Zenny de Azevedo, o Algodão
Zenny de Azevedo foi um craque, um ícone de uma geração. Nasceu em Realengo e ainda garoto sua família se mudou para Campo Grande, e foi lá que ele recebeu o apelido que carregou por toda sua vida: Algodão. Conheceu o basquete no Clube dos Aliados, de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Chegou ao Flamengo jovem e não demorou muito para alçar para a Seleção Brasileira, convocado pelo técnico paulista Moacyr Daiuto.
Algodão teve fama? Sim, sem dúvida teve. Mas deveria ter tido muito mais. Mas ele tinha o jeito humilde e simples que carregava de suas raízes e de sua formação, longe das badalações da Zona Sul, ainda que fosse jogador do Flamengo. Também pagou o preço de um reconhecimento abaixo do que realmente merecia por ter brilhado numa cidade em que o basquete jamais pôde concorrer com o futebol nos corações populares. E também porque não jogava no Estado de São Paulo, onde a imprensa ainda dá um pouco mais de exaltação ao basquete. Talvez também porque já era um veterano em meio à geração que mais brilhou na Seleção Brasileira, a geração de Amaury Pasos e Wlamir Marques.
Na Seleção Brasileira, ele começou a brilhar nas Olimpíadas de Londres, em 1948, na primeira conquista internacional expressiva do basquetebol brasileiro, que voltou ao país com a Medalha de Bronze. Com a camiseta verde e amarela do Brasil, ele jogou as Olimpíadas de Londres 1948 (Bronze), 1952 (6º lugar), 1956 (6º lugar) e 1960 (Bronze). A estreia na Seleção foi logo na histórica campanha de 1948, em que formou o quinteto titular ao lado de Ruy de Freitas, Alfredo da Motta, Bráz e Nilton. Jogou os Campeonato Mundiais de 1950 (4º lugar), 1954 (Vice-campeão) e 1959 (Campeão). Em 54, no Rio, era titular ao lado de Wlamir Marques, Angelim, Mayr Facci e Amaury Pasos. Em 59, foi campeão e titular, ao lado de Wlamir Marques, Amaury Pasos, Édson Bispo e Waldemar Blatskauskas. Disputou ainda os Jogos Pan-Americanos de 1951 (Bronze), 1955 (Bronze) e 1959 (Bronze).
No Campeonato Mundial de 1954, jogado no Rio de Janeiro, o Brasil acabou vice-campeão e Algodão fez parte do quinteto ideal eleito pela Confederação Internacional. O quinteto ideal eleito foi: Algodão, Wlamir Marques, o uruguaio Oscar Moglia, o norte-americano Kirby Minter e o filipino Carlos Loyzaga.
Com o Flamengo, um histórico fantástico: entre 1948 e 1964, disputou 17 edições do Campeonato Carioca, sagrando-se 14 vezes campeão. Ainda vestiu a camisa rubro-negra até 1970, quando já bem veterano, despediu-se das quadras de basquete.
Waldyr Boccardo
O paulista Waldyr Boccardo nasceu em São José dos Campos, onde começou no basquete, defendendo o São José. Antes de chegar ao Flamengo, teve passagens curtas por Vasco e Botafogo. Mas foi na Gávea que construiu sua maior relação. Chegou ao clube em 1958 e defendeu as cores rubro-negras até 1973. Quinze anos no basquetebol da Gávea!
Na Seleção Brasileira, foi chamado pela primeira vez exatamente para o Mundial de 1959 no Chile, no qual o Brasil sagrou-se campeão. O time, liderado por Kanela, seu técnico no Flamengo, tinha Algodão, Wlamir, Amaury, Bispo e Waldemar como quinteto titular. No banco, estavam Rosa Branca, Zezinho, Pecente, Fernando Bro Bro, Otto Nóbrega e Jatyr Schall, além dele, Waldyr.
Ainda esteve com a Seleção em três outras oportunidades. Jogou os Jogos Pan-Americanos de 1959 (Bronze), os Jogos Olímpicos de Roma em 1960 (Bronze) e o Campeonato Sul-Americano de 1960 (Campeão).
"Nos anos 60, o basquete do Flamengo perdeu a hegemonia absoluta e teve companhias mais à sua altura na disputa pelos títulos. Entre 1961 e 1969, Botafogo e Vasco venceram três campeonatos cada, o Flamengo venceu dois e o Fluminense venceu seu primeiro campeonato, o de 1961, exatamente o que impediu o eneacampeonato rubro-negro". (A NAÇÃO, pg. 183)
A nível nacional, os anos 60, nos quais a camisa 13 do Flamengo sempre esteve em Waldyr Boccardo, foram de solidificação do basquete de São Paulo como mais forte do país, com a ascensão do Sirio e força do Corinthians, que obteve alguma supremacia no Campeonato Paulista e na Taça Brasil com um time que tinha Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca e Ubiratan Maciel. Já nos nos anos 70 o Sirio disputava o cenário com Franca e Palmeiras, com Corinthians e Sirio ainda fortes. Nos anos 80 foi uma época de bi-polaridade entre Sirio e Monte Líbano, com Corinthians e Franca ainda fortes. Por ironia no destino de Boccardo, paulista de nascimento, e com currículo basquetebolista ligado ao Rio de Janeiro, foi no momento em que ele esteva no seu auge, que a hegemonia paulista se solidificou no cenário nacional. De 1974 a 1993, times do estado de São Paulo foram 18 vezes seguidas Campeões Brasileiros (Franca 6 vezes, Monte Líbano 5 vezes, Sirio 4 vezes, Palmeiras, São José e Rio Claro uma vez cada). Só em 1994 a série de títulos paulistas foi quebrada, quando o Corinthians de Santa Cruz do Sul, do Rio Grande do Sul, foi o campeão sob o comando de Ary Vidal e com Brent Merrit, Alvin Fredericks, João Batista, Almir e Marcionílio.
Entre as vitórias rubro-negras comandadas por Waldyr nos Anos 1960, destacam-se os títulos do Carioca de 1962 e de 1964. O título de 1962 foi sacramentado com uma vitória num Fla-Flu por 57 x 51 (numa partida tumultuada, com longa paralisação a 47 segundos do fim, quando o placar apontava 54 x 48 para o Flamengo, por causa de uma briga generalizada envolvendo jogadores, comissões técnicas e dirigentes das duas equipes). Os cinquenta e sete pontos rubro-negros nesta noite foram convertidos por: Oto (18), Fernando (12), Algodão (10), Waldyr (10), Paulinho (2), Gutinho (2), Zeca (2) e Félix (1). O ala Oto, contratado em 1961 ao Palmeiras (e que viria a ser campeão da Taça Brasil de 68 com o Botafogo) foi o grande pontuador da equipe na campanha, assim como voltaria a ser dois anos depois.
1962 - Campeão Carioca
Time: Paulinho, Algodão, Oto Ditrich, Fernando Bro Bro e Waldyr Boccardo
Tec: Kanela
Banco: Gutinho
1964 - Campeão Carioca
Time: César Sebba, Algodão, Oto Ditrich, Chocolate e Waldyr Boccardo
Téc: Kanela
Banco: Marcelo Cocada, Piraí e Coqueiro.
O Flamengo foi o Campeão Carioca de Basquete de 1964 ao vencer à série final contra o Vasco por 2-0, fazendo 74 x 60, e 50 x 49. No 1º jogo, pontuaram: Oto (24), César (12), Waldyr (11), Chocolate (9), Algodão (7), Piraí (5), Marcelo (4) e Coqueiro (2). A pontuação na partida derradeira apontou: Waldyr (11), Oto (11), Chocolate (9), César (8), Marcelo (5), Coqueiro (2) e Algodão (1). Era o último título da vitoriosíssima carreira do craque Algodão.
Narrava a edição de sábado, 18 de julho de 1964 do Jornal dos Sports, no dia seguinte à conquista, sob o título de primeira página "Vitória épica tira hegemonia do Vasco, Fla é o novo campeão de basquete", assim descreveu: "com uma cesta de Coqueiro - a única que marcou em toda a partida, ao faltarem 22 segundos para o jogo terminar - o Flamengo derrotou o Vasco da Gama por 50 x 49".
O último título vestindo rubro-negro foi junto a uma nova geração que emergia da base do basquete da Gávea, aquele que também foi o último título conquistado pelo técnico Kanela a frente do Flamengo.
1969 - Campeão da Taça Gerdal Boscoli
Time: Montenegro, Pedrinho Ferrer, Gabriel, Waldyr Boccardo e Robertão
Téc: Kanela
Banco: Doinha, Marcelo Cocada, Paulo Céar Goiano e Pedrão




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