quinta-feira, 8 de abril de 2021

Hall da Fama do C.R. Flamengo: PÍNDARO


PÍNDARO DE CARVALHO: o Gigante de Pedra

Carreira: 1911 Fluminense; 1912-1922 Flamengo

Ao lado de seu companheiro de zaga rubro-negro Emmanuel Nery, atuou na primeira partida da história da Seleção Brasileira em 1914. Assim, Píndaro e Nery formaram a primeira dupla de zaga da história da Seleção Brasileira, e também formaram a primeira dupla de zaga da história do Flamengo.

Sua principal marca sempre foi a liderança em campo, e foi esta característica a que o levou a ser convidado para ser o técnico da Seleção Brasileira na 1ª Copa do Mundo, em 1930 no Uruguai.

Pelo Flamengo fez 84 jogos e marcou 3 gols.

Tendo participado do primeiro time, do primeiro título, do primeiro campeonato invicto, da primeira partida fora do Rio de Janeiro, sendo o primeiro zagueiro a marcar gols com a camisa do Flamengo, e tendo integrado a primeira Seleção Brasileira da história, Píndaro de Carvalho simboliza a aurora do futebol carioca e brasileiro, um exemplo vivo das raízes e origens do Flamengo, clube que aprendeu a respeitar e defender com todas as suas forças até o fim de sua carreira.


Abaixo, a mescla de dois textos sobre a carreira de Píndaro, um escrito por Rafael de Oliveira e publicado no site "FlaMonolos", e outro publicado no site "Flamengo Eternamente":

Píndaro de Carvalho Rodrigues nasceu em São Paulo no ano de 1892. Começou a jogar futebol no Fluminense, sendo titular da equipe campeã Carioca de 1911. A história de Píndaro se confunde com a própria história da fundação do futebol do Flamengo. Titular da brilhante equipe do Fluminense campeã de 1911, Píndaro era um dos muitos insatisfeitos com os métodos de trabalho do "ground committee" (espécie de comissão técnica com plenos poderes) e, após o incidente da barração do atacante Alberto Borgerth, integrou o grupo de dissidentes que abandonou o tricolor e conseguiu (não sem intensa negociação) criar o Departamento de Esportes Terrestre do Clube de Regatas do Flamengo, em dezembro de 1911.

Píndaro atuava como "full-back direito", algo equivalente à época como o zagueiro central. Alto e forte, impunha-se pelo vigor físico, pela impulsão e pela capacidade de liderança, características que lhe valeram a alcunha de "Gigante de Pedra". A fama de Píndaro se torna ainda mais impressionante quando se leva em conta que o futebol dos Anos 1910 e 1920 se notabilizava pela índole totalmente ofensiva, na qual as equipes atuavam com cinco, seis, até sete jogadores no ataque, com jogos com mais de dez gols não sendo raros. Nesse contexto, pouquíssimos defensores conseguiam se sobressair.

Em 1912, o Flamengo fez a estreia de sua equipe de futebol. E Píndaro lá estava, alinhando na primeira formação, que trucidou por 16 x 2 ao Sport Club Mangueira (time de uma fábrica de chapéus, sem nenhuma relação com a escola de samba), depois perdeu o primeiro Fla-Flu (2 x 3), jogo em que marcou o primeiro gol de um zagueiro com a camisa flamenga, também devolveu a "gentileza" ao tricolor no jogo seguinte (4 x 0), fazendo do rubro-negro um dos times mais fortes da cidade já no seu ano de estreia. Mas o título carioca acabou conquistado pelo Paissandu Atlético.

No primeiro Fla-Flu da história, apesar do Flamengo perder por 3 x 2, Píndaro teve um gosto especial, pois ele se tornou o primeiro zagueiro a marcar um gol na história do clube. No primeiro jogo do Flamengo fora do Rio de Janeiro, em 1914, na Arena da Baixada em Curitiba (inauguração do estádio), Píndaro além de ter se destacado na zaga, marcou um gol e deu uma assistência, contribuindo para a goleada por 7 x 1 sobre o Internacional do Paraná.

No primeiro título do Flamengo, o Carioca de 1914, Píndaro também foi decisivo. O América vencia por 1 x 0, e o time rubro-negro partia com todos os jogadores para o ataque em busca do empate. Esse espírito ofensivo do time já havia lhe custado algumas derrotas e viradas, que vinham impedindo a conquista do primeiro título. Até que numa bola cruzada na área, Píndaro marcou o gol de empate, o qual acabou abrindo caminho para a virada por 2 x 1.

Naquele mesmo ano de 1914, a Federação Brasileira de Sports, antecessora da CBF, reuniu pela primeira vez jogadores das principais equipes do Rio e de São Paulo, montando a primeira Seleção Brasileira da história para um amistoso contra o Exeter City, da Inglaterra. Coube a Píndaro e Nery, que formavam a mais forte dupla de zaga do país na época, a honra de serem os primeiros jogadores do Flamengo a defenderem o time canarinho. Píndaro fez 11 jogos na Seleção Brasileira, conquistando a Copa Roca em 1914 e o Campeonato Sul-Americano em 1919.

No Flamengo, Píndaro viria a conquistar o Bi-campeonato Carioca em 1915, e defenderia o Manto Sagrado até 1919, quando largou os gramados para exercer a profissão de médico sanitarista da Prefeitura do Distrito Federal, na época o Rio de Janeiro.

Porém, em 1920 o Flamengo liderava o Campeonato Carioca, mas havia perdido os zagueiros Burgos e Antonico por lesão. Numa época em que os jogadores não eram tão versáteis, e não existiam as categorias de base para recorrer, o time não tinha mais nenhum zagueiro para colocar em campo. A solução encontrada foi recorrer a um dos seus antigos heróis, o então aposentado Píndaro, que aceitou o convite na hora, entusiasmado com a possibilidade de defender mais uma vez o Manto Sagrado. Mesmo sem ter feito um único treino, Píndaro comandou a defesa como nos velhos tempos e o Flamengo venceu o Palmeiras (RJ) por 5 x 0, e seguiu no caminho para conquistar o Carioca. Após cumprir sua missão, Píndaro voltou ao trabalho de médico. Viria ainda a disputar mais algumas partidas pelo clube no Campeonato Carioca de 1922. 

Após pendurar definitivamente as chuteiras, o ex-zagueiro ainda se tornaria treinador da Seleção Brasileira, disputando a Copa do Mundo de 1930. E ele não teve culpa da má campanha da seleção. Além dos problemas entre a CBD e a Associação Paulista, que impossibilitou a montagem de uma seleção mais forte, Píndaro foi conhecer vários dos seus jogadores apenas no Uruguai, sem tempo pra preparar a equipe. O Gigante de Pedra faleceu em 1965, no Rio de Janeiro.


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