sábado, 24 de novembro de 2018

Avaliação de Discurso dos Candidatos à Presidência do Flamengo


Os sócios do Flamengo decidirão no dia 8 de dezembro de 2018 quem será o presidente do clube na Gestão 2019-2021. Há quatro candidatos, dos quais apenas dois tem chances reais no pleito. Dois candidatos, ambos com passado ligado a Torcidas Organizadas, não tem chance nenhuma de vencer.

O Blog A Nação já havia postado sua visão de futuro para o clube: Plataforma de Gestão 2019-2021 para a Presidência do C.R. Flamengo.

Esta semana, os quatro candidatos expuseram suas ideias em debates e entrevistas à mídia do Rio de Janeiro. Pinçaremos abaixo a opinião de cada um dos dois candidatos com chances reais na eleição (Ricardo Lomba e Rodolfo Landim) sobre cada um dos temas mencionados na "Plataforma do A Nação" levantados nestes debates, e em seguida será colocada a opinião do Blog A Nação em relação ao discurso dos dois "RLs" (Rodolfo Landim ou Ricardo Lomba).

Antes porém, caberá uma opinião do Blog A Nação em cima das palavras dos dois candidatos sem chances reais na eleição: Marcelo Vargas e José Carlos Peruano.

Marcelo Vargas, ex-presidente da Torcida Jovem do Flamengo afirmou que se não for campeão de nada em 2019, renuncia à Presidência no fim do ano, e que se não ganhar a Libertadores até 2021, não tenta reeleição.

Opinião do Blog A Nação: Demagogia pura. Palavras ao vento.

Entre os apoiadores de Marcelo Vargas está o Capitão Léo, também ex-presidente da Torcida Jovem, ex-presidente do Conselho Fiscal na gestão Patricia Amorim, e presidente do Conselho Fiscal da FERJ depois disto, e responsável de acusar Zico de enriquecimento ilícito.

José Carlos Peruano, no passado envolvido em invasões de torcidas organizadas para agredir jogadores e também num episódio de agressão ao jornalista rubro-negro Arthur Muhlenberg, falou que: "O meu vice de futebol será o Marcos Braz. O meu executivo será o Rodrigo Caetano. Na comunicação, eu colocaria o Rodrigo Paiva. Eu o vi na CBF, e é um cara top".

Opinião do Blog A Nação: É muito amadorismo. A estrutura de gestão é formada por pessoas que ele nem sabe se gostariam de trabalhar com ele.

Outra pérola do Peruano: "(Hoje) não são jogadores com alma de Flamengo. É muito playboy. Muito jogador mimimi".

Opinião do Blog A Nação: Populismo puro! É sempre muito fácil fazer o discurso "bota a garotada da base e pronto", tem que ter cara de Flamengo! O time sem cara de Flamengo está entre os 3 melhores do Brasil, foi vice da Copa do Brasil e da Copa Sul-Americana. É não foi campeão como todo rubro-negro gostaria, mas tem condições de estar entre os melhores. Em 2002, com uma garotada da base, o Flamengo fez a pior campanha em Copa Libertadores de sua história, ficando em último lugar. Com vários times de garotos da base, o Flamengo brigou para fugir do Rebaixamento, foi assim em 2004, 2005 e 2010. A falácia "me acostumei e ver o Flamengo campeão e hoje é um clube perdedor" é populismo demagógico barato. Fala única e exclusivamente do intervalo entre 1978 a 1983! Desde 1993 até 2012, o Flamengo ganhou 1 Brasileiro (2009), 1 Copa Mercosul (1999) e 1 Copa do Brasil (2006). 20 Anos com "times com cara de Flamengo", com "espírito vencedor" e só 3 títulos além dos limites do Estado do Rio de Janeiro!!

Virando a página das falácias, vamos falar de gestão. Abaixo os 7 pontos, 7 diretrizes, da Plataforma de Gestão 2019-2021 do Blog A Nação, com o que Lomba e Landim falaram sobre estes temas e o comentário do blog sobre suas falas:


1. FUTEBOL PROFISSIONAL FORTE

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: TÉCNICO (o Flamengo precisa de um técnico cascudo e experiente, com perfil vencedor no futebol brasileiro) e INVESTIMENTO (o que é necessário agora são vários investimentos médios em jogadores que encorpem o elenco)

Ricardo Lomba: "O importante: nós poderemos fazer contratações agora na janela do início do ano, coisa que não podíamos fazer por fluxo de caixa, não tinha dinheiro, e fazíamos as contratações sempre no meio do ano. E as contratações são sempre descasadas. O atleta vem em final de temporada e nós em início de fase decisiva, pegando segundo semestre. Então, a gente vai poder ter a oportunidade de contratar no início do ano, fazer pré-temporada com elenco completo, o que nos credencia ter expectativa de maior sucesso nos campeonatos".

Rodolfo Landim: "Quero o Flamengo campeão. Se a gente começasse a falar sobre o que estamos fazendo, eu até acho que seria justo que a atual administração nos criticasse por dizer que a gente está querendo criar ambiente ruim. Então não falamos. Mas você não vai acreditar que a gente não está trabalhando, né? Se você estudar o meu perfil de vida um minuto, você vai ver que estamos trabalhando e muito. E é claro que já temos várias coisas acertadas. Mas não posso dizer".

Comentário do Blog A Nação: a visão de Ricardo Lomba está perfeita! Largada com um técnico experiente e investimentos no começo da temporada. É o que o Flamengo precisa mesmo em 2019, não dá mais para ficar montando elenco ao longo do ano. A opinião do Rodolfo Landim não deixa a opinião tão explícita quanto a do Lomba, mas também dá a entender que a ideia é já largar em 2019 com técnico experiente e com investimentos concretizados, com elenco robusto.


2. FUTEBOL DE BASE COM ALTO INVESTIMENTO

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: com um CT exclusivo para a base e investimento em potenciais jóias peneirando talentos, os resultados virão. O rumo está certo, há apenas que intensificar o trabalho.

Ricardo Lomba: "A gente pretende manter. Temos hoje o VP de futebol, o diretor e quatro gerências: do profissional, da base, do Centro de Excelência e Performance e do Centro de Inteligência e Mercado. Essa estrutura, a gente considera adequada. O que a gente pretende, já no início do ano, é incorporar a figura do coordenador técnico, que a gente sente falta. Um profissional que consiga acompanhar desde a base até o profissional. Acompanhando metodologia de treinamento, transição de jogadores, ascensão para a categoria de cima".

Rodolfo Landim: nenhum discurso específico sobre as categorias de base nas entrevistas

Comentário do Blog A Nação: Ricardo Lomba fala com mais conhecimento de causa porque está dentro do clube, ao lado do Carlos Noval, o nome responsável pelo bom trabalho das categorias de base feito a partir de 2010, já antes da Gestão Bandeira de Melo, ainda quando Patrícia Amorim era a presidente.


3. USO DO MARACANÃ

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: O Maracanã não é e nunca será a casa unicamente do Flamengo. Isto não quer dizer que o Flamengo deva partir para uma estratégia de não jogar nunca mais no Maracanã e focar apenas num estádio seu. Que seja negociado com o "dono" do estádio um pacote de jogos por ano a serem disputados no estádio, visando utilizá-lo apenas para partidas com potencial de público superior a 50 mil pagantes.

Ricardo Lomba: "Na Gávea, são necessárias três etapas de obra. A primeira já está em fase de conclusão que é problema da arquibancada. As outras duas ficam para o próximo ano para receber as cinco mil pessoas que cabem. Segundo ponto é fazer reforma na estação elétrica dali para receber holofotes e o placar eletrônico da Ilha. Concluindo já pretendemos usar qualquer horário para jogos da base, futebol feminino e futebol americano. Paralelo a isso pretendemos colocar arquibancadas tubulares atrás dos gols e no lado oposto da arquibancada de cimento, o que nos garantiria um estádio para 15, 18 mil pessoas. Claro que isso no dá condição melhor para negociar outras frentes. Sobre estádio próprio, porque não podemos considerar estádio do Flamengo para 15 mil pessoas. Tem que ser 50 mil pessoas. O Maracanã já está pronto, absolutamente identificado com a torcida do Flamengo, muito bem localizado, de fácil acesso, só que depende de série de questões. Já tivemos com o governador eleito. Ele quer entender qual a situação atual do estádio. Porque a concessão foi cancelada. Ele quer se inteirar da situação jurídica, mas a ideia é fazer licitação e abrir para os clubes participarem. É um cenário que muito nos agrada, porque temos certeza das condições administrativas e operacionais, além de financeira, de ser responsável pela gestão do Maracanã".

Rodolfo Landim: "O que o Flamengo sempre pleiteou é estar envolvido na gestão do Maracanã, fazer parte de um consórcio operador do estádio. São três frentes: temos essa vontade sobre o Maracanã. Vamos conversar com o novo governador e ver se a gente consegue fazer isso. Se a gente fizer, o Maracanã é nosso, e pode ser de outro também, e vamos operar o Maracanã. Agora, se não conseguirmos, temos contrato de mais dois anos com o Maracanã e vamos honrar, a não ser que nessa decisão judicial (suspensão da validade da licitação) mude alguma coisa. Eles (situação) falam de botar 20 mil lugares na Gávea. Isso não existe. Primeiro porque 20 mil lugares não resolve o problema do Flamengo".

Comentário do Blog A Nação: a visão de Ricardo Lomba parece ser muito mais a de esperar o Governo do Estado do Rio se definir sobre o Maracanã. Rodolfo Landim dá mais sinais de que não dá para esperar muito. A licitação foi cancelada. O setor público é letárgico e ainda vai demorar a se ter uma definição, mesmo com o discurso do novo governador. Não dá para ficar esperando. Tem que manter o contrato atual com o Maracanã, nisto os dois concordam. Mas é preciso começar já a trabalhar na alternativa, que não deve ser substitutiva ao Maracanã, mas complementar ao Maracanã.


4. CONSTRUÇÃO DO ESTÁDIO DO FLAMENGO

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: o Flamengo precisa de um estádio para chamar de seu. Não serve soluções para menos de 25 mil pagantes. É necessária uma casa própria com capacidade para um público de 40 a 50 mil torcedores. Politicamente já está claríssimo que não há qualquer intenção de se deixar que o Flamengo tenha seu estádio nos limites do município do Rio de Janeiro, ou aparecerão pontes, estradas, ruas, planos de reordenamento público cruzando o terreno escolhido. Que se olhe para algum município da Baixada Fluminense, qualquer um deles entenderá a importância para os cofres da Prefeitura de um investimento desta magnitude nos seus limites (fora desta hipótese, o conluio de corrupção entre Governo do Estado, do Município do Rio e do "dono" do Maracanã jogará pesado em evitar a todo custo a concretização deste projeto). Chega de se iludir! O Flamengo pode ter três estádios: jogos para mais de 50 mil no Maracanã, jogos num estádio próprio para menos de 50 mil, e jogos com expectativa de receber menos de 15 mil sendo realizados em Volta Redonda.

Ricardo Lomba: "nosso vice de patrimônio já visitou mais de 40 terrenos pela cidade e temos ainda três terrenos em negociação, sendo que um deles bem avançado, o que nos permitiria assinar termo de opção de compra. Teríamos então período para fazer projeto e avaliar a compra. O que precisamos é logo no início do próximo mandato ter posição definitiva da possível licitação e continuar buscando esse termo de opção de compra. Porque no momento que tivermos sinalização positiva do Maracanã é sempre mais fácil você adotar o Maracanã".

Rodolfo Landim: "Tem que reformar (a Gávea) até porque está caindo. Se bobear, está ali e cai alguma coisa na cabeça. Aliás, o Flamengo foi ao Conselho Deliberativo em 2016 pedir dinheiro para isso, com venda de títulos, e não fez até hoje. Agora, em cima da hora, tem uma máquina lá trabalhando. A solução do estádio não é ali. Acho que foi muito mal negociado o contrato no Maracanã. O Flamengo entrou naquele negócio da Ilha do Urubu, onde gastamos mais de R$ 20 milhões para jogar 20 jogos, ou seja, só de custo de investimento - nem de operação - R$ 1 milhão por jogo, para tentar negociar alguma coisa. Essas maluquices não vou fazer. O Maracanã custou R$ 1,3 bilhão. Dinheiro dos cariocas. Um estádio custa R$ 750 milhões. O ideal, então, é a nova licitação do Maracanã. Não é a única solução, mas é a ideal".

Comentário do Blog A Nação: nenhum dos dois tem em seu discurso uma ideia implícita de construção de um estádio próprio. Muita teoria e pouca prática, assim como tem sido na Gestão 2013-2018.


5. ESPORTES OLÍMPICOS COMPETITIVOS

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: a diretriz usada entre 2013 e 2018 foi corretíssima: só manter esportes olímpicos que tenham capacidade de buscar patrocínio suficiente para mantê-lo (a famosa auto-sustentabilidade). O principal esporte olímpico foi o basquete, que já tem uma trajetória consolidada de protagonismo no Brasil e na América do Sul. Que assim siga por muitos anos mais! O Flamengo precisa ser mais agressivo na captação de recursos para viabilizar o vôlei e a natação, levando o clube a brigar na ponta, no cenário nacional e continental, da mesma forma que faz o basquete. Assim foi erguida a história rubro-negra, como maior potência poli-desportiva do Brasil, e assim deve ser.

Ricardo Lomba: "Temos verba muito grande de projetos incentivados e nosso vice de esportes olímpicos bate muito nisso. Ele lembra que temos 60% de verba incentivada e 40% de outra fonte de receita. Temos que inverter porque a gente não sabe se amanhã ou depois o governo muda essa política e a gente fica cada vez mais dependente da receita do futebol. A ideia é sempre fazer cada esporte olímpico independente e para isso pretendemos colocar dentro do nosso departamento de marketing grupo para buscar captação de patrocínios para os esportes olímpicos".

Rodolfo Landim: "O que ouço é que o Flamengo é time de um esporte olímpico. Só o basquete. Esse é o sentimento da natação, da ginástica olímpica, do judô… Às vezes não sobra nem para o pessoal de outros esportes se inscreverem nas competições, os caras têm que fazer isso com dinheiro dos próprios pais, têm que vender brownie no Shopping Leblon, têm que fazer rifa… Essa é a cara do esporte olímpico enquanto os jogadores lá do basquete estão ganhando uma grana danada".

Comentário do Blog A Nação: a visão de Rodolfo Landim neste quesito é bastante superficial. O apoio do atual VP de Esportes Olímpicos é irrestritamente dado a Ricardo Lomba, que fala com um pouco mais de propriedade sobre o assunto do que seu adversário. Mas o foco dos dois candidatos está inquestionavelmente pendurado no futebol. Manter um trabalho de ponta no basquete é fundamental, o que precisa é fortalecer os outros esportes, e nisto a fala de Rodolfo Landim é bastante infeliz.


6. CONCLUSÃO DO MUSEU DO FLAMENGO

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: o FlaMemória tem que ser expandido, tem que virar Museu do Flamengo, e tornar-se um dos principais pontos turísticos de visitação da cidade do Rio de Janeiro. O Museu do Boca Juniors é um ponto de referência em Buenos Aires. Ter um museu, além de ser uma celebração da história do clube, é um investimento na marca e exposição internacional, dado que o Rio de Janeiro ainda é o principal ponto turístico no recebimento de estrangeiros que chegam ao Brasil.

Nas entrevistas, ninguém citou o Museu.


7. MANUTENÇÃO DA REDUÇÃO DAS DÍVIDAS

Visão do Blog A Nação sobre o que o Flamengo precisa: financeiramente equilibrado, hoje já não é mais impossível se falar em ou fazer grandes investimentos ou pagar para reduzir a dívida. O Flamengo já consegue fazer os dois! E manter um viés de austeridade é fundamental para manter o Flamengo, a longo prazo, na ponta do futebol brasileiro. A meta rubro-negra deveria ser manter sua dívida abaixo de R$ 200 milhões. É possível, não há porque ser diferente, principalmente por se estar num país que cobra os juros mais altos do mundo sobre o endividamento. Reduzir dívida, significa liberar recursos usados com encargos para que possam ser utilizados em ainda mais investimentos.

Nenhum dos candidatos fala nas dívidas. É sinal do bom trabalho de saneamento financeiro feito entre 2013 e 2018. Mas não há que se esquecer que o valor de dívida que existe ainda é alto.

Comentário do Blog A Nação: no time de Rodolfo Landim estão Rodrigo Tostes e Cláudio Pracownik, os dois vice-presidentes financeiros que fizeram esta revolução entre 2013 e 2018. Seria garantia de que a atenção à dívida será corretamente dada.




Um comentário:

  1. Em primeiro lugar parabens ao blog. Resumiram de forma adequada as propostas dos principais candidatos. E realmente as visões de vcs bateram com a minha.

    Sobre ESTADIO PROPRIO.

    FLAMENGO NÃO PODE ABANDONAR O MARACANÃ. É POSSIVEL QUE O ESTADIO PASSA A TER CAPACIDADE MAIOR APOS A COPA AMERICA COM A RETIRADA DAS CADEIRAS ATRAS DO GOL. A CAPACIDADE SERIA ATÉ 90 MIL. Com isso o FLAMENGO poderia utilizar em jogos de GRANDE APELO.

    A GAVEA TERIA QUE SER RESTRUTURADA. Seria EXCELENTE para alguns jogos do CARIOCA. Fora pra BASE e F.FEMININO. Uma arquibancada de CIMENTO a frente das cabines seria bom. A GAVEA com capacidade entre 8 a 10 mil pessoas seria otimo.

    E o ESTADIO PROPRIO com capacidade pra 30 mil eria de bom gosto.

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