanente com o Fluminense. Vasco e Botafogo têm seus próprios estádios e têm acordos para atuar algumas partidas no Maracanã. O próprio Espíndola (secretário do governo) admite que a concessão não fica de pé sem os clubes. A Concessionária reconhece que os jogos do Flamengo são os mais rentáveis".
Alguém tem dúvidas do que vai acontecer? O que aconteceu quando a obra do Maracanã chegou ao fim? Interditaram o Engenhão para tirar uma segunda opção e colocar a faca no pescoço forçando os clubes a negociarem contratos abusivos com o Consórcio Maracanã. Para construir estádio próprio, o Flamengo precisa de aturização do Governo do Estado, o mesmo já macomunado com o Consórcio Maracanã. Alguém acredita que esta autorização será dada? Estamos acorrentados à ratoeira e as ratazanas continuarão nos comendo vivos!
Dois textos que resumem tudo!
Dinheiro de pinga (texto de David Butter no Blog Chuteira Preta, do Globoesporte.com)
Faltam-me adjetivos para descrever o absurdo operado no Maracanã. A renegociação do contrato do estádio deve resultar numa redução de 80% dos investimentos pela concessionária. Antes, pelos termos do edital e do contrato de concessão, a Maracanã S.A. deveria investir R$ 594 milhões no complexo. Agora, pelas novas contas do governo, esse valor deve cair para algo em torno de R$ 120 milhões. O motivo? A não-demolição do Celio de Barros e do Júlio Delamare. Os tais R$ 120 milhões seriam destinados, entre outros fins indefinidos, à reforma do estádio de atletismo e do de natação.
Cento e vinte milhões de reais devem selar o destino do Maracanã, dinheiro de pinga perto do acordado inicialmente. Por ter "perdido" a chance de erguer um shopping e um estacionamento, a concessionária controlada pela Odebrecht agora terá de arcar com o "sacrifício" de reerguer o que a própria Odebrecht ajudou a arruinar, nos tempos da reforma. (Para quem não sabe, o Celio de Barros foi reduzido a um descampado de brita, enquanto o Júlio Delamare abriga as almas penadas de Atlântida.) A desvirtuação de objeto não justifica nova licitação? A redução drástica da contrapartida não sinaliza que outros concorrentes poderiam entrar no jogo, talvez oferecendo mais vantagens ao estado e aos frequentadores? Isso não é negócio. É algo próximo do escracho.
A cereja de bolo vem no fim da reportagem do Globo:
Por fim, o secretário [de governo do Rio de Janeiro, Leonardo Espíndola] admitiu que o governo não considerou a tentativa de Flamengo e Fluminense de se tornarem administradores do estádio no caso de uma nova licitação. Os clubes de futebol foram vetados de participar da concorrência pela concessão por uma decisão do ex-governador Sergio Cabral.
- A atração dos clubes é fundamental. O contrato não fica de pé sem os clubes. Se a concessionária não se acertar com os clubes, tudo fracassa. É um acordo quase compulsório. Mas o governo tem um contrato com a concessionária, não com os clubes.
Danem-se os clubes, motores da paixão do torcedor carioca. Os clubes, afinal, só importam como alvos de "atração" por quem de fato parece importar neste xadrez, a concessionária. Inacreditável. Lamentável. Daninho. Absurdo. Pronto, voltaram os adjetivos.
Complementarmente, abaixo texto de André Amaral, do Blog Ninho da Nação:
Em entrevista recente, o vice de finanças Rubro Negro, Rodrigo Tostes, afirmou que poderia assumir o Maracanã no dia seguinte caso o consórcio abandonasse o estádio.
Entretanto, nessa quarta-feira, o governo do Rio bateu o martelo e descartou a realização de nova licitação. O investimento inicial do consórcio que seria de R$ 594 milhões agora será apenas de R$ 120 milhões.
O secretário Leonardo Espíndola nem levou em consideração o desejo de Flamengo e Fluminense em participarem de uma possível nova licitação ou até de administrarem o estádio.
Então ficamos assim: o governo do Rio reformou o Maracanã com dinheiro público, abriu licitação e proibiu os clubes de participarem. O consórcio ganhou um estádio limpinho para administrá-lo e agora o poder público reduz em 80% as obrigações de investimento das empresas.
Em 2014 o Maracanã fechou com um rombo de R$ 77,2 milhões. Em 2013 o déficit foi de R$ 48,3 milhões.
O consórcio alega prejuízo por não ter sido autorizado a construir um estacionamento e um shopping nos lugares do Célio de Barros e Júlio Delamare. Mas também não fez sua parte em vender nem a metade dos camarotes.
Isso tudo em um contexto de gastos milionários com amigos do governador e cartolas, conforme reportagem do ano passado da ESPN. As empresas escolhidas para a prestação de serviços como segurança, limpeza, orientação de público e colocação de grades são de pessoas ligadas a políticos do Rio ou da Federação de Futebol do Rio.
É muita sujeira e patrimonialismo no Brasil.
Com a palavra o Ministério Público.
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