1919: Pioneirismo rubro-negro no basquete
"Depois do futebol e do remo, o esporte de maior tradição no clube sempre foi, sem dúvida, o basquete. O Flamengo foi campeão do primeiro torneio de basquete a ser disputado no Brasil, o Campeonato Carioca de 1919, ainda em sua fase amadora". (A NAÇÃO, pg. 181)
O Campeonato Carioca de Basquete de 1919 foi o primeiro torneio da bola laranja a ser jogado no Brasil. Em São Paulo, o basquetebol só começou a ser disputado em 1924, quando o Espéria despontou como primeira potência basquetebolística paulista, tetracampeão em 1924-25-26-27. Época em que a hegemonia no Rio de Janeiro ficou com o Fluminense, octacampeão entre 1920 e 1927. Mas antes de São Paulo, a bola laranja subiu no Rio Grande do Sul, o segundo estado do país onde o esporte foi implementado. E o campeão gaúcho de 1923 foi o time da ACM. Foi, inclusive, a Associação Cristã de Moços (ACM) quem foi a responsável por trazer o esporte para o Brasil e por implementá-lo no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.
Conta o jornalista Roberto Assaf em seu livro "Seja no Mar. Seja na Terra" que as regras e os regulamentos da primeira competição entre clubes de basquete disputada em solo brasileiro foram aprovados em 22 de setembro de 1919 pela Liga Metropolitana de Sports Terrestres. O campeonato começou três dias depois com a participação de América, Associação Cristã de Moços (ACM), Boqueirão do Passeio e Flamengo. O Fluminense participaria, chegou a ter seu nome publicado na tabela, mas desistiu.
Na primeira partida, disputada em 25 de setembro, o Flamengo derrotou ao América por 26 a 19 na quadra do clube rubro. Depois de jogarem todos contra todos, deu a lógica, e a final foi entre o Flamengo, que organizava torneios internos desde 1915, e a ACM, organização responsável por introduzir o basquete no Rio e no Brasil.
Naquele primeiro campeonato, o Flamengo obteve os seguintes resultados: 26 x 19 no América (15 x 9 no 1° tempo), 26 x 31 contra o Boqueirão (17 x 10), 31 x 25 na ACM (24 x 10), 23 x 17 no América (31 x 10), 28 x 36 contra a ACM (7 x 11), e 34 x 23 no Boqueirão (14 x 11). A decisão foi disputada em 19 de dezembro, na quadra neutra do América e com vitória rubro-negra por 33 x 29 (1º tempo foi 15 x 14 para o Flamengo) para cerca de mil pessoas presentes.
O "five" do Flamengo venceu com Carlos Santive, Itagibe Novaes, Maroim Marwin, Rizzo Zeth Baptista e o capitão Mário Sayão de Carvalho Araújo, o Romano. Pontuaram na decisão pelo Flamengo: Marwin com 14 pontos, Rizzo com 12, Itagibe com 4 e Romano com 3. Pela ACM pontuaram Calvente com 14, Valente com 9 e Hugo Hamann com 6, Richer e Oswaldo de Rezende não pontuaram.
Tri-Campeão Carioca em 1933-1934-1935
Assim como foi o campeão do primeiro campeonato de basquete disputado oficialmente em solo brasileiro, a 1ª edição do Carioca de 1919, o Flamengo foi também o campeão da última edição exclusiva da era de amadorismo do basquete do Rio de Janeiro, em 1932. E na virada do esporte totalmente amador para os primórdios de um basquete profissional, a equipe rubro-negra construiu uma pequena hegemonia no basquete do Rio.
A era profissional do basquete carioca começou em 1933 e o time Tri-Campeão Carioca do Flamengo marcou época, faturando os títulos de 33, 34 e 35. Em 1933 foi campeão, deixando o vice-campeonato com o Riachuelo. Em 1934 faturou o bicampeonato, com o vice ficando com o Clube de Regatas Botafogo. Já na liga amadora (FMB), o Botafogo Futebol Clube ganhou o torneio em 1933, 34, 35, 36 e 37. Em 1935, o Flamengo foi tricampeão, deixando o vice novamente com o Riachuelo.
O processo de segregação dos campeonatos de basquete durante a implementação da fase de profissionalização foi parecido ao que aconteceu no futebol do Rio de Janeiro, com a divisão em duas ligas, uma totalmente amadora e outra profissional, em meio a uma guerra ideológica de princípios. Nos gramados do esporte mais popular da cidade e do país, eis o que aconteceu: "O futebol carioca voltou a se dividir com a implementação do profissionalismo. Fluminense, Vasco, América, Bangu e Bonsucesso fundam a Liga Carioca de Futebol (LCF) e organizam um campeonato independente. Do outro lado, a Associação Amadora (AMEA) reuniu em seu campeonato o Botafogo, campeão de 1932, o Andaraí, o modesto Brasil, e o Olaria (este último que estreara na Primeira Divisão em 1932) e mais um punhado de clubes que jamais haviam disputado a Primeira Divisão: Portuguesa da Ilha, Engenho de Dentro, Confiança, Mavílis, Cocotá e River. Em 1934, o campeonato da LCF ganhou a adesão do São Cristóvão, passando a ter sete equipes. O da AMEA seguiu com os mesmos times de 1933, e, novamente, foi facilmente vencido pelo Botafogo". (A NAÇÃO, pg. 44).
No basquete, foi parecido, a diferença é que ainda haviam dois Botafogos disputando o desporto da bola laranja, o de Regatas e o de Futebol, um em cada campeonato. Só em 1942 é que estes dois clubes vieram a se fundir e formar o Botafogo de Futebol e Regatas. O campeonato amador de basquete ainda foi disputado de 1933 a 1937, organizado pela Associação Metropolitana de Basketball, e tinha além do Botafogo Futebol Clube (campeão destas 5 edições) às agremiações do Andarahy, Brasil, Confiança, Olaria, River, Cocotá, Mavílis e Portuguesa.
O quinteto (o "five") rubro-negro no Carioca de 1933
Na Seletiva para o campeonato de 1933 da LCB (Liga Carioca de Basquete), o time rubro-negro perdeu os dois primeiros jogos, por 11 x 17 para o Carioca e por 11 x 20 para o Clube de Regatas Botafogo. Precisou então disputar uma repescagem "melhor de três" contra o Carioca para assegurar sua participação. Venceu o primeiro duelo por 19 x 5 e no segundo jogo, aquele que definiu sua entrada na competição, conseguiu uma vitória por 23 x 16 sobre o Carioca no ginásio do Fluminense, fechando a série final por 2-0. Os vinte e três tentos rubro-negros nesta partida, conforme narrado pela edição de 2 de setembro de 1933 do Jornal dos Sports: Haroldo (9), Pitanga (7), Martínez (6) e Waldemar (1). Também entraram em quadra Ádamo e Frederico. A base que dominaria o Rio nas três primeiras edições profissionais do Campeonato Carioca já estava montada. Haroldo Lobo, Manoel Leite Pitanga e Pedro Martinez eram os principais pontuadores deste time campeão do 1º Campeonato Carioca da Era Profissional.
No Carioca de 1933, o time do técnico Nélson Tinoco Pacheco foi campeão invicto: 20 x 19 e 14 x 11 sobre o América, 16 x 15 e 21 x 10 sobre o Botafogo, 18 x 13 e 13 x 9 sobre o Fluminense, 13 x 8 e 29 x 22 sobre o Grajaú, 15 x 9 e 24 x 20 sobre o São Cristóvão, 19 x 10 e 28 x 17 sobre o Tijuca Tênis Clube, 39 x 18 e 31 x 11 sobre o Vasco da Gama, e 21 x 11 e 43 x 10 sobre o Vila Isabel. Foram, portanto, 16 jogos e 16 vitórias.
No ano seguinte, o time que foi bi-campeão contava com Waldemar, Haroldo e Martínez, e ainda com Pilla, Pereira, Paiva e Pareto. A equipe foi mais uma vez a campeã invicta, de novo com 16 vitórias em seus 16 jogos.
No ano seguinte, mantendo-se como o maior time de basquete do país, uma vez que além de dominar o campeonato da então capital federal, os jogadores rubro-negros eram a base da equipe da LCB que conquistou os Campeonatos Brasileiros de Seleções disputados nestes anos representando o Distrito Federal. O quinteto rubro-negro que conquistou o Tri-campeonato Carioca em 1935 formava Pedro Martinez, Waldemar "Coroa" Gonçalves, Oscar, Ádamo e Monteiro. O craque deste time era Martinez, um jogador que marcou época no basquetebol carioca dos Anos 1930.
1948: um salto para o mundo no basquete
Nas 16 primeiras edições do Campeonato Sul-Americano, o Brasil conquistou apenas dois títulos, em 1939 e em 1945. Neste período, o Uruguai foi o grande vencedor, em 7 edições, contra 5 vencidas pela Argentina; Chile e Peru ganharam uma vez cada. A primeira geração a alçar o basquete brasileiro para o patamar mundial foi a que conseguiu a primeira e mais expressiva conquista brasileira, a Medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Londres em 1948. E o coração desta equipe era o time do Flamengo, bi-campeão carioca de 1948-1949, um time cujas principais estrelas eram Zenny de Azevedo, o Algodão, e Alfredo da Motta.
"Nos Jogos Olímpicos de 1948, o basquete brasileiro alcançou seu primeiro grande resultado internacional, conquistando a Medalha de Bronze. A estrutura principal da seleção brasileira tinha um trio de jogadores rubro-negros: Alfredo da Motta, Algodão e Affonso Évora, bicampeões cariocas em 1948 e 1949. Os dois primeiros foram os maiores pontuadores da equipe que regressou ao Brasil com o bronze no peito. Nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, nada menos do que cinco jogadores da seleção brasileira (quase a metade do grupo que representou o Brasil) eram atletas do Flamengo: Algodão, Alfredo da Motta, Godinho, Mário Hermes e Tião Gimenez. Destes cinco, quatro formavam a equipe titular que jogou as Olimpíadas de 1952 e que, um ano antes, havia conquistado uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos". (A NAÇÃO, pg. 181)
O grupo das Olimpíadas de Londres formava com: Algodão, Braz, Alfredo da Motta, Nilton e Ruy Freitas. No banco, tinha Marson, Marcus Dias, Sorcinelly, Alexandre Gemignani e Affonso Évora. O técnico era Moacir Daiuto. A Seleção Brasileira venceu a Hungria por 45 x 41, o Uruguai por 36 x 32, a Inglaterra por implacáveis 76 x 11, o Canadá por 57 x 35, a Itália por 47 x 31, a Tchecoslováquia por 28 x 23, perdeu a semi-final para a França por 43 x 33, e venceu a decisão do bronze sobre o México por 52 x 47. O maior pontuador do Brasil no torneio foi Alfredo da Motta com 115 pontos, seguido por Algodão com 67 e Braz com 49. A base da Seleção eram os times de Flamengo e Corinthians, este último bi-campeão paulista de 1947-48 começava a despontar, já que o basquete paulistano até aí era dominado por Espéria, com 11 títulos, e Palestra Itália, com 5 títulos.
1948 - Campeão Carioca
Time: Algodão, Jamil Haddad, Godinho, Mário Hermes e Zé Mário
Téc: Kanela
Banco: Tião Gimenez
1949 - Bi-Campeão Carioca
Time: Algodão, Jamil Haddad, Alfredo da Motta, Mário Hermes e Affonso Évora
Téc: Kanela
Banco: Godinho, Tião Gimenez e Zé Mário
A equipe rubro-negra começou a emergir como dominante na cidade já no início de 1948, com uma poderosa equipe formada por Algodão, Jamil, Godinho, Tião, Mário Hermes e Zé Mário. Naquele ano pegou dois jogadores por empréstimo para fazer uma excursão à Argentina para onde foi convidado para jogar partidas amistosas. Estes jogadores se entrosaram com o grupo rubro-negro e nos meses seguintes acabariam vindo a aportar em definitivo no clube, formando uma equipe que marcou época e se tornou a base da Seleção Brasileira. Dentre estes nomes que chegaram, Affonso Évora era o veterano, que já havia se consagrado no Botafogo, por quem fora tetra-campeão carioca em 1942-43-44-45. Alfredo da Motta havia chegado do Vasco, onde tinha se destacado na campanha do título carioca de 1946. Estas peças foram muito importantes para dar sustento à chegada de um jovem promissor, Algodão, a grande revelação que despontava no basquete da Gávea.
Campeão Sul-Americano de 1953
"O maior título desta geração foi conquistado em 1953, quando o time de basquete rubro-negro venceu o Torneio de Campeões Sul-Americanos, disputado em Antofagasta, norte do Chile, região que no século XIX pertencia à Bolívia. O quinteto rubro-negro, comandado por Algodão, superou sete adversários: Antofagasta, do Chile, Palestino, também do Chile, Bílis, do Peru, Universidad, do Equador, Olímpia, do Paraguai, Paysandu, do Uruguai, e Santa Fé, da Argentina. Foi o primeiro título internacional de um clube brasileiro na história do basquetebol do país". (A NAÇÃO, pg. 182)
Os Campeões Sul-Americanos de 1953
1953 - Campeão Sul-Americano
Time: Algodão, Godinho, Alfredo da Motta, Guguta e Zé Mário
Téc: Kanela



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