PARA SER CAMPEÃO: após ter um bom desempenho nas 15 primeiras rodadas, a equipe passou a cair bastante de produção a partir da 16ª. O time rubro-negro chegou ao fim da 20ª rodada devendo 6 pontos frente a meta para o título traçada aqui no Blog.
O pior foi ter levado duas goleadas consecutivas, de 4 a 1 para o São Paulo no Maracanã e de 4 x 0 para o Atlético-MG no Mineirão. Diante disto, foi decidida pela substituição do técnico espanhol Domenec Torrent, que foi demitido. A diretoria agiu rápido e contratou Rogério Ceni, que estava na 11ª colocação a frente do Fortaleza, com o qual havia sido Bi-Campeão Cearense e Campeão da Copa do Nordeste.
Com um dos jogos da 21ª à 25ª rodada tendo sido adiado, serão computados aqui os cinco jogos imediatamente subsequentes à 20ª rodada. Isto causa para o planejamento aqui desenhado, uma lev variância de forças entre as pontuações consideradas ideal da 21ª à 25ª e da 26ª à 30ª, mas vamos considerar este efeito de baixa relevância. De qualquer forma, ao final da 30ª rodada, será considerada a avaliação do realizado vs planejado da soma de ambos os período, somando o desempenho da 21ª à 30ª rodada e também mostrando a divergência (ou não) do realizado em relação à meta.
A SEQUÊNCIA DA 21ª À 30ª RODADA É FUNDAMENTAL NA LUTA PELO TÍTULO!!! E começou bem mal, com um empate diante do Atlético Goianiense no Maracanã. Era muito crítica a fase rubro-negra naquele momento da disputa. Mas o time, ainda que não jogando bem, engrenou quatro vitórias consecutivas.
A META DA 21ª À 25ª FOI ATINGIDA: devia fazer 12 pontos e marcou 13. Com isso, diminuiu 1 ponto do que devia frente ao planejado, estando agora 5 pontos abaixo da meta traçada aqui no Blog A Nação no início do Campeonato Brasileiro. Justamente aqueles 5 pontos que o separavam do então líder São Paulo!
Nos 5 jogos seguintes - Fortaleza fora, clássico contra o Fluminense, Ceará em casa, Goiás fora e Palmeiras em casa - era muito importante fazer todos os 15 pontos, ou ao menos marcar 13 pontos, ainda que a meta inicialmente traçada fosse marcar 10 pontos. Não havia mais qualquer margem para erro ou o título estaria perdido.
DESEMPENHO RUBRO-NEGRO NAS 25 PRIMEIRAS RODADAS DE 2021 FOI O SEU 2º MELHOR NA HISTÓRIA DO CAMPEONATO BRASILEIRO POR PONTOS CORRIDOS, AINDA QUE 10 PONTOS ATRÀS DO OBTIDO EM 2019
A HISTÓRIA NO BRASILEIRÃO 2020
Passo a passo da 1ª à 5ª Rodada
Passo a passo da 6ª à 10ª Rodada
Passo a passo da 11ª à 15ª Rodada
Passo a passo da 16ª à 20ª Rodada
21ª Rodada - 14/11/2020 - Flamengo 1 x 1 Atlético Goianiense
Local: Maracanã (Público: 0; em função da pandemia de coronavírus)
Gols: Bruno Henrique (44'1T) e Zé Roberto (13'2T)
Após duas goleadas sofridas, caindo duas vezes de quatro, o Flamengo demitiu a Domenec Torrent e contratou Rogério Ceni para seu lugar. Sua estreia foi com uma derrota para o São Paulo por 2 a 1, no Maracanã, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil. Sua segunda partida a frente da equipe, também no Maracanã, pedia uma vitória para se recuperar no campeonato, e contra um adversário que não estava bem na tabela de classificação.
Sem Éverton Ribeiro e Pedro, convocados para a Seleção Brasileira, e sem Isla, convocado para a Seleção do Chile, para as partidas pelas Eliminatórias, e equipe tinha a Gabigol e Arrascaeta voltando de contusão, ainda fora de ritmo. E ainda havia perdido a Filipe Luís, que sentiu uma lesão muscular na partida da Copa do Brasil. Ainda estavam fora, contundidos, Rodrigo Caio e Diego.
O novo técnico Rogério Ceni apostou na volta de Diego Alves ao gol (mas após ter câimbras no jogo da Copa do Brasil, ele voltou a desfalcar a equipe) e numa formação da zaga com Gustavo Henrique e Léo Pereira. Ambas as escolhas visavam dar mais experiência ao time. Taticamente, a organização dos jogadores passou a ser o 4-4-2 e não o 4-2-3-1 que vinha sendo usado por Domenec.
O 1º tempo do time rubro-negro foi bastante ruim, assim como era a partida, um futebol feio aos olhos estava sendo jogado no Maracanã de parte a parte. Na chance mais clara de gol que conseguiu criar, Thiago Maia chutou da entrada da área e o goleiro Jean deu um leve tapa antes da bola acertar ao travessão e ir para escanteio. Quando tudo se arrastava, apontando para um fim de primeira etapa sem gols, um passe errado do meio de campo goianiense ficou redondo para Thiago Maia, que de primeira acionou a Bruno Henrique para ele penetrar em velocidade, passar pelo zagueiro e tocar na saída do goleiro, abrindo o placar.
Com a vantagem, no intervalo o técnico rubro-negro lançou Natan no lugar de Gustavo Henrique, que já tinha cartão amarelo. No início do 2º tempo, a impressão era que a vantagem rubro-negra não tardaria em ser aumentada. Gabigol balançou as redes, mas em clara posição de impedimento, tendo o gol sido corretamente anulado. Porém, o destino mudou quando Thiago Maia torceu o joelho. Na incompreensível insistência de mantê-lo em campo, ao invés de substituí-lo imediatamente, foi ele quem errou um passe que desencadeou o ataque no qual Chico superou a Léo Pereira e a Natan, com certa facilidade, com a bola sobrando para o centroavante Zé Roberto bater rasteiro e perto de Hugo Souza, que não esticou a perna a tempo. Uma sequência de lances irritantes, para deixar os rubro-negros enlouquecidos, e o jogo estava novamente empatado, aos 13 minutos.
Dali em diante, a péssima atuação rubro-negra mostrou muito pouco que fizesse a equipe merecer uma vitória. A péssima atuação não foi digna de três pontos. Depois de levar o gol, Ceni acordou e lançou Michael no lugar do lesionado Thiago Maia. Depois, ainda tirou a Gabigol, que sentia dores na parte posterior da coxa, e lançou Lincoln, e num ato de maior desespero por buscar a vitória, lançou a De Arrascaeta no lugar do zagueiro Léo Pereira, recuando Arão para a função de zagueiro. Embora sem merecer, aos 46 minutos do 2º tempo, Arrascaeta bateu cruzado e encontrou Lincoln sozinho, na pequena área, com goleiro e zagueiro já batidos, e o centroavante perdeu um gol inaceitável que seja perdido por um jogador profissional! Tocou fraco, dando tempo para o zagueiro espanar antes que a bola cruzasse à linha.
Com o empate, estacionado em 36 pontos, o Flamengo via o Atlético Mineiro assumir a liderança com 38 pontos e um jogo a mais. O Internacional estacionou também em 36 pontos, a mesma pontuação do São Paulo, que tinha 3 jogos a menos. O Flamengo tinha apenas 6 pontos feitos nas 6 rodadas entre a 16ª e a 21ª, com um aproveitamento de apenas 33% em 18 pontos disputados, afastando-se da briga pela ponta, e vendo se aproximarem a Santos e Palmeiras com 34 pontos, e Grêmio com 33 pontos.
Ficha Técnica:
Fla: Hugo Souza, Matheuzinho, Gustavo Henrique (Natan), Léo Pereira (Arrascaeta) e Renê; Willian Arão, Thiago Maia (Michael), Gérson e Vitinho; Bruno Henrique e Gabriel Barbosa (Lincoln).
Téc: Rogério Ceni
Atlético: Jean, Dudu, João Victor, Gilvan e Nicolas; Marlon Freitas (Oliveira), William Maranhão e Chico (Matheus Vargas); Ferrareis (Natanael), Zé Roberto (Júnior Brandão) e Janderson (Arnaldo).
Téc: Marcelo Cabo
22ª Rodada - 21/11/2020 - Flamengo 3 x 1 Coritiba
Local: Maracanã (Público: 0; em função da pandemia de coronavírus)
Gols: Bruno Henrique (2'1T), Arrascaeta (26'1T), Renê (30'2T) e Matheus (45+3'2T)
O Flamengo seguia em sua via crúcis de desfalques. Ainda sem Rodrigo Caio, com Filipe Luís e Gabigol tendo sentido desconfortos musculares, com Pedro tendo voltado da estadia na Seleção Brasileira lesionado, e com Gustavo Henrique e Natan suspensos por três cartões amarelos. Rogério Ceni ainda não havia vencido, após duas derrotas para o São Paulo que custaram a queda rubro-negra nas quartas de final da Copa do Brasil, e um empate contra o Atlético Goianiense, e faltando três dias para ir à Argentina para enfrentar ao Racing pelo jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, vencer ao Coritiba, um dos últimos da tabela, no Maracanã, era questão de vida ou morte.
Como disse Ceni à beira do campo em entrevista antes da bola começar a rolar, o objetivo era repetir taticamente ao "Flamengo de 2019", com a mesma linha de meio e dois jogadores de velocidade na frente (desta vez, no entanto, com Vitinho lo lugar de Gabigol). Na prática era o mesmo 4-2-3-1 alternando a um 4-2-4, mas distinto, pois cabia a BH o papel de centroavante que era de Gabigol, e com Vitinho fazendo o centro da linha de três, deslocava Arrascaeta mais para a beirada do campo do que o normal, ainda que como era com Jorge Jesus, as quatro peças ofensivas se movimentavam bastante e alternavam seus posicionamentos ofensivos.
Difícil separar se por méritos próprios, ou pela fragilidade defensiva do time adversário, o fato é que ofensivamente o jogo encaixou. Logo aos dois minutos de jogo, Bruno Henrique marcou de cabeça numa jogada iniciada por ele próprio pela ponta-esquerda. Era para o Flamengo ter ido para o intervalo já com uma goleada construída. Além do segundo gol, marcado por De Arrascaeta, o time meteu duas bolas na trave, com Éverton Ribeiro e Bruno Henrique, e perdeu outras duas chances incríveis, uma na qual BH entrou frente a frente ao goleiro e escolheu driblar para o lado errado, e outra em que Éverton tentou colocar no contra-pé do goleiro alvi-verde, que se recuperou bem e fez defesa de grande reflexo.
Na volta para o 2º tempo, logo nos primeiros minutos, Bruno Henrique subiu sozinho na pequena área para cabecear e testou para fora. Pouco depois, ele teve outra oportunidade frente ao frente ao goleiro, e voltou a desperdiçá-la. Só na segunda metade da etapa final saiu o terceiro gol, após boa jogada do lateral-esquerdo Renê, enfim tranquilizando aos rubro-negros. No fim, a fragilidade defensiva apareceu, e nos acréscimos o time tomou um gol, que mais uma vez foi feito num espaço dado pelo lado direito do sistema defensivo. Àquela altura, no entanto, só importava a consumação dos três pontos.
Com a vitória na noite de sábado, o Flamengo dormiu de sábado para domingo na liderança. Ainda que temporária, era a primeira vez em todo o Campeonato Brasileiro de 2020 em que o Flamengo alcançava à ponta da tabela. Envoltos em inúmeros casos de coronavírus em seu elenco, Palmeiras e Santos perderam para Goiás e Athlético Paranaense. No domingo, a rodada foi finalizada, com o Internacional perdendo em casa para o Fluminense, e São Paulo e Atlético Mineiro empatando contra Vasco (em casa) e Ceará (fora). O Flamengo foi o único a vencer na rodada entre os seis primeiros colocados. Terminou a rodada empatado com o Atlético com 39 pontos. Atrás, o São Paulo tinha 37, porém com três jogos a menos, o Internacional tinha 36, o Fluminense 35, e Palmeiras, Santos e Grêmio tinham 34. Embolou tudo, passando a haver oito clubes brigando pelo título.
Ficha Técnica:
Fla: Diego Alves, Isla (Matheuzinho), Thuler, Léo Pereira e Renê; Willian Arão, Gérson (Diego), Arrascaeta e Éverton Ribeiro (Lázaro); Vitinho (Pedro Rocha) e Bruno Henrique (Michael).
Téc: Rogério Ceni
Coritiba: Wilson, Mailton (Jonathan), Rodolfo Filemon, Nathan (Matheus), Sabino e William Matheus; Matheus Sales, Matheus Galdezani (Yan Sasse) e Giovanni Augusto; Osman Júnior (Brayan Lucumi) e Róbson (Matheus Bueno).
Téc: Rodrigo Santana
24ª Rodada - 05/12/2020 - Flamengo 1 x 0 Botafogo
Local: Engenhão (Público: 0; em função da pandemia de coronavírus)
Gol: Éverton Ribeiro (9'2T)
Depois de ser eliminado da Copa Libertadores da América e da Copa do Brasil, o ano praticamente recomeçava para o Flamengo. Dali em diante o treinador Rogério Ceni teria semanas inteiras para treinar o time e reverter as deficiências técnicas e táticas que haviam se manifestado desde a saída do português Jorge Jesus. A desvantagem para o novo líder, o São Paulo, havia ficado grande, não deixando mais quaisquer margens para erros e tropeços.
Contra o desesperado Botafogo, o Flamengo tomou um susto com menos de um minuto de jogo, com os alvi-negros tentando executar uma operação abafa inicial para tentar colocar o jogo a seu favor. Dali em diante o domínio de posse de bola rubro-negro foi massivo, mas sem que o time conseguisse transformar em chances reais de gol. No 1º tempo, numa atuação muito abaixo de um padrão mínimo aceitável, o time de Ceni criou só duas chances reais de gol, uma com Bruno Henrique que por muito pouco não entrou, e outra numa ajustado de cabeça de Gustavo Henrique para o meio da pequena área na qual Gérson não conseguiu levar vantagem sobre o zagueiro e aproveitar. Foi só isso, uma atuação sofrível diante de um adversário técnica e taticamente sofrível, que estava a um passo de ser rebaixado à Segunda Divisão. Um adversário realmente medíocre, que muitas vezes precisava apelar para o anti-jogo para se manter com alguma competitividade na partida.
No 2º tempo, aproveitando uma saída de bola equivocada do lateral-direito Marcinho, a bola chegou na entrada da área para Éverton Ribeiro escorar no canto, fora do alcance do goleiro, e abrir o placar. Daí em diante quase mais nada de relevante aconteceu. Nos minutos finais, logo após os alvi-negros terem ao lateral-esquerdo Victor Luís expulso, o zagueiro Gustavo Henrique precisou segurar o atacante botafoguense pela cintura para impedir que ele entrasse frente a frente a Diego Alves e muito provavelmente conseguisse empatar o jogo. Zagueiro expulso, e chance perigosíssima de gol que o adversário não conseguiu aproveitar. E foi só. Uma atuação horrorosa do desordenado time de Rogério Ceni, que conseguia atuar ainda pior do que o de Domenec Torrent atuava antes das duas goleadas de quatro que sofreu. Pouquíssimo para quem julgava ter pretensões de ser campeão. O time só obteve duas vitórias consecutivas porque enfrentou duas equipes fraquíssimas - Coritiba e Botafogo - fortíssimas candidatas a rebaixamento. Fossem adversários mais difíceis, e a história teria sido outra. Contra os botafoguenses, se tivesse jogado sem Rodrigo Caio, e com a zaga formada por GUstavo Henrique e Léo Pereira, certamente teria perdido pontos.
Pelo menos os três pontos foram conseguidos. No restante da rodada, dois confrontos diretos da parte de cima da tabela terminaram empatados em 2 a 2, entre Palmeiras e Santos, e entre Atlético Mineiro e Internacional. Já São Paulo, Grêmio e Fluminense venceram. Com isso, o líder São Paulo estava 5 pontos a frente, com 47 conquistados, contra 43 do Atlético Mineiro e 42 do Flamengo. A partir de então apareciam o Grêmio com 40, o Fluminense com 39, e Internacional, Palmeiras e Santos com 38.
Ficha Técnica:
Fla: Diego Alves, Isla, Rodrigo Caio, Gustavo Henrique e Filipe Luís; Willian Arão, Gérson, Arrascaeta e Éverton Ribeiro (Michael); Bruno Henrique (Vitinho) e Pedro (Rodrigo Muniz).
Téc: Rogério Ceni
Botafogo: Diego Cavalieri, Marcinho (Federico Barrandeguy), Marcelo Benevenuto, Rafael Forster e Victor Luís; Zé Welison (Matheus Babi), Caio Alexandre (Luiz Otávio), Keisuke Honda e Bruno Nazário (Lucas Campos); Rhuan (Salomon Kalou) e Pedro Raul.
Téc: Felipe Lucena (Eduardo Barroca ausente por coronavírus)
25ª Rodada - 13/12/2020 - Flamengo 4 x 1 Santos
Local: Maracanã (Público: 0; em função da pandemia de coronavírus)
Gols: Gérson (41'1T), Gabriel Barbosa (4'2T), Filipe Luís (12'2T), Gabriel Barbosa (25'2T) e Bruno Marques (30'2T)
Durante a semana que antecipou à rodada, o São Paulo pagou mais um de seus jogos atrasados, vencendo ao Botafogo no Morumbi e ampliando sua vantagem na liderança do campeonato, abrindo 8 pontos de vantagem para o Flamengo.
Contra o Santos, em casa, o time rubro-negro enfrentava a uma formação de reservas, uma vez que o alvi-negro praiano enfrentaria ao Grêmio três dias em duelo que valia vaga na semi-final da Libertadores da América. Para seguir brigando pelo título, era imprescindível a conquista dos três pontos. Mas a fase na preparação física e no departamento médico continuava bisonha. às vésperas da partida, num treinamento, o time perdeu ao volante Willian Arão com uma lesão muscular grave, suficiente para deixá-lo algumas semanas fora de atividade. Uma vez que a equipe já havia perdido a Thiago Mais com uma lesão no joelho, restava um único volante à disposição no elenco, o garoto João Gomes, titular da equipe campeã brasileira sub-20 em 2019.
No 1º tempo, o time rubro-negro tinha total domínio da partida, mas não conseguia converter isto em chance reais de gol. Numa partida morosa a arrastada, o gol veio a sair de forma sofrida no finzinho da primeira etapa. O tento, no entanto, abriu a porteira para o retorno do intervalo. O domínio seguiu total e os gols foram saindo sequencialmente. Primeiro num infantil puxão de camisa sobre Arrascaeta, um pênalti que Gabigol não desperdiçou. Depois um bate-rebate similar e a bola sobrou para Filipe Luís empurrar para dentro do gol. Depois Éverton Ribeiro foi lançado na área, driblou o goleiro e foi derrubado, pênalti que Gabigol novamente converteu. Com a vantagem confortável no placar, o time se acomodou, e a defesa mais uma vez não conseguiu terminar sem levar gols, mesmo com uma formação diferente daquela dos jogos anteriores. Ficou assim a goleada. Apesar da ampla vantagem, o jogo não foi bom, e o time rubro-negro esteve muito longe de estar nos seus melhores dias.
Com o resultado, o Flamengo seguia vivo na disputa, principalmente com a derrota do São Paulo no clássico contra o Corinthians, a qual encurtou a vantagem do líder, que estava com 50 pontos, seguido pelo Atlético Mineiro com 46 e o Flamengo com 45. E na rodada seguinte, enquanto o adversário rubro-negro seria o descendente na tabela Bahia, já próximo à Zona de Rebaixamento, líder e vice-líder se enfrentariam na capital paulista. Mais do que nunca, uma nova vitória rubro-negra seria fundamental. Ainda vivos no campeonato, Palmeiras, Internacional e Grêmio apareciam com 41 pontos, o Fluminense com 40 e o Santos com 38.
Ficha Técnica:
Fla: Diego Alves, Isla, Rodrigo Caio, Natan e Filipe Luís; João Gomes, Gérson (Pedro), Arrascaeta (Vitinho) e Éverton Ribeiro (Michael); Bruno Henrique (Pepê) e Gabriel Barbosa (Pedro Rocha).
Téc: Rogério Ceni
Santos: João Paulo, Madson, Luiz Felipe, Alex Nascimento e Wágner Leonardo (Ângelo); Alison (Guilherme Nunes), Sandry e Jean Mota (Lucas Lourenço); Tailson (Felipe Jonatan), Lucas Braga e Marcos Leonardo (Bruno Marques).
Téc: Cuca
26ª Rodada - 20/12/2020 - Flamengo 4 x 3 Bahia
Local: Maracanã (Público: 0; em função da pandemia de coronavírus)
Gols: Bruno Henrique (4'1T), Isla (32'1T), Juan Pablo Ramírez (5'1T), Gilberto (10'2T) e (13'2T), Pedro (36'2T) e Vitinho (44'2T)
O Flamengo entrou em campo pressionado, já sabendo que o São Paulo havia superado ao Atlético Mineiro com um contundente 3 a 0 e aberto larga vantagem na liderança. Contra o Bahia, um adversário desesperado na luta para não entrar na Zona de Rebaixamento, e pressionado pura sequência de muitos jogos seguidos sem obter sequer uma vitória, era vencer, vencer ou vencer, ou o título já estaria deveras inclinado para o Morumbi. Para a partida no Maracanã, a CBF ainda decidiu escalar toda uma arbitragem paulista, para protesto da diretoria rubro-negra, os quais muito logo mostrariam ser procedentes.
O jogo se iniciou com o Flamengo avassalador, com BH marcando um golaço logo aos 4 minutos e um domínio amplo da posse de bola, com subsequentes criações de chances de gol. Tudo mudou, porém, aos 9 minutos do 1º tempo: numa jogada de ataque, Gabigol cai sozinho ao se desequilibrar, e na queda se choca contra as pernas de um jogador tricolor. Já no chão, ele olha para trás e solta um palavrão (VTNC). O árbitro paulista imediatamente para o jogo e lhe mostra instantaneamente o cartão vermelho, deixando o time rubro-negro com um a menos em campo logo nos minutos iniciais. Assim, logo de saída, a "Conspiração Paulista" mostra a sua cara, com um presidente da CBF que é conselheiro do São Paulo Futebol Clube, e com as subsequentes pressões sobre a arbitragem comandadas pelo diretor do clube Raí que colocaram o clube que não ganha absolutamente nada há 12 anos, nem sequer um Campeonato Paulista, na ponta do campeonato, o futebol brasileiro mostra mais uma vez sua faceta mais suja, com interferências sutis para tentar minimizar suspeitas.
Com um a menos em campo, a postura do time rubro-negro mudou completamente, demonstrando um abalo até mais psicológico, pois técnica e taticamente não havia motivo para ter perdido o controle sobre o jogo, que passou a ser todo do Bahia, com muito mais posse de bola e subsequentes oportunidades para empatar a partida. Mas quem conseguiu escapar num contra-ataque e marcar o segundo foi o Flamengo, em genial jogada de BH, o grande nome em campo, que o chileno Mauricio Isla completou para as redes. E foi com um aparentemente confortável 2 a 0 a seu favor que o time rubro-negro seguiu para o intervalo.
No 2º tempo, em oito minutos aconteceu de tudo, inclusiva o mais improvável dentre tudo que poderia acontecer, uma virada tricolor. Primeiro numa vacilada da defesa, o colombiano Indio Ramirez diminuiu. Depois foi ele próprio o ator do episódio de racismo em que disse ao meia Gérson um "cala a boca, negro" que o descontrolou, não só a ele como a outros jogadores rubro-negros, que com dedo em riste partiram inconformados em direção ao colombiano. Diminuída a adrenalina da confusão, e o centroavante Gilberto acertou um chutaço de fora da área no ângulo, e acertou uma potente cabeçada, e aos 13 minutos do 2º tempo o placar apontava Bahia 3 x 2.
Desnorteado, o time rubro-negro se perdeu em campo, e por mais de quinze minutos se quer conseguiu ter a bola. O jogo parecia perdido. O próprio treinador Rogério Ceni parecia estar em outra dimensão e não vendo o jogo. Primeiro lançou Pedro no lugar de Arrascaeta e não de outro jogador, renunciando à possibilidade de deixar o time ainda mais ofensivo. Depois, lançou Vitinho no lugar de Isla, improvisando João Gomes na lateral-direita. Uma troca absolutamente sem sentido.
Faltando nove minutos, porém, Filipe Luís penetrou pela esquerda e cruzou para o meio, e Pedro, em seu oportunismo padrão, de quem sustentava a condição de artilheiro do time no campeonato, escorou para as redes, alcançando um empate heroico. Pouco depois, uma enfiada pela direita encontrou João Gomes em claríssima condição de dar uma assistência para uma virada épica, mas sem qualquer cacoete de lateral, ele se enrolou todo e fez um cruzamento medonho. Para corrigir suas opções equivocadas, Ceni enfim lançou Matheuzinho no lugar de João Gomes para ter um lateral de ofício, ainda lançando Diego no meio de campo no lugar de um apagado Éverton Ribeiro. E eis que na última volta do ponteiro, BH, que participou de todos os gols, encontrou um belo passe para Pedro, que tentou dominar, mas a bola bateu em seu calcanhar e foi para trás da defesa baiana, caracterizando uma assistência sem querer para Vitinho, que penetrou, antecipou-se ao goleiro, e com um toque sutil conseguiu encobri-lo. Contra tudo e todos, com muita raça, amo e paixão, com um a menos, precisando correr mais e se cansar mais, mas virando historicamente, com uma bravura de guerreiros para escrever um improvável 4 a 3 de revirada sobre a virada.
A luta contra a "Conspiração Paulista" seguiria viva. O time jogaria depois do Natal como visitante contra o Fortaleza, em 26 de dezembro, e depois só voltaria a campo para um Fla-Flu em 6 de janeiro. Justamente quando o São Paulo iniciaria sua maratona de maior desgaste físico, num duelo contra o Grêmio pelas semi-finais da Copa do Brasil, a CBF decidiu paralisar o campeonato, acatando solicitação do Sindicato de Jogadores, o mesmo que sempre entra em ação quando a própria CBF e a Rede Globo necessitam de um favorzinho para proteger a seus interesses. É mais uma vez a ação da descarada faceta mais suja do futebol brasileiro sob interferências sutis para minimizar as suspeitas sobre o status quo que o domina. E com o lamentável episódio de racismo contra Gérson, a imprensa ganhou outro tema para abordar...
Na liderança, o São Paulo tinha 53 pontos, cinco a mais do que o vice-líder Flamengo, que aparecia com 48 pontos, deixando para trás ao Atlético Mineiro do técnico argentino Jorge Sampaoli, que tinha então 46. Na sequência, o Internacional aparecia com 44, o Grêmio com 42, o Fluminense com 40 e o Santos com 38. Depois do segundo pelotão ter encostado no tripé treinado por estrangeiros que liderou a primeira parte do campeonato, voltava-se a haver um desgarramento na ponta. Faltando 12 rodadas para o fim, não havia qualquer margem de erro na luta por alcançar ao tricolor paulista na ponta. Que ainda poderia enfim descansar de sua sequência.
Como último registro, não poderia passar em branco que ao final da partida o técnico do Bahia, Mano Menezes, foi demitido. O mesmo Mano que em 2013 renunciou pedindo demissão no Flamengo para assumir ao Corinthians, pois logo após a demissão de Tite no clube paulista, ele pediu para sair da Gávea logo após uma vitória rubro-negra em condições até um pouco parecidas com a deste 4 x 2 sobre o Bahia, para imediatamente após regressar ao Parque São Jorge, com um discurso frágil mas suficiente para enrolar a imprensa de que uma dia, que nunca chegou, contaria a verdade e explicaria suas verdadeiras razões. Pois bem, por uma grande ironia do destino, pelo segundo ano consecutivo Mano Menezes era demitido e perdia seu emprego após uma derrota para o Flamengo, assim como aconteceu em 2019 quando estava no Palmeiras, repetiu-se em 2020 com ele no Bahia.
Ficha Técnica:
Fla: Diego Alves, Isla (Vitinho), Rodrigo Caio, Natan e Filipe Luís; João Gomes (Matheuzinho), Gérson, Arrascaeta (Pedro) e Éverton Ribeiro (Diego); Bruno Henrique e Gabriel Barbosa.
Téc: Rogério Ceni
Bahia: Douglas Friedrich, Nino Paraíba, Ernando, Juninho e Juninho Capixaba; Gregore, Édson (Daniel), Ramon (Gabriel Novaes) e Juan Pablo "Indio" Ramírez (Clayson); Rossi e Gilberto (Rodriguinho).
Téc: Mano Menezes
Veja mais: METAS PARA o BI... METAS PARA O OCTA... o caminho para o Flamengo ser o Campeão Brasileiro de 2020
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