domingo, 6 de julho de 2025

FLABASQUETE 1983-1990: Projetos Avulsos de Grandeza Nacional


Tri-Campeão Carioca 1984-1985-1986

Em 84 a diretoria investiu pesado no basquete rubro-negro, construindo os alicerces de um projeto que lhe deu mais uma tri-campeonato carioca. Além disto, o clube conseguiu, pela segunda vez em sua história, ser Vice-campeão da Taça Brasil (1977 e 1984). Nos Anos 1980, a final da Taça Brasil era disputada num Quadrangular Final, que quase sempre era composto por quatro equipes paulistas. Em 1984, o Flamengo investiu pesado e entrou de penetra na festa. O quinteto rubro-negro tinha Carioquinha, Nilo Guimarães, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla, com Paulão Abdalla como sexto jogador. A final foi jogada em março de 1985, no Ginásio do Ibirapuera em São Paulo: Flamengo, Corinthians, Monte Líbano e Sírio. O time rubro-negro perdeu na estreia para o Monte Líbano, que viria a se sagrar campeão, por implacáveis 107 x 83. No segundo jogo, de forma dramática, conseguiu uma vitória sobre o Corinthians, na prorrogação, por 99 x 98. Em seguida, obteve uma vitória sobre o Sirio por 92 x 86, ficando o time de basquete rubro-negro com o vice-campeonato nacional daquela temporada. Nesta empreitada, o projeto nacional fracassou, mas os resultados a nível estadual foram satisfatórios.

"Depois de um longo período com investimento restrito no esporte, o time de basquete da Gávea voltou a ser fortemente reforçado em 1984. O rubro-negro jogou esta temporada com o quinteto: Carioquinha, Almir, Carlos Ostermann, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla, e o técnico era Marcus Vasconcellos. O argentino Filloy, que chegava ao clube depois de ter sido campeão nacional em 1983 com a equipe paulista do Sírio, e os experientes Carioquinha e Marquinhos, ambos com uma longa história defendendo a seleção brasileira, eram os destaques desta forte equipe, que levou o Flamengo a ser, pela segunda vez em sua história, vice-campeão da Taça Brasil. Este time acabou perdendo o título nacional para o Monte Líbano, de São Paulo, onde jogavam Maury, Marcel, Cadum, Pipoka e Israel, sob o comando do técnico Edvar Simões.

Mas o grande investimento do Flamengo no basquete rendeu seus frutos, e o clube foi tricampeão carioca em 1984/85/86. No Campeonato Carioca de 1985, a equipe perdeu Carioquinha e Marquinhos; este último foi jogar pela equipe do banco Bradesco, que era a favorita para levar o título. Mas o Mengão, novamente com um time forte, que tinha Nilo Guimarães, Almir, Pedrinho, José Pelaggi e Germán Filloy, comandados por Emmanuel Bonfim, acabou bicampeão. Em 1986, o Flamengo perdeu o argentino Filloy, mas para seu lugar trouxe, da República Dominicana, dois grandes jogadores: Victor Chacón e Héctor Muñoz. O time faturou o tricampeonato, jogando com a formação: João Batista, Chacón, Muñoz, Waldeir e Pedrinho; o técnico ainda era Emmanuel Bonfim.

Germán Filloy

Disposto a impedir o tetracampeonato rubro-negro, o Vasco investiu pesado no basquete em 1987; tirou da Gávea o craque do time, Héctor Muñoz, e o técnico, Emanuel Bonfim, e ainda reforçou-se com outro dominicano: Evaristo Pérez. O Flamengo, para manter a competitividade de seu time e repor a perda de Muñoz, contratou ao Corinthians o norte-americano Rocky Smith". (A NAÇÃO, pg. 184)

O Flamengo já havia ensaiado investimentos mais arrojados em 1979, quando contratou ao armador Carioquinha, cuja passagem pelo clube naquele ano foi bem rápida. No fim de 1980 foi buscar pela primeira vez em sua história a um jogador da República Dominicana, tendo ele entrado no time na Fase Final do Carioca de 80, disputada em janeiro de 1981: o dominicano Hugo Cabrera. Mas o time do técnico Waldyr Boccardo, que ainda tinha a Raimundo, Pedrinho Ferrer, Fioravante e Carlão, não conseguiu brigar pelo título, decidido entre Vasco e Fluminense. A passagem do dominicano pela Gávea também foi rápida, depois ele defenderia ao Mins Tênis Clube na temporada de 1981 e ao Vasco da Gama na temporada de 1982, ano no qual o título Carioca voltaria a ser do Flamengo. Em 1983, os dois rivais decidiram o título, e o time rubro-negro - com Bigu, Pedrinho, Almir, Carlão e Paulão - ficou com o vice-campeonato.

As iniciativas mais arrojadas em favor do basquete da Gávea aconteceram mesmo a partir de 1984, quando o clube contratou Marquinhos e Filloy, do Sírio, Nilo e Vido, do São José, e Carioquinha, do Palmeiras. E para medir o tamanho do investimento feito, um levantamento publicado à época pela Revista Placar mostrava que 5 dos 7 maiores salários do basquete brasileiro naquela temporada estavam no Flamengo (em ordem decrescente pelo tamanho das cifras: Nilo Guimarães, Carioquinha, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla). Só o norte-americano Rocky Smith e Adílson, ambos jogadores do Corinthians, ganhavam salários maiores (Rocky Smith que em 1988 viria a ser contratado pelo time da Gávea).


O "Super Time" rubro-negro, com três jogadores da Seleção Brasileira e um da Seleção Argentina, fez sua estreia no Ginásio do Tijuca Tênis Clube em 26 de maio de 1984, com uma vitória por 107 x 86 sobre a Seleção do México (23 pontos de Marcelo Vido, 22 de Marquinhos, e 10 de Nilo e de Filloy, tendo o superquarteto marcado 65 dos 107 pontos rubro-negros).


A cara equipe rubro-negra tomou um susto ao ser derrotada na Taça Rio (torneio prévio ao Estadual) por 78 x 74 pelo Vasco, onde se destacava o dominicano Evaristo Pérez. Mas após esta derrota, somou-se uma peça a mais ao elenco com "padrão Seleção Brasileira", tendo regressado ao clube o armador Carioquinha, para sua segunda passagem vestindo vermelho e preto. Com seu "Quinteto de Ouro", o Flamengo foi dominante, sendo o Campeão Carioca de 84. Logo na estreia, imponentes 129 x 33 sobre o Verolme, de Angra dos Reis. Depois, 96 x 75 no Mackenzie, e vitórias fáceis sobre Jequiá, Barra Tênis, Volta Redonda, América e Olaria. Voltou a ser derrotado pelo Vasco por 79 x 74, que desta vez tinha dois e não um jogadores dominicanos: Hugo Cabrera e Evaristo Pérez. Ainda venceu ao Fluminense (80 x 71), onde estava jogando o norte-americano ex-rubro-negro George Thompson, e ao Botafogo (88 x 51). No returno, o time rubro-negro se vingou do rival cruzmaltino: vencia por imponentes 74 x 53 no Ginásio do Tijuca, quando o jogo teve de ser paralisado por uma grande confusão entre torcedores nas arquibancadas (foi encerrada a partida e mantido o placar). Mas já era o indício do quão forte estava para ser o campeão. Os dois rivais chegaram à final, como era o esperado, na qual os vascaínos não se entregaram facilmente. No primeiro jogo da decisão, a dupla de dominicanos Cabrera e Pérez levou vantagem, e o Vasco venceu. No segundo jogo da melhor de três, que era um "tudo ou nada", Filloy e Paulão brilharam no Ginásio do Tijuca e o Flamengo venceu por 79 x 70. Na partida decisiva, valendo o título, o time rubro-negro se impôs mais uma vez, fazendo 86 x 76 para levantar o troféu.

Porém, sem conseguir atrair grandes públicos mesmo com as campanhas que levaram ao título estadual e ao vice-campeonato nacional, suficientes para financiar aos supersalários, o investimento precisou ser reduzido nas temporadas seguintes. Mas ainda assim os times foram fortes o suficiente para conquistar o Campeonato Carioca, e uma decisão fundamental para a conquista destes títulos foi a contratação do então técnico do Vasco, Emmanuel Bonfim, que foi certamente o melhor treinador de basquete do Rio de Janeiro nos Anos 1980.

Todo este investimento levou ao Tricampeonato Carioca em 1984-85-86:


1984 - Campeão Carioca e Vice-campeão da Taça Brasil
Time: Nilo Guimarães, Carioquinha, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla
Téc: Marcus Vasconcellos (Pingo)
Banco: Bigu, Pedrinho Ferrer, Almir Gerônimo, Carlão Ostermann e Paulão Abdalla


1985 - Bi-campeão Carioca
Time: Raul, Almir Gerônimo, Pedrinho Ferrer, Germán Filloy e Evandro
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Alexandre Cruxen e Mané


1986 - Tri-campeão Carioca
Time: João Baptista, Pai Negro, Vinicio Muñoz, Victor Chacón e Édson Campelo
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Pedrinho Ferrer e Pelé


No ano seguinte, do quinteto estrelado de 1984 saíram Carioquinha, Nilo Guimarães e Marcelo Vido, estes três de volta ao basquete paulista, e o pivô Marquinhos, contratado pelo projeto montado pelo Banco Bradesco visando criar uma nova potência no basquete do Rio de Janeiro. Para repor suas saídas, foram contratados, também ao basquete paulista, o armador Raul Togni Filho (pai de Raulzinho, o Raul Togni Neto, que décadas depois jogaria na NBA) e o pivô Evandro Saraiva. No jogo mais aguardado do início do Carioca de 85, o Flamengo não teve dificuldade para fazer 88 x 60 sobre o Bradesco. Sem dificuldade, garantiu o título do 1º turno na última rodada com uma vitória de 79 x 58 sobre o Vasco, em partida disputada no Ginásio de Caio Martins, em Niterói. No 2º turno, o Botafogo, com o norte-americano George Thompson, foi quem mais deu trabalho, mas o Flamengo venceu por 87 x 84 na penúltima rodada. O jogo derradeiro era contra o Bradesco, e se vencesse, o time conquistaria também ao 2º turno e se consagraria automaticamente campeão. No Ginásio do Tijuca Tênis Clube, o Flamengo venceu por 108 x 90, sagrando-se Bi-campeão Carioca.

Campanha rubro-negra no Título Invicto de 1985: 73 x 49 Olaria / 82 x 67 Botafogo / 25 x 15 Verolme (jogo interrompido antes do fim) / 88 x 60 Bradesco / 78 x 58 Jequiá / 69 x 35 Fluminense / 100 x 51 América / 79 x 58 Vasco / 112 x 66 Jequiá / 90 x 56 Olaria / 78 x 63 América / 104 x 64 Fluminense / 91 x 55 Vasco / 87 x 84 Botafogo / 108 x 90 Bradesco

Para o Campeonato Carioca de 1986, o investimento voltou a ser reduzido frente ao ano anterior. Ainda assim, o Flamengo conseguiu conquistar o tri-campeonato. A dominância se fez logo na largada, com vitórias sobre Canto do Rio (90 x 40), Tijuca Tênis Clube (75 x 41), Fluminense (96 x 48), Olaria (92 x 45), Vasco (77 x 68), América (80 x 70), e por fim superando ao Botafogo, do técnico Alberto Bial, do raçudo Lelo, e do veterano norte-americano George Thompson, no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, com vitória por 71 x 60. O título foi então decidido num pentagonal final entre Flamengo, Botafogo, Vasco, América e Olaria.

O Flamengo poderia ter sido campeão com uma rodada de antecipação, mas foi derrotado pelo Vasco, que com isso impediu que o título rubro-negro fosse invicto. Na partida derradeira, que decidiu o título e deu o tri-campeonato ao Flamengo, a vitória foi sobre o Botafogo por inapeláveis 100 x 61. O pentagonal final terminou com Flamengo, América e Vasco empatados com três vitórias, mas tendo o time rubro-negro um saldo de cestas positivo de +95 pontos, contra +17 do América (que terminou vice-campeão) e +7 do Vasco.


Em 1987, o Flamengo perdeu Muñoz para o Vasco, e para repor sua saída contratou ao jogador com maior salário do basquete brasileiro de então, o norte-americano Rocky Smith, do Corinthians. O time rubro-negro era treinado por Emmanuel Bonfim, e tinha a João Baptista, Pai Negro, Rocky Smith, Alexandre Cruxem e Victor Chacón. No 1º turno, a vitória no clássico das duas maiores forças do campeonato foi rubro-negra, por 95 x 89, e na prorrogação, após um empate por 80 x 80 no tempo normal. No 2º turno, a vitória foi vascaína: 104 x 100. Uma disputa acirradíssima! Como era esperado, a equipe rubro-negra chegou à final contra os cruzmaltinos, como era a expectativa de todos. Na reta final, porém decidiu dispensar a Pai Negro e ficar com Boletinha em seu time titular. Foi uma final eletrizante contra o Vasco, do técnico Bira Belo, e que tinha como quinteto titular a Sartori, Héctor Vinício Muñoz, Brasília, Carlão Ostermann e Evaristo Pérez.

O Flamengo venceu a primeira partida por 107 x 96, mas perdeu as duas seguintes, por 82 x 80 e 75 x 74, e assim, viu seu sonho do tetracampeonato se esfarelar, de maneira dramática e sensacional, ponto a ponto nos segundos finais. Na partida derradeira, o Flamengo perdeu a seu principal jogador, o norte-americano Rocky Smith, logo no 1º tempo por lesão. Desestabilizado, o time rubro-negro ficou 21 pontos atrás no marcador já no 2º tempo. Mas se recuperou e diminuiu a diferença para apenas três pontos quando o cronômetro entrou no minuto final. Faltando três segundos, diminuiu a diferença para apenas 1 ponto. Mas o Vasco não vacilou nesta última posse de bola e garantiu o seu título, impedindo o milagre da virada e o tetra rubro-negro.


Primeira aspiração de voltar à ponta nacional

O objetivo da grande equipe montada pelo basquete do Flamengo em 1984 era o de conquistar à Taça Brasil daquela temporada. O quinteto contratado a "peso de ouro" reunia aos três jogadores de perímetro que haviam sido campeões da Taça Brasil de 1981 com o Tênis Clube São José - Nilo, Carioquinha e Marcelo Vido - mais os dois jogadores de garrafão que haviam sido campeões da edição anterior, a Taça Brasil de 1983, com o Sírio - o argentino Filloy e Marquinhos Abdalla -. Para conseguir este objetivo, foi mantido o quinteto titular que havia sido vice-campeão carioca de 83, juntando assim no mesmo elenco os pivôs Marquinhos e Paulão, irmãos que não jogavam juntos com a mesma camiseta desde que tinham surgido no Fluminense penta-campeão carioca do início dos Anos 1970. As aspirações rubro-negras eram grandes! Talvez tenha faltado, para cumprir a meta, a contratação de um treinador mais renomado do basquete paulista. Ao invés disto, foi mantido no cargo Pingo, o "treinador caseiro" que vinha comandando à equipe rubro-negra nos anos anteriores.

O elenco rubro-negro naquela Taça Brasil tinha a Nilo com a camisa 4, Pedrinho com a 5, Paulão com a 6, Carioquinha com a 7, Almir com a 8, Marquinhos com a 9, Marcelo Vido com a 10, Mauro com a 11, Carlão com a 12, Bigu com a 13, Filloy com a 14 e Tocantins com a 15.

A primeira vez que um título nacional rubro-negro "bateu no aro" tinha sido em 1977, quando o time perdeu o jogo decisivo por 66 x 62 para o Palmeiras, de Oscar, Ubiratan e Carioquinha. Depois de se sagrar Campeão Carioca de 84, título consumado em dezembro daquele ano, o elenco rubro-negro iniciou a luta pelo título nacional da temporada 1984/85 jogando a 1ª Fase no começo de março de 85 em Jundiaí, no interior de São Paulo. Após vencer ao Minas Tênis Clube e, por enorme vantagem, ao Economiários, de Brasília, já garantiu a classificação à 2ª fase. O time então decidiu o primeiro lugar contra o forte Monte Líbano - que era o então detentor do título de Campeão Paulista -. Seu quinteto contratado a peso de ouro correspondeu, com uma imponente vitória. Terminou o primeiro tempo com 8 pontos de vantagem (55 x 47), viu os paulistas apertarem o jogo e diminuírem a vantagem ao longo do 2º tempo, mas no fim asseguraram a vitória por 89 x 85.

Na semana seguinte a equipe viajou de Jundiaí para Limeira para jogar o quadrangular semi-final que assegurava duas vagas na fase decisiva que valeria o título. Conseguiu duas vitórias tranquilas, por 86 x 69 sobre o Jóquei Clube, de Goiás, e por 104 x 79 sobre o Ginástico, de Minas Gerais, assegurando assim a sua participação na fase final, na qual aspirava ser o campeão brasileiro. A última partida nesta fase foi contra o Corinthians, do técnico Mical, que tinha um grande time, com o argentino Esteban Camissasa, o norte-americano Rocky Smith, além de Adílson Nascimento e Gílson Trindade. O alvi-negro paulista também havia superado os outros dois adversários com grande facilidade - até maior do que a rubro-negra, já que ficou com saldo de cestas +66 nos dois duelos, contra os +42 do Flamengo - e também estava assegurado na decisão. Para este confronto, o Flamengo jogou desfalcado do argentino Filloy, por causa de uma infecção na garganta. No jogo, os paulistas já se impuseram logo no primeiro tempo, no qual terminaram a frente por 45 x 40. E a diferença no segundo tempo aumentou um pouco mais, terminando com a vitória paulistana por 97 x 89. No outro grupo os quatro que disputaram eram todos paulistas - Monte Líbano, Sírio, Franca e Palmeiras - assim a luta pelo título nacional seria contra três potências do basquete de São Paulo no Ginásio do Ibirapuera, e todos clubes da capital: Monte Líbano, Corinthians e Sírio, campeão nacional no ano anterior (quando tinham aos agora rubro-negros Filloy e Marquinhos). Portanto, dos quatro participantes da Fase Final, só o Flamengo não jogava em casa.


Embora a missão fosse dificílima, era a maior chance que o Flamengo já havia tido até então de conquistar ao título máximo do basquete brasileiro. Porém, logo na sua estreia no quadrangular final, as chances de efetivamente se tornar o campeão deram sinais de naufrágio. Em 15 de março de 1985, o Monte Líbano atropelou ao time rubro-negro, vencendo-o por 107 x 83. O forte quinteto que já havia sido o campeão paulista e viria a ser o campeão brasileiro dois dias depois jogava com Maury, Cadum, Marcel, Pipoka e Israel. No outro jogo da 1ª rodada, o Corinthians superou ao Sírio por 80 x 71.

No dia seguinte, a aguerrida equipe rubro-negra conseguiu se manter viva na competição ao bater ao Corinthians, de Rocky Smith, por apenas um ponto de vantagem, vencendo por 99 x 98. Chances matemáticas, assim, ainda haviam, mas eram virtualmente impossíveis, sobretudo dado que no outro jogo da rodada o Monte Líbano atropelou ao Sírio, vencendo por 102 x 66. O fato é que a vitória rubro-negro tirou do Corinthians a oportunidade de decidir o título contra o Monte Líbano numa finalíssima na noite seguinte pela última rodada!

A vantagem no saldo de cestas do Monte Líbano era enorme. Assim, pouca diferença fez na luta pelo título que o Flamengo tenha - com autoridade - vencido ao Sírio, de Fausto Giannechini, Paulinho Villas-Boas e Sílvio Malvesi, no jogo de abertura da rodada derradeira. Bateu-o por 92 x 86, chegando a duas vitórias. Na rodada final, se o Corinthians vencesse ao Monte Líbano, causaria um tríplice empate com duas vitórias. Já o time azul do bairro paulista Jardim Lusitânia - com sede na Avenida República do Líbano - bastava vencer para assegurar o título, e com esta vitória o Flamengo asseguraria o vice-campeonato (se o Corinthians vencesse, terminaria em terceiro). O jogo terminou empatado no tempo normal, mas após a prorrogação o Monte Líbano venceu por 93 x 91, e foi o campeão.


No dia seguinte após o término da Taça Brasil, a edição de 20 de março de 85 do Jornal dos Sports trazia em primeira página: "Fla acaba com basquete e cria crise". E na página 2 detalhava: "O Flamengo vai desfazer sua equipe principal de basquete masculino, vice-campeã da Taça Brasil (...) Isidoro Danon, vice-presidente de esportes amadores, pediu demissão em caráter irrevogável, alegando que o vice de finanças, Joel Tepet, e o de relações externas, Michel Assef, a quem chamou de "cretinos e nojentos, que querem tomar o poder do clube", vinham fazendo uma série de ingerências no basquete. (...) O presidente George Helal disse que as propostas que o clube apresentaria aos jogadores teriam que ser revistas". Uma semana depois a decisão de acabar com a equipe foi revista, mas foi mantido o corte de investimentos: o único jogador que ainda tinha contrato a cumprir era o argentino Filloy, e foi o único dentre os que eram titulares a ter permanecido para a temporada 1985/86.


1984/85 - Vice-campeão da Taça Brasil
Time: Nilo Guimarães, Carioquinha, Marcelo Vido, Germán Filloy e Marquinhos Abdalla
Téc: Marcus Vasconcellos (Pingo)
Banco: Bigu, Pedrinho Ferrer, Almir Gerônimo, Carlão Ostermann e Paulão Abdalla


Depois de se sagrar novamente campeão carioca em 1985, com uma equipe que havia recebido aos reforços do armador Raul Togni e do ala-pivô Evandro, o time foi ainda mais reforçado para a disputa da Taça Brasil, para voltar a fazer um bom papel. O principal reforço rubro-negro foi o pivô Victor Chacón, de 2,07m e da Seleção da República Dominicana.

Tanto na 1ª Fase quanto na 2ª Fase a equipe atuou na cidade de Guaratinguetá, no interior de São Paulo, relativamente próxima à divisa com o estado do Rio. Nos dois primeiros jogos, sem dificuldades, a equipe superou com larga margem no placar às equipes do Economiários, de Brasília, e do Clube do Remo, de Belém do Pará. Já classificada, enfrentou ao fortíssimo time do Sírio na decisão do primeiro lugar do grupo, equipe onde se destacavam o ala Paulinho Villas-Boas e o pivô Rolando Ferreira. Perdeu por apenas um ponto - 98 x 99 - o que deu esperanças ao torcedor de poder jogar em igualdade de condições contra as maiores forças do basquete paulista.

O grupo na fase na qual os dois primeiros colocados avançavam ao quadrangular final era bastante difícil, tendo pela frente às fortes equipes paulistas da Francana e do Corinthians, além do Corinthians de Santa Cruz do Sul, do Rio Grande do Sul. Na estreia, a equipe rubro-negra fez jogo duro, mas perdeu para a equipe de Franca: 78 x 81. No segundo jogo, passou sem dificuldades pelo Corinthians Gaúcho por 111 x 64. Definiu então na última rodada as suas possibilidades de estar mais uma vez presente na Fase Final, mas acabou derrotado pelo Corinthians Paulista num duelo mais uma vez muito acirrado: 71 x 74. O forte time alvi-negro, treinado por Cláudio Mortari, era formado por Eduardo Agra, Camissasa, Rocky Smith, Adílson Nascimento e Gérson Victalino.

O quadrangular final acabou sendo todo ele paulista, entre Monte Líbano, Sírio, Francana e Corinthians. Apesar da redução de investimento na temporada 1985/86 frente à temporada anterior (1984/85) na qual fora o vice-campeão nacional, o grupo rubro-negro ainda fez um bom papel. Em muito pelo excelente trabalho do seu treinador Emmanuel Bonfim, contratado antes do Carioca de 85 junto ao Vasco.


1985/86 - 5º lugar na Taça Brasil
Time: Raul, Almir Gerônimo, Alexandre Cruxem, Germán Filloy e Victor Chacón
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: João Baptista, Pai Negro, Pedrinho Ferrer e Evandro


Da temporada 1985/86 para a de 1986/87, o investimento do basquete rubro-negro voltou a cair. Para manter a competitividade da equipe, a diretoria buscou importar outro grande nome da Seleção da República Dominicana: Héctor Vinicio Muñoz. E com ele, o time teve um bom desempenho, ainda que não tenha voltado a obter a classificação para o quadrangular final.

Na 1ª Fase da Taça Brasil, disputada em novembro de 1986, o time rubro-negro jogou em casa, com todas as suas partidas tendo sido disputadas no Ginásio Hélio Maurício, na Gávea. A equipe, assim como nos anos anteriores, não teve dificuldade para superar seus adversários nas duas primeiras partidas, vencendo ao Círculo Militar, do Ceará, por 91 x 41, e ao Grêmio Náutico União, do Rio Grande do Sul, por 81 x 57. Com estas duas vitórias, assegurou sua presença na 2ª Fase. Na última partida, na decisão do vencedor do grupo, assim como na temporada anterior, voltou a ser derrotado pelo Corinthians, do técnico Cláudio Mortari, que venceu por 96 x 80. Nesta partida, pela equipe alvi-negra pontuaram entre os titulares: Eduardo Agra (15), Marcel de Souza (17), o norte-americano Rocky Smith (21), e sua dupla de pivôs estrangeiros formada pelo dominicano Evaristo Pérez (6) e pelo panamenho Mário Butler (28), tendo assim 87 de seus 96 pontos sido convertidos por seu quinteto titular. Do banco, pontuaram: Miguel (2), Wálter Roese (2) e Gérson Victalino (5). Pela equipe rubro-negra, entre os jogadores brasileiros, pontuaram: João Baptista (8), Pai Negro (5), Pelé (8) e o pivô Édson Campelo (18). Logo, sem sua dupla de importados da República Dominicana, o time fez apenas 39 pontos. Só se manteve no jogo graças à dupla de dominicanos, que somaram 41 pontos - Vinício Muñoz (21) e Victor Chacón (20) - mais portanto do que todos os brasileiros rubro-negros juntos.


Na 2ª Fase, a divisão de grupos deixou a missão bastante ingrata para a equipe rubro-negra, que caiu num grupo reunindo Monte Líbano e Sírio, equipes que haviam dividido os títulos das quatro edições anteriores do torneio, três conquistados pela primeira e um pela segunda. Mas a missão no outro grupo tampouco era fácil, pois lá estavam Corinthians e Francana. O grupo foi disputado em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, e antes de seu início, o técnico Emmanuel Bonfim já demonstrava realismo: "estou numa expectativa muito grande para o jogo contra o Sírio, marcado para a segunda rodada, contra quem acredito que o Flamengo decidirá a segunda vaga, já que a primeira dificilmente se poderá tirar do Monte Líbano".

A estreia rubro-negra era justamente contra este adversário mais temido, com seu poderoso quinteto titular formado por Maury, Cadum, André Stoffel, Pipoka e Israel. O time rubro-negro fez um jogo duro, mas em nenhum momento realmente ameaçou e teve chances de vencer, perdendo por 80 x 90. Na segunda partida, contra o Sírio de Paulinho Villas-Boas, Luís Felipe Azevedo e Marquinhos Abdalla, o time mais uma vez endureceu, mas não venceu, perdendo por 95 x 89. Já sem chances de ir à Fase Final, venceu ao Minas Tênis Clube na última partida por 79 x 65. O título nacional foi mais uma vez decidido com um quadrangular todo ele paulista jogado no Ginásio do Ibirapuera, entre Monte Líbano, Sírio, Francana e Corinthians, os quatro clubes que claramente dominaram o basquete brasileiro nos Anos 1980. O Monte Líbano acabou conquistando seu quarto título nacional naquela temporada, o seu terceiro consecutivo.


1986/87 - 5º lugar na Taça Brasil
Time: João Baptista, Pai Negro, Vinício Muñoz, Victor Chacón e Édson Campelo
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Pedrinho Ferrer, Pelé e Marcão

Campanha: 91 x 41 Círculo Militar (CE) / 81 x 57 Grêmio Náutico União (RS) / 80 x 96 Corinthians (SP) / 80 x 90 Monte Líbano (SP) / 85 x 89 Sírio (SP) / 79 x 65 Minas Tênis Clube (MG)


Em 10 de junho de 1987 o Ginásio Hélio Maurício, na Gávea, lotou para a apresentação do grande reforço contratado pelo Flamengo, o norte-americano Rocky Smith, que chegava ao clube após várias temporadas vestindo a camisa do Corinthians, e era o jogador que então detinha o maior salário no basquete brasileiro. Entretanto, o principal reforço para a temporada 1987/88 se machucou no último jogo da final do Carioca de 87, no qual o time rubro-negro perdeu o título para o Vasco e não pôde jogar a Taça Brasil, disputada em janeiro de 1988.

Depois da 1ª Fase, na qual não teve mais uma vez qualquer dificuldade para se classificar e avançar, após uma discussão entre Pedrinho e o técnico Emmanuel Bonfim durante um treino, foi decidida pela saída do jogador, que encerrava assim um ciclo de 20 anos vestindo a camisa rubro-negra, ininterruptamente desde fins dos Anos 1960, quando despontou com a equipe campeão da Taça Gerval Boscoli de 1969.


A 1ª Fase foi disputada no Ginásio Hélio Maurício, na Gávea. Na primeira partida, o time não teve dificuldades para vencer ao Paysandu, de Belém do Pará. Na partida seguinte, venceu ao Fluminense por 99 x 79, e na última rodada perdeu para o Monte Líbano por inapeláveis 104 x 60, avançando à fase seguinte.

Na 2ª Fase, disputada novamente no Rio de Janeiro, desta vez no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, uma vez que o Monte Líbano estava novamente no grupo rubro-negro, a segunda vaga para o quadrangular final seria disputada entre os rivais Flamengo e Vasco, dado que o quarto participante, a também carioca AABB da Tijuca, deveria ser presa fácil para os demais. Logo no primeiro jogo, como era esperada, uma nova derrota rubro-negra para os paulistas: 47 x 64. Na segunda partida, fazendo valer seu favoritismo, o Flamengo venceu à AABB Tijuca por 88 x 68. Decidiu a classificação então contra o rival Vasco, onde jogavam os dominicanos Vinício Muñoz e Evaristo Pérez, que tinham sido seus algozes na final do Estadual. Pelo apelo à presença de torcida, a partida foi disputada no Maracanãzinho. Os vascaínos voltaram a conseguir a vitória, desta vez por 62 x 57, com o time rubro-negro, assim, não obtendo a sua classificação para o quadrangular final, disputado entre Monte Líbano, Sírio, Rio Claro e Vasco. Se Rocky Smith não tivesse se lesionado e ficado de fora da Taça Brasil, talvez o Flamengo tivesse tido melhor sorte na competição.
 

1987/88 - 6º lugar na Taça Brasil
Time: João Baptista, Boletinha, Alexandre Cruxem, Victor Chacón e Édson Campelo
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: Alberto, Pedrinho Ferrer, Lelo e Gema

Campanha: 97 x 79 Paysandu (PA) / 99 x 79 Fluminense (RJ) / 60 x 104 Monte Líbano (SP) / 47 x 64 Monte Líbano (SP) / 88 x 68 AABB Tijuca (RJ) / 57 x 62 Vasco (RJ)


O Flamengo não desistiria de engrandecer seu projeto de basquete, e para a temporada 1988/89 voltou a montar um "Super Time" contratando boa parte dos jogadores do tetra-campeão nacional Monte Líbano, que, por razões financeiras, repentinamente desfez seus investimentos no basquete, apesar do sucesso de seu projeto. Mas apesar do ousado investimento rubro-negro, aquele viria a ser um time que não ganhou nada, ainda que tenha ficado próximo de mais uma conquista nacional, terminando à Taça Brasil seguinte em 3º lugar.


1988/89: O Time que Não Ganhou

O Flamengo estava disposto a conquistar o título nacional de basquete. Em 1977, na primeira oportunidade na qual conseguiu chegar à final da Taça Brasil, o time treinado por Waldyr Boccardo, que tinha a Peixotinho, Pedrinho, Zezé, George Thompson e Paulão Abdalla, perdeu a final para o Palmeiras por apenas quatro pontos de diferença. Na temporada 1984/85, montou um "super quinteto", com Nilo, Carioquinha, Marcelo Vido, Filloy e Marquinhos Abdalla, e voltou a ser vice-campeão brasileiro, tendo o time do técnico Marcus Pingo caído perante o Monte Líbano, desta vez com uma derrota mais avassaladora, por vinte e quatro pontos de diferença. Apesar deste "quase-quase", o basquete do clube seguia aspirando dar um grande salto a nível nacional.

Depois de ter sido derrotado pelo Vasco na final do Carioca de 87 e de haver terminado em 6º lugar na Taça Brasil no início de 1988, o basquete rubro-negro decidiu não renovar aos contratos de sua principal estrela, o norte-americano Rocky Smith (que passou a defender ao Nosso Clube de Limeira na temporada 1988/89) e de seu outro importado, o dominicano Victor Chacón. Mas já a partir do Carioca de 88 começou a aspirar ao grande salto a nível nacional.

O bombástico anúncio do novo "Super Time" de basquete do Flamengo aconteceu em 24 de agosto de 1988. De uma só vez o Flamengo contratava a cinco jogadores da Seleção Brasileira, o quinteto titular detentor do título de campeão brasileiro da temporada 1987/88, que poucos meses antes conquistara a Taça Brasil com a camisa do Monte Líbano: Maury de Souza, Cadum Guimarães, Paulinho Villas-Boas, Pipoka e Gérson Victalino. Foi um alvoroço! Os cinco, enquanto ainda treinavam com a Seleção Brasileira em Poços de Caldas para a disputa dos Jogos Olímpicos de Seul, foram acusados de mercenários em muitos meios de comunicação e o Monte Líbano, indignado com as cinco contratações fechadas em menos de 24h, bradava o absurdo da falta de regras de transferências da CBB. O Flamengo também no basquete estava sendo Flamengo, levando a uma choradeira desproporcional e incabível de seus rivais, mesmo aqueles que eram economicamente mais fortes.



Incialmente o projeto foi fechar com todo o quinteto campeão nacional de 1987 com o Monte Líbano, mas um mês após o anúncio oficial, Pipoka e Gérson Victalino acabaram não aportando na Gávea naquele momento, depois de terem sido apresentados junto a Maury, Cadum e Paulinho Villas-Boas e a ter vestido a camisa rubro-negra, mas sem que tenham entrado em quadra. O primeiro, depois das Olimpíadas mudou de ideia e decidiu continuar no Monte Líbano, e o segundo acabou anunciando logo após a disputa dos Jogos Olímpicos que havia aceitado uma proposta do Manresa para jogar o Campeonato Espanhol, e que assim não seguiria para a Gávea. Com as duas desistências, o Flamengo negociou os retornos do argentino Germán Filloy e do dominicano Victor Chacón para suprir suas saídas. Mas após semanas seguidas de especulação, eles também não aportaram no clube para a disputa do Campeonato Carioca.

Apresentação: Pipoka, Maury, Cadum, Gérson e Paulinho Villas-Boas


No Carioca de 1988 o time titular rubro-negro era Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, Gema e Édson Campelo, além de ter no banco a Bigu, Sartori e Carlão. O técnico desta equipe era Eduzinho. O título do Estadual ficou com o Fluminense, comandado dentro de quadra pelos norte-americanos Edwin Davis e Christopher Lee Winans, tendo vencido duas vezes ao time rubro-negro, no turno por 79 x 71 e no returno por 106 x 92. O diagnóstico na Gávea foi que a perda do título carioca se deu por dois motivos: a falta de dois pivôs mais pesados e a ausência de um técnico mais experiente. O Flamengo já deveria ter aprendido a lição com o "Super Time" da Taça Brasil de 1984/85, que tinha um quinteto de primeira linha a nível nacional e um treinador caseiro. Pois bem, a diretoria então arregaçou às mangas e foi suprir estas necessidades.

Em 4 de janeiro de 1989 o Flamengo apresentava o novo treinador de seu time de basquete: Zé Boquinha, técnico campeão paulista de 1987 com o Clube de Campo de Rio Claro, naquela que foi a conquista do primeiro título da história do basquete da cidade do interior de São Paulo, que viria a ter uma forte equipe nos Anos 1990, tendo dividido a hegemonia do basquete brasileiro ao lado de Franca no início daquela década, quando foi campeã nacional.

O grande reforço que Zé Boquinha desejava era o norte-americano Morgan Taylor, do Rio Claro, que havia sido o grande destaque da equipe que o treinador comandou ao título paulista. Mas a intenção da diretoria era de dar mais foco nas contratações de jogadores para trabalhar dentro do garrafão. Após semanas de muita especulação em torno da chegada de uma dupla de jogadores do Atenas de Córdoba, da Argentina, o ala-pivô e ex-jogador rubro-negro Germán Filloy, e o norte-americano Donaldson (fato que não se consumou) foram contratados três estrangeiros para o garrafão: os norte-americanos Eddie Smith e o grandalhão John Flowers, e o dominicano Victor Chacón, que após meses de muita especulação, enfim retornava à Gávea. Com este forte time, o Flamengo sonhava enfim ser, pela primeira vez, campeão da Taça Brasil.


1988/89 - 3º lugar na Taça Brasil
Time: Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, Eddie Smith e John Flowers
Téc: Zé Boquinha
Banco: Alberto, Bigu, Carlão Ostermann, Gema e Victor Chacón

Campanha: 131 x 57 Unicap (PE) / 110 x 81 Sogipa (RS) / 88 x 67 Tênis Clube de Campinas (SP) / 89 x 94 Rio Claro (SP) / 95 x 72 Tênis Clube de Campinas (SP) / 76 x 70 Corinthians (SP) / 96 x 64 Vasco (RJ) / 90 x 88 Pirelli (SP) / 111 x 91 Rio Claro (SP) / 103 x 106 Ravelli Franca (SP) / 92 x 78 Monte Líbano (SP) / 122 x 106 Pirelli (SP) / 92 x 78 Rio Claro (SP) / 107 x 108 Sírio (SP)


A Taça Brasil da temporada 1988/89 aumentou de tamanho, seriam 20 clubes divididos em quatro grupos de cinco na 1ª Fase, com os três primeiros de cada grupo avançando à 2ª Fase, na qual seriam divididos em dois grupos de seis clubes, com novamente três avançando para a disputa do título num Hexagonal Final. Na 1ª Fase, o Flamengo foi anfitrião do grupo, jogado no Ginásio do Tijuca Tênis Clube. O time rubro-negro atropelou à Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) na sua estreia, vencendo por 131 x 57. Na segunda rodada venceu à Sogipa, do Rio Grande do Sul, novamente com facilidade, fazendo 110 x 81. Com estes dois resultados praticamente se garantiu matematicamente na fase seguinte, o que veio em definitivo com a vitória na penúltima rodada por 88 x 67 sobre o Tênis Clube de Campinas. Na última rodada, despediu-se com derrota, caindo por 89 x 94 para o Clube de Campo de Rio Claro, numa partida encerrada a três minutos do fim pela tabela ter sido quebrada após uma enterrada.


Na 2ª Fase, que classificava três clubes à Fase Final, o time jogou novamente em casa, no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro. Largou com uma vitória tranquila na primeira rodada, voltando a superar ao Tênis Clube de Campinas, desta vez por 95 x 72. Depois de passar pelo Corinthians na segunda rodada, na terceira o Flamengo garantiu matematicamente a sua classificação com uma vitória tranquila sobre o Vasco por 96 x 64. No quarto jogo enfrentou à Pirelli, e tomou um susto, estando vencendo por 88 x 79 a três minutos do fim, e vendo os paulistas reagirem, mas ainda assim garantindo uma suada vitória por 90 x 88. Depois, em tarde inspirada de Paulinho Villas-Boas, que marcou 31 pontos, o time passou pelo Clube de Campo, de Rio Claro, seu algoz na 1ª Fase, vencendo por vinte pontos: 111 x 91. Com uma imponente campanha com cinco vitórias na 2ª Fase, avançou ao Hexagonal Final, a ser disputado no Ginásio Pedrocão, em Franca, com o Flamengo enfrentando cinco paulistas na luta pelo título tão sonhado.


Na estreia, enfrentou logo à Ravelli/Franca, treinada por Hélio Rubens e que tinha a Guerrinha, Fernando Minucci, Fausto Ginannechini, Paulão Berger, o norte-americano Patrick Reynolds e o uruguaio Horacio "Tato" López. Numa partida acirradíssima, Franca venceu por 106 x 103. Nos outros jogos, Sírio e Rio Claro também venceram.

Na segunda rodada o Flamengo enfrentou ao Monte Líbano, treinado por Edvar Simões e que tinha Wálter Roese, André Stoffel e Pipoka, além de dois dominicanos, o ala Wilfredo "Fefo" Ruiz e o pivô Evaristo Pérez. Com grande atuação o quinteto rubro-negro se impôs majestosamente, vencendo por 92 x 78. O anfitrião Franca perdeu por 106 x 101 para o Sírio, e o Rio Claro foi derrotado pela Pirelli. Assim, a disputa ficou toda embolada, com somente o Sírio tendo 2 vitórias, seguido por Franca, Flamengo, Rio Claro e Pirelli com 1 vitória cada um. Só o tetra-campeão das quatro edições de Taça Brasil anteriores, o Monte Líbano, não havia vencido.

Na terceira rodada, o duelo rubro-negro era contra o time da Pirelli, treinado por Cláudio Mortari e que tinha a Nilo Guimarães, Marcelo Vido, Gílson Trindade e Sílvio Malvesi. Com uma atuação maiúscula, o time obteve uma vitória retumbante por 122 x 106. Na rodada, o líder Sírio perdeu para o Rio Claro, embolando ainda mais a disputa. O Franca venceu ao Mote Líbano. Assim, Sírio, Franca e Flamengo dividiam a primeira posição com 2 vitórias cada um. Rio Claro e Pirelli tinham uma cada.

Na quarta rodada, o time do Flamengo decidiu sua sobrevivência contra o Clube de Campo. A equipe de Rio Claro, velha conhecida do treinador rubro-negro Zé Boquinha, era treinada por Zé Medalha e tinha a Zanon, Almir Gerônimo e ao norte-americano Morgan Taylor. Com tranquilidade, o Flamengo venceu por 92 x 78. Porém, Franca e Sírio também venceram na rodada, e assim chegavam ao último dia de confrontos empatados com 3 vitórias cada um. Para que o Flamengo fosse o campeão, ele precisava vencer ao Sírio no último jogo e torcer para que Franca fosse derrotada pelo Rio Claro. Num empate entre flamenguistas e francanos, a vantagem era do time do interior paulista por ter vencido ao confronto direto, o primeiro critério de desempate. Assim, a Ravelli/Franca seria a campeã se vencesse seu jogo e se o Flamengo derrotasse ao Sírio, que era o único a depender exclusivamente de si para ser o campeão, pois já vencera aos francanos e enfrentava os rubro-negros na última rodada.

O Flamengo, quando entrou em quadra no Pedrocão pela quinta e última rodada do Hexagonal Final, já sabia que não poderia vir a ser o campeão, pois na partida anterior o Franca venceu ao Rio Claro por inapeláveis 112 x 93. O time rubro-negro jogava para ser o vice-campeão, contra uma equipe que vencendo se consagrava a campeã nacional. Foi um jogo acirradíssimo, decidido nos últimos segundos, e com muita reclamação da arbitragem e do time local por uma paralisação de cronômetro pela mesa de arbitragem, já no último minuto, numa reposição de bola no qual a regra dizia que o cronômetro não deveria ser paralisado. Com segundos a mais para fazer o último ataque, o Sírio converteu a cesta que lhe deu a vitória por 108 x 107, frustrando as arquibancadas lotadas do Ginásio Pedrocão que, por motivos óbvios, torcia efusivamente por uma vitória do Flamengo. Mas no fim, o time do Sírio, treinado por Dódi e jogando com os norte-americanos Ernest Patterson e Vic Enning, além de Chuí, Luís Felipe Azevedo e o veterano Marquinhos Abdalla, sagrou-se campeão nacional naquela tarde.

Logo após o fim da Taça Brasil, ainda no local ainda havia sido jogada a Fase Final da Taça Brasil, o elenco do Flamengo teve sua primeira baixa, tendo sido anunciado que o principal pontuador do time, Paulinho Villas-Boas, havia assinado contrato com a Ravelli/Franca para a disputa do Campeonato Paulista de 89. Pouco dias depois foi anunciada também a saída de Cadum, e a dispensa do norte-americano John Flowers.

Para a disputa do Carioca de 1989, o técnico continuou sendo Zé Boquinha, e como principal reforço foi contratado Morgan Taylor, seu principal jogador quando foi campeão paulista com o Rio Claro. Renovaram Maury, o norte-americano Eddie Smith e o dominicano Victor Chacón. Outro nome contratado foi o veterano armador Carioquinha, já com 38 anos, e que já havia passado duas vezes pela Gávea, em 1979 e na temporada 1984/85.

O quinteto titular do Flamengo durante o Estadual foi formado por Maury, Alberto, Morgan Taylor, Eddie Smith e Victor Chacón, com um banco de reservas com Carioquinha, Celso Dória e Marcelão. O principal adversário na luta pelo título era o Vasco, que teve a volta da dupla de dominicanos Vinício Muñoz e Evaristo Pérez, junto a seu compatriota Héctor Herrera, equipe que ainda tinha aos ex-rubro-negros João Baptista e Carlão, comandados por Emmanuel Bonfim. Na final do 1º turno o Flamengo venceu por 87 x 83, já a final do 2º turno houve confusão, com uma briga generalizada incluindo torcedores e a desclassificação do norte-americano Morgan Taylor e do cruzmaltino Orelha, que iniciaram o tumulto. Sem estes dois jogadores, a partida foi reiniciada dias depois com portões fechados e o placar que tinha no momento da confusão: Vasco 26 x 24. Sem seu principal jogador, o time rubro-negro acabou derrotado por 89 x 94.

Depois de passar pelo Olaria nas quartas de final e pelo Tijuca na semi-final, o Flamengo reencontrou ao time vascaíno na decisão do título. No primeiro jogo da final, o time rubro-negro sofreu uma derrota inacreditável: vencia por 69 x 67 e tinha dois lances-livres a seu favor faltando poucos segundos, mas errou os dois lances-livres, e no último ataque Carlão marcou de três para dar a vitória ao Vasco por 70 x 69. No segundo jogo, o time se recuperou e venceu por 83 x 77. No terceiro jogo, após um empate por 77 x 77 no tempo normal no Ginásio do Olaria, o Vasco venceu por 86 x 84 na prorrogação com uma cesta de Muñoz nos segundos finais. Dali em diante, desfalcado de Maury, o Flamengo perdeu o quarto jogo por 74 x 82 e o quinto por 74 x 78. Vasco 4-1, campeão de forma incontestável. Pelo terceiro ano consecutivo, o Flamengo era o vice-campeão carioca de basquete.

Restava ao Flamengo apostar então na disputa do 1º Campeonato Nacional de Basquete Masculino, em 1990, para salvar a temporada. A competição reuniu 12 clubes, divididos em dois grupos com 6 cada, dentro dos quais todos se enfrentavam entre si, em ida e volta, com os quatro primeiros colocados ao fim desta fase regular avançando para fazer um mata-mata a partir das quartas de final. Em seu grupo, a equipe rubro-negra superou aos mineiros do Minas Tênis Clube e do Ginástico, e aos gaúchos da Sogipa, mas ficou atrás dos paulistas do Monte Líbano e da Pirelli, equipe da fábrica de pneus localizada em Santo André, no ABC Paulista, região metropolitana da capital. Em 3º lugar no grupo, encarou nas quartas de final ao segundo colocado do outro grupo, a Ravelli/Franca, que viria a ser a campeã ao final do torneio.


1990 - 6º lugar na Liga Nacional
Time: Maury, Carioquinha, Morgan Taylor, Eddie Smith e Victor Chacón
Téc: Zé Boquinha
Banco: Alberto, Gema e Marcelão

Campanha: 80 x 84 Monte Líbano (f) / 108 x 67 Sogipa (c) / 96 x 78 Ginástico (c) / 87 x 73 Minas (f) / 79 x 89 Pirelli (f) / 81 x 90 Minas (c) / 90 x 94  Pirelli (c) / 105 x 99 Ginástico (f) / 88 x 85 Monte Líbano (c) / 122 x 110 Sogipa (f). Quartas de final: 95 x 89 Ravelli/Franca (c) / 91 x 99 Ravelli/Franca (f) / 90 x 91 Ravelli/Franca (f)


Na Fase Regular, o time viveu seu pior momento quando perdeu em casa para o Minas, e pouco depois teve seu melhor momento, quando venceu e tirou a invencibilidade que detinha o Monte Líbano. Para as quartas, era franco-atirador, já que o amplo favoritismo era do rival. Começou bem, vencendo em casa, tomou a virada nas duas partidas disputadas no Ginásio Pedrocão, e depois "vendeu caro" a derrota, por apenas um ponto (90 x 91). O time francano, que contava com os ex-rubro-negros Raul Togni, Rocky Smith e Evandro, além de nomes como Guerrinha, Fernando Minucci, Paulão Berger e o norte-americano Patrick Reynolds, comandados pelo técnico Hélio Rubens, avançou à semi-final e superou ao Monte Líbano por 2-1, e na final bateu ao Lwart Lwarcel, de Lençóis Paulistas, por 3-0, sagrando-se campeão nacional. E o time do Flamengo esteve perto de conseguir eliminá-los nas quartas, e em pleno Pedrocão. E reforçada pelo norte-americano Morgan Taylor, terceiro maior pontuados do Campeonato Nacional de 1990 com a camisa rubro-negra, o Franca viria a ser bi-campeão no ano seguinte.

Decepcionada com a formação de grandes times que não foram capazes de obter títulos, depois do fim do 1º Campeonato Nacional, a diretoria mudou radicalmente sua estratégia, não renovando com nenhum dos principais nomes e nem buscando novos estrangeiros. Executou um projeto mais modesto, sustentado por nomes mais ligados ao basquete carioca de menor projeção no cenário nacional. Para comandar a esta turma, recontratou ao vitorioso Emmanuel Bonfim, técnico campeão carioca com o Vasco, tendo junto com ele voltado à Gávea o armador João Baptista. O próprio Campeonato Carioca como um todo sofreu um processo de desinvestimento, e nem Vasco, nem Fluminense e nem Botafogo fizeram grandes contratações. Mandando seus jogos no Ginásio do Grajaú Country Clube, o Flamengo conquistou o título carioca daquele ano. Na final, disputada no Ginásio do Olaria, venceu ao favorito Vasco - de Bigu, Carlão Osterman e do dominicano Evaristo Pérez - por 2-0, com vitórias por 66 x 58 e 69 x 52.


1990 - Campeão Carioca
Time: Alberto, João Baptista, Valdeir, Zé Geraldo e Wilsão
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: André Guimarães e Zé Mauro


Com o desinvestimento no time de basquete do clube, o Flamengo ficou de fora das quatro edições seguintes da Liga Nacional, de 1991 até 1994, e não manteve times com grandes chances de obter sequer o título carioca neste período. Só a partir de 1994 que este quadro mudaria.


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