A dupla dinâmica Jorge Farah e Wálter Monteiro, de excelentes serviços analíticos prestados ao desenvolvimento do C. R. Flamengo, está de volta, desta vez com o apoio de Daniel Nigri, os três publicaram esta excelente série, organizada em 3 Partes, sobre o Maracanã, que saiu no site Fim de Jogo (http://www.fimdejogo.com.br/).
Maracanã: Ruim com a concessionária, mas pior sem ela?
Entender números e dados é a melhor forma de fazer planejamento. Mas isso não é discurso para empresas, mas sim para o mundo da gestão do futebol. Sempre é bom passar a tarefa para quem entende da área. Foram várias trocas de emails, durante alguns dias, entre Jorge E F Farah (@JEFF_Magia), Walter Monteiro (@WOMonteiro) e Daniel Nigri, que assinam o conteúdo da matéria. Jorge E F Farah e Walter Monteiro já têm participado de outras análise financeiras e agora temos mais um convidado. Jorge Farah é formado em informática e administração de empresas (ambas na PUC-RJ) e com MBA em finanças pela COPPEAD. Tem 20 anos de experiência na área financeira. Walter Monteiro é formado em Direito pela UERJ, com MBA pela Coppead, especialização em Joint Ventures pela Universidade da California, em Responsabilidade Civil pela Universidade de Castilla-La Mancha, com 25 anos de experiência na advocacia empresarial. Daniel Nigri é formado em Engenharia de Produção pela UFRJ, investidor há 16 anos na Bolsa de Valores em diversos tipos de operações e empresário.
Nosso objetivo é discutir a questão. Se você tem dados a acrescentar ou dúvidas para serem esclarecidas, o debate está aberto.
Pelo longo relatório, faremos uma divisão para que vocês possam avaliar com calma. Outro ponto para ficar claro é que entramos em contato com a FERJ, informando sobre a divulgação da matéria e colocando o Blog à disposição para eventual colocação da Federação, mas não tivemos resposta.
Parte I: “Pior que tá, não fica”
Passamos três anos analisando, criticando o Complexo Maracanã Entretenimento S/A – a concessionária que administra o estádio, que vulgarmente é chamada de Consórcio Maracanã – e reclamando da perda de receitas dos verdadeiros donos do espetáculo.
Não há melhor exemplo de como as coisas NÃO deveriam ser feitas do que a reforma do Maracanã para abrigar a Copa do Mundo. Querem ver só?
O estádio, já com seus sessenta e poucos anos, mas em boa forma, afinal havia sido remodelado apenas quatro anos antes para os jogos Pan Americanos, foi fechado em 2011 para mais uma de suas reformas, então orçada em R$ 930 milhões, o que já era um absurdo. No final, a brincadeira saiu por quase R$ 1,4 bilhão.
Pouco antes da conclusão da reforma, o Governo resolveu cancelar a parte do complexo que garantiria uma rentabilidade mais folgada ao empreendimento, através da exploração do estacionamento e de lojas comerciais. O edital de concessão limitou a participação dos clubes na administração do estádio e ainda por cima obrigou que a empresa vencedora firmasse contratos com mais de um clube.
Setores vitais para a arrecadação dos clubes, como a gestão de bilheterias, a comercialização de áreas VIP e os serviços de alimentação eram geridos exclusivamente pela detentora da concessão, com pouco empenho e transparência.
Na sua constituição, a Concessionária parecia um oásis de governança eficiente em um segmento marcado pelo amadorismo dos cartolas, afinal era a soma do grupo do tycoon Eike Batista com o poderoso conglomerado Odebrecht. O primeiro agoniza. O segundo tem seu presidente em férias forçadas em um presídio.
E o Maracanã fechou de novo! A desculpa, os Jogos Olímpicos. Mas, principalmente, por conta da depressão econômica da concessionária.
Com o Maracanã inativo, renovaram-se as esperanças de que, afastado o intermediário, tudo poderia ser melhor no futuro. Até que a FERJ conseguiu reabri-lo para abrigar as finais do Carioquinha e, aí sim, provar que, malgrado a previsão, é verdade, tudo pode ficar ainda pior.
Atendendo a um pedido do Fim de Jogo, analisamos os borderôs dos dois jogos finais do carioca tendo como base o comparativo com a final do ano passado, coincidentemente disputada pelos mesmos times, e com dois clássicos do Brasileirão do ano passado com públicos próximos ao do primeiro jogo da final, conforme seleção muito bem feita pelo amigo Daniel Nigri.
Como dissemos, é senso comum criticar o Maracanã como gestor do estádio. Concordamos com várias das críticas, especialmente as que têm como foco, a perda financeira dos clubes. Qual a necessidade de um intermediário se a gestão pode ser feita diretamente pelos clubes? No entanto, no passado, sob gestão do estado e da Suderj, os problemas eram muito maiores. Será que FERJ conseguiria surpreender e fazer melhor?
Olhando os borderôs dos jogos achamos alguns pontos, digamos, curiosos.
Público Presente Redondo no Jogo Final
Quantas vezes você já viu um público tão redondo como esse que tivemos na finalíssima? No Brasileiro do ano passado, checamos todos os públicos e nenhum teve tantos zeros. 60 mil presentes! Nem um a menos. Nem um a mais. Estranho, para dizer o mínimo. E um público assim coloca em dúvida todas as demais informações do borderô.
Alto Valor de Ingressos Promocionais
A tabela abaixo demonstra que houve um aumento considerável de ingressos distribuídos para convidados nos jogos da final deste ano. A principal causa foi a cortesia feita com os camarotes. Na primeira partida da final do estadual, 787 beneficiados assistiram em camarotes sem pagar. Vale lembrar que os ingressos promocionais ainda servem de base de cálculo para cobrança de tributos. Ou seja, além de não receberem nada por esses caronas, os clubes ainda tem custo com eles.
Série sobre Opções de Estádio para o Flamengo:
1) Reflexões esportivas e econômicas sobre os jogos em Volta Redonda
2) Maracanã: Ruim com a Concessionária, mas Pior sem Ela? - Parte 1
3) Maracanã: Ruim com a Concessionária, mas Pior sem Ela? - Parte 2
4) Maracanã: Ruim com a Concessionária, mas Pior sem Ela? - Parte 3
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