quarta-feira, 8 de junho de 2016

Maracanã: Ruim com a Concessionária, mas Pior sem Ela? - Parte 2

Como mencionamos no post anterior, a proposta é abrir um debate sobre custos e gestão do Maracanã e para isso convidamos gente que entende de números para analisar os borderôs dos campeonatos.

Parte II: Fatos Inacreditáveis

Custo Operacional Variável

O custo do estádio sob gestão do Consórcio era de R$ 311.070 e, com a FERJ, o Maracanã ficou mais caro quase 75%. Não há inflação que explique um aumento tão elevado.

Além disso, é uma despesa que sempre foi fixa. Por exemplo, neste ano o Vasco enfrentou o Flamengo e o Botafogo em São Januário. Em ambos os clássicos, o custo operacional foi de R$ 75 mil. Portanto, seja nos jogos do ano passado no Maracanã como em jogos deste estadual em outro estádio, os respetivos borderôs apresentaram um custo operacional fixo (de acordo, obviamente, com o estádio). Porém, nas finais, esse item variou do primeiro para o segundo jogo. Qual a razão?


Aumento da Taxa da Federação em Relação à Renda Bruta

No dízimo cobrado pela Federação do Rio nos jogos dos estaduais não entram na base de cálculo os ingressos promocionais (ainda bem!).  O peso desses ingressos pode ser visto na diferença entre a taxa da Ferj sobre a receita Bruta e os 10% neste ano ou 5% no ano passado.


Queda do Ticket Médio

Nas finais desse ano, o Ticket Médio (isto é, o preço médio arrecadado com a venda de ingressos), foi mais baixo do que na final do ano anterior e mais baixo do que jogos do Brasileirão entre as equipes cariocas, o que faz pouco sentido considerando a inflação acumulada e o maior apelo das finais. Qual a razão?


Menor receita líquida para os clubes


O resultado de todos os pontos acima elencados foi uma diminuição na receita que cada clube levou da partida. Enquanto no ano passado, Fluminense ficou com aproximadamente 35% da renda bruta da partida de seu clássico diante do Vasco e o Flamengo, diante do mesmo adversário, abocanhou 43%, no primeiro jogo da final deste estadual, Vasco e Botafogo tiveram que dividir 26% da renda (13% para cada). Na final do ano passado, a receita a ser dividida pelos dois clubes foi de 46%. Para quem reclamava das perdas dos clubes com a concessionária, a receita líquida do primeiro jogo da final foi uma verdadeira ducha de água fria.

Outros Pontos Observados




Triste Conclusão

Ao contrário do que se pensava, alijar o Consórcio Maracanã da gestão pode estar longe de representar uma melhoria. Os clubes estão presos a uma lógica de um estádio, que embora custeado com os suados impostos do povo carioca, serve a interesses políticos e econômicos de várias pessoas e instituições, menos aos daquelas que dela dependem e para as quais o Maracanã, afinal, existe, que são os clubes de futebol.

Estes números recentes revelam algo sombrio: se houver alguma chance de tornar ainda pior a vida dos clubes na sua relação com o Maracanã, ela não será desperdiçada por quem vier a explorá-lo. Farra de ingressos promocionais, números estranhos (exatos 60.0000 espectadores é dose!), custos inexplicados, taxas extorsivas, teve de tudo um pouco no grande saco de maldades das finais do Carioca.

Como é possível que um estado inteiro se recuse a perceber o óbvio, que o Maracanã é vital para a saúde dos clubes cariocas e que prestigiá-los, ao invés de esfolá-los, é o melhor caminho para também garantir a sobrevivência do complexo esportivo e da própria federação?

Haverá esperança? Bom, há quem diga que esta é a última a morrer. A realidade do futebol carioca pode vir a desmentir o ditado.


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