quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ZICO & JÚNIOR

"Mas em tempos escassos para o futebol rubro-negro, sem que seu torcedor soubesse, o universo já conspirava para transformar os dias do time vermelho e preto na direção de momentos mais gloriosos. Não era possível se prever ainda que os dois maiores ídolos da história do Flamengo já andavam refinando suas técnicas em outros campos, começando a desenvolver as habilidades de dois garotos que, em extremos opostos da cidade, aprendiam a ganhar mais intimidade com uma bola de futebol. Um nas areias da praia, e outro em quadras apertadas de salão.


Os campeonatos de futebol de areia no Rio de Janeiro moviam nesses tempos um grande público para a praia de Copacabana. Os campeonatos eram bem organizados e os jogos costumavam ser disputados nas tardes de sábado. O público se aglomerava para ver as partidas no calçadão e no entorno da cancha. Times como o Areia, o Dínamo e o Juventus eram os mais badalados e disputavam a simpatia dos fiéis torcedores que iam à praia ver as acirradas disputas. As vagas entre os titulares destas equipes eram bastante disputadas. Só aqueles com refinada habilidade conseguiam um lugar nestes times. E não era qualquer técnica. É muito diferente jogar futebol na areia, exige muito mais resistência muscular, é uma disputa com muito mais contato físico e precisa-se estar acostumado a conduzir a bola num piso que oferece muito mais resistência e atrito, exigindo um menor contato entre a pelota e o chão. Foi nestes jogos na praia, sob a camisa do Juventus, que se avistou o talento do garoto Leovegildo Lins da Gama Júnior. Para alguns era o Léo, para a história do futebol mundial o Júnior, lateral esquerdo da seleção brasileira na Copa de 1982. Ele foi levado para treinar na Gávea e de lá só foi sair muitos anos depois, quando brilhou nos gramados italianos com as camisas do Torino e do Pescara.

No outro extremo do Rio de Janeiro, e por outro esporte também derivado do futebol, nascia mais uma estrela a brilhar pela constelação vermelha e preta. Só que esta não era qualquer estrela, era a maior delas. O refinamento de sua habilidade para o futebol se deu nas estreitas quadras do futebol de salão, esporte cujo principal reduto na cidade, naqueles tempos, era a Zona Norte. Depois de se destacar nas peladas de rua em seu bairro natal, Quintino, o garoto Arthurzico foi levado para o River Futebol Clube, do bairro da Piedade, onde treinou e jogou por três anos. Arthur Antunes Coimbra, o Zico, era irmão de dois ex-jogadores de futebol, e sua técnica, logo cedo, chamou a atenção dos que o viram jogar amadoramente. O futebol de salão é uma atividade que exige agilidade e velocidade. A quadra rápida – que naqueles tempos tinha piso de tábua de madeira corrida – com uma bola pequena e pesada, que pouco quicava, exigia rapidez de raciocínio, toques rápidos para se acertar os passes, e dribles curtos, para se desvencilhar dos marcadores adversários. O Rio de Janeiro foi pioneiro na realização de campeonatos de futebol de salão. Embora o Rio Grande do Sul e São Paulo tenham os primeiros registros da prática do esporte, criado pela Associação Cristã de Moços (ACM), a primeira competição oficial registrada foi o Campeonato Carioca organizado em 1956. Durante as vinte primeiras edições do torneio a maioria dos títulos foi parar em clubes da Zona Norte, os quais se destacavam por amplos quadros sociais. Dentre os campeões nestes tempos, destacaram-se: América, Vila Isabel, Grajaú Tênis Clube, Grajaú Country Clube, Club Municipal e Monte Sinai (ambos da Tijuca), Imperial (de Madureira) e Mackenzie (do Méier). O River, da Piedade, brigava no segundo escalão. De suas quadras para os gramados da Gávea saiu Zico, o maior ídolo da história do clube.

O Flamengo sempre teve um histórico de grande produção de pratas da casa. Os anos 70-80 seriam marcados pelo ápice da geração de talentos nas divisões de base do clube, com o nascimento do lema “Craque, o Flamengo faz em casa” (A NAÇÃO, pgs. 99-100-101)".

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tri-campeão Carioca 1994-1995-1996


Depois de passar alguns anos com um volume de investimento bem baixo no time de basquete, o Flamengo voltou a apostar na montagem de um projeto maior a partir de 1994, o qual seria capitaneado por Miguel Ângelo da Luz, treinador que havia sido Campeão Mundial com a Seleção Brasileira Feminina naquele ano de 1994. O ex-jogador do Vasco em fins dos Anos 1970 e início dos Anos 1980, estava trabalhando no Olaria quando foi convidado para assumir à Seleção Feminina. Era uma história no mínimo curiosa, porque na História da Seleção Brasileira Masculina todos os grandes títulos haviam sido conquistados sobre o comando de técnicos de basquete do Rio de Janeiro, como foi com Kanela quando o Brasil foi Campeão Mundial de 1959 e 1963, assim como foi Vice-campeão Mundial em 1970, e nas Medalhas de Bronze nas Olimpíadas de 1960 e 1964; e com Ary Vidal na conquista da Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1987 (a exceção, é justo mencionar, foi a conquista da Medalha de Bronze nas Olimpíadas de 1948, quando o técnico era o paulista Moacyr Daiuto). Pois bem, no basquete feminino, a Seleção Brasileira vinha desde os Anos 1980 com uma geração fantástica, com Hortência Marcari, Magic Paula e Janeth Arcain, mas que sob treinadores paulistas não conquistava grandes títulos (embora tenha sido Medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 1991, não tinha grande sorte em Mundiais e Olimpíadas. Pois bem, quando foi anunciado o pouco conhecido Miguel Ângelo como novo treinador, a gritaria foi enorme, um nome sem experiência no feminino e oriundo do menos desenvolvido basquete carioca. Mas não é que foi sob seu comando que aquele fantástico time de mulheres foi Campeão Mundial em 1994 e Medalha de Bronze em 1996 (eternamente, sempre foi minimizada a sua importância nestas conquistas, pois "a geração já estava madura", mas o fato é que mundialmente não havia conseguido nenhum resultado expressivo até então.

Isto tudo para introduzir o nome em torno do qual giraria o novo projeto de basquete rubro-negro, com um treinador que até então não tinha laços fortes na Gávea. A montagem do elenco girou em volta de uma geração de jovens que havia despontado na base rubro-negra na segunda metade da década de 80, que contava para o jogo de perímetro com Alberto, Bento e Marx, e para o jogo de garrafão com Marcelão e Gema, este último o único deles que havia conseguido projeção no basquete paulista, e que acumulava convocação pra disputar Campeonato Sul-Americano pela Seleção Brasileira. Para fortalecer ao projeto, foi contratado também Carlos Henrique Nascimento, o Olívia, irmão mais velho de Carlos Alexandre Nascimento, o Olivinha, o "Deus da Raça", jogador que viria a ser um ícone do basquete rubro-negro nos Anos 2010. O pivô Olívia havia sido formado pelo Sírio, clube da capital paulista, de onde migrou para a Gávea, e já acumulava passagens pela Seleção Brasileira junto a Gema na disputa do Campeonato Sul-Americano. Outro nome que regressava à Gávea era o ala Almir Gerônimo, um jogador que tinha grande identidade com a torcida pela raça e pela entrega dentro de quadra após passagem de sucesso pelo Rio Claro, do interior paulista, e, sobretudo junto a Ary Vidal e a outro velho conhecido dos flamenguistas, o armador João Baptista, no time do Corinthians de Santa Cruz do Sul, campeão brasileiro em 1994. De resto, para dar mais poder ao time, a cada temporada foram contratados alguns norte-americanos. Este era o projeto do FlaBasquete para voltar a crescer.

Nos três anos do Tri-campeonato Carioca conquistado em 1994-1995-1996, o adversário na final foi o Tijuca Tênis Clube. Em 1994, a série final, jogada no Ginásio do Grajaú Country Clube, foi vencida pelo Flamengo por 3-0, com vitórias por 98 x 93, 102 x 91 e 105 x 80. A equipe tijucana tinha aos norte-americanos Devon Lake e Anthony White, além de três jogadores que haviam passado pela Gávea, que eram Mauro, Carlão Ostermann e Zé Mauro, e mais a principal estrela do basquete carioca na primeira metade dos Anos 1990, o ala Alexey, revelado pelo Vasco.

Em 1995, o time rubro-negro ficou ainda mais dominante no basquete da cidade quando contratou como reforço justamente a Alexey, que era o melhor jogador carioca de basquete naquela geração. A final foi novamente contra o Tijuca Tênis Clube, e mais uma vez disputada no Ginásio do Grajaú Country Clube. No time tijucano, agora treinado por Emmanuel Bonfim, estavam os jovens Marcelinho Machado e Léo Figueiró, além de nomes experientes no cenário carioca, como André Guimarães, Carlão Ostermann e Orelha. O time rubro-negro fechou a série vencida por 3-0 com uma vitória por 69 x 66.

Para o Campeonato Carioca de 1996, o investimento aumentou, com a formação do garrafão formado por Olívia e Gema, e com a contratação de dois norte-americanos que havia tido maior destaque no cenário nacional. Um deles, contratado ao Corinthians de Santa Cruz do Sul, onde foi campeão brasileiro de 94, regressava à Gávea, onde já havia estado naquele mesmo ano de 1994: Alvin Fredericks. O outro era Brent Merrit, que havia se destacado no Campeonato Paulista com o time do Guaru, da cidade de Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista. Após passar pelo Fluminense, do técnico Alberto Bial, na semi-final por 3-1 - com Brent fazendo 38 pontos na primeira partida, 36 na segunda, 22 na terceira, e 29 na última - o time voltou a enfrentar, pelo terceiro ano consecutivo, ao Tijuca Tênis Clube - de Marcelinho Machado, Espiga e Marcionílio, e do técnico Emmanuel Bonfim - na decisão do campeonato. A série final foi disputada no Maracanãzinho e atraiu bons públicos. O Flamengo venceu por 3-0, com vitórias por 96 x 87 (28 pontos de Brent e 22 de Alvin), 85 x 72 (31 pontos de Alvin, e só 10 de Brent), e 96 x 95 (partida na qual só conseguiu passar a frente no marcador quando faltavam 1 minuto e 45 segundos para o fim do jogo, e com Alvin marcando 31 pontos e Brent anotando 28, de forma que os dois norte-americanos somaram 59 dos 96 pontos rubro-negros na noite). Mengão Tri-Campeão Carioca!


1994 - Campeão Carioca
Time: Alberto, Almir Gerônimo, Alvin Fredericks, Johnny Walker e Marcelão
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Sexto jogador: Marx


1995 - Bi-campeão Carioca
Time: Alberto, Bento, Derrick Johnson, Alexey e Leon Jones
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Sexto jogador: Olívia


1996 -  Tri-campeão Carioca
Time: Alberto, Brent Merrit, Alvin Fredericks, Gema e Olívia
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Sexto jogador: Bento




Foi com estas equipes que o Flamengo voltou ao cenário nacional do basquete. Regressou para a disputa do Campeonato de 1995. Naquele ano o torneio foi disputado por 21 clubes, que foram divididos em dois grupos, um com 10 e outro com 11 (o rubro-negro). Todos se enfrentavam em turno e returno, com os oito primeiros colocados avançando à fase de mata-mata a partir das oitavas de final. O time terminou em 5º lugar, avançando atrás dos quatro paulistas mais fortes do grupo - CESP/Rio Claro, Palmeiras, SABESP/Franca e Nosso Clube de Limeira - e a frente dos também paulistas Sírio e Telesp, e do Akros/Joinville, de Santa Catarina, do Tijuca Tênis Clube, do Ponta Grossa, do Paraná, e do Uberlândia, de Minas Gerais. Na 1ª fase, em 20 jogos, venceu 11 e perdeu 9. Nas oitavas, acabou eliminado pelo gaúcho Corinthians de Santa Cruz do Sul. Depois de perder a primeira partida no Rio por 106 x 110, não teve forçar para reagir, perdendo a série por 3-0.


1995 - 12º lugar na Liga Nacional
Time: Alberto, Almir Gerônimo, Alvin Fredericks, Johnny Walker e Marcelão
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Banco: Bento


Para a temporada de 1996, o time chegou mais fortalecido, e fez uma campanha melhor. O modelo de disputa mudou, e o torneio reuniu a 12 clubes na Fase Regular, sem divisão de grupos e se enfrentando em ida e volta para definir os oito classificados que avançavam às quartas de final. Entre os oito primeiros colocados ao fim da 1ª fase, apenas dois não eram paulistas, o Corinthians de Santa Cruz do Sul, que terminou em 3º lugar, e o Flamengo, que terminou em 5º lugar. Tendo em 22 jogos, obtido 13 vitórias e 9 derrotas, o time rubro-negro terminou atrás também do Corinthians paulista, de Oscar Schmidt, do Rio Claro e do Franca, e conseguindo ficar a frente de Mogi, Guaru e Nosso Clube de Limeira. Foram eliminados nesta primeira fase as equipes mineiras do Ginástico e do Minas Tênis Clube, a catarinense do Joinville, e a paranaense do Ponta Grossa. A maior atuação rubro-negra nesta primeira fase foi na vitória, em casa, por 96 x 90 sobre o Corinthians, de Oscar, que viria a ser o campeão daquela edição. A missão rubro-negra nas quartas de final, em melhor de três jogos, era dificílima, contra a equipe da COSESP/Franca. Com muito suor, o time rubro-negro conseguiu superar aos francanos no primeiro jogo no Rio de Janeiro, vencendo por 91 x 90, mas depois foi duas vezes derrotado no Ginásio Pedrocão, por 97 x 106 e 106 x 111, dando adeus à competição, mas no saldo com uma muito boa participação.


1996 - 5º lugar na Liga Nacional
Time: Alberto, Anray Stewart, Alexey, Olívia e Leon Jones
Téc: Miguel Ângelo da Luz
Banco: Bento, Joel Vicari e Marcelão


A partir deste trabalho, o Flamengo engrenou a uma sequência de boas participações visando uma evolução que o permitisse aspirar ao título brasileiro de basquete, figurando na parte de cima da tabela constantemente entre 1997 e 2004.

Waldyr Boccardo

O paulista Waldir Boccardo nasceu em São José dos Campos, onde começou no basquete, defendendo o São José. Antes de chegar ao Flamengo, teve passagens curtas por Vasco e Botafogo. Mas foi na Gávea que construiu sua maior relação. Chegou ao clube em 1958 e defendeu as cores rubro-negras até 1973. Quinze anos no basquetebol da Gávea!

Na Seleção Brasileira, foi chamado pela primeira vez exatamente para o Mundial de 1959 no Chile, no qual o Brasil sagrou-se campeão. O time, liderado por Kanela, seu técnico no Flamengo, tinha Algodão, Wlamir, Amaury, Bispo e Waldemar como quinteto titular. No banco, estavam Rosa Branca, Zezinho, Pecente, Fernando Bro Bro, Otto Nóbrega e Jatyr Schall, além dele, Waldyr.

Ainda esteve com a Seleção em três outras oportunidades. Jogou os Jogos Pan-Americanos de 1959 (Bronze), os Jogos Olímpicos de Roma em 1960 (Bronze) e o Campeonato Sul-Americano de 1960 (Campeão).

"Nos anos 60, o basquete do Flamengo perdeu a hegemonia absoluta e teve companhias mais à sua altura na disputa pelos títulos. Entre 1961 e 1969, Botafogo e Vasco venceram três campeonatos cada, o Flamengo venceu dois e o Fluminense venceu seu primeiro campeonato, o de 1961, exatamente o que impediu o eneacampeonato rubro-negro". (A NAÇÃO, pg. 183)


A nível nacional, os anos 60, nos quais a camisa 13 do Flamengo sempre esteve em Waldir Boccardo, foram de solidificação do basquete de São Paulo como mais forte do país, com a ascensão do Sirio e força do Corinthians, que obteve alguma supremacia no Campeonato Paulista e na Taça Brasil com um time que tinha Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca e Ubiratan Maciel. Já nos nos anos 70 o Sirio disputava o cenário com Franca e Palmeiras, com Corinthians e Sirio ainda fortes. Nos anos 80 foi uma época de bi-polaridade entre Sirio e Monte Líbano, com Corinthians e Franca ainda fortes. Por ironia no destino de Boccardo, paulista de nascimento, e com currículo basquetebolista ligado ao Rio de Janeiro, foi no momento em que ele esteva no seu auge, qua a hegemonia paulista se solidificou no cenário nacional. De 1974 a 1993, times do estado de São Paulo foram 18 vezes seguidas Campeões Brasileiros (Franca 6 vezes, Monte Líbano 5 vezes, Sirio 4 vezes, Palmeiras, São José e Rio Claro uma vez cada). Só em 1994 a série de títulos paulistas foi quebrada, quando o Corinthians de Santa Cruz do Sul, do Rio Grande do Sul, foi o campeão sob o comando de Ary Vidal e com Brent Merrit, Alvin Fredericks, João Batista, Almir e Marcionílio.

Entre as vitórias rubro-negras comandadas por Waldyr nos Anos 1960, destacam-se os títulos do Carioca de 1962 e de 1964. O título de 1962 foi sacramentado com uma vitória num Fla-Flu por 57 x 51 (numa partida tumulatada, com longa paralisação a 47 segundos do fim, quando o placar aontava 54 x 48 para o Flamengo, por causa de uma briga generalizada envolvendo jogadores, comissões técnicas e dirigentes das duas equipes). Os cinqueta e sete pontos rubro-negros nesta noite foram convertidos por: Oto (18), Fernando (12), Algodão (10), Waldyr (10), Paulinho (2), Gutinho (2), Zeca (2) e Félix (1). O ala Oto, contratado em 1961 ao Palmeiras (e que viria a ser campeão da Taça Brasil de 68 com o Botafogo) foi o grande pontuador da equipe na campanha, assim como voltaria a ser dois anos depois.


1962 - Campeão Carioca
Time: Paulinho, Algodão, Oto Ditrich, Fernando Bro Bro e Waldyr Boccardo
Tec: Kanela
Banco: Gutinho


1964 - Campeão Carioca
Time: César Sebba, Algodão, Oto Ditrich, Chocolate e Waldyr Boccardo
Téc: Kanela
Banco: Marcelo Cocada, Piraí e Coqueiro.


O Flamengo foi o Campeão Carioca de Basquete de 1964 ao vencer à série final contra o Vasco por 2-0, fazendo 74 x 60, e 50 x 49. No 1º jogo, pontuaram: Oto (24), César (12), Waldyr (11), Chocolate (9), Algodão (7), Piraí (5), Marcelo (4) e Coqueiro (2). A pontuação na partida derradeira apontou: Waldyr (11), Oto (11), Chocolate (9), César (8), Marcelo (5), Coqueiro (2) e Algodão (1). Era o último título da vitoriosíssima carreira do craque Algodão. 

Narrava a edição de sábado, 18 de julho de 1964 do Jornal dos Sports, no dia seginte à conquista, sob o título de primeira página "Vitória épica tira hegemonia do Vasco, Fla é o novo campeão de basquete", assim descreveu: "com uma cesta de Coqueiro - a única que marcou em toda a partida, ao faltarem 22 segundos para o jogo terminar - o Flamengo derrotou o Vasco da Gama por 50 x 49".

O último título vestindo rubro-negro foi junto a uma nova geração que emergia da base do basquete da Gávea, aquele que também foi o último título conquistado pelo técnico Kanela a frente do Flamengo.


1969 - Campeão da Taça Gerdal Boscoli
Time: Montenegro, Pedrinho Ferrer, Gabriel, Waldyr Boccardo e Robertão
Téc: Kanela
Banco: Doinha, Marcelo Cocada, Paulo Céar Goiano e Pedrão 


domingo, 18 de dezembro de 2011

Que chocolate! Lembrou e muito o Flamengo de 1981


Durante este ano de 2011 muito se falou sobre as semelhanças em estilo de jogo do Barcelona de 2011 com o Flamengo de 1981. Posse de bola constante, bola correndo de pé em pé, inversões constantes de posição, muita movimentação. Até o placar do primeiro tempo foi o mesmo: Flamengo 3 x 0 Liverpool e Barcelona 3 x 0 Santos.

A final do Mundial 2011 em Yokohama no Japão vem a reforçar esta comparação. O Barcelona faz até jogadas de overlaping, conceito inventado por Cláudio Coutinho no Flamengo de 1978 a 1980 e espelhado naquele time comandado por Paulo César Carpegiani em 1981.

Se Zico, Adílio e Nunes foram monstros em Tóquio em 1981, Messi, Xavi e Fábregas foram tão monstros quanto em Yokohama em 2011. Se aquele time ainda tinha Leandro, Mozer, Júnior e Andrade, este time catalão ainda tem Daniel Alves, Puyol, Iniesta e Busquets. E olha que David Villa e Alexis Sanches estavam fora.

Se aquele Flamengo fez um primeiro tempo fantástico em 81, desta fez quem fez um primeiro tempo fantástico foi o azul e grená catalão. 75% de posse de bola. O Santos ficou na roda, não viu a bola.
A soberba brasileira caiu por terra, como a soberba inglesa caiu em 81. Quanta ironia, como o mundo muda.

O Liverpool de 1981 também podia jogar mais do que jogou. O Flamengo não deixou!
O Santos de 2011 podia jogar mais do que jogou. O Barcelona não deixou!

Cada vez mais é o futebol europeu jogando como brasileiro e o brasileiro jogando como europeu. Muricy Ramalho então é um clássico exemplo de futebol bucólico e de resultado, mas que levanta troféu. Foi assim com o tri do São Paulo em 2006-07-08, como se fosse o futebol alemão dos anos 70. É o Brasil refém do estilo de jogo gaúcho, que não por coincidência é a escola de treinadores que reina no cenário nacional hoje. O Corinthians de Tite, campeão brasileiro de 2011 também é só isso: laterais presos, nenhuma criatividade em nenhum setor do campo e destaque do time na marcação dos cabeças de área (Mineiro e Josué lá no time sãopaulino, Paulinho e Ralf cá neste time corinthiano).

Enquanto isso o Barcelona joga com alas que marcam e chegam no ataque, fazendo papel de falsos pontas, como Leandro e Júnior com apoio de Tita e Lico. O Barcelona tem Thiago Alcântara como um típico ponta, aberto no extremo do campo. Ele que é um retrato dos novos tempos, globalizados, filho de brasileiros, nascido na Itália por acaso, pois era onde o pai Mazinho estava jogando, formado nas divisões de base do Barcelona, jogou na Espanha Sub 20 e hoje é jogador pronto para defender a Seleção Espanhola. Típico exemplo de quem soube se modernizar, enquanto o Brasil seguiu preso a seus clichês, refém de de uma aversão cultural à modernização.

Libertadores tem que ser meta sim, pois será cada vez mais reflexo de grandeza

O Flamengo estará indo em 2012 para a 11ª Taça Libertadores de sua história. É uma boa frequência de presença no principal torneio continental, mas o clube tem que se fazer ainda mais presente.

No Brasil, há 10 clubes com 5 participações ou mais na Libertadores. O Fluminense, que disputará pela 5ª vez o torneio em 2012, acaba de entrar nesse "clube". Botafogo e Atlético Mineiro têm menos do que cinco participações.

Quem mais jogou Libertadores no Brasil foi o São Paulo Futebol Clube, que esteve 15 vezes no torneio, tendo turbinado sua presença com 7 participações consecutivas entre 2004 e 2010.

Em títulos São Paulo (1992, 1993 e 2005) e Santos (1962, 1963 e 2011) são os brasileiros com mais conquistas. Em seguida, Internacional (2006 e 2010), Grêmio (1983 e 1995) e Cruzeiro (1976 e 1997) tem duas conquistas; Palmeiras (1999), Vasco (1997) e Flamengo (1981) tem um título.

Tá mais do que na hora do Flamengo ganhar outra!

Eis as listas de clubes brasileiros com mais participações:
 

sábado, 17 de dezembro de 2011

Artilharia 2000-2011

O período mais recente da história do Flamengo foi muito carente de um grande artilheiro que perdurasse por várias temporadas no clube. O último a ultrapassar a marca de 100 gols com a camisa rubro-negra foi Romário, que jogou na Gávea de 1995 a 1999 (não se dando por satisfeito, o Baixinho superou também a marca de 200 gols).

Eis abaixo a lista dos 10 jogadores que fizeram mais gols pelo Flamengo entre as temporadas de 2000 e 2011:


De quem tem chance de entrar nesta lista: Deivid fez 25 gols, Vágner Love fez 23, e Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves fizeram 21 gols cada um.

1948: um salto para o mundo no basquete

Nas 16 primeiras edições do Campeonato Sul-Americano, o Brasil conquistou apenas dois títulos, em 1939 e em 1945. Neste período, o Uruguai foi o grande vencedor, em 7 edições, contra 5 vencidas pela Argentina; Chile e Peru ganharam uma vez cada. A primeira geração a alçar o basquete brasileiro para o patamar mundial foi a que conseguiu a primeira e mais expressiva conquista brasileira, a Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Londres em 1948. E o coração desta equipe era o time do Flamengo, bi-campeão carioca de 1948-1949, um time cujas principais estrelas eram Zenny de Azevedo, o Algodão, e Alfredo da Motta.

"Nos Jogos Olímpicos de 1948, o basquete brasileiro alcançou seu primeiro grande resultado internacional, conquistando a Medalha de Bronze. A estrutura principal da seleção brasileira tinha um trio de jogadores rubro-negros: Alfredo da Motta, Algodão e Affonso Évora, bicampeões cariocas em 1948 e 1949. Os dois primeiros foram os maiores pontuadores da equipe que regressou ao Brasil com o bronze no peito. Nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, nada menos do que cinco jogadores da seleção brasileira (quase a metade do grupo que representou o Brasil) eram atletas do Flamengo: Algodão, Alfredo da Motta, Godinho, Mário Hermes e Tião Gimenez. Destes cinco, quatro formavam a equipe titular que jogou as Olimpíadas de 1952 e que, um ano antes, havia conquistado uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos". (A NAÇÃO, pg. 181)

O grupo das Olimpíadas de Londres formava com: Algodão, Braz, Alfredo da Motta, Nilton e Ruy Freitas. No banco, tinha Marson, Marcus Dias, Sorcinelly, Alexandre Gemignani e Affonso Évora. O técnico era Moacir Daiuto. A Seleção Brasileira venceu a Hungria por 45 x 41, o Uruguai por 36 x 32, a Inglaterra por implacáveis 76 x 11, o Canadá por 57 x 35, a Itália por 47 x 31, a Tchecoslováquia por 28 x 23, perdeu a semi-final para a França por 43 x 33, e venceu a decisão do bronze sobre o México por 52 x 47. O maior pontuador do Brasil no torneio foi Alfredo da Motta com 115 pontos, seguido por Algodão com 67 e Braz com 49. A base da Seleção eram os times de Flamengo e Corinthians, este último bi-campeão paulista de 1947-48 começava a despontar, já que o basquete paulistano até aí era dominado por Espéria, com 11 títulos, e Palestra Itália, com 5 títulos.



1948 - Campeão Carioca
Time: Algodão, Jamil Haddad, Godinho, Mário Hermes e Zé Mário
Téc: Kanela
Banco: Tião Gimenez


1949 - Bi-Campeão Carioca
Time: Algodão, Jamil Haddad, Alfredo da Motta, Mário Hermes e Affonso Évora
Téc: Kanela
Banco: Godinho, Tião Gimenez e Zé Mário


A equipe rubro-negra começou a emergir como dominante na cidade já no início de 1948, com uma poderosa equipe formada por Algodão, Jamil, Godinho, Tião, Mário Hermes e Zé Mário. Naquele ano pegou dois jogadores por empréstimo para fazer uma exursão à Argentina para onde foi convidado para jogar partidas amistosas. Estes jogadores se entrosaram com o grupo rubro-negro e nos meses seguintes acabariam vindo a aportar em definitivo no clube, formando uma equipe que marcou época e se tornou a base da Seleção Brasileira. Dentre estes nomes que chegaram, Affonso Évora era o veterano, que já havia se consagrado no Botafogo, por quem fora tetra-campeão carioca em 1942-43-44-45. Alfredo da Motta havia chegado do Vasco, onde tinha se destacado na campanha do título carioca de 1946. Estas peças foram muito importantes para dar sustento à chegada de um jovem promissor, Algodão, a grande revelação que despontava no basquete da Gávea.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

1988-89: o time que não ganhou


O Flamengo estava disposto a conquistar o título nacional de basquete. Em 1977, na primeira oportunidade na qual conseguiu chegar à final da Taça Brasil, o time treinado por Waldyr Boccardo, que tinha a Peixotinho, Pedrinho, Zezé, George Thompson e Paulão Abdalla, perdeu a final para o Palmeiras por apenas quatro pontos de diferença. Na temporada 1984/85, montou um "super quinteto", com Nilo, Carioquinha, Marcelo Vido, Filloy e Marquinhos Abdalla, e voltou a ser vice-campeão brasileiro, tendo o time do técnico Marcus Pingo caído perante o Monte Líbano, desta vez com uma derrota mais avassaladora, por vinte e quatro pontos de diferença. Apesar deste "quase-quase", o basquete do clube seguia aspirando dar um grande salto a nível nacional.

Depois de ter sido derrotado pelo Vasco na final do Carioca de 87 e de haver terminado em 6º lugar na Taça Brasil no início de 1988, o basquete rubro-negro decidiu não renovar aos contratos de sua principal estrela, o norte-americano Rocky Smith (que passou a defender ao Nosso Clube de Limeira na temporada 1988/89) e de seu outro importado, o dominicano Victor Chacón. Mas já a partir do Carioca de 88 começou a aspirar ao grande salto a nível nacional.

O bombástico anúncio do novo "Super Time" de basquete do Flamengo aconteceu em 24 de agosto de 1988. De uma só vez o Flamengo contratava a cinco jogadores da Seleção Brasileiro, o quinteto titular detentor do título de campeão brasileiro da temporada 1987/88, que poucos meses antes conquistara a Taça Brasil com a camisa do Monte Líbano: Maury de Souza, Cadum Guimarães, Paulinho Villas-Boas, Pipoka e Gérson Victalino. Foi um alvoroço! Os cinco, enquanto ainda treinavam com a Seleção Brasileira em Poços de Caldas para a disputa dos Jogos Olímpicos de Seul, foram acusados de mercenários em muitos meios de comunicação e o Monte Líbano, indignado com as cinco contratações fechadas em menos de 24h, bradava o absurdo da falta de regras de transferências da CBB. O Flamengo também no basquete estava sendo Flamengo, levando a uma choradeira desproporcional e incabível de seus rivais, mesmo aqueles que eram economicamente mais fortes.



Incialmente o projeto foi fechar com todo o quinteto campeão nacional de 1987 com o Monte Líbano, mas um mês após o anúncio oficial, Pipoka e Gérson Victalino acabaram não aportando na Gávea naquele momento, depois de terem sido apresentados junto a Maury, Cadum e Paulinho Villas-Boas e a ter vestido a camisa rubro-negra, mas sem que tenham entrado em quadra. O primeiro depois das Olimpíadas mudou de ideia e decidiu continuar no Monte Líbano, e o segundo acabou anunciando logo após disputar aos Jogos Olímpicos, que havia aceitado uma proposta do Manresa para jogar o Campeonato Espanhol, e que assim não seguiria para a Gávea. Com as duas desistências, o Flamengo negociou os retornos do argentino Germán Filloy e do dominicano Victor Chacón para suprir suas saídas. Mas após semanas seguidas de especulação, eles também não aportaram no clube para a disputa do Campeonato Carioca.

Apresentação: Pipoka, Maury, Cadum, Gérson e Paulinho Villas-Boas


No Carioca de 1988 o time titular rubro-negro era Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, Gema e Édson Campelo, além de ter no banco a Bigu, Sartori e Carlão. O técnico desta equipe era Eduzinho. O título do Estadual ficou com o Fluminense, comandado dentro de quadra pelos norte-americanos Edwin Davis e Christopher Lee Winans, tendo vencido duas vezes ao time rubro-negro, no turno por 79 x 71 e no returno por 106 x 92. O diagnóstico na Gávea foi que a perda do título carioca se deu por dois motivos: a falta de dois pivôs mais pesados e a ausência de um técnico mais experiente. O Flamengo já deveria ter aprendido a lição com o "Super Time" da Taça Brasil de 1984/85, que tinha um quinteto de primeira linha a nível nacional e um treinador caseiro. Pois bem, a diretoria então arregaçou às mangas e foi suprir estas necessidades.

Em 4 de janeiro de 1989 o Flamengo apresentava o novo treinador de seu time de basquete: Zé Boquinha, técnico campeão paulista de 1987 com o Clube de Campo de Rio Claro, naquela que foi a conquista do primeiro título da história do basquete da cidade do interior de São Paulo, que viria a ter uma forte equipe nos Anos 1990, tendo dividido a hegemonia do basquete brasileiro ao lado de Franca no início daquela década, quando foi campeã nacional.

O grande reforço que Zé Boquinha desejava era o norte-americano Morgan Taylor, do Rio Claro, que havia sido o grande destaque da equipe que o treinador comandou ao título paulista. Mas a intenção da diretoria era de dar mais foco nas contratações jogadores para trabalhar dentro do garrafão. Após semanas de muita especulação em torno da chegada de uma dupla de jogadores do Atenas de Córdoba, da Argentina, o ala-pivô e ex-jogador rubro-negro Germán Filloy, e o norte-americano Donaldson, fato que não se consumou, foram contratados três estrangeiros para o garrafão, os norte-americanos Eddie Smith e o grandalhão John Flowers, e o dominicano Victor Chacón, que após meses de muita especulação, enfim retornava à Gávea. Com este forte time, o Flamengo sonhava em enfim ser pela primeira vez campeão da Taça Brasil.


1988/89 - 3º lugar na Taça Brasil
Time: Maury, Cadum, Paulinho Villas-Boas, Eddie Smith e John Flowers
Téc: Zé Boquinha
Banco: Alberto, Bigu, Carlão Ostermann, Gema e Victor Chacón

Campanha: 131 x 57 Unicap (PE) / 110 x 81 Sogipa (RS) / 88 x 67 Tênis Clube de Campinas (SP) / 89 x 94 Rio Claro (SP) / 95 x 72 Tênis Clube de Campinas (SP) / 76 x 70 Corinthians (SP) / 96 x 64 Vasco (RJ) / 90 x 88 Pirelli (SP) / 111 x 91 Rio Claro (SP) / 103 x 106 Ravelli Franca (SP) / 92 x 78 Monte Líbano (SP) / 122 x 106 Pirelli (SP) / 92 x 78 Rio Claro (SP) / 107 x 108 Sírio (SP)


A Taça Brasil da temporada 1988/89 aumentou de tamanho, seriam 20 clubes divididos em quatro grupos de cinco na 1ª Fase, com os três primeiros de cada grupo avançando à 2ª Fase, na qual seriam divididos em dois grupos de seis clubes, com novamente três avançando para a disputa do título num Hexagonal Final. Na 1ª Fase, o Flamengo foi anfitrião do grupo, jogado no Ginásio do Tijuca Tênis Clube. O time rubro-negro atropelou à Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) na sua estreia, vencendo por 131 x 57. Na segunda rodada venceu à Sogipa, do Rio Grande do Sul, novamente com facilidade, fazendo 110 x 81. Com estes dois resultados praticamente se garantiu matematicamente na fase seguinte, o que veio em definitivo com a vitória na penúltima rodada por 88 x 67 sobre o Tênis Clube de Campinas. Na última rodada, despediu-se com derrota, caindo por 89 x 94 para o Clube de Campo de Rio Claro, numa partida encerrada a três minutos do fim pela tabela ter sido quebrada após uma enterrada.

Na 2ª Fase, que classificava três clubes à Fase Final, o time jogou novamente em casa, no Ginásio do Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro. Largou com uma vitória tranquila na primeira rodada, voltando a superar ao Tênis Clube de Campinas, desta vez por 95 x 72. Depois de passar pelo Corinthians na segunda rodada, na terceira o Flamengo garantiu matematicamente a sua classificação com uma vitória tranquila sobre o Vasco por 96 x 64. No quarto jogo enfrentou à Pirelli, e tomou um susto, estando vencendo por 88 x 79 a três minutos do fim, e vendo os paulistas reagirem, mas ainda assim garantindo uma suada vitória por 90 x 88. Depois, em tarde inspirada de Paulinho Villas-Boas, que marcou 31 pontos, o time passou pelo Clube de Campo, de Rio Claro, seu algoz na 1ª Fase, vencendo por vinte pontos: 111 x 91. Com uma imponente campanha com cinco vitórias na 2ª Fase, avançou ao Hexagonal Final, disputado no Ginásio Pedrocão, em Franca, com o Flamengo enfrentando cinco paulistas na luta pelo título tão sonhado.


Na estreia, enfrentou logo à Ravelli/Franca, treinada por Hélio Rubens e que tinha a Guerrinha, Fernando Minucci, Fausto Ginannechini, Paulão Berger, o norte-americano Patrick Reynolds e o uruguaio Horacio "Tato" López. Numa partida acirradíssima, Franca venceu por 106 x 103. Nos outros jogos, Sírio e Rio Claro também venceram.

Na segunda rodada o Flamengo enfrentou ao Monte Líbano, treinado por Edvar Simões e que tinha Wálter Roese, André Stoffel e Pipoka, além de dois dominicanos, o ala Wilfredo "Fefo" Ruiz e o pivô Evaristo Pérez. Com grande atuação o quinteto rubro-negro se impôs majestosamente, vencendo por 92 x 78. O anfitrião Franca perdeu por 106 x 101 para o Sírio, e o Rio Claro foi derrotado pela Pirelli. Assim, a disputa ficou toda embolada, com somente o Sírio tendo 2 vitórias, seguido por Franca, Flamengo, Rio Claro e Pirelli com 1 vitória cada um. Só o tetra-campeão das quatro edições de Taça Brasil anteriores, o Monte Líbano, não havia vencido.

Na terceira rodada, o duelo rubro-negro era contra o time da Pirelli, treinado por Cláudio Mortari e que tinha a Nilo Guimarães, Marcelo Vido, Gílson Trindade e Sílvio Malvesi. Com uma atuação maiúscula, o time obteve uma vitória retumbante por 122 x 106. Na rodada, o líder Sírio perdeu para o Rio Claro, embolando ainda mais a disputa. O Franca venceu ao Mote Líbano. Assim, Sírio, Franca e Flamengo dividiam a primeira posição com 2 vitórias cada um. Rio Claro e Pirelli tinham uma cada.

Na quarta rodada, o time do Flamengo decidiu sua sobrevivência contra o Clube de Campo. A equipe de Rio Claro, velha conhecida do treinador rubro-negro Zé Boquinha, era treinada por Zé Medalha e tinha a Zanon, Almir Gerônimo e ao norte-americano Morgan Taylor. Com tranquilidade, o Flamengo venceu por 92 x 78. Porém, Franca e Sírio também venceram na rodada, e assim chegavam ao último dia de confrontos empatados com 3 vitórias cada um. Para que o Flamengo fosse o campeão, ele precisava vencer ao Sírio no último jogo e torcer para que Franca fosse derrotada pelo Rio Claro. Num empate entre flamenguistas e francanos, a vantagem era do time do interior paulista por ter vencido ao confronto direto, o primeiro critério de desempate. Assim, a Ravelli/Franca seria a campeã se vencesse seu jogo e se o Flamengo derrotasse ao Sírio, que era o único a depender exclusivamente de si para ser o campeão, pois já vencera aos francanos e enfrentava os rubro-negros na última rodada.

O Flamengo, quando entrou em quadra no Pedrocão pela quinta e última rodada do Hexagonal Final, já sabia que não poderia vir a ser o campeão, pois na partida anterior o Franca venceu ao Rio Claro por inapeláveis 112 x 93. O time rubro-negro jogava para ser o vice-campeão, contra uma equipe que vencendo se consagrava a campeã nacional. Foi um jogo acirradíssimo, decidido nos últimos segundos, e com muita reclamação da arbitragem e do time local por uma paralisação de cronômetro pela mesa de arbitragem, já no último minuto, numa reposição de bola no qual a regra dizia que o cronômetro não deveria ser paralisado. Com segundos a mais para fazer o último ataque, o Sírio converteu a cesta que lhe deu a vitória por 108 x 107, frustrando as arquibancadas lotadas do Ginásio Pedrocão que, por motivos óbvios, torcia efusivamente por uma vitória do Flamengo. Mas no fim, o time do Sírio, treinado por Dódi e jogando com os norte-americanos Ernest Patterson e Vic Enning, além de Chuí, Luís Felipe Azevedo e o veterano Marquinhos Abdalla, sagrou-se campeão nacional naquela tarde.


Os últimos suspiros, na temporada 1989/90

Logo após o fim da Taça Brasil, ainda no local ainda havia sido jogada a Fase Final da Taça Brasil, o elenco do Flamengo teve sua primeira baixa, tendo sido anunciado que o principal pontuador do time, Paulinho Villas-Boas, havia assinado contrato com a Ravelli/Franca para a disputa do Campeonato Paulista de 89. Pouco dias depois foi anunciada também a saída de Cadum, e a dispensa do norte-americano John Flowers.

Para a disputa do Carioca de 1989, o técnico continuou sendo Zé Boquinha, e como principal reforço foi contratado Morgan Taylor, seu principal jogador quando foi campeão paulista com o Rio Claro. Renovaram Maury, o norte-americano Eddie Smith e o dominicano Victor Chacón. Outro nome contratado foi o veterano armador Carioquinha, já com 38 anos, e que já havia passado duas vezes pela Gávea, em 1979 e na temporada 1984/85.

O quinteto titular do Flamengo durante o Estadual foi formado por Maury, Alberto, Morgan Taylor, Eddie Smith e Victor Chacón, com um banco de reservas com Carioquinha, Celso Dória e Marcelão. O principal adversário na luta pelo título era o Vasco, que teve a volta da dupla de dominicanos Vinício Muñoz e Evaristo Pérez, junto a seu compatriota Héctor Herrera, equipe que ainda tinha aos ex-rubro-negros João Baptista e Carlão, comandados por Emmanuel Bonfim. Na final do 1º turno o Flamengo venceu por 87 x 83, já a final do 2º turno houve confusão, com uma briga generalizada incluindo torcedores e a desclassificação do norte-americano Morgan Taylor e do cruzmaltino Orelha, que iniciaram o tumulto. Sem estes dois jogadores, a partida foi reiniciada dias depois com portões fechados e o placar que tinha no momento da confusão: Vasco 26 x 24. Sem seu principal jogador, o time rubro-negro acabou derrotado por 89 x 94. Depois de passar pelo Olaria nas quartas de final e pelo Tijuca na semi-final, o Flamengo reencontrou ao time vascaíno na decisão do título. No primeiro jogo da final, o time rubro-negro sofreu uma derrota inacreditável: vencia por 69 x 67 e tinha dois lances-livres a seu favor faltando poucos segundos, mas errou os dois lances-livres, e no último ataque Carlão marcou de três para dar a vitória ao Vasco por 70 x 69. No segundo jogo, o time se recuperou e venceu por 83 x 77. No terceiro jogo, após um empate por 77 x 77 no tempo normal no Ginásio do Olaria, o Vasco venceu por 86 x 84 na prorrogação com uma cesta de Muñoz nos segundos finais. Dali em diante, desfalcado de Maury, o Flamengo perdeu o quarto jogo por 74 x 82 e o quinto por 74 x 78. Vasco 4-1, campeão de forma incontestável. Pelo terceiro ano consecutico, o Flamengo era o vice-campeão carioca de basquete.

Restava ao Flamengo apostar então na disputa do 1º Campeonato Nacional de Basquete Masculino, em 1990, para salvar a temporada. A competição reuniu 12 clubes, divididos em dois grupos com 6 cada, dentro dos quais todos se enfrentavam entre si, em ida e volta, com os quatro primeiros colocados ao fim desta fase regular, avançando para o mata-mata a parir das quartas de final. Em seu grupo, a equipe rubro-negra superou aos mineiros do Minas Tênis Clube e do Ginástico, e aos gaúchos da Sogipa, mas ficou atrás dos paulistas do Monte Líbano e da Pirelli, equipe da fábrica de pneus localizada em Santo André, no ABC Paulista, região metropolitana da capital. Em 3º lugar no grupo, encarou nas quartas de final ao segundo colocado do outro grupo, a Ravelli/Franca, que viria a ser a campeã ao final do torneio.


1990 - 6º lugar na Liga Nacional
Time: Maury, Carioquinha, Morgan Taylor, Eddie Smith e Victor Chacón
Téc: Zé Boquinha
Banco: Alberto, Gema e Marcelão

Campanha: 80 x 84 Monte Líbano (f) / 108 x 67 Sogipa (c) / 96 x 78 Ginástico (c) / 87 x 73 Minas (f) / 79 x 89 Pirelli (f) / 81 x 90 Minas (c) / 90 x 94  Pirelli (c) / 105 x 99 Ginástico (f) / 88 x 85 Monte Líbano (c) / 122 x 110 Sogipa (f). Quartas de final: 95 x 89 Ravelli/Franca (c) / 91 x 99 Ravelli/Franca (f) / 90 x 91 Ravelli/Franca (f)


Na Fase Regular, o time viveu seu pior momento quando perdeu em casa para o Minas, e pouco depois teve seu melhor momento, quando venceu e tirou a invencibilidade que detinha o Monte Líbano. Para as quartas, era franco-atirador, já que o amplo favoritismo era do rival. Começou bem, vencendo em casa, tomou a virada nas duas partidas disputadas no Ginásio Pedrocão, e depois "vendeu caro" a derrota, por apenas um ponto (90 x 91). O time francano, que contava com os ex-rubro-negros Raul Togni, Rocky Smith e Evandro, além de nomes como Guerrinha, Fernando Minucci, Paulão Berger e o norte-americano Patrick Reynolds, comandados pelo técnico Hélio Rubens, avançou à semi-final e superou ao Monte Líbano por 2-1, e na final bateu ao Lwart Lwarcel, de Lençóis Paulistas, por 3-0, sagrando-se campeã nacional. E o time do Flamengo esteve perto de conseguir eliminá-los nas quartas, e em pleno Pedrocão. E reforçada pelo norte-americano Morgan Taylor, terceiro maior pontuados do Campeonato Nacional de 1990 com a camisa rubro-negra, o Franca viria a ser bi-campeão no ano seguinte.

Decepcionada com a formação de grandes times que não foram capazes de obter títulos, depois do fim do 1º Campeonato Nacional, a diretoria mudou radicalmente sua estratégia, não renovando com nenhum dos principais nomes e nem buscando novos estrangeiros. Executou um projeto mais modesto, sustentado por nomes mais ligados ao basquete carioca de menor projeção no cenário nacional. Para comandar a esta turma, recontratou ao vitorioso Emmanuel Bonfim, técnico campeão carioca com o Vasco, tendo junto com ele voltado à Gávea o armador João Baptista. O próprio Campeonato Carioca como um todo sofreu um processo de desinvestimento, e nem Vasco, nem Fluminense e nem Botafogo fizeram grandes contratações. Mandando seus jogos no Ginásio do Grajaú Country Clube, o Flamengo conquistou o título carioca daquele ano. Na final, disputada no Ginásio do Olaria, venceu ao favorito Vasco - de Bigu, Carlão Osterman e do dominicano Evaristo Pérez - por 2-0, com vitórias por 66 x 58 e 69 x 52.


1990 - Campeão Carioca
Time: Alberto, João Baptista, Valdeir, Zé Geraldo e Wilsão
Téc: Emmanuel Bonfim
Banco: André Guimarães e Zé Mauro


Com o desinvestimento no time de basquete do clube, o Flamengo ficou de fora das quatro edições seguintes da Liga Nacional, de 1991 até 1994, e não manteve times com grandes chances de obter sequer o título carioca neste período. Só a partir de 1994 que este quadro mudaria.


quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

1981, um ano como qualquer outro


O ano de 1981 foi o ápice histórico em conquistas e glórias da história do clube. Nunca houve nada tão fantástico, sobretudo os 40 dias de sonhos e glória que já tratamos aqui no blog. Tamanho sucesso pode induzir a conclusões equivocadas de que foram tempos de paz e harmonia, e sem crises, afinal estamos falando dos Anos Dourados na Gávea (tem um capítulo inteiro em A NAÇÃO dedicado exclusivamente às condições que levaram à formação do time que mais deu conquistas à sala de troféus do clube entre 1978 e 1983).

Flamengo é Flamengo, seja para o bem ou seja para o mal. Como está na contra-capa de A NAÇÃO, o Flamengo nunca foi só caos como nunca foi só ordem, sempre se equilibrou entre o caos e a ordem no processo que o levou a ser o mais amado e o mais odiado do Brasil.

Seja no livro ou seja aqui no blog, jamais houve o propósito de ludibriar os leitores dizendo que tudo sempre foram flores, sempre foi correção de caráter, sem foram vitórias, sempre foram estratégias exemplares. O processo "como e por que se tornou a maior torcida do país" é cheio de caos e ordem, cheio de grandes epopéias e grandes desgostos, de acertos maravilhosos e equívocos grandiosos, porque acima de qualquer coisa é humano e social, como a sociedade brasileira, com suas belezas e mazelas, reunindo atos de grandeza de caráter a atos com caráter vergonhoso. Por isso é amor e ódio, porque uns se atêm excessivamente a um lado, outros se atêm unicamente ao outro. Luz e sombra! Como é toda sociedade.

O ano de 1981 foi como qualquer outro na vida do Flamengo à medida em que nunca houve paz, nunca houve estabilidade e, como sempre, houve crise. Da forma como é cultivado, tanto por torcedores como pela mídia esportiva, parece que tudo foi ordem e harmonia o tempo inteiro durante aquele período de 1980 a 1983, quando foram conquistados três campeonatos brasileiros, uma Libertadores e um Mundial. Sem falar em sete turnos consecutivos vencidos no Rio de Janeiro (uma marca praticamente impossível de ser repetida) e no Penta-campeonato da Taça Guanabara. Frente tantas vitórias não havia porque haver crises, certo?

A mais recente onda de literatura sobre nossa paixão em vermelho e preto põe uma lupa sobre o ano de 1981 para mostrar como nem tudo eram flores. Os trabalhos de André Rocha e Mauro Beting (pela Editora Maquinária, a mesma de A NAÇÃO), de Eduardo Monsanto (Editora Panda Books), Maurício Neves (Editora Livros de Futebol) e Antonio Carlos Meninéa (na Virtual Books) mostram as coisas como realmente foram. Vale a pena a leitura!


Aquele ano já começou tumultuado. Apesar de ter sido Campeão Brasileiro em 1980, pela primeira vez em sua história, no segundo semestre daquele ano o time perdeu a oportunidade de ser Tetra Carioca numa derrota para o Serrano, em Petrópolis. A relação entre o treinador Cláudio Coutinho e a diretoria estava desgastada, principalmente com a mudança na presidência, com a troca de Márcio Braga por Dunshee de Abranches. Houve o vazamento de uma "lista negra" com o nome de jogadores reservas que deveriam ter seus contratos rescindidos pelo clube. A lista saiu da gaveta de Coutinho em sua escrivaninha na Gávea para a redação de um jornal, sabe-se pelas mãos de quem. Coutinho se desmotivou, acabou que no decorrer de dezembro recebeu proposta do Aztecs, dos Estados Unidos, e decidiu aceitar. Portanto, 1981 já se iniciava com troca de comando.

Durante o ano, três treinadores esquentaram o banco de reservas da Gávea. A primeira opção foi o paraguaio Modesto Bria, ex-jogador rubro-negro, erradicado no Rio de Janeiro. Ele só durou três meses no cargo. O mesmo tempo que levaria seu substituto. Bria alegou razões médicas e pediu demissão. Até a esposa deu declarações nos jornais, ela é quem teria o convencido a sair, antes que ele tivesse um infarto.

Para o seu lugar, em abril, foi escolhido um disciplinador: Dino Sani. O paulista, ex-jogador de São Paulo, Boca Juniors, Milan, Corinthians e Seleção Brasileira, tinha treinado Palmeiras, Internacional e Peñarol (foi Bi-campeão Uruguaio em 1978 e 1979) tentou mexer na dinâmica de jogo do time. O estilo durão também não funcionou num grupo que era extremamente descontraído. Adílio se desentendeu com o treinador durante o ano e foi afastado. Embora viesse fazendo boa campanha, a decisão de demiti-lo foi tomada após uma veemente repreensão pública ao zagueiro Mozer. Em julho de 1981, o time estava mais uma vez sem treinador. E novamente em crise. E não só extra-campo.

Entre os jogadores, embora prevalecesse a amizade, também havia rusgas. A principal delas pelo fato de Tita reclamar porque não queria jogar na ponta-direita, que sua posição era a camisa 10, e que preferia disputar posição com Zico ante ser prejudicado por jogar fora de posição. Adílio em algumas oportunidades também reclamou de ser improvisado, sendo empurrado para fazer a função de ponta-esquerda.

Neste clima, a nova aposta para técnico recaiu no auxiliar de Dino Sani, um cara que tinha sido companheiro daqueles jogadores dentro de campo entre 1978 e 1980, o gaúcho Paulo César Carpegiani.
A formação que ficou eternizada na memória popular e todo rubro-negro sabe decorada: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico só se juntou no finzinho do ano. Esta formação ficou eternizada porque foram os onze que conquistaram o Mundial em Tóquio e que no semestre seguinte faturaram o Brasileiro de 1982. Mas até meados de outubro a formação titular era outra: Raul, Leandro, Figueiredo, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Chiquinho, Nunes e Baroninho. Figueiredo se machucou e Marinho foi quem ficou eternizado. Tita foi convencido a sair da reserva de Zico e voltar para a titularidade na ponta-direita, e Baroninho, autor de três gols na campanha da Libertadores, perdeu a vaga de titular para Lico, que praticamente não tinha jogado desde que havia chegado ao clube, em 1980, jogou contra Deportivo Cali e nos 6 a 0 no Botafogo e não saiu mais.

Por tudo isso, pode-se dizer que se foi um ano com uma quantidade soberba de títulos, em termos de agitos, turbulências e crises, foi um ano como qualquer outro na Gávea, nada fora do padrão "clube das massas", afinal, Flamengo é Flamengo!

Veja também aqui no blog: A Crise na Gávea no 1º semestre de 1981

Elenco rubro-negro na Libertadores 1981:

Goleiros: Raul e Cantareli
Laterais: Leandro e Júnior; Carlos Alberto e Nei Dias
Zagueiros: Marinho, Mozer, Rondinelli e Figueiredo
Volantes: Andrade e Vítor
Meias: Adílio, Fumachu e Zico
Pontas: Tita, Lico, Chiquinho e Baroninho
Atacantes: Nunes, Ronaldo Marques, Peu e Anselmo










terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Foi há 30 anos ...


Foi em 13 de dezembro de 1981 que Tóquio recebeu o dia mais feliz da história do Clube de Regatas do Flamengo.


A divulgação acima trazia Zico e Kenny Dalglish. Os dois camisas 10, os dois ídolos de cada uma das respectivas torcidas, duas lendas na história de cada um dos respectivos clubes.


Depois daquele Flamengo 3 x 0 Liverpool foram onze as lendas que voltaram ao Brasil: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior, Andrade, Adílio e Zico, Tita, Nunes e Lico. Os Onze do Mundial de 81. O time caricaturizado no desenho abaixo.


13/12/81, o dia mais feliz da torcida mais feliz e apaixonada do mundo! 





Tri-campeão Carioca de Basquete em 1933-1934-1935

Assim como foi o campeão do primeiro campeonato de basquete disputado oficialmente em solo brasileiro, a 1ª edição do Carioca de 1919, o Flamengo foi também o campeão da última edição exclusiva da era de amadorismo do basquete do Rio de Janeiro, em 1932. E na virada do esporte totalmente amador para os primordios de um basquete profissional, a equipe rubro-negra construiu uma pequena hegemonia no basquete do Rio.

A era profissional do basquete carioca começou em 1933 e o time Tri-campeão Carioca do Flamengo marcou época, faturando os títulos de 33, 34 e 35. Em 1933 foi campeão, deixando o vice-campeonato com o Riachuelo. Em 1934 faturou o bicampeonato, com o vice ficando com o Clube de Regatas Botafogo. Já na liga amadora (FMB), o Botafogo Futebol Clube ganhou o torneio em 1933, 34, 35, 36 e 37. Em 1935, o Flamengo foi tricampeão, deixando o vice novamente com o Riachuelo.

O processo de segregação dos campeonatos de basquete durante a implementação da fase de profissionalização foi parecido ao que aconteceu no futebol do Rio de Janeiro, com a divisão em duas ligas, uma totalmente amadora e outra profissional, em meio a uma guerra ideológica de princípios. Nos gramados do esporte mais popular da cidade e do país, eis o que aconteceu: "O futebol carioca voltou a se dividir com a implementação do profissionalismo. Fluminense, Vasco, América, Bangu e Bonsucesso fundam a Liga Carioca de Futebol (LCF) e organizam um campeonato independente. Do outro lado, a Associação Amadora (AMEA) reuniu em seu campeonato o Botafogo, campeão de 1932, o Andaraí, o modesto Brasil, e o Olaria (este último que estreara na Primeira Divisão em 1932) e mais um punhado de clubes que jamais haviam disputado a Primeira Divisão: Portuguesa da Ilha, Engenho de Dentro, Confiança, Mavílis, Cocotá e River. Em 1934, o campeonato da LCF ganhou a adesão do São Cristóvão, passando a ter sete equipes. O da AMEA seguiu com os mesmos times de 1933, e, novamente, foi facilmente vencido pelo Botafogo". (A NAÇÃO, pg. 44).

No basquete, foi parecido, a diferença é que ainda haviam dois Botafogos disputando o desporto da bola laranja, o de Regatas e o de Futebol, um em cada campeonato. Só em 1942 é que estes dois clubes vieram a se fundir e formar o Botafogo de Futebol e Regatas. O campeonato amador de basquete ainda foi disputado de 1933 a 1937, organizado pela Associação Metropolitana de Basketball, e tinha além do Botafogo Futebol Clube (campeão destas 5 edições) às agremiações do Andarahy, Brasil, Confiança, Olaria, River, Cocotá, Mavílis e Portuguesa.

O quinteto (o "five") rubro-negro no Carioca de 1933

Na Seletiva para o campeonato de 1933 da LCB (Liga Carioca de Basquete), o time rubro-negro perdeu os dois primeiros jogos, por 11 x 17 para o Carioca e por 11 x 20 para o Clube de Regatas Botafogo. Precisou então disputar uma repescagem "melhor de três" contra o Carioca para assegurar sua participação. Venceu o primeiro duelo por 19 x 5 e no segungo jogo, aquele que difiniu sua entrada na competição, conseguiu uma vitória por 23 x 16 sobre o Carioca no ginásio do Fluminense, fechando a série final por 2-0. Os vinte e três tentos rubro-negros nesta partida, conforme narrado pela edição de 2 de setembro de 1933 do Jornal dos Sports: Haroldo (9), Pitanga (7), Martínez (6) e Waldemar (1). Também entraram em quadra Ádamo e Frederico. A base que dominaria o Rio nas três primeiras edições profisiionais do Campeonato Carioca já estava montada. Haroldo Lobo, Manoel Leite Pitanga e Pedro Martinez eram os principais pontuadores deste time campeão do 1º Campeonato Carioca da Era Profissional.

No Carioca de 1933, o time do técnico Nélson Tinoco Pacheco foi campeão invicto: 20 x 19 e 14 x 11 sobre o América, 16 x 15 e 21 x 10 sobre o Botafogo, 18 x 13 e 13 x 9 sobre o Fluminense, 13 x 8 e 29 x 22 sobre o Grajaú, 15 x 9 e 24 x 20 sobre o São Cristóvão, 19 x 10 e 28 x 17 sobre o Tijuca Tênis Clube, 39 x 18 e 31 x 11 sobre o Vasco da Gama, e 21 x 11 e 43 x 10 sobre o Vila Isabel. Foram, portanto, 16 jogos e 16 vitórias.

No ano seguinte, o time que foi bi-campeão contava com Waldemar, Haroldo e Martínez, e ainda com Pilla, Pereira, Paiva e Pareto. A equipe foi mais uma vez a campeã invicta, de novo com 16 vitórias em seus 16 jogos.

No ano seguinte, mantendo-se como o maior time de basquete do país, uma vez que além de dominar o campeonato da então capital federal, os jogadores rubro-negros eram a base da equipe da LCB que conquistou os Campeonatos Brasileiros de Seleções disputados nestes anos, representando Distrito Federal, o quinteto rubro-negro que conquistou o Tri-campeonato Carioca em 1935 formava Pedro Martinez, Waldemar "Coroa" Gonçalves, Oscar, Ádamo e Monteiro. O craque deste time era Martinez, um jogador que marcou época no basquetebol carioca dos Anos 1930.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Kanela

"O paraibano Togo Renan Soares, o Kanela, foi um dos maiores nomes da história do basquete no Brasil. Ele foi técnico do Flamengo de 1948 a 1970 e treinador da seleção brasileira de 1951 a 1971. Kanela conquistou dois títulos do Campeonato Mundial para o Brasil, em 1959 e 1963, e ainda ganhou uma medalha de bronze nas Olimpíadas de 1960". (A NAÇÃO, pgs. 181-182)

O curioso é que Kanela começou sua carreira como técnico de futebol. Foi treinador do Sport Club Brasil (extinto clube do Rio de Janeiro), do Bangu e do Vitória, do Espírito Santo, e foi técnico também do futebol do Flamengo antes de assumir o time de basquete (tinha sido treinador do time de basquete do Botafogo nos anos 1930). No basquetebol, depois que deixou o Flamengo, treinou o Palmeiras em 1971 e 1972 e o Vila Nova, de Goiás, em 1973, time com o qual conseguiu sagrar-se Campeão Brasileiro, vencendo os paulistas do Trianon na decisão da Taça Brasil.

Ele foi um verdadeiro revolucionário no basquete brasileiro, num momento em que se fazia um jogo parado, só de passes e arremessos, ele introduziu uma dinâmica, de saída em velocidade para o ataque, realizando uma veradeira revolução neste esporte no Brasil. É justo dizer que o basquete brasileiro em 1951, quando ele chegou à Seleção, era um, e vinte anos depois, em 1971, quando ele deixou a Seleção, era outro completamente diferente. Ademais de seu estilo firme e enérgico de liderança dos times que comandou. Num país em que os esportes olímpicos não dão fama como entretenimento, sua fama no Brasil, apesar do impressionante currículo, não chega nem perto da de seu sobrinho, José Eugênio Soares, nacionalmente conhecido como Jô Soares, humorista, apresentador de talk show e escritor, uma espécie de David Letterman brasileiro (Letterman foi um ícone da CBS nos Estados Unidos com seu Late Show, que no Brasil virou "Jô Soares Onze e Meia").

Como treinador do Flamengo foi Campeão Carioca de Basquete em 1948, 1949, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955, 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962 e 1964. Com a Seleção Brasileira, foi vice-campeão Mundial em 1954 no Rio de Janeiro, foi Bi-Campeão Mundial, em 1959 em Santiago e em 1963 no Rio de Janeiro. Em 1970 voltou a ser vice-campeão Mundial, em Ljubljana na Iugoslávia. Em Jogos Pan-Americanos, ganhou Medalha de Prata em 1963, e Medalha de Bronze em 1951, 1955 e 1959. Foi ainda Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos em 1960. E foi 5 vezes Campeão Sul-Americano com o Brasil, em 1959, 1960, 1961, 1963 e 1971; e Campeão Sul-Americano de Clubes com o Flamengo em 1953.


Kanela foi o técnico rubro-negro até o início de 1970. Depois de ter comandado a Seleção Brasileira que obteve o Vice-campeonato Mundial na Iugoslávia, naquele ano, ele decidiu assumir a função de Supervisor do Basquete rubro-negro, com a função de técnico, entre 1970 e 1973, sido ocupada por Barone, Waldyr Boccardo e Marcelo Cocada. O maior problema eram as constantes brigas com árbitros, que o levavam constantemente a ser suspenso. O temperamento explosivo e briguento sempre o acompanhou ao longo de toda a sua carreira. Neste período, teve passagens como técnico do Palmeiras e do Vila Nova, de Goiás, ao qual levou ao título de campeão brasileiro de 73. Após conquistar a Taça Brasil, ele regressou à Gávea. Entre estas idas e vindas como Supervisor do Flamengo e estes trabalhos avulsos fora do clube, no segundo semestre de 73, insatisfeito com o mal desempenho da equipe rubro-negra, que contava com três norte-americanos no time e ainda assim não brigava pelo título carioca, Kanela demitiu ao técnico Marcelo Cocada e decidiu, ele mesmo, voltar a ser o treinador da equipe na reta final daquele estadual. Não foi suficiente para o time ser campeão. Foi a última vez que ele esteve a frente do time de basquete rubro-negro.


1919: Pioneirismo rubro-negro no basquete

"Depois do futebol e do remo, o esporte de maior tradição no clube sempre foi, sem dúvida, o basquete. O Flamengo foi campeão do primeiro torneio de basquete a ser disputado no Brasil, o Campeonato Carioca de 1919, ainda em sua fase amadora". (A NAÇÃO, pg. 181)

O Campeonato Carioca de Basquete de 1919 foi o primeiro torneio da bola laranja a ser jogado no Brasil. Em São Paulo, o basquetebol só começou a ser disputado em 1924, quando o Espéria despontou como primeira potência basquetebolística paulista, tetracampeão em 1924-25-26-27. Época em que a hegemonia no Rio de Janeiro ficou com o Fluminense, octacampeão entre 1920 e 1927. Mas antes de São Paulo, a bola laranja subiu no Rio Grande do Sul, o segundo estado do país onde o esporte foi implementado. E o campeão gaúcho de 1923 foi o time da ACM. Foi, inclusive, a Associação Cristã de Moços (ACM) quem foi a responsável por trazer o esporte para o Brasil e por implementá-lo no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Conta o jornalista Roberto Assaf em seu livro "Seja no Mar. Seja na Terra" que as regras e os regulamentos da primeira competição entre clubes de basquete disputada em solo brasileiro foram aprovados em 22 de setembro de 1919 pela Liga Metropolitana de Sports Terrestres. O campeonato começou três dias depois com a paticipação de América, Associação Cristã de Moços (ACM), Boqueirão do Passeio e Flamengo. O Fluminense participaria, chegou a ter seu nome publicado na tabela, mas desistiu.

Na primeira partida, disputada em 25 de setembro, o Flamengo derrotou ao América por 26 a 19 na quadra do clube rubro. Depois de jogarem todos contra todos, deu a lógica, e a final foi entre o Flamengo, que organizava torneios internos desde 1915, e a ACM, organização responsável por introduzir o basquete no Rio e no Brasil.

Naquele primeiro campeonato, o Flamengo obteve os seguintes resultados: 26 x 19 no América (15 x 9 no 1° tempo), 26 x 31 contra o Boqueirão (17 x 10), 31 x 25 na ACM (24 x 10), 23 x 17 no América (31 x 10), 28 x 36 contra a ACM (7 x 11), e 34 x 23 no Boqueirão (14 x 11). A decisão foi disputada em 19 de dezembro, na quadra neutra do América e com vitória rubro-negra por 33 x 29 (1º tempo foi 15 x 14 para o Flamengo) para cerca de mil pessoas presentes.

O "five" do Flamengo venceu com Carlos Santive, Itagibe Novaes, Maroim Marwin, Rizzo Zeth Baptista e o capitão Mário Sayão de Carvalho Araújo, o Romano. Pontuaram na decião pelo Flamengo: Marwin com 14 pontos, Rizzo com 12, Itagibe com 4 e Romano com 3. Pela ACM pontuaram Calvente com 14, Valente com 9 e Hugo Hamann com 6, Richer e Oswaldo de Rezende não pontuaram.



História do Basquete do Flamengo

Tempo de férias no futebol, com as atenções concentradas nas transações de formação do time para a temporada 2012. A torcida do Flamengo está agora concentrada em aopiar o time no NBB, onde o Flamengo é o líder, chegando-se à conclusão da primeira metade do primeiro turno (um quarto da primeira fase).

Para embalar nossa torcida, o blog do livro A NAÇÃO vai inaugurar uma nova série de postagens, narrando a história do Flamengo no basquete, o esporte mais tradicional dentro do clube depois do futebol e do remo.

Os textos que serão postados são os que estão listados pelo título na barra lateral. Espero que desfrutem a viagem pela história do basquete rubro-negro, um importante capítulo da própria história do basquetebol nacional. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

1º lugar: FLÁVIO COSTA

Flávio Costa foi um ícone do futebol carioca formado no Flamengo. Ele foi jogador do Flamengo de 1926 a 1936. Deixou os campos para assumir o banco de reservas do time rubro-negro. Sua passagem foi interrompida em 1937 quando a diretoria deciciu importar o húngaro Dori Krueshner. Ficou um tempo na Portuguesa da Ilha e foi chamado de volta, desta vez para ficar 8 anos sentado no banco de reservas da Gávea. Foi então para o Vasco e montou e treinou o Expressinho da Vitória, time que marcou época em São Januário; acabou escolhido para ser o técnico do Brasil na Copa do Mundo de 1950. Em 51 voltou, para mais dois anos liderando o time da Gávea. Ainda houve uma quarta passagem, de três anos e meio, entre 62 e 65.

Carreira: 1934-36 Flamengo; 1937-38 Portuguesa (RJ); 1939-46 Flamengo; 1944-50 Seleção Brasileira; 1947-50 Vasco; 1951-52 Flamengo; 1953-55 Vasco; 1955-56 Seleção Brasileira; 1956-57 Porto (Portugal); 1958 Portuguesa de Desportos (SP); 1959-60 Colo Colo (Chile); 1960-61 São Paulo; 1962-65 Flamengo; 1965-66 Porto (Portugal); 1968-69 América; 1970 Bangu; 1971 Cruzeiro; e 1976 Volta Redonda (RJ).

Campeão Carioca: 1939, 1942, 1943, 1944 (os quatro com o Flamengo), 1947, 1949, 1950 (os três com o Vasco) e 1963 (Flamengo) - 8 vezes

Passagens pelo Flamengo:
1934-37 - dirigiu o time entre setembro de 34 e janeiro de 37. Foram 111 jogos, com 67 vitórias, 21 empates e 23 derrotas. Treinou nesta passagem jogadores como Leônidas da Silva, Domingos da Guia, Fausto dos Santos, Jarbas, Alfredo, Sá e os argentino Talladas, Villa, Arcadio López e Agustín Cosso.
1939-46 - treinou o time nas temporadas inteiras de 1939 até 1946. Foram 345 jogos nesta passagem, com 193 vitórias, 68 empates e 84 derrotas. Deixou o clube em dezembro de 1946 rumo a São Januário. Treinou novamente Leônidas da Silva, Domingos da Guia e Jarbas. Treinou ainda Zizinho, Pirilo, Perácio, Vevé, Nilton Canegal, Biguá e Jayme de Almeida, e os argentinos Volante, Alfredo González e Valido, e o paraguaio Modesto Bria.
1951-52 - em sua terceira passagem, foram 118 jogos, com 73 vitórias, 18 empates e 27 derrotas. Foi a passagem mais modesta de Flávio Costa pelo Flamengo. O time tinha Garcia, Biguá, Pavão, Dequinha, Modesto Bria, Joel, Rubens, Durval e Esquerdinha.
1962-65 - treinou o time entre janeiro de 62 e julho de 65, foram 226 jogos, com 124 vitórias, 45 empates e 57 derrotas. Nesta passagem treinou Dida, Carlinhos, Nelsinho Rosa, Espanhol e Henrique. Foi nesta passagem que teve um desentendimento com Gérson, que levou o Canhota de Ouro a deixar o Flamengo e ir para o Botafogo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A Reconstrução do Flamengo

O gráfico abaixo mostra a colocação do Flamengo em todas as edições do Campeonato Brasileiro, de 1971 a 2011.

Em barras, estão as colocações até o 24º lugar. Em 1973 e em 2001 o espaço está em branco porque nestes anos o Flamengo ficou exatamente na 24ª posição, os piores desempenhos históricos do clube. Atualmente, como a 1ª divisão tem 20 times, nem nela estes dois desempenhos catastróficos se encaixariam. A linha preta é a média móvel de três edições (o último ponto da linha preta, por exemplo, é a média das colocações em 2009-2010-2011.

Pelo desempenho da linha preta dá para ver como o Flamengo se reconstruiu e saiu do vale em que andou metido!

Observando um corte nas seis primeiras posições também se nota. Nos últimos 5 campeonatos o Flamengo ficou 4 vezes entre os 6 primeiros:
2007: 3º lugar / 2008: 5º lugar / 2009: 1º lugar / 2010: 14º lugar / 2011: 4º lugar

Historicamente, o desempenho só é comparável ao período entre 1980 e 1984, quando foram 5 vezes seguidas entre os 6 primeiros e em três delas como campeão:
1980: 1º lugar / 1981: 6º lugar / 1982: 1º lugar / 1983: 1º lugar / 1984: 5º lugar

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

2º lugar: FLEITAS SOLICH

O paraguaio Manuel Fleitas Solich, como jogador, foi um bom meio-campista, campeão paraguaio de 1924 e de 1926 pelo Nacional e campeão argentino de 1930 pelo Boca Juniors. Como treinador, esteve a frente da Seleção Paraguaia na disputa dos Campeonatos Sul-Americanos de 1937, 1939, 1942, 1949 e 1953, e foi o treinador paraguaio na Copa do Mundo de 1950. Foi depois do título sul-americano de 53 que chegou à Gávea, para comandar um time que já tinha três jogadores paraguaios, o goleiro Garcia, o cabeça-de-área Modesto Bria e o centroavante Benítez. Em suas passagens como treinador no futebol argentino e paraguaio passou a ser chamado de "El Brujo". No Brasil, ao invés de fazerem a tradução literal para "O Bruxo", ele ficou sendo chamado de "O Feiticeiro".

Carreira: 1932 Lanus (ARG); 1933 Newel's Old Boys (ARG); 1934-35 Quilmes (ARG); 1936 Talleres (ARG); 1937-38 Nacional, do Paraguai; 1937-40 Seleção do Paraguai; 1940-41 River Plate (ARG); 1942 Olimpia (PAR); 1942 Seleção do Paraguai; 1943-44 Libertad (PAR); 1945-53 Seleção do Paraguai; 1953-59 Flamengo; 1959-60 Real Madrid (Espanha); 1960-61 Flamengo; 1962-63 Corinthians; 1963 Fluminense; 1963-65 Seleção do Paraguai; 1966 Palmeiras; 1967-68 Atlético Mineiro; 1970-71 Bahia; e 1971 Flamengo.

Campeão da Copa América de 1953
Campeão Carioca de 1953, 1954 e 1955
Campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1961

Passagens pelo Flamengo:
1953-59 - Solich chegou ao Flamengo em abril de 1953 para fazer história, iniciando o período de conquistas do "Segundo Tri". Depois de 6 anos e 2 meses a frente do time, saiu em junho de 1959 ao receber um convite para ser o treinador do Real Madrid. Neste período, foram 390 jogos a frente do Flamengo, com 238 vitórias, 73 empates e 79 derrotas. Treinou Evaristo, Zagallo, Joel, Rubens, Dequinha, Indio, Benítez, Garcia, Bria, Pavão, Jordan, Joubert, Moacir e Dida.
1960-61 - Depois de ser demitido do Real Madrid, voltou para o Flamengo em julho de 1960 e ficou até dezembro de 1961. Não conseguiu vencer o Campeonato Carioca, mas conquistou o Torneio Rio-São Paulo, na única vez que este troféu foi para a Gávea. Nesta passagem, foram 103 jogos, com 61 vitórias, 19 empates e 23 derrotas. Nesta passagem, treinou novamente Dida, Joel, Joubert e Jordan, e também Gérson, Carlinhos e Nelsinho Rosa.
1971 - treinou novamente o Flamengo entre junho e dezembro de 71. Chegou para sua terceira passagem pela Gávea já com 70 anos, e foi o treinador de ponta a ponta na campanha do 1º Campeonato Brasileiro. Neste campeonato, treinou o paraguaio Reyes, além de Fio Maravilha, Samarone, Liminha e Rodrigues Neto, e promoveu da base um garoto chamado Zico.

No 11º jogo da terceira passagem do Feiticeiro pela Gávea, foi numa partida contra o Vasco, pela Taça Guanabara, que Solich colocou um garoto franzino, chamado Zico, para jogar. O Flamengo venceu aquele jogo por 2 a 1. Nos dois jogos seguintes, derrota para o Fluminense e o primeiro jogo em Campeonatos Brasileiros, uma derrota para o Sport, em Recife. No segundo jogo do Brasileiro de 71, empate em 1 a 1 com o Bahia na Fonte Nova. O gol rubro-negro neste jogo, o primeiro na história dos Brasileiros, foi feito pelo menino Zico.


domingo, 4 de dezembro de 2011

2012 Ano do Centenário

Terminou 2011. E o ano chega ao fim com o Flamengo tendo se classificado para disputar a 11ª Taça Libertadores da América de sua história (1981, 1982, 1983, 1984, 1991, 1993, 2002, 2007, 2008, 2010 e 2012). 

Agora, é começar a preparar o Ano do Centenário do Futebol!

"Em 3 de maio de 2012 completa-se o Centenário do futebol do Flamengo. Cem anos desde quando o emblema rubro-negro foi ostentado pela primeira vez em camisas de futebol à altura do coração. Cem anos de que Flamengo e Mangueira entraram em campo, no antigo estádio do América, na rua Campos Salles, próximo à praça Afonso Pena. Foi lá que tudo começou, humildemente". (A NAÇÃO, pg. 226)

Leandro Barbosa e o Marketing


Foram dois meses de exibições do jogador da NBA com o manto vermelho e preto. Passagem curta, mas intensa. Quando o Flamengo anunciou o sonho de trazer Leandrinho durante o lock-out da NBA, só se escutavam deboches e ironias, era mais "devaneio lunático do Flamengo" para muitos. O devaneio virou realidade, mas ainda assim muitos foram os questionamentos: "vai jogar meia dúzia de jogos e vai embora". O fato é: ele veio, vestiu rubro-negro, mostrou ao Brasil que o projeto foi sério e financeiramente viável, colocou o basquete brasileiro de forma mais intensa na mídia, reforçou a seriedade dos investimentos em basquete na Gávea, em suma, representou uma tremenda ação de marketing. Acabou a greve no basquete americano e ele voltou, como estava planejado e estipulado no contrato desde o início, para vestir novamente a camiseta do Toronto Raptors.

Mas mais do que uma ação de marketing nacional, foi uma ação internacional de fortalecimento de marca. Por todo o mundo a mídia especializada divulgou: enquanto outros jogadores acertavam para jogar na Espanha, na Turquia, na Rússia e na China durante o lock-out, Leandro Barbosa vinha para o Brasil, para o Flamengo. Foi notícia no mundo inteiro.

Mais: vinha para entrar num quinteto em que todos os jogadores têm renome internacional: Leandro Barbosa, David Jackson, Marcelo Machado, Federico Kammerichs e Caio Torres. Um jogador de NBA, outro com mais de 10 anos na Seleção Brasileira, outro da Seleção da Argentina, outro que foi o melhor estrangeiro da Liga Argentina, outro que jogou a Liga Espanhola. Um time de nível internacional. O maior projeto era disputar o Hexagonal Final da Liga Sul-Americana. Ele estava inicialmente programado para ser jogado entre 29 de novembro e 3 de dezembro. Teria sido o tempo exato para Leandrinho jogar, não tivesse ele sido desmarcado por desavenças burocrático-financeiras sobre qual seria o local de disputa.

Era para tudo ter sido tão só uma grande ação de marketing, mas Flamengo é Flamengo, não há relação fria e breve que suporte. Com a palavra, Leandrinho:

"Vestir a camisa do Flamengo tem um sabor diferente. E eu quero ter o prazer de sentir isso novamente. Não sei o que vai acontecer, como está o Toronto e como vai ser a temporada da NBA. Mas meu coração já está guardado para o Flamengo" - Leandro Barbosa, 03/12/2011


A histórica estréia de Leandro Barbosa com a camisa do Flamengo:

TORNEIO AMISTOSO JOÃO HERCULINO
Data: 09/10/2011 - LOCAL: Ginásio Nilson Nélson, Brasília
UNICEUB/BRB/BRASÍLIA (26 + 22 + 10 + 27 = 85)
Nezinho (20), Alex Garcia (27), Arthur (8), Guilherme Giovannoni (6) e Alírio (9). Depois: Bruno Langsdorff (5), Rossi (2), Fábio (0), Márcio Cipriano (2), Ronald (0) e Lucas Tischer (6). Técnico: José Carlos Vidal
FLAMENGO (22 + 17 + 28 + 15 = 82)
Leandrinho (11), David Jackson (8), Marcelinho (28), Kammerichs (7) e Caio Torres (18). Depois: Hélio (3), Fred (3), Guto (0), Guilherme Teichmann (0), Wagner (0) e Átila dos Santos (4). Técnico: Gonzalo Garcia


 Leandrinho, cercado por Nezinho, Rossi e Cipriano


Jogos pelo Flamengo:
09/10 -  82 x 85 UniCEUB/Brasília - Amistoso em Brasília: 11 pontos
13/10 - 105 x 86 Uberlândia - Amistoso na Gávea: 15 pontos
14/10 -  92 x 84 Uberlândia - Amistoso na Gávea a portões fechados: 19 pontos
20/10 -  98 x 68 Tijuca - Amistoso na Gávea a portões fechados: 16 pontos
03/11 - 109 x 77 UTE Quito (EQU) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 22 pontos
04/11 -  97 x 44 Boston College (CHL) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 15 pontos
05/11 -  74 x 83 Atenas (ARG) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 14 pontos
11/11 - 101 x 74 Tijuca - Final do Estadual, Ginásio da Gávea: 20 pontos
15/11 -  93 x 75 Tijuca - Final do Estadual, Ginásio da Gávea: 15 pontos
19/11 -  88 x 78 Paulistano - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 26 pontos
21/11 -  84 x 89 Pinheiros - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 20 pontos
24/11 -  83 x 70 Minas - Liga Nacional, em Belo Horizonte: 6 pontos
26/11 - 110 x 72 UniCEUB/Brasília - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 22 pontos
01/12 -  81 x 66 Bauru - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 16 pontos
03/12 -  93 x 55 Liga Sorocabana - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 24 pontos

15 jogos, 12 vitórias e 3 derrotas - 261 pontos, 17,4 pontos por jogo