sexta-feira, 18 de julho de 2025

FLABASQUETE vs Brasília: A Marca de Uma Era


Flamengo x Brasília: duelo que marcou uma era na história do basquete brasileiro




Nélson Rodrigues eternizou que o primeiro Fla-Flu aconteceu 40 minutos antes do nada. Pois a rivalidade entre Flamengo e Brasília no basquete começou numa final 6 meses antes da primeira final entre Flamengo e Brasília.

O Universo/Brasília tinha sido o campeão brasileiro de 2007 ao bater Franca na final da Liga Nacional, quando o Flamengo, então bi-campeão carioca, decidiu aumentar o investimento no basquete e contratou a Marcelinho Machado para a temporada 2007/08.

Para o Campeonato Carioca de 2007 abriu-se a possibilidade de agremiações do Rio "alugarem" times de outros estados. O Vasco, na última cartada em esportes olímpicos dada pela "Dinastia Eurico Miranda", acertou com o time campeão brasileiro do Brasília, e o Fluminense com o time do Minas Tênis Clube. O Vasco tentava desesperadamente romper a hegemonia rubro-negra no basquete. Entretanto, o campeão brasileiro perdeu para o Estadual do Rio a seu principal jogador: Alex Garcia assinou contrato por uma temporada com o Maccabi Tel Aviv, de Israel. Na apresentação do time do Vasco, seu presidente, Eurico, quando indagado sobre Alex, tentando blefar para não diminuir os holofotes sobre a sua cartada para derrubar a hegemonia de seu adversário da Gávea, respondeu de supetão: "vem todo mundo, inclusive o Alex". Mas ele nunca vestiu a camisa cruzmaltina.

Ali se iniciava uma série de finais entre os times de Flamengo e Brasília que representaram um capítulo a parte na história do basquete brasileiro e marcaram uma época! No Carioca de 2007 foram 4 jogos entre Flamengo e Vasco, com três vitórias rubro-negras, mas tendo todos os jogos sido duríssimos: 73 x 74 / 81 x 80 / 92 x 74 / 75 x 73. No Brasileiro de 2008, foram 5 jogos entre Flamengo e Brasília, e em todos com vitória rubro-negra: 106 x 102 / 103 x 96 / 93 x 66 / 91 x 76 / 101 x 96.

O equilíbrio se reestabeleceu na temporada seguinte quando, para o Brasileiro 2009, Alex voltou a defender a camisa do Brasília. A disputa então se equilibrou muito, tendo em 7 confrontos havido quatro vitórias a três em favor do Flamengo: 78 x 82 / 100 x 92 / 81 x 74 / 71 x 81 / 99 x 78 / 78 x 82 / 76 x 88.

Na temporada 2009-2010, Brasília contratou a Guilherme Giovannoni e o time do Universo conseguiu mudar o jogo e passar a deter um período de hegemonia no confronto. No Brasileiro foram outros 7 confrontos, duas vitórias rubro-negras e cinco derrotas. Entretanto, um novo título nacional rubro-negro escapou por apenas dois pontos no jogo decisivo: 73 x 81 / 83 x 90 / 88 x 84 / 90 x 93 / 84 x 85 / 94 x 74 / 74 x 76.

Na temporada 2010/11 o basquete de Brasília mudou de universidade: o nome do time trocou de Universo para UniCEUB. Neste temporada foram só 3 duelos, um deles porém valendo o título da Liga Sul-Americana, e foram uma vitória e duas derrotas do Flamengo: 86 x 96 / 71 x 85 / 93 x 80. O principal confronto, a final sul-americana, foi em pleno Rio de Janeiro, mas terminou com o título do Brasília.

No acumulado de 2008 a 2011, Flamengo e Brasília jogaram 23 vezes, com 12 vitórias do Flamengo e 11 do Brasília (sem contar os jogos sob a camisa do Vasco). Já acumulando no período 2009 a 2011, ficou 11 x 7 a favor do Brasília. Para virar este jogo, na temporada 2011/12, o time rubro-negro montou um tripé formado por David Jackson, Marcelinho Machado e Federico Kammerichs, mas não funcionou, e mais uma vez Brasília se impôs e foi o campeão. O último capítulo histórico deste confronto foi no início da temporada 2011/12, quando um amistoso preparatório entre as duas equipes marcou a esteia de Leandrinho Barbosa com a camisa rubro-negra.

Entre 2007 e 2016 todos os títulos nas 10 edições de Liga Nacional disputadas foram ou de Flamengo ou de Brasília, com 6 títulos nacionais rubro-negros e 4 da equipe da capital federal. Uma década inteira de confrontos marcantes! Nas duas últimas edições organizadas pela Confederação Brasileira de Basquete, o título foi do Brasília em 2007 e do Flamengo em 2008. E nas 8 primeiras edições do Novo Basquete Brasil, o Flamengo foi o campeão em 2009, o Brasília foi tri-campeão em 2010-2011-2012, e o Flamengo ficou com o tetra-campeonato em 2013-2014-2015-2016. Os dois marcaram uma era na história do basquete brasileiro! Uma história curiosamente em progressão aritmética: consecutivamente 1 taça para um lado, 2 para outra, 3 para um e 4 para o outro.

Marcelinho Machado vs Alex Garcia


AS CINCO FINAIS HISTÓRICAS:

CARIOCA 2007
FINAL (SÉRIE FECHOU FLAMENGO 2 x 0) - 15/12/2007 - Local: MARACANÃZINHO
FLAMENGO 75
Hélio (30), Marcelinho (17), Amiel (9), Coloneze (3) e Alírio (7). Entraram: Fred (0), Duda (1), Fernando Alvim (4) e Wagner (4). Técnico: Paulo Chupeta
VASCO 73
Valtinho (20), Arthur (17), Jefferson Sobral (7), Márcio Cipriano (9) e Estevam (2). Depois: Rossi (9), Luiz Fernando (9) e Brasília (0). Técnico: José Carlos Vidal

BRASILEIRO 2008
FINAL (SÉRIE FECHOU FLAMENGO 3 x 0) - 03/06/2008 - Local: Ginásio da ASCEB, Brasília
FLAMENGO (23 + 19 + 20 + 39 = 101)
Hélio (13), Duda (22), Marcelinho (40), Coloneze (11) e Alírio (5). Depois: Fred (5), Fernando Alvim (2), Amiel (0) e Wagner (3). Técnico: Paulo Chupeta
UNIVERSO/BRB/BRASÍLIA (28 + 18 + 21 + 29 = 96)
Ratto (17), Valtinho (17), Arthur (20), Maurice Spillers (13) e Márcio Cipriano (14). Depois: Rossi (3), Charles (2), Luis Fernando (3) e Estevam (7).Técnico: Lula Ferreira.

BRASILEIRO 2009
FINAL (SÉRIE FECHOU FLAMENGO 3 x 2) - 28/06/2009 - Local: HSBC Arena, Rio de Janeiro
FLAMENGO (19 + 23 + 15 + 19 = 76)
Hélio (5), Duda (15), Marcelinho (27), Jefferson William (16) e Baby (0) Depois: Fred (2), Fernando Alvim (4), Wagner (3), Coloneze (2) e Alírio (2). Técnico: Paulo Chupeta
UNIVERSO/BRB/BRASÍLIA (17 + 19 + 15 + 17 = 68)
Valtinho (15), Alex Garcia (14), Arthur (7), Márcio Cipriano (0) e Estevam (11). Depois: Ratto (0), Rossi (0), Diego (21) e Mineiro (0) Técnico: Lula Ferreira.

BRASILEIRO 2009-10
FINAL (SÉRIE FECHOU BRASÍLIA 3 x 2) - 06/06/2010 - Local: Ginásio de Anápolis, Goiás
UNIVERSO/BRB/BRASÍLIA (22 + 17 + 13 + 24 = 76)
Valtinho (21), Alex Garcia (23), Arthur (3), Guilherme Giovannoni (15) e Estevam (11). Depois: Nezinho (3) e Márcio Cipriano (0). Técnico: Lula Ferreira
FLAMENGO (15 + 26 + 14 + 19 = 74)
Hélio (15), Duda (16), Marcelinho (16), Jefferson William (9) e Wagner (6). Depois: Fred (6), Vitor Boccardo (2) e Guilherme Teichmann (4). Técnico: Paulo Chupeta

LIGA SUL-AMERICANA 2010
FINAL (JOGO ÚNICO) - 28/11/2010 - Local: HSBC Arena, Rio de Janeiro
UNICEUB/BRB/BRASÍLIA (24 + 29 + 20 + 23 = 96)
Nezinho (22), Alex Garcia (16), Arthur (10), Guilherme Giovannoni (22) e Lucas Tischer (3). Depois: Bruno Langsdorff (0), Rossi (0), Fábio (3), Márcio Cipriano (15) e Alírio (5). Técnico: José Carlos Vidal
FLAMENGO (33 + 11 + 27 + 15 = 86)
Hélio (9), Duda (3), Marcelinho (28), Jefferson William (11) e Babby (11). Depois: Fred (2), Guto (3), Wagner (3), Guilherme Teichmann (12) e Átila dos Santos (4). Técnico: Paulo Chupeta



A Passagem de Leandro Barbosa pela Gávea

Foram dois meses de exibições do jogador da NBA com o manto vermelho e preto. Uma passagem curta, mas intensa. Quando o Flamengo anunciou o sonho de trazer Leandrinho durante o lock-out da NBA, só se escutavam deboches e ironias, era mais "devaneio lunático do Flamengo" para muitos. O devaneio virou realidade, mas ainda assim muitos foram os questionamentos: "vai jogar meia dúzia de jogos e vai embora". O fato é: ele veio, vestiu rubro-negro, mostrou ao Brasil que o projeto foi sério e financeiramente viável, colocou o basquete brasileiro de forma mais intensa na mídia, e reforçou a seriedade dos investimentos em basquete na Gávea. Em suma, representou uma tremenda ação de marketing! Quando acabou a greve no basquete norte-americano, ele voltou, como estava planejado e estipulado no contrato desde o início, para vestir novamente a camiseta do Toronto Raptors.

Mas mais do que uma ação de marketing nacional, foi uma ação internacional de fortalecimento de marca. Por todo o mundo a mídia especializada divulgou: enquanto outros jogadores acertavam para jogar na Espanha, na Turquia, na Rússia e na China durante o lock-out, Leandro Barbosa seguia para o Brasil, para o Flamengo. Foi notícia no mundo inteiro.

Mais, entrava num quinteto no qual todos os jogadores tinham renome internacional: Leandro Barbosa, David Jackson, Marcelo Machado, Federico Kammerichs e Caio Torres. Um jogador de NBA, outro com mais de 10 anos na Seleção Brasileira, outro da Seleção da Argentina, outro que foi o melhor estrangeiro da Liga Argentina, e outro que jogou a Liga Espanhola. Um time de nível internacional.

O maior projeto era disputar o Hexagonal Final da Liga Sul-Americana, que estava inicialmente programado para ser jogado entre 29 de novembro e 3 de dezembro. Teria sido o tempo exato para Leandrinho jogar, não tivesse o evento sido desmarcado por desavenças burocrático-financeiras sobre qual seria o local de disputa.

Era para tudo ter sido tão só uma grande ação de marketing, mas Flamengo é Flamengo, não há relação fria e breve que suporte. Com a palavra, Leandrinho: "Vestir a camisa do Flamengo tem um sabor diferente. E eu quero ter o prazer de sentir isso novamente. Não sei o que vai acontecer, como está o Toronto e como vai ser a temporada da NBA. Mas meu coração já está guardado para o Flamengo" (Leandro Barbosa, 03/12/2011). Mas este desejo não se realizou, depois da passagem em vermelho e preto em 2011, ele regressou para atuar no Brasil na temporada 2013/14 para jogar pelo Pinheiros, por quem disputou apenas 8 partidas. Depois de mais um giro no exterior, jogou mais três temporadas do NBB, tendo feito 12 jogos por Franca na temporada 2017/18, e 34 pelo Minas Tênis Clube no somatório nas temporadas 2018/19 e 2019/20.


A histórica estreia de Leandro Barbosa com a camisa do Flamengo:

TORNEIO AMISTOSO JOÃO HERCULINO
Data: 09/10/2011 - LOCAL: Ginásio Nilson Nélson, Brasília
UNICEUB/BRB/BRASÍLIA (26 + 22 + 10 + 27 = 85)
Nezinho (20), Alex Garcia (27), Arthur (8), Guilherme Giovannoni (6) e Alírio (9). Depois: Bruno Langsdorff (5), Rossi (2), Fábio (0), Márcio Cipriano (2), Ronald (0) e Lucas Tischer (6). Técnico: José Carlos Vidal
FLAMENGO (22 + 17 + 28 + 15 = 82)
Leandrinho (11), David Jackson (8), Marcelinho (28), Kammerichs (7) e Caio Torres (18). Depois: Hélio (3), Fred (3), Guto (0), Guilherme Teichmann (0), Wagner (0) e Átila dos Santos (4). Técnico: Gonzalo Garcia


 Leandrinho, cercado por Nezinho, Rossi e Cipriano


Jogos pelo Flamengo:
09/10 -  82 x 85 UniCEUB/Brasília - Amistoso em Brasília: 11 pontos
13/10 - 105 x 86 Uberlândia - Amistoso na Gávea: 15 pontos
14/10 -  92 x 84 Uberlândia - Amistoso na Gávea a portões fechados: 19 pontos
20/10 -  98 x 68 Tijuca - Amistoso na Gávea a portões fechados: 16 pontos
03/11 - 109 x 77 UTE Quito (EQU) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 22 pontos
04/11 -  97 x 44 Boston College (CHL) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 15 pontos
05/11 -  74 x 83 Atenas (ARG) - Liga Sul-Americana, em Córdoba (ARG): 14 pontos
11/11 - 101 x 74 Tijuca - Final do Estadual, Ginásio da Gávea: 20 pontos
15/11 -  93 x 75 Tijuca - Final do Estadual, Ginásio da Gávea: 15 pontos
19/11 -  88 x 78 Paulistano - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 26 pontos
21/11 -  84 x 89 Pinheiros - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 20 pontos
24/11 -  83 x 70 Minas - Liga Nacional, em Belo Horizonte: 6 pontos
26/11 - 110 x 72 UniCEUB/Brasília - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 22 pontos
01/12 -  81 x 66 Bauru - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 16 pontos
03/12 -  93 x 55 Liga Sorocabana - Liga Nacional, Ginásio do Tijuca TC: 24 pontos

15 jogos, 12 vitórias e 3 derrotas - 261 pontos, 17,4 pontos por jogo




Nenhum comentário:

Postar um comentário